Em mais uma parceria de trabalho entre o diretor Marc Fitoussi e Isabel Huppert, que haviam trabalhado juntos em Copacabana (2010), Um amor em Paris conta a história de uma mulher casada que se aventura em Paris após conhecer um homem mais jovem e sexy. Em Copacabana, a protagonista era uma mulher mais madura que decidiu largar a zona de conforto e partir para uma viagem de autoconhecimento Aqui, a mulher se permite experimentar uma nova situação movida pela necessidade de sair do entendiante dia a dia. Neste aspecto, ambas as obras têm bastante aproximação e ressaltam o interesse de Fitoussi em abordar desejos e sentimentos da mulher madura.
Brigitte Lecanu (Huppert) trabalha no interior da França como fazendeira e mantém com seu marido Xavier (Jean-Pierre Darroussin) um casamento de longa data e de negócios bem sucedidos. Ambos são bem batalhadores e conduzem o business local com muito afinco mas o casamento não tem mais aquela paixão e caiu na rotina. Durante uma festa na vizinhança, Brigitte se sente atraída pelo bonitão Stan (Pio Marmaï). Curiosa, ela inventa uma mentirinha ao marido e vai ao encontro de Stan em Paris. Sua jornada se torna uma viagem cheia de surpresas e revelações, entre elas conhecer o charmoso Jasper (Michael Nyqvist).
Marc Fitoussi trabalha muito bem com Huppert e a escolhe para os seus papéis sem pestanejar. Como Huppert aprecia os roteiros com papel feminino maduro assinados pelo cineasta, a produção tem sinergia, leveza e espontaneidade. Este longa é uma comédia dramática em vários aspectos que colocam Brigitte em situações frustrantes e sentimentos como culpa e dúvidas sobre seu casamento, no entanto não chega a ser muito dramática por causa do frescor cômico do Cinema Francês que inclui situações muito engraçadas e nada caricatas. O objetivo de Brigitte não é deixar o marido para sempre. Seu propósito é muito mais legítimo, verdadeiro e impulsionado pela curiosidade por outro homem, pela ida a uma cidade cosmopolita, pela afirmação de uma feminilidade que havia se perdido ou estava oculta de alguma forma, detalhe que é natural encontrar em muitas mulheres casadas e, muito mais em sua condição de fazendeira que realiza árduos trabalhos braçais.
A atriz faz uma ótima atuação saindo um pouco mais dos papéis pesados e dramáticos de filmes que foram exibidos nos últimos festivais de Cinema Francês como Uma Relação Delicada, A bela que dorme e Amor. Huppert encarna a mulher que não sabe nem trair e leva consigo uma ingenuidade muito especial. Até mesmo sua ida à Paris tem os tropeços de uma falta de tato e isso é bonito de ver na personagem porque ela não é canastrona. A sua crise com o marido não é um campo de batalha e há respeito entre eles, afinal são companheiros no negócio e estão ficando sozinhos com a partida dos filhos. Como Xavier é um homem fechado e rústico, a narrativa também o transforma assim como evidencia que um casal maduro tem altos e baixos e uma relação cujo amor pode ter uma prova de fogo.
Por causa dessas caracterizações dos personagens e a construção da narrativa, o filme ganha mais em roteiro e atuação do que na direção. O único trabalho de Fitoussi é guiar seus atores para um resultado final mais coerente com o drama de casamentos mais maduros sem maniqueísmos. Muitas questões nevrálgicas de um casamento em crise estão no filme inclusive a decepção e o perdão e o melhor é perceber a leveza de como essas emoções são projetadas na Tela.
Ficha técnica do filme no ImDB Um amor em Paris
0 comentários:
Caro (a) leitor(a)
Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.
Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.
No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.
Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.
Saudações cinéfilas,
Cristiane Costa, MaDame Lumière