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  Curta entra em cartaz  no  IMS Paulista ,  IMS Poços de Caldas  e  Cine Arte UFF  em Niterói e será exibido antes do documentário Não sou ...

 




Curta entra em cartaz no IMS PaulistaIMS Poços de Caldas e Cine Arte UFF em Niterói e será exibido antes do documentário Não sou eu de Leos Carax

Lançamento de 17 de Abril



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


Com uma consistente filmografia premiada no Festival de Cannes e Mostra de Cinema de São Paulo, a cineasta Italiana Alice Rohrwacher apresenta filmes que não podem passar desapercebidos pelo público, levando em conta que ela tem continuamente algo simples e humanizado a explorar, abordando temas da vida em comunidade rural, a espiritualidade e a família, nos fazendo refletir sobre a existência e suas relações.










Com formação em Literatura e Filosofia e com excelentes filmes como As Maravilhas (2014) e La Chimera (2023), com Alegoria Urbana (Allégorie Citadine, 2024), ela realiza seu segundo trabalho com o artista JR (Omelia Contadina, o primeiro em 2020). No novo curta, eles se inspiram na Alegoria da Caverna de Platão, a partir dos olhos de uma criança, Jay, um menino de 7 anos. Combinando naturalismo com uma narrativa poética, Alice resgata a influência do realismo fantástico em suas obras, utiliza sua formação literária e filosófica e seu apreço pela direção de crianças e jovens para compor um belo e reflexivo curta-metragem.









Quando a mãe de Jay (Lyna Khoudri) chega atrasada à uma audição de ballet, o garoto encontra o diretor interpretado por Leos Carax que lhe faz uma pergunta clássica da Caverna de Platão: o que aconteceria se os prisioneiros fugissem da caverna e de suas sombras? Após essa indagação, Jay escapa do estúdio e circula pelas ruas de Paris em uma jornada fantasiosa e filosófica. Com o talento artístico de JR que explora uma cinematografia da arte urbana que se mescla primorosamente com os elementos fantásticos e a curiosidade de uma criança, o curta convida o público ao simples extraordinário.




Em determinando ponto do curta, o próprio incômodo de não ter as respostas completas ao fugir da caverna de Platão são comportamentos esperados, entretanto, essa é a magia do curta, ser natural e imaginativo. Em sua pureza combinada com potência e inteligência,  a criança vai explorando essas respostas com delicadeza e autenticidade. Ela está livre de julgamentos e é diferente do adulto, assim, seu caminhar pelas ruas oferece uma lente diferente ao público que, não necessariamente precisa ter respostas imediatas em um filme mastigado, mas que precisa aprender a pensar e se libertar. 










Com uma excelente escolha para o papel do garoto Jay intepretado por Naïm El Kaldaoui, o protagonista entrega uma experiência inocente, curiosa e empática, explorando essa liberdade que é tão necessária nos dias de hoje. Sendo uma vivência infantil, ela mostra que os caminhos bons são construídos a partir da infância, para uma educação com consciência social e humanismo. Ficar preso na Caverna de Platão é uma condição de zona de conforto, escapar dela nos confronta com um mundo hostil e nos traz um enfrentamento libertário diante da vida, afinal, o mundo não é formado apenas pelo ódio e ignorância, há muita luz e conhecimento no mundo exterior. 







Imagens cedidas pela assessoria de imprensa para divulgação da crítica.

  #Curtas #CinemaItaliano #Pandemia #Covid19 #IsolamentoSocial #Streaming #Esperança Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de ...

 







#Curtas #CinemaItaliano #Pandemia #Covid19 #IsolamentoSocial #Streaming #Esperança





Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Em tempos tão sombrios como o da pandemia, é acolhedor encontrar poesia no isolamento social através de uma realista matéria, sensibilidade e uma câmera 16 mm na mão. Tamanho olhar poético chegou através de uma talentosa cineasta, Alice Rohrwacher, cujos trabalhos preservam esse natural espírito Toscano que é tão identitário no interior da Itália. No curta-metragem Four Roads (Quattro Strade, 2021), mesmo isolada, a diretora decide filmar o cotidiano de seus vizinhos, aproximando seu olhar mágico capaz de enxergar beleza e esperança no isolamento.










O curta é aquela joia surpreendente que dá uma dimensão otimista desafiando toda a negatividade da pandemia. Não é uma negação da realidade hostil imposta pela Covid19, pelo contrário, faz do cotidiano a sua força, resgatando a humanidade e seu efeito solar. Filmado em Quattro Strade, na Toscana, o curta é absorvido pelos vizinhos da cineasta: uma senhora e seu cachorro, o vizinho solitário e gentil, a família com meninos e meninas que alegram o ambiente. 











Em quase 9 minutos, um tempo razoavelmente curto, Alice Rohrwacher reforça mais uma vez porque é uma excelente diretora da nova geração Italiana, com belos trabalhos como o longa As Maravilhas e alguns episódios da incrível série My Brilliant Friend, adaptado do romance A Amiga Genial, de Elena Ferrante. A cineasta filma e narra Four Roads, utilizando o zoom e rolos antigos, aproximação e distanciamento de vizinhos e objetos das casas, e de uma paleta de filtros que traz os aspectos da natureza com a fotografia como memória.





Uma ideia cotidiana e simples mas gigante na reflexão sobre a pandemia. Uma sensibilidade fílmica que faz pensar em muitas questões, afinal a pandemia não acabou: "Precisávamos (e precisamos) ser tão isolados, irritadiços e deprimidos na pandemia?" . Decerto não, mesmo que não tenhamos vizinhos tão simpáticos como os de Alice. Ainda que a Covid19 seja aquele fantasma invisível que nos assombra,  nossas vidas terão que voltar ao normal. Cabe a nós nos preservar com segurança e ter empatia e respeito pelo coletivo. E falando em empatia, é um dos melhores aprendizados desse afetuoso curta.










A cineasta não filma por filmar, como mais um registro comum de fragmentos diários. Ela é bem empática! O roteiro tem um texto gracioso que valoriza esses vizinhos no que eles têm de poético e humano: O homem discreto que colhe flores para enfeitar a mesa, a senhora elegante que tem como principal companhia o cachorro, as crianças que brincam de assoprar flores, correr e andar de bicicleta e que dão sorrisos mais iluminados do que o sol da manhã. Nem mesmo a mesa do quarto foge ao olhar sensível da diretora, aliás,  home office não é privilégio apenas dos grandes centros.

 



E o melhor é perceber que o curta diz muito sobre harmonia, algo que ainda é pouco visto na pandemia. Tínhamos (e ainda temos) todas as chances de ser melhores pessoas ao superar essa crise sanitária, afinal, o lar não é apenas nossa casa física, o lar é nosso país, nossa Terra.








  Curta-metragem, parte integrante da Apresentação Special  com 5 curtas de diretores consagrados, entre eles Jia Zhangke, Jafar Panahi,  Gu...

 



Curta-metragem, parte integrante da Apresentação Special 
com 5 curtas de diretores consagrados, entre eles Jia Zhangke, Jafar Panahi, 
Guy Maddin, Evan Johnson e Galen Johson e Sergei Loznitsa



Mostra SP 2020 - 22 de Outubro a 04 de Novembro




#mostrasp #44ªmostra #44mostra #EuvinaMostra #MostraPlay

Acompanhe o MaDame Lumière para saber mais sobre os filmes

Viva à permanência da Mostra SP em 2020!


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Parte integrante do longa-metragem Celles qui Chantent (Mulheres que cantam), um projeto da Ópera de Paris com a participação de curtas de 4 cineastas: Sergei Loznitsa (A night at the opera), Karim Moussaoui´s (Les Divas du Taguerabt), Julie Deliquet (Violetta) e Jafar Panahi (Hidden)Uma noite em Paris (Une Nuit a l'Opera, 2020) apresenta uma nostálgica coletânea de imagens documentais de celebridades Francesas e internacionais assim como chefes de estado, reis e rainhas e outros famosos nas décadas de 50 e 60, quando  eles frequentavam o grandioso Palais Garnier nas noites de ópera.






Esse curta-metragem em documentário revisita as aglomerações nas noites de gala da ópera de Paris, com a bem humorada  movimentação de celebridades na prévia do tão esperado momento das sublimes peças de ópera. É um tapete vermelho com mulheres icônicas como Rainha Elizabeth II e Grace Kelly, no meio de jornalistas e outras pessoas da elite intelectual.












É um trabalho que evoca a memória através da Música e do Cinema. Como uma ópera, prepara o espectador para o momento do espetáculo, com isso, umas das virtudes mais agradáveis do curta é contemplar a beleza e elegância de mulheres que marcaram a época, com seus longos vestidos e rostos  inesquecíveis, além do lado cômico de ver tantas câmeras tentando capturar o melhor flash. A espera, como todo espetáculo artístico, tem o seu charme.













O cineasta Ucraniano Sergei Loznitsa realiza uma bela montagem de todos esses ricos registros, em Preto e Branco, trazendo à memória o glamour da cena artística, a elegância dos influenciadores da época e  o poder da memória. Ainda que seja um curta europeu, a lembrança da época de ouro de Hollywood é uma relação inevitável com o curta.






Em registros documentais tão raros e de difícil acesso, conhecer Uma noite na ópera, guarda as melhores surpresas: Maria Callas, magnífica cantora de ópera, uma deslumbrante soprano de emblemáticas peças como O mio Babbino de Puccini e uma das melhores intérpretes desse compositor. É ela que vem a quebrar as formalidades e, de certa forma, as superficialidades do mundo de celebridades, afinal, todo tapete vermelho tem um lado de aparências e egos.





Como uma mulher intensa, à frente de seu tempo, e de profunda entrega à música, ela é a grande estrela dessa noite, encerrando o espetáculo com a memória e a emoção do encontro da Música com o Cinema.






 


Fotos: uma cortesia Reprodução Mostra SP para imprensa credenciada.

  Curta-metragem, parte integrante da Apresentação Special  com 5 curtas de diretores consagrados, entre eles Jia Zhangke, Jafar Panahi,  Gu...

 






Curta-metragem, parte integrante da Apresentação Special 
com 5 curtas de diretores consagrados, entre eles Jia Zhangke, Jafar Panahi, 
Guy Maddin, Evan Johnson e Galen Johson e Sergei Loznitsa



Mostra SP 2020 - 22 de Outubro a 04 de Novembro


#mostrasp #44ªmostra #44mostra #EuvinaMostra #MostraPlay

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Viva à permanência da Mostra SP em 2020!


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




A música, como uma das expressões das linguagens e sociedade, é a potência de dizer o indizível, de mostrar o imostrável, de superar o insuperável.  Escondida (Hidden, 2020), curta do consagrado cineasta Iraniano Jafar Panahi, mostra  a liberdade de uma talentosa cantora cerceada pela realidade autoritária da tradição familiar do Irã. É uma narrativa muito triste e, ao mesmo tempo, iluminada por uma sensibilidade ímpar, profundamente comovente em seu desfecho.




Como parte de projeto da 3e Scénes , da Ópera de Paris, e integrante do longa-metragem Celles qui Chantent (Mulheres que cantam), Escondida tem um excepcional recorte documental, no qual o cineasta, acompanhado por sua filha e uma amiga produtora teatral, viaja ao encontro de uma jovem cantora em uma aldeia do Curdistão. Apesar da voz fascinante, a mulher está proibida de cantar ao público pelas autoridades Iranianas.









Como natural em seu estilo cinematográfico,  Janar Panahi filma a partir do seu carro. Com a ajuda de sua filha Solmaz Panahi, que porta um dos smartphones, o desenvolvimento do curta tem a notável versatilidade do Cinema Digital, filmado por dispositivos móveis, e utilizando mais de uma câmera em diferentes posicionamentos. Esse frescor cinematográfico coopera com o registro contemporâneo documental,  espontâneo, em movimento e expositivo das realidades cotidianas. 




Antes da chegada ao local, o cineasta entrevista a produtora Shabnam Yousefi, que revela o talento da cantora e as dificuldades de gênero diante das tradições do Irã. Entre o real e o metafórico, em apenas 18 minutos, o diretor consegue deixar algumas marcas históricas, culturais, religiosas e comportamentais do Irã, para fazer o público refletir sobre uma situação na qual há o cerceamento da liberdade, da música, da Arte. Isso colabora para o encantamento com o desfecho. Sem esse final tão poderosamente simbólico, o curta não atingiria tão bem o seu propósito dramatúrgico, e também social.




Escondida é um registro comovente quando uma mulher é impedida de ter a visibilidade de sua voz, de seu corpo, de sua competência artística. Sua imagem é escondida, como desdobramento de uma cultura rígida, porém, sua voz pode ser agora ouvida. O desfecho é profundamente dramático, unindo as pontas do poético e do trágico. Um curta para ser visto e revisto, cuja voz precisa ser amplificada.



(3,5)




Fotos: uma cortesia Reprodução Mostra SP

  Curta-metragem, parte integrante da Apresentação Special  com 5 curtas de diretores consagrados, entre eles Jia Zhangke, Jafar Panahi,  Gu...

 


Curta-metragem, parte integrante da Apresentação Special 
com 5 curtas de diretores consagrados, entre eles Jia Zhangke, Jafar Panahi, 
Guy Maddin, Evan Johnson e Galen Johson e Sergei Loznitsa



Mostra SP 2020 - 22 de Outubro a 04 de Novembro


#mostrasp #44ªmostra #44mostra #EuvinaMostra #MostraPlay

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Viva à permanência da Mostra SP em 2020!


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Curta metragem de Jia Zhangke aborda o coronavírus e o distanciamento social com humor e delicadeza. Através de procedimentos diários que todos realizamos: medir a temperatura, usar máscara e higienizar as mãos com álcool em gel, o cineasta, ao lado de um parceiro de trabalho, transforma o rígido protocolo sanitário em um ligeiro e cômico curta.




O projeto é inspirado pelo livro "Species of Spaces", do Francês Georges Perec. Chama-se Spaces #2 e convidou cineastas para filmar em casa as realidades que estão vivendo. O cineasta Chinês optou por dirigir um curta sobre um vírus que começou na China. Irônico? Também. O bem da verdade é que, nas mãos de um veterano diretor como ele, o curta arranca o riso usando problemas tristes como confinamento, solidão e rigidez no cotidiano. E é essa a magia! Extrair a comédia usando os absurdos e as batalhas humanas.








A poesia também se realiza através das dores humanas, muitas vezes, é no aprisionamento que há de ter um pouco de riso sarcástico, tão necessário para aliviar os incômodos, principalmente em situações nas quais as idiossincrasias se revelam a um patamar universal, em realidades das quais não dá pra escapar tão rapidamente. A crise sanitária global, os dias de quarentena e todas as incertezas estão aí; assim, com senso de humor e criativo domínio da linguagem cinematográfica, Jia Zhangke , revela poesia em 5 minutos.



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Fotos: cortesia para Reprodução Mostra SP

Vencedor Oscar 2020: melhor documentário em curta - metragem Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e spe...






Vencedor Oscar 2020: melhor documentário em curta - metragem


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Conhecer o comovente documentário em curta, Learning to Skateboard in a war zone (if you're a girl) é muito mais do que reconhecer a coragem da diretora Carol Dysinger e equipe, das crianças e professoras Afegãs de uma escola de Cabul ao mostrar ao mundo, através do Cinema, meninas no Afeganistão que aprendem a andar de Skate e a ler e escrever. É reconhecer que todos temos direito à Educação e ao respeito às nossas individualidades, vontades e potencialidades. Em um país tradicional com traumáticas marcas da ação extremista do Talibã,  no qual a mulher não tem voz e é constantemente silenciada por uma cultura de opressão e selvageria, esse curta chega como um sopro jovem, esperançoso e vigoroso para defender o direito à Educação e todos os demais direitos às mulheres.






Carol Dysinger tem uma história de aproximação com a cultura Afegã considerando que ela já realizou trabalhos de comunicação no país, ministrando oficinas de Cinema a jovens cineastas Afegãos, além de conteúdos sobre Jornalismo. Sem esse relacionamento com uma rede de apoio, ela não conseguiria espaço e aprovação para filmar esse curta e muitos menos uma equipe local, considerando a forte opressão nesse país, alimentada pelo medo que as pessoas sentem de ser violentadas e mortas por lutarem por seus direitos.






O documentário mostra meninas de até 12 anos, faixa etária que define o conceito de criança (a infância se estende até essa idade, cobrindo o ensino Fundamental). Com o engajamento e participação das professoras da escola e a parceria de algumas famílias, elas são alfabetizadas e aprendem a andar de skate, desenvolvendo habilidades e competências para a vida como autonomia, iniciativa, coragem, comunicação, colaboração, entre outras. Para essas crianças, essa é uma oportunidade de autoconhecimento, afirmação do eu e desenvolvimento dessa alteridade, com valorização da autoestima, do saber saber e saber fazer e do empoderamento feminino, já que a cultura afegã machista anula a participação das mulheres na própria escola.






Esse trabalho de aprendizagem de Skate começou pela ONG Skateistan, fundada por iniciativa Australiana que, ao longo de 13 anos, passou a atuar globalmente realizando trabalhos também no Cambodia e Sul Africano. A organização realiza o recrutamento de meninas advindas de famílias pobres e em situação de vulnerabilidade social para aprenderem a andar de skate e serem inseridas no sistema público de Educação. 



Carol Dysinger foca o trabalho do Skateistan através das meninas e professoras em ação na escola e em entrevistas, alternando com imagens documentais de conflitos de guerra, da cidade de Cabul e de alguns familiares . Tal decisão mantém uma qualidade considerável no roteiro e edição, evitando que o curta tivesse um apelo  institucional marcante. Acima de tudo, as protagonistas são as mulheres afegãs e sua luta por um espaço de identidade, aprendizagem e liberdade






As tomadas com as meninas aprendendo o skate, com um crescente processo de desafio pessoal, são fundamentais na escolha da diretora e agregam muito na composição narrativa do documentário. Além das cenas em sala de aula na alfabetização, Carol Dysinger se ocupa a mostrar um pouco de como o Skate funciona: as meninas mostram as regras básicas para subir nele, depois o momento do Tic-Tac (quando elas se equilibram no equipamento e começam a movê-lo com pequenos "trancos"), depois elas têm o desafio de passar pelos obstáculos posicionados como cones e, finalmente, as rampas. Toda essa orquestração é fantástica como um baile esportivo, além da comoção em dar voz e imagem à autodescoberta e superação das meninas.







Com todas as honras, o filme mereceu todos os prêmios  como  curta em documentário no BAFTA e no Festival de Tribeca . Deve ser exibido no máximo possível em escolas e outras instituições educacionais e de luta pelos direitos humanos e cidadania. É sobre o direito de ser e aprender, e isso já é essencial para mobilizar as mudanças e a coragem que todos precisamos diariamente para ter acesso e permanência na escola e o direito à Educação. Sabemos que  o Afeganistão não será um país com liberdade integral às mulheres, entretanto, os movimentos de transformação e conquistas de gênero devem acontecer independente das circunstâncias adversas. Elas inspiram a derrubar e superar a opressão do cotidiano.








Vencedor Oscar 2020: melhor curta metragem (ficção) Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista ...





Vencedor Oscar 2020: melhor curta metragem (ficção)


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




A categoria de curta-metragem em ficção do Oscar traz um frescor cinematográfico quando levamos em conta a importância de boas e simples ideias para uma narrativa em storytelling audiovisual promissora. Em poucos minutos, diretor e roteirista têm que compor uma sequência e cenas que tenham realmente algo a dizer e a despertar uma reflexão útil na audiência. Conduzir essa passagem do tempo dando liberdade e espontaneidade na atuação do elenco, assim como orquestrar design de produção, edição e direção de fotografia não é das tarefas fáceis. Quem realiza bem um curta, tem potencial para utilizar a mesma ideia, esmiuça-la e desenvolver  um longa-metragem depois.


Dirigido por Marshall Curry, experiente diretor de curtas e documentários, vencedor do Oscar nessa categoria, "The Neighbor's Window", é uma grata surpresa que coloca o espectador como um voyeur. Com uma ideia aparentemente simples e bem executada, Curry traz a referência conceitual de Uma janela indiscreta (A Rear Window, 1954, de Alfred Hitchcock) ao mostrar Alli (Maria Dizzia) e seu marido (Greg Keller), um casal com 3 filhos pequenos que vivencia o stress das responsabilidades diárias. Certo dia, eles observam um outro casal jovem, vizinhos recém-chegados no apartamento de frente, que transam loucamente. Ao longo de 18 meses, Alli e seu marido passam  a recriminar a rotina e o casamento desgastante, e a observar ainda os vizinhos.






Este curta é uma boa resposta para aquele dito popular "A grama do vizinho é mais verdinha"? Nem sempre é melhor e muito menos mais verde.  É um trabalho excelente sob essa perspectiva considerando que, na maioria das vezes, tendemos a achar que conhecemos a vida dos outros, entretanto, isso é uma grande inverdade. Não é necessário invejar o vizinho pela janela ou muro de casa pois as próprias redes sociais demonstram que, aparentemente, todo mundo é mais feliz que a gente e isso é outra mentira. As pessoas têm histórias de vida, dificuldades e desafios diferentes, sendo assim, em menor ou maior grau, a felicidade é algo muito relativo e circunstancial. Nem toda aparência é essência.





Na execução do curta, Curry realiza um trabalho crível e transparente, utilizando uma boa concepção de luz e fotografia para o ambiente, com cuidados na locação escolhida e preparação do apartamento , além do equilíbrio narrativo entre quem observa e quem é observado e dos elementos que marcam a passagem do tempo (neve, enfeites de natal, bebê). O espectador vê mais os fragmentos da rotina de Alli  e seu marido, passa a observar como ela, uma mãe com 3 crianças em desenvolvimento, está atarefada e entediada, detalhes que são comuns na maioria das mães que cuidam e educam seus filhos pequenos. É interessante também observar como, especialmente Alli, desenvolve um voyeurismo obsessivo pelo jovem casal, passando a ter uma curiosa postura durante meses, observando o casal vizinho enquanto amamenta o seu bebê ou utilizando binóculo para espiá-los.






Para a nossa sorte, esse é um ótimo curta contemporâneo que, embora não utilize nenhum elemento digital como cênico ou narrativo, tem muito a dizer sobre nossas vidas na era da tecnologia, e a inveja e a angústia dos tempos líquidos.  Em época de Facebook, Instagram, Twitter e Linkedin e todas as várias redes sociais, as pessoas costumam achar que suas vidas são um verdadeiro fracasso, se sentem menores e desfavorecidas ou sem a sorte que merecem, entretanto, cabe lembrar que "Nem sempre a grama do vizinho é mais verdinha". The Neighbor's window prova isso e abre uma outra janela de percepção e valorização de si e do outro. Ele ajuda a cultivar a empatia e o olhar sensível do eu para a realista vida ao redor.







Assista ao curta, disponível no You Tube



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