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  #Suspense #Crime #Drama #Culpa #Streaming #Netflix Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunic...

 



#Suspense #Crime #Drama #Culpa #Streaming #Netflix



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Remakes transitam entre o necessário e o desnecessário no Cinema. Ainda hoje, eles são capazes de despertar a curiosidade ou a indiferença, tudo depende de qual obra, elenco e diretor(a) envolvidos. Se olhar o copo cheio, verá que o remake pode ser vantajoso em determinados contextos e suportes ao possibilitar que as pessoas conheçam obras que, muito provavelmente, não conheceriam se dependessem do acesso ou da pesquisa aos filmes originais.







É o que acontece com o suspense "O Culpado" (The Guilty, 2021), produzido e protagonizado por Jake Gyllenhaal sob a direção de Antoine Fuqua. Lançado na Netflix, o filme é baseado no Dinamarquês "A Culpa" (Den Skyldige, 2018) que foi pré-indicado ao Oscar e exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2018. A parceria com o serviço de streaming viabiliza a democratização da obra considerando que a massa de espectadores tende a buscar filmes americanos, com atores já consagrados ou, no mínimo, conhecidos. 




Antoine Fuqua é um diretor adepto de filmografias que envolvem algum contexto ou tipo de violência e mantem trabalhos colaborativos com excelentes atores como Denzel Washington, Ethan Hawke e Peter Sarsgaard. Em seu último trabalho com Jake Gyllenhaal, Nocaute (Southpaw, 2015), a dinâmica desportiva do boxe é o centro de outros conflitos bem maiores que cercam o drama do protagonista. Com O Culpado, a parceria retorna  com a vantagem de que, como em Nocaute, muito da responsabilidade dramática depende de Jake Gyllenhaal.








Para quem não conhece a história original, assistir ao remake Americano compensa porque o ponto de virada é a melhor atração. Assim, este é um filme que exige muito mais que o espectador o desconheça por completo. O personagem Joe Baylor (Jake Gyllenhaal) é um policial que, após ser afastado do campo, está readaptado a atender chamadas de emergência. Em uma das ligações, ele tem contato com uma vítima e faz de tudo para mantê-la viva e esperançosa. Ele apenas não imaginava que essa ocorrência despertaria diferentes gatilhos emocionais nele e traria à tona conflitos internos com seu passado misterioso.





O diretor mantem a mesma estrutura espacial e temporal do original: é claustrofóbica, limitada no espaço, com a atuação de um homem só como base da narrativa. Joe fica aos telefone em grande parte da história, portanto, a atuação facial e as distintas gradações de fala acrescidas ao desespero e angústia dos personagens fazem a diferença na qualidade do longa. Tanto as atuações do protagonista como do elenco de voz são boas, entretanto, para quem já assistiu ao original, muito desse efeito pode vir a se perder, dependendo de cada percepção.








Em comparação ao original, O Culpado perde ligeiramente espaço considerando que o Cinema Dinamarquês tem uma característica de profunda expressividade da dor humana, ou seja, consegue conceber muito bem os dramas mais dilacerantes que pesam no indivíduo como a raiva, o medo, a tristeza, entre outros;  desta forma, a dinâmica do original tende a ser mais sufocante, brutal, pesada. O ator Jacob Cedergren que performa o protagonista no filme Escandinavo tem a qualidade de ser um ator dramático muito crível e com nuances interpretativas que permeiam a violência, a fúria e a melancolia. Por outro lado, Jake Gyllenhaal ainda leva o jeito carismático e vulnerável de um eterno jovem. Essas diferenças interpessoais e culturais entre os atores são notáveis na experiência com o filme, ainda que as atuações sejam compatíveis.





Como todo gatilho emocional que provoca desdobramentos surpreendentes, aqui não é diferente.  Joe Baylor é um personagem em conflito e com uma personalidade mais emocional que racional. O centro da narrativa é a sua culpa que entrecruza o passado e o presente. Ao final, ele tem o benefício de aprender com a situação. No geral, o interessante da história é ter acesso completo a estas emoções em um espaço reduzido e sob pressão que apreende a atenção do público. O espectador tem a ampla visibilidade dos altos e baixos de Joe Baylor à medida que ele tenta salvar uma mulher assim como pode observar se ele realmente enxerga as coisas como são.  




Como toda boa história que revela a vulnerabilidade humana e a força que há em assumir as fragilidades, O Culpado é um suspense imperdível que se destaca como um dos melhores lançamentos da Netflix em 2021.






  Dicas  Streaming  MaDame Lumière  Filme da  @A2filmes  disponível nas plataformas online #Corrupção #Impunidade #Drama #Redenção   Por  Cr...

 



Dicas Streaming MaDame Lumière 

Filme da @A2filmes disponível nas plataformas online



#Corrupção #Impunidade #Drama #Redenção
 


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Sam Claflin, galã do famoso drama romântico Como eu era antes de você (2016) chega mais uma vez às plataformas de streaming com um drama bem diferente do que vimos em seu charmoso Will Traynor. Em Teia de Corrupção (The Corrupted, 2019), ele interpreta Liam McDonagh, um ex-boxeador que após sair da condicional, tenta reconstruir sua vida ao lado da esposa Grace (Naomi Ackie) e filho. Ambientado em Londres, Liam reencontra seu irmão Sean (Joe Claflin), envolvido em uma trama criminal sob constante ameaça dos corruptos Cliff Cullen (Timothy Spall) e Anthony Hammond (Hugh Bonneville).








O drama combina a busca pela redenção com uma teia conspiratória que envolve criminosos, policiais e mídia. Liam tem a melhor das intenções para  ter uma nova chance apesar do distanciamento das pessoas e do cenário com raras boas perspectivas. Seu irmão continua por caminhos incertos e corruptos e sua esposa não acredita mais na relação. Com isso, Liam tem que lidar com um passado  que deixou marcas danosas como se ele não tivesse mais saída.




A ideia central não é original, entretanto, o roteiro busca ir guiando o espectador por uma teia que deixa os personagens sem escapatória e em um ambiente inseguro no qual poucas ou quase nenhuma pessoa é realmente confiável. É uma narrativa que não investe muito em plot twists surpreendentes, ainda assim, não deixa de desmascarar os principais corruptos. O protagonista permanece em um beco sem saída e, infelizmente, a impunidade continua devastadora. 








Muitos outros filmes abordam poder, conspiração, crime e impunidade, logo o que faz a diferença no longa é ter a oportunidade de ver Sam Claflin, um ator jovem, talentoso e elegante em um papel decadente, pouco expressivo. Liam desperta essa piedade durante a trama pois está realmente preso a esta teia. Por mais que deseje uma vida melhor, encontra difíceis obstáculos e tem que fazer uma escolha para sobreviver. Embora o ator se esforce e tem um carisma natural, falta ao longa uma melhor combinação de roteiro, direção e elenco coadjuvante.  Nem mesmo atores como Timothy Spall e Hugh Bonneville são bem aproveitados como vilões.




Outra questão que fragiliza a narrativa é a edição. O longa é extenso sem necessariamente aproveitar os conflitos de forma dinâmica e envolvente. Quando se trata de filmes conspiratórios, o suspense e tensão na sequência dos fatos devem ser mantidas como um contínuo acerto, porém aqui se perde um pouco.  Dessa forma, é um drama que teria condições de entregar um melhor resultado na experiência. As dimensões familiares foram pouco exploradas nos diálogos, considerando que os conflitos nestas relações costuma oferecer um bom material para a exploração em cena. 




Teia de Corrupção está disponível também com a tradução "Poder e Corrupção" e vale a pena para quem gosta de Sam Claflin em qualquer contexto. Outro ponto favorável é ser realista em um mundo cada vez mais corrupto.  Apesar do pessimismo, o filme não oculta a lamentável constatação de que a impunidade  afeta as individualidades e  o coletivo no mais doloroso dos silêncios.




(2,5)







Fotos: uma cortesia A2 filmes

MaDame Noir: O melhor do Film Noir por MaDame Lumière Os primeiros minutos de A Morte num beijo , film noir dirigido por Ro...

MaDame Noir:
O melhor do Film Noir
por MaDame Lumière





Os primeiros minutos de A Morte num beijo, film noir dirigido por Robert Aldrich, dá o tom de suspense, paranóia e pesadelo, em grande estilo, que permeia todo o longa. Uma loira amedrontada Christina Bailey (Cloris Leachman) foge do sanatório e aparece correndo em uma estrada escura, gritando por socorro. Como uma sedutora mulher frágil e em perigo, sua pele nua está coberta somente por um casaco 7/8, nada mais carrega consigo. Na estrada, surge o durão e charmoso detetive Mike Hammer (Ralph Hammer) com seu veloz esportivo. Ele pará o carro e a socorre. Trocam algumas palavras, entre as quais a instigante frase misteriosa "Lembre-se de mim", que será a pista para os vindouros desdobramentos investigativos. Mais tarde, os homens maus aparecem. Eles não conseguem arrancar nenhuma informação dela. Ela é torturada. Ele fica desacordado. Começa o aclamado suspense negro, em um clima de desconfiança típica do pós - guerra, de detetives fracassados e oportunistas, corruptos impiedosos e mulheres sedutoras e ociosas. Fica a incógnita para Mike investigar e tirar algum proveito: Por que mataram Christina? O que de tão precioso ela sabia?




Mike Hammer é um detetive vivaz e sedutor de Los Angeles, que vive de investigar casos extraconjugais e obter benefícios financeiros com os divórcios alheios. Juntamente com sua amante e comparsa, a charmosa morena Velda (Maxine Cooper), eles obtém provas de adultério e demonstram, entre beijos e negócios, que foram feitos um para outro. Após acordar em um hospital, Mike tem a intuição de que mataram Christina por algo muito valioso. Começa a sua sina de herói noir, destemido e bruto, o que garante boas cenas da violência do gênero, na qual o detetive chega e coloca tudo para quebrar, sem nada a perder, desarmando valentões e dando socos certeiros. Mike ainda consegue os beijos e suspiros das mulheres que não resistem ao seu charme viril, entre elas a atriz Marian Carr, que interpreta a irmã de um bad guy. Além do mais, mortes misteriosas ocorrem à medida que o Mike avança na investigação e, como um excelente roteiro de inspiração noire, o expectador é envolvido em uma trama duvidosa e confusa, com um clima de pesadelo no qual qualquer um pode ser o bandido, até mesmo a mocinha ingênua e indefesa, de voz suave e cara de tolinha.





Embora a direção de Aldrich seja o que há de mais superior no longa, com a perspicácia de usar vários elementos clássicos do noir como detetives ambíguos e violentos, mulheres sensuais e duais, homens corruptos, jogo de sombras, baixa e contrastante iluminação, clima de paranóia e de pessimismo e câmera alta para ressaltar personagens fracos, o roteiro não fica atrás e é muito funcional para contar uma história do gênero policial, no qual heróis de carater duvidoso e arruinados ingressam em uma investigação após se envolverem com alguma bela femme fatale. Mike Hammer não entra na investigação pela justiça e sim para obter alguma vantagem. Nada o detem, mesmo que coloque em risco a vida de amigos e de sua amante. Tal característica do herói noir só reforça sua personalidade fraca e vulnerável, que reflete o fatalismo da época. O expectador percebe que Mike Hammer não tem profundas razões para seguir adiante em um caso que pode tirar-lhe a vida. A atuação de Meeker não é tão carismática e durona como a de um Bogart, porém reúne a experiência que ele teve em realizar papéis detetivescos e policiais.




A direção de Robert Aldrich coloca o A Morte Num Beijo como um clássico noir obrigatório em preto e branco e um de seus melhores filmes. Há um olhar preciso do cineasta em enquadrar os planos com o contraste da luz e sombra, como em uma cena na qual Velda e Mike estão conversando em um sofá e é visível a beleza do estilo visual noir, com as sombras dos personagens convivendo harmoniosamente com a de um abajur. O diretor usa a cineatografia noir a seu favor ao abusar dos recortes em partes dos corpos como os pés das vítimas e os sapatos dos bandidos, o que cria uma atmosfera misteriosa, que oculta rostos em desespero ou violentos e deixa o espectador mais tenso com tanto suspense e o que há por vir. O cineasta utiliza locações típicas do gênero como ambientes urbanos e obscuros, e lugares mais afastados, que vão desde bar e oficina de carros até uma estrada deserta e uma casa de praia. Também, há um exímio trabalho de movimento e posicionamento de câmeras, com ângulos visualmente expressivos, como por exemplo, as cenas de escadarias com Mike Hammer filmado em câmera alta e bem recortadas em um clima sombrio como se tivesse sendo observado por alguém. Enfim, mais uma ótima virtude do longa é manter o mistério até o fim, tudo guardado em uma sinistra caixa que promete um final explosivo.






Título Original: Kiss me Deadly
País/ Ano: EUA, 1955
Elenco: Ralph Meeker, Albert Dekker, Paul Stewart, Marion Carr

Se há um tipo de personagem ao qual o magnífico Al Pacino está destinado, esse é o de policial. Seu estilo viril, sarcástico, solitário ...



Se há um tipo de personagem ao qual o magnífico Al Pacino está destinado, esse é o de policial. Seu estilo viril, sarcástico, solitário e audacioso entrelaçado com uma boa dose de uma psicologia transtornada fazem do célebre ator um primor ao interpretar policiais dramáticos e duros na queda. Detetives como o Frank Keller (Vítimas de uma Paixão, de Harold Becker), Vincent Hanna (Fogo contra Fogo, Michael Mann, 1995) e Frank Serpico (Serpico, Sidney Lumet,1973) são o crème de la crème dos longas e colaboram para sustentar a força do conflito e da ação na narrativa e sua qualidade como Cinema. Em Vítimas de uma Paixão, Frank Keller é um detetive de Nova York que tem como desafio encontrar o assassino de uma série de homícidios de homens que têm encontros sexuais após responderem a uma coluna de correio sentimental. Ao lado do detetive Sherman (John Goodman), Frank inicia a investigação em busca da mulher misteriosa, a provável "viúva negra" que mata os machos após o coito. Ele publica um poema nos classificados de um jornal e, em um dos encontros, conhece uma das suspeitas, a loira fatal Helen Cruger (Ellen Barkin) com a qual começa uma incendiária paixão, colocando em risco a própria vida.


"Não consigo dormir na minha cama se você não está lá" (Frank)

O longa oferece uma boa interpretação anos 80 em versão colorida do Cinena Noir a partir dos elementos temáticos e estéticos. Atmosfera criminal e investigativa, um policial solitário e perturbado, uma femme fatale de personalidade ambígue e de sexualidade transgressiva e um suspense arrebatador em um submundo cínico e violento estão presentes na fita. Aqui, o assassino pode estar mais próximo do que se imagina, porém a teia de aranha é costurada de forma a propiciar tensão e dúvida no espectador, criando um clima de crescente desconfiança, de dissimulação, de obscuridade. Nesse quesito, o roteiro é muito bem articulado a partir do desenvolvimento dos personagens como o de Al Pacino e Ellen Barkin e da paixão e química sexual entre eles. Na estrutura de um clássico film noir, o detetive é um tough guy (expressão inglessa para nervosinho, esquentado), comportamento que Al Pacino tem o dom de interpretar e o faz muito bem. Normalmente, esse detetive é seduzido por uma mulher atraente e a narrativa demonstra que ele está com problemas, sejam financeiros, sejam emocionais ou de qualquer outro tipo. No caso de Frank Keller, ele foi abandonado pela esposa, que o trocou por um dos amigos dele, Gruber (Richard Jenkins), tem um pai muito idoso e carrega a solidão e a amargura de policiais que se dedicaram uma vida inteira às suas carreiras, são falidos afetivamente, sem ter procriado uma família. A atuação de Al Pacino é muito convicente sob esse aspecto e claramente demonstra que Frank Keller é moralmente problemático como boa parte dos policias em filmes, ainda que combata o crime. Ao conhecer Helen, Frank fica totalmente cego e dependente emocionalmente e sexualmente dela, o que poderá trazer consequências desastrosas à sua investigação.




O que você está procurando, hein? (Helen)


Pelo lado feminino, temos a ótima atuação de Ellen Barkin que incorpora muito bem a personalidade dissimulada e dupla da mulher noir assim como sua energia sexual borbulhante em quentes cenas de amor com Al Pacino. A mulher do Cinema Noir é o oposto da mulher doméstica e patriarcal. Ela domina sua própria sexualidade, logo Helen Cruger é um personagem construída para acender a paixão e confundir a mente e o coração de um policial, a angulação, iluminação e enquadramento em seu atuante corpo dão conta do efeito provocativo que ela tem sobre Frank Keller. É indiscutível fato de que a química do casal faz muito a diferença no longa, principalmente como ela é conduzida pela câmera de Becker, em detalhes, em um misto de romance de duas pessoas abandonadas no mundo e de sexo bem carnal de duas pessoas que só desejam transar intensamente. Ambos estão fantásticos nessa deliciosa combinação e se tornaram emblemáticos como um dos casais mais sensuais (e sexuais) do Cinema. Cria-se um clima de perigo, erotismo e dependência nessa relação, o que dá uma sensação de prazer iminente como um último gozo mortal, a fronteira entre a vida e a morte dos fervilhantes desejos, o orgasmo cinematográfico que descarrega toda tensão do suspense. Dessa forma, são incluídas no roteiro cenas nas quais Frank a procura em seu emprego, em uma loja de sapatos e em sua casa, nas quais são viciados um no outro, permanecendo na cama por horas e com a necessidade crescente de se verem, assim como cenas com brigas e mentiras. Ellen também seduz e confunde o expectador. Ela é uma mãe de família solteira, que cria a filha sozinha e foi abandonada pelo marido. Em alguns momentos, ela demonstra vulnerabilidade através do jeito de olhar, rendida pelo romance com Frank. Em outros momentos, parece ser o contrário, totalmente letal. A trilha sonora, com a adorável canção tema Sea of Love, de Robert Plant funciona como um personagem estranho e necessário nessa atmosfera obscura e solitária. Sua letra romântica são para os que carecem de amor e se apaixonam, assim como Frank e Ellen, as vítimas de uma louca paixão.

Avaliação MaDame Lumière





Título Original: Sea of Love
Gênero: Crime, Suspense
Roteiro: Richard Price
Direção: Harold Becker
Elenco: Al Pacino, Ellen Barkin, John Goodman

MaDame Noir: O melhor do Film Noir por MaDame Lumière No preto e branco do Cinema Noir reluz o emblemático A Marca da Maldade de Or...

MaDame Noir:
O melhor do Film Noir
por MaDame Lumière



No preto e branco do Cinema Noir reluz o emblemático A Marca da Maldade de Orson Welles, reconhecido como um dos últimos film noir da indústria cinematográfica das décadas de 40 e 50 e um dos melhores suspenses policiais da sétima Arte, o longa-metragem rendeu a controversa demissão do cineasta que não gostou da montagem final exibida nos Cinemas; mais tarde, a versão final finalmente chegaria aos admiradores do Noir e de Orson Welles, cravando a louvável experiência do consagrado cineasta do mais que perfeito Cidadão Kane. Baseado no romance Badge of Evil de Whit Masterson, A Marca da Maldade tem vários elementos da estética noir, a começar o seu enredo impregnado de cinismo, corrupção, criminalidade e perversidade que se inicia com o assassinato do magnata Linnekar acompanhado por uma loira anônima, dançarina de um cabaret na fronteira do México. Ambos estão no conversível do influente Linnekar e ambos vão pelos ares. O policial corrupto norte-americano Capitão Hank Quinlan (Orson Welles, deslumbante como sempre) está na investigação do crime ao lado do policial da anti-narcóticos, o mexicano Miguel Vargas (Charlton Heston) recém-casado com Susan Vargas (a blondie Hitchockiana Janet Leigh, de Psicose). O elenco também une os elementos mais estranhos e duais que se possa imaginar como a dona de um clube de striptease (Zsa Zsa Gabor, em aparição rápida), o tio Joe Grandi do narcotráfico (Akim Tamiroff), a deslumbrante Tanya (Marlene Dietrich, diva suprema até como guest e moreníssima),
um gangue de deliquentes juvenis e o estranho recepcionista noturno do Motel Mirador, entre outros. Como um excelente film noir com evocativa dualidade moral, em A Marca da Maldade todos são suspeitos até que se prove o contrário.






Seu início é um dos mais geniais da direção de Orson Welles. Em um plano sequencial preciso e de primor incontestável, somos conduzidos a esperar mais de 3 minutos para ver o que acontecerá no trágico destino do magnata. O suspense domina a nossa tensão porque o carro percorre o território mexicano e o norte-americano, e a câmera suspende ao máximo o
boom final, nos causando o desejo iminente de detonar a própria bomba. Como um formidável início de roteiro noir, há um crime que exige uma ação detetivesca. A película é tomada pela ambientação obscura da cenografia e a dubiedade das diversas personas do elenco apreende a nossa atenção. Quem é o assassino de Linnekar? É sua filha Marcia? É a loira fatal Susie? É o próprio Vargas? É o Tio Joe Grandi? Ou é qualquer outro anônimo? Não sabemos! Só há uma certeza no noir, estamos prestes a presenciar uma trama diabólica na qual alguém tentará acusar um bode expiatório de assassino, e no transcorrer da narrativa, a marca da maldade toma conta da película, de sequestro a outros assassinatos, este é o mundo noir contaminado pelo cinismo do homem, no qual imperam personagens sem qualquer moralidade, facilmente corruptíveis.





O fascinante personagem aqui é Orson Welles e o policial alcóolatra e de seco humor que ele encarna estupendamente. Quinlan é o retrato de uma existência falida, desde a morte de sua esposa que fora estrangulada, ele não supera tal fatalidade de não haver descoberto o assassino dela. Ao invés de lutar pela justiça coletiva, corrompeu-se como um policial que só pensa no próprio umbigo. Planta provas falsas e faz o trabajo sujo. A arrogância o consumiu por completo, e até o fim ele acredita que ninguém jamais descobrirá sua canalhice. Se por um lado, Quinlan tem a marca da maldade como um tatoo na sua perversa e doentia alma, somos levados a nos sensibilizar com o infortúnio do personagem mesmo que o mundo noir no qual ele viva não tem piedade dele. Quinlan trabalhou mais de 30 anos e não conseguiu ir a lugar algum, não enriquecera e nem mesmo a bela Tayna quer saber dele. Ele é um homem solitário e decadente, como dito muito bem pela diva Dietrich, ele não tem qualquer futuro. Definitivamente, Quinlan será consumido por seu trágico destino. De forma belíssima, Orson Welles enfoca o rico petróleo enquanto Quinlan confessa que nem dinheiro conseguiu na vida, demonstrando o fatalismo do destino do policial assim como o seu fracasso financeiro, além do moral. Por outro lado, o seu contraponto moral é Vargas, que é capaz de deixar a esposa sozinha em um motel de beira de estrada na mira de uma gangue de deliquentes do narcotráfico, a fim de que ele cumpra com as obrigações da 'justiça social'. Vargas é provado quando a criminalidade invade a intimidade do seu casamento e Quinlan o confronta, neste contexto, Janet Leigh tem um papel fundamental já que ela é usada em um plano de vingança da família de um criminoso preso por Vargas, além de brilhar com sua beleza, ousadia e emblemática face de assustada quando está em perigo. Desde essa época, ela já estava predestinada a ser uma diva de Hitchcock.







A direção de Orson Welles é suprema, da iluminação contrastante do preto e branco até os enquadramentos divinamente bem colocados como na climática cena final entre Vargas e Quinlan e os conflitos detetivescos que mudam o rumo do suspense com toda a sorte de traições, mentiras e armadilhas, Welles faz um trabalho minuciosamente estético em uma vibrante homenagem ao visual noir apoiado pela hipnotizante e realista fotografia de
Russell Metty e pela tensa e amedontradora trilha sonora de Henry Mancini, um deleite musical que imponhe mais suspense em bem selecionadas sequências. Somos impulsionados a entrar nessa atmosfera psicologicamente pertubadora na qual vemos a ruína existencial do homem como um momento fatal, a qual não há saída. Embora falte a figura da femme fatale de índole questionável, a Arte noir construída pela direção de Orson Welles e seu decadente Quinlan levam A Marca da Maldade à meca dos célebres filmes Noir. Inquestionavelmente se não fosse Quinlan, o filme não teria o mesmo impacto niilista de seu personagem. O policial corrupto seguiu o caminho da destruição moral e está jogado no vazio existencial, já de perna manca e voltando a se embebedar, nem mesmo o delicioso Chilli de Tayna ele pode saborear, o que lhe resta é a inevitável morte, a escuridão da maldade, o sombrio noir.




Avaliação MaDame Lumière




Título original: Touch of Evil

Origem: EUA
Gênero: Crime, Film Noir, Suspense, Clássico, Policial
Duração: 95 min
Diretor(a): Orson Welles
Roteirista(s): Whit Masterson, Orson Welles, Paul Monash, Franklin Coen
Elenco: Charlton Heston, Janet Leigh, Orson Welles, Joseph Calleia, Akim Tamiroff, Joanna Moore¹, Ray Collins, Dennis Weaver, Valentin de Vargas, Mort Mills, Victor Millan, Lalo Rios, Michael Sargent, Phil Harvey, Joi Lansing

Luc Besson , produtor e roteirista Francês é um dos europeus mais americanos que existem. Ele gosta de muita adrenalina com direito à bastan...



Luc Besson, produtor e roteirista Francês é um dos europeus mais americanos que existem. Ele gosta de muita adrenalina com direito à bastante pancadaria e tiroteiro e também aprecia um figurino com ternos bacanas e carros caros e velozes, logo isso tudo é um prato cheio para ele ser um dos grandes nomes como argumentista em filmes de ação. Seus filmes costumam ter um diferencial de elegância, ou seja, ele mantém o bom gosto visual do Cinema Europeu e costumam misturar a ação com sofisticação que dá até gosto ver tiros, porradas e explosões que, em poucos minutos, tem um poder letal de destruição. Sua parceria com o direitor Pierre Morel costuma ser muito boa, basta lembrar de Busca Implacável com Liam Neeson, raivoso o suficiente para livrar sua filha das mãos sujas de traficantes de mulheres.





Dessa vez, a dupla quis repetir o sucesso usando outra dupla de atores: John Travolta e Jonathan Rhys Meyers que interpretam, respectivamente, Charlie Wax e James Reece, dois agentes secretos que têm uma missão em plena bela Paris: combater terroristas que ameaçam realizar um atentado em uma reunião de líderes globais na embaixada Americana.Wax é um americano prático e experiente com relação ao seu ofício e tem métodos excêntricos de realizar as tarefas de agente; tem foco na missão, mata com facilidade, analisa todos os cenários e é um piadista com um estilo barra pesada, bem "porra louca" até na forma de se vestir e se comunicar. Reece é o oposto e está em início de carreira trabalhando como agente infiltrado na embaixada americana pois preza muito pela sua carreira e promoção. Elegante, poliglota, sensível, Reece mais parece um candidato à diplomata ou filhinho de papai do que um agente secreto para trabalhar ao lado de Wax. Eles acabam sendo parceiros nessa missão e têm que trabalhar juntos lidando com as diferenças entre eles. O que deveria ser uma dupla bem implacável, com uma sinérgica atuação na ação, torna-se uma dupla sem coesão, presa a um roteiro fraco cujas ações não tornam a película tão boa quanto Busca Implacável e outros trabalhos de criação de Besson como por exemplo a série Carga Explosiva.






John Travolta se esforça em entregar um agente bem humorado com métodos um tanto controversos de atuação como se estivesse unindo trabalho e diversão em Paris e, sem dúvidas, mesmo com o humor arrastado da dupla, o ator tem o melhor papel e a melhor atuação em compensação ao seu perdido parceiro Jonathan Rhys Meyers. Travolta e seu espírito impiedoso de fazer o serviço secreto, atira para matar, explode carros e locais, desconfia de tudo e todos e ainda tem que lidar com um agente inexperiente que mal pode sujar a própria cara e o terno. Meyers transmite que está perdido no papel ingrato que lhe deram, logo nem assumiu o fato de ser um protagonista (afinal o filme se chama "dupla" implacável na repetitiva tradução tupiniquim). Ele também não faz bonito nem como coadjuvante, basta verificar o mico que ele paga em uma longa sequência ao carregar um vaso cheio de cocaína para Wax, e ainda, tem que aceitar as ordens do agente mais experiente e muito mais esperto. Meyers só é usado e tem uma certa importância na trama porque, mais adiante, é necessário relacioná-lo com os desdobramentos para o desfecho, logo esse papel pouco agregou à sua carreira para torná-lo um talento diferenciado. Além disso, as locações parisienses também deixam a desejar e poderiam ser melhor exploradas assim como o fizeram com a bela fotografia dos créditos iniciais ao som de uma música Francesa e da perseguição de carros na Autobahn Parisiense. Alguns elementos próprios da Europa que aparecem no filme como, por exemplo, a presença de vários imigrantes estrangeiros fora da lei também poderiam ter maior destaque para dinamizar a problemática social; eles acabam sendo meros coadjuvantes com nenhum grande vilão na ação; logo, de maneira geral, Dupla Implacável só vale a pena para contemplar algumas cenas de ação que detonam homens e lugares em poucos minutos e ver Travolta bancando o palhaço para entreter o espectador e salvar o filme. O Miami Vice de Besson não deu certo nem na dupla e nem no implacável.




Avaliação MaDame Lumière






Título Original: From Paris with Love
Origem: França
Gênero(s): Ação, Crime, Policial
Duração: 92 min
Diretor(a): Pierre Morel
Roteirista(s): Luc Besson e Adi Hasak
Elenco: John Travolta, Jonathan Rhys Meyers, Kasia Smutniak, Richard Durden, Yin Bing, Amber Rose Revah, Eric Gordon, François Bredon, Chems Dahmani, Sami Darr, Julien Hagnery, Mostéfa Stiti, Rebecca Dayan, Michaël Vander-Meiren, Didier Constant

No MaDame Lumière, um pôster de filme vale por mil roteiros "Go ahead, punk, make my day!" (Clint Eastwood como Harry Callahan n...

No MaDame Lumière,
um pôster de filme vale por mil roteiros


"Go ahead, punk, make my day!"
(Clint Eastwood como Harry Callahan
no clássico policial Dirty Harry)


Sabe quando a gente termina de assistir um filme e dá uma sensação de vazio que chega a ser comparada a um estado de espírito nas trevas, um...



Sabe quando a gente termina de assistir um filme e dá uma sensação de vazio que chega a ser comparada a um estado de espírito nas trevas, um vácuo mental na escuridão, claramente a consequência fatal proveniente de uma insatisfação com o filme exibido? Eu me senti relativamente assim ao assistir O Fim da Escuridão, thriller policial que marca o retorno do veterano ator Mel Gibson ao Cinema em roteiro de William Monahan (dos excepcionais Rede de Intrigas e os Infiltrados) e direção de Martin Campbell (de 007 Cassino Royale e 007 Contra Goldeneye). Com um trio poderoso como este, não nego que meu nível de exigência subiu bastante (não antes e durante o filme) mas após eu assistí-lo, analisá-lo e concluir que o roteiro poderia ter sido melhor elaborado para fazer jus à excelência profissional e ao carisma de Mel Gibson. Felizmente, o ator dá luz a O Fim da Escuridão e, consequentemente, dá luz ao espectador mais observador que provavelmente não se apetecerá com este roteiro arrastado, resultado de um provável mau momento nada criativo de William Monahan.




Ambientado em Boston, O Fim da Escuridão relata uma investigação conduzida pelo policial da divisão de Homicídios Thomas Craven (Mel Gibson) após ele ter presenciado o assassinato de sua única filha Emma Craven (
Bojana Novakovic), mestre em Ciências pelo M.I.T e assistente de pesquisa em uma grande corporação que faz Pesquisa e Desenvolvimento para o Estado de Massachusetts. Na ocasião da morte de Emma, por sinal estupidamente chocante, tudo indica que o assassino quis matar "o (a) Craven", que poderia ser tanto a filha quanto o pai, no entanto a polícia de Boston acaba defendendo a versão de que o criminoso queria matar o detetive Craven, e a partir daí, Thomas decide investigar o assassinato de sua filha por sua conta e risco. Sendo um pai distante da filha e sem qualquer informação sobre o trabalho e a vida pessoal de Emma, ele se envolve em uma busca pela verdade a partir do momento que descobre que sua filha tinha uma vida secreta que a levou à morte e que está relacionada à empresa onde ela trabalhava. Thomas toma conhecimento que a corporação, sob o comando do corrupto Bennett (Danny Huston) têm negócios ilícitos com políticos e com a produção de armas nulceares e, implacavelmente, Thomas irá até o fim desta investigação nem que isso lhe custe a própria vida.Ele é o pai policial cumprindo uma íntima, dolorosa e mortal missão para honrar a alma da jovem filha.





Particulamente, achei o roteiro de O Fim da Escuridão mal construído e confuso, não parece fluir para dar à produção a harmonia necessária entre o suspense e a ação e muito menos relevante o suficiente para marcar o retorno de Mel Gibson e de sua talentosa atuação. Definitivamente, faltou entusiasmar e apreender a tensa atenção do espectador, no entanto, como mencionado acima, Mel Gibson é nosso eterno Sir Máquina Mortífera e Mad Max e, por isso ele merece ser visto pois entretém através de sua ilustre presença; ainda que ele esteja mais maduro e abatido pelas rugas do tempo, ele tem muito carisma e charme e toma conta da tela toda fazendo bem o papel de um homem que perde a filha e se divide entre a emoção das alucinantes lembranças da filha e a racionalidade e impetuosidade para investigar o crime. Thomas Craven se apresenta como um homem melancólico porém focado no que está fazendo para entender a conspiração de empresários e políticos e o envolvimento de sua filha neste contexto criminoso. Ele é audacioso com acessos de fúria mortal e momentos mais humanos e de bom humor, logo Mel Gibson dá o tom certo para o personagem e fez muito bem para os meus olhos saudosos de vê-lo em um novo filme. Outro ótimo trabalho que salva O Fim da Escuridão é o de Ray Winstone no papel de Daris Jedburgh, um "consultor de segurança", comparsa dos políticos corruptos que fica no encalço de Tom Craven, no entanto Jedburgh se apresenta como um estranho homem, irresistivelmente peculiar, ambiguamente dividido no seu papel, e que logo mais encontra uma forma de redenção. Quanto à dinâmica de um filme policial, as cenas de ação são menos variadas, pouco frequentes e mais bruscas dado que repentinamente surgem enquadradas para causar uma vibração até mesmo sonora na platéia, e a simples elegância policial de Mel Gibson é imperdível como um homem solitário que sofre a própria dor da perda mas está disposto a ir até o fim da escuridão para encontrar a luz da justiça e da verdade, mesmo que ela apareça manchada de sangue, mesmo que ela seja o reflexo de sua vingança.


Avaliação Madame Lumière



Título original: Edge of Darkness
Origem: EUA, Inglaterra
Gênero: Drama, Suspense, Policial
Duração: 117 min
Diretor(a): Martin Campbell
Roteirista(s): William Monahan , Andrew Bovell, Troy Kennedy Martin
Elenco: Mel Gibson , Ray Winstone, Danny Huston, Bojana Novakovic, Shawn Roberts, David Aaron Baker, Jay O. Sanders, Denis O'Hare, Damian Young, Caterina Scorsone, Frank Grillo, Wayne Duvall, Gbenga Akinnagbe, Gabrielle Popa, Paul Sparks

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