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  Primeira animação do diretor Michel Hazanavicius narra conto sobre perda e sobrevivência durante o Holocausto Lançamento de 17 de Abril. D...

A mais preciosa das cargas (La Plus Précieuse des Marchandises, 2024)

 



Primeira animação do diretor Michel Hazanavicius narra conto sobre perda e sobrevivência durante o Holocausto


Lançamento de 17 de Abril. Distribuição #ParisFilmes



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 




Animações voltadas para um público adulto ainda são pouco vistos no circuito nacional de exibição de filmes tendo em vista que é um campo cinematográfico de natureza mais artística e independente que, normalmente, encontra espaço em salas menores e festivais de Cinema de Animação como Annecy (França), Cartoon Movie (Europa), Anima Mundi (Brasil), entre outros. A depender da visibilidade e influência do cineasta, o filme tem mais possibilidades de alcançar uma divulgação mais notória. É o caso de A mais preciosa das cargas (La Plus Précieuse des Marchandises, 2024), primeira animação de Michel Hazanavicius, diretor do premiado O Artista, vendedor do Oscar em 2012.












Adaptado do conto de Jean-Claude Grumberg e exibido no Festival de Cannes 2024, a animação narra a história de um humilde lenhador e sua esposa que lutam contra a pobreza durante a guerra. Desprovidos de qualquer conforto diante do horror e vivenciando a fome e a solidão em uma áspera floresta, nem a companhia um do outro é suportável e os conflitos surgem com rispidez. Certo dia, a mulher encontra uma bebê abandonada próxima aos trilhos de um trem e que foi friamente jogada de um dos vagões. Com gratidão e esperança, ela resolve adotá-la mas encontra no marido uma forte resistência. A partir daí, esse encontro é marcado por altos e baixos, da violência à resiliência, passando pelo amor, morte e superação.











O pano de fundo histórico utilizado nessa adaptação é o Holocausto com uma narrativa mais linear e melancólica que apresenta camadas emocionais de crueldade, aceitação, arrependimento e auto perdão, dessa forma, o diretor manipula algumas emoções para que o público sinta que essa é uma história dramática de encontros e desencontros, com um toque de fantasia que leva os personagens a cruzarem seus caminhos em algum momento. Como o campo é ficcional e literário, o tom sentimental da animação poderá ser percebida como genuína ou forçada, a depender do espectador, considerando as escolhas do cineasta.












Nessa experiência bem particular com uma animação inédita de um diretor que não é experiente nessa técnica, a recepção do longa enquanto Arte visual é positiva, levando em conta que há um estilo de desenho bem conectado aos horrores da guerra, sua beleza artística é notável. Personagens expressivamente tristes, raivosos, desconfiados e/ou amargurados expressam essa legitimidade do sofrimento e da dor. O cansaço físico e mental, o abandono, a desunião e o luto em uma guerra que não poupa nem uma criança é dilacerante, além do mais a melancolia do ambiente, do clima, das pessoas e dos acontecimentos cria um mundo sombrio e pessimista no qual os personagens não têm escapatória a não ser esperar por um futuro incerto.











Nesse contexto, o fator histórico pesa consideravelmente na abordagem da narrativa, assim como o elemento moral. O Holocausto deixou inúmeros órfãos e pais apartados de seus(suas) filhos(as) que, ou eram separados nos trens de deportação ou nas filas dos campos de concentração, assim, a animação oferece espaço para reflexão acerca da moralidade: abandonar uma criança na linha do trem poderia lhe trazer esperança de viver ou foi um ato de crueldade que anteciparia um triste fim? Pela escolha da direção, ainda muito apoiada e dependente do uso da trilha sonora de Alexandre Desplat, a necessidade de cavar emoções sobressaiu a reflexão moral em determinados planos.





Ainda assim, apesar do diretor ter optado por uma obra mais sentimental, o longa é uma bela animação com efeito dramático e denso que conecta passado, presente e futuro. Em seu desfecho, é impossível não pensar nas famílias afetadas pelo Holocausto. Permanece a memória daqueles que foram separados e tiveram uma continuidade da vida e daqueles que foram isolados e se encontraram com a perda ou a morte. Além dessa compaixão pela dor do outro, na essência, fica a reflexão de que a carga mais preciosa é o grande tesouro da obra. A carga simboliza essa resistência por amor à vida, liberdade e esperança. Ela traz a chance de um recomeço, de uma nova história com sobrevivente(s).





(3,5)



Imagens do filme para divulgação da crítica.

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Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

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Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière

Produção inédita da Warner Bros Animation traz os queridos amigos Gaguinho e Patolino em uma aventura para salvar o planeta Lançamento de 24...

Looney Tunes - O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu” (The Day the Earth Blew Up: A Looney Tunes Movie, 2024)



Produção inédita da Warner Bros Animation traz os queridos amigos Gaguinho e Patolino em uma aventura para salvar o planeta

Lançamento de 24 de Abril. Distribuição #ParisFilmes



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


Gaguinho (Porky Pig) e Patolino (Daffy Duck) são personagens icônicos que fizeram parte da infância de gerações e ao longo dos anos vivenciaram aventuras no  icônico desenho Looney Tunes.  Na década de 30, Gaguinho surgiu como um personagem gracioso, tímido e com gagueira e se estabeleceu como uma porquinho gentil e autêntico para o grande público. Em outra via mais caótica, Patolino surgiu em 1937, dois anos após a criação de Gaguinho e apresentou uma personalidade mais hiperativa e corajosa, com uma originalidade acima da média e ganhando um carater mais voltado para si, com um perfil de validação. O equilíbrio foi reunir os dois que, com dinâmicas pessoais muito distintas, se complementam e firmam uma amizade especial.












Após surgirem no primeiro longa juntos em 2003, "Looney Tunes: De volta à ação, esse ano eles reaparecem em uma produção inédita da Warner Bros Animation e distribuição da Paris Filmes, Looney Tunes - O filme: O dia que a terra explodiu, com maior protagonismo em uma missão destemida e caótica: salvar o planeta da ambição de um alienígena lunático que utiliza chicletes manipulados para dominar as pessoas. Desacreditados após serem desligados de diversos empregos e sob o risco de perder seu lar, Gaguinho e Patolino unem forças para enfrentar esse mal.










Inicialmente, o longa-metragem mostra um cotidiano comum aos heróis, apresentando como cada um reage a diferentes circunstâncias e espelhando suas personalidades. Na roteirização e diferente dos desenhos anteriores, eles já não estão mais vivendo sozinhos, mas são criados juntos. Tal adaptação os conecta como verdadeiros amigos e irmãos, fortalecendo esse elo emocional. O começo diz muito sobre os valores que os unem pois a possível perda do seu lar os força a buscar oportunidades de trabalho. 










Após muitas frustrações laborais, eles encontram trabalho em uma fábrica de chicletes e são confrontados por uma ameaça alienígena, a partir daí são colocados em situações inusitadas, que misturam os gêneros comédia, aventura e horror em sua dinâmica narrativa e efeitos visuais. Esses desdobramentos representam um excelente acerto da história, tendo em vista que, ao serem desligados de vários trabalhos, a dimensão de não pertencimento ou de fracasso poderia ter tomado conta dos dois, porém, de personagens comuns, eles se tornam super heróis corajosos e empáticos sem freios para buscar soluções. 




Essa característica de utilidade dos personagens é sensacional e evolui a narrativa a medida de que lhes dão um senso de propósito e de valorização. Gaguinho e Patolino já não são os apenas atrapalhados que nenhum chefe suporta manter no trabalho, mas amigos que estão dispostos a lidar com problemas que trarão o bem à humanidade. Sendo assim, muitas das soluções são criadas por eles de forma inventiva e rápida, elevando seu valor à uma inteligência natural e intuitiva com uma boa dose de maluquice sadia, além da parceria com a personagem feminina, a porquinha Petunia, crush do Gaguinho.











Essa magia da animação somada ao carisma dos personagens que, ora se divertem com suas ações frenéticas, ora choram com a possibilidade das coisas não darem certo os humaniza e os conecta com o público. Ao fim, além dos ganhos com uma animação bem dinâmica e criativa, percebe-se que o que importa é a amizade, o estar junto e feliz na própria casa. Nesse contexto, o lar não é apenas a estrutura física que eles correm o risco de perder, mas o lar é a Terra, a morada de todos nós.




(3,5)






Imagens do filme para divulgação da crítica.

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Novo filme de Anne Fontaine, Bolero: A Melodia Eterna, traz o processo criativo e pessoal por trás do clássico Bolero de Ravel Lançamento de...

Bolero: A Melodia Eterna, 2024




Novo filme de Anne Fontaine, Bolero: A Melodia Eterna, traz o processo criativo e pessoal por trás do clássico Bolero de Ravel


Lançamento de 17 de Abril. Distribuição #MaresFilmes

#BoleroAMelodiaEterna



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


O Cinema é um dos mais vibrantes palcos para a Música Clássica em todo o seu poder de extravasar as emoções muitas vezes silenciadas pelo amor não correspondido, pelo luto e saudades de um ente querido, por uma doença incurável, pelo desejo de viver e de expressar os mais complexos sentimentos. Nas filmografias universais, as grandiosas peças musicais emocionam fortemente, conectando vivências com a ficção e biografias.










Um dos compositores mais expressivos e lembrados da História da Música Clássica é, sem dúvidas, Maurice Ravel. Basta lembrar que, em Batman: O cavaleiro das trevas ressurge (The Dark Knights, 2012), uma das suas mais belas composições, Pavane pour une infante défunte, domina o ambiente com uma inegável melancolia que combina perfeitamente com o heroi. Outro clássico, Bolero, agora homenageado pela cineasta Anne Fontaine, aponta para o legado magnífico de Ravel conhecido pela delicadeza estética e por um estilo impressionista ao captar as nuances da música.












Estrelado por experiente elenco, Bolero: A Melodia Eterna (Bolero, 2024) apresenta Ravel interpretado por Raphaël Personnaz, ator de "Karenina" e "O Palácio Francês". Ambientado na Paris de 1928, a famosa bailarina Ida Rubinstein (Jeanne Balibar) encomenda uma peça musical a Ravel para compor seu novo baile. Assim nasce Bolero, uma das principais obras do compositor e pianista. A trama acompanha seu processo de criação impactado pela crise existencial, as memórias da guerra, o amor não vivenciado por Misia Sert (Doria Tillier), a amizade com a pianista Marguerite Long (Emmanuelle Devos) e, por fim, a doença cerebral degenerativa que acometeu o gênio.













Antes de qualquer expectativa sobre esse longa, é importante considerar que, desde o princípio, o roteiro assinado por Anne Fontaine, Claire Barré e Pierre Trividic, realiza um claro recorte sobre o que será desenvolvido: é um filme sobre a referida peça musical. Para criá-la, se fez necessário explorar sutilmente algumas nuances deixando ao público construir a própria memória sobre Ravel. Nesse sentido, a atuação de Raphäel Personnaz vem a atender o caos existencial do brilhante compositor que, por diversas vezes, duvidou da própria obra, com claras evidências de que, ao ter muita criatividade musical aprisionada em sua mente, não escondeu suas vulnerabilidades e não viveu todo o potencial que poderia ter vivido. 










Ravel se mostra um homem muito agradável, porém de personalidade tortuosa. Bastante inseguro com as mulheres a ponto de visitar prostíbulos e não vivenciar o prazer carnal, dessa maneira, também aprisionado a um amor impossível por sua amiga Misia Sert que, mesmo tendo outros homens, encontrava em Ravel um homem acanhado sem atitude para amar. Com isso, essas nuances da trajetória de Ravel demonstram que ele tinha a música como sua principal paixão. Cercado de mulheres, da mãe à amiga, aparentava um bloqueio nas relações, voltando-se bastante às dúvidas sobre seu processo criativo. 













Dada a experiência de Anne Fontaine com cinebiografias e com uma câmera cheia de sutilezas para revelar discretamente os desejos e emoções muitas vezes incompreendidas ou ocultas, mais uma vez, ela se conecta visualmente bem ao personagem por meio dos closes e silêncios. Por outro lado, o roteiro tem a peculiar contradição de realizar o recorte de Bolero mas ao mesmo tempo tentar compor uma visão ampla com as pinceladas sobre o compositor. Em determinado momento da experiência com o filme, pode dar a impressão de que um aprofundamento nas relações, mais intensidade  e paixão pela música seriam bem vindos, porém, tal falta pode ser o reflexo da própria vida de Ravel, imerso em incompletudes.










A partir dessa constatação, o filme funciona mais pelo talento e competência de Raphäel Personnaz em transitar nos aspectos de um gênio e um homem vulnerável. Com a maestria da câmera de Anne Fontaine, a obra é um retrato convidativo de que, há grandes obras, sejam elas musicais, cinematográficas, literárias, artísticas, entre outras, que nascem a partir de vivências dolorosas e/ou ansiosas pelo idealismo, pela perfeição, pela plenitude, mas nenhuma vida é perfeita. Nenhuma! É natural que um vazio existencial seja completado pelo sensível dom da criação. Um dom iluminado com o qual o ser humano é capaz de transformar suas emoções mais complexas e difíceis  em expressiva beleza.





(3,5)





Imagens cedidas pela assessoria de imprensa para divulgação e crítica do filme

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Cristiane Costa, MaDame Lumière

  Curta entra em cartaz  no  IMS Paulista ,  IMS Poços de Caldas  e  Cine Arte UFF  em Niterói e será exibido antes do documentário Não sou ...

Alegoria Urbana (Allégorie Citadine, 2024)

 




Curta entra em cartaz no IMS PaulistaIMS Poços de Caldas e Cine Arte UFF em Niterói e será exibido antes do documentário Não sou eu de Leos Carax

Lançamento de 17 de Abril



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


Com uma consistente filmografia premiada no Festival de Cannes e Mostra de Cinema de São Paulo, a cineasta Italiana Alice Rohrwacher apresenta filmes que não podem passar desapercebidos pelo público, levando em conta que ela tem continuamente algo simples e humanizado a explorar, abordando temas da vida em comunidade rural, a espiritualidade e a família, nos fazendo refletir sobre a existência e suas relações.










Com formação em Literatura e Filosofia e com excelentes filmes como As Maravilhas (2014) e La Chimera (2023), com Alegoria Urbana (Allégorie Citadine, 2024), ela realiza seu segundo trabalho com o artista JR (Omelia Contadina, o primeiro em 2020). No novo curta, eles se inspiram na Alegoria da Caverna de Platão, a partir dos olhos de uma criança, Jay, um menino de 7 anos. Combinando naturalismo com uma narrativa poética, Alice resgata a influência do realismo fantástico em suas obras, utiliza sua formação literária e filosófica e seu apreço pela direção de crianças e jovens para compor um belo e reflexivo curta-metragem.









Quando a mãe de Jay (Lyna Khoudri) chega atrasada à uma audição de ballet, o garoto encontra o diretor interpretado por Leos Carax que lhe faz uma pergunta clássica da Caverna de Platão: o que aconteceria se os prisioneiros fugissem da caverna e de suas sombras? Após essa indagação, Jay escapa do estúdio e circula pelas ruas de Paris em uma jornada fantasiosa e filosófica. Com o talento artístico de JR que explora uma cinematografia da arte urbana que se mescla primorosamente com os elementos fantásticos e a curiosidade de uma criança, o curta convida o público ao simples extraordinário.




Em determinando ponto do curta, o próprio incômodo de não ter as respostas completas ao fugir da caverna de Platão são comportamentos esperados, entretanto, essa é a magia do curta, ser natural e imaginativo. Em sua pureza combinada com potência e inteligência,  a criança vai explorando essas respostas com delicadeza e autenticidade. Ela está livre de julgamentos e é diferente do adulto, assim, seu caminhar pelas ruas oferece uma lente diferente ao público que, não necessariamente precisa ter respostas imediatas em um filme mastigado, mas que precisa aprender a pensar e se libertar. 










Com uma excelente escolha para o papel do garoto Jay intepretado por Naïm El Kaldaoui, o protagonista entrega uma experiência inocente, curiosa e empática, explorando essa liberdade que é tão necessária nos dias de hoje. Sendo uma vivência infantil, ela mostra que os caminhos bons são construídos a partir da infância, para uma educação com consciência social e humanismo. Ficar preso na Caverna de Platão é uma condição de zona de conforto, escapar dela nos confronta com um mundo hostil e nos traz um enfrentamento libertário diante da vida, afinal, o mundo não é formado apenas pelo ódio e ignorância, há muita luz e conhecimento no mundo exterior. 







Imagens cedidas pela assessoria de imprensa para divulgação da crítica.

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  Documentário de Leos Carax entra em cartaz  no IMS Paulista , IMS Poços de Caldas e Cine Arte UFF em Niterói e será precedido pelo curta ...

Não sou eu (C’est pas moi, 2024)

 



Documentário de Leos Carax entra em cartaz no IMS Paulista, IMS Poços de Caldas e Cine Arte UFF em Niterói e será precedido pelo curta Alegoria Urbana de Alice Rohrwacher e JR

Lançamento de 17 de Abril



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


O cineasta Francês Leos Carax tem uma ampla experiência em um Cinema muito particular e sensorial marcado pelo lirismo, pela narrativa sensorial e não-linear e pelo uso expressivo de elementos oníricos mesclados à beleza, solidão e violência da existência humana. Como parte do seu percurso, Não sou eu (C'est pas moi, 2024) é um documentário curto, com duração de 42 minutos que percorre imagens marcantes da carreira do diretor, com a mesma fluidez não convencional de seus trabalhos, assim, representando uma homenagem ao seu próprio lugar no mundo, o Cinema.




Baseado em uma exibição que nunca aconteceu, o Museu Pompidou fez a seguinte pergunta a Leos Carax: Onde você está, Carax? Ele tinha que respondê-la em imagens, criando esse documentário que percorre os 40 anos de sua filmografia. O projeto favorece o próprio estilo do diretor, singular e poético, na expressão das individualidades e na captura da melancolia  e fragmentação do próprio viver.










Ao acompanhar o documentário, a audiência é levada a contemplar o Cinema na sua interpretação mais imagética, o que muitos dizem ser o Cinema no seu carater mais puro e poético, sem som ou com pouco som, com referências musicais, literárias, cinematográficas e artísticas, mostrando recortes ora visuais ora realistas, captando momentos icônicos de sua cinematografia como Sangue ruim (Mauvais Sang, 1986), com Juliette Binoche em início de carreira e a memorável referência à canção Modern Love de David Bowie.










Neste tipo de documentário que condensa variadas imagens, com expressivo uso da fotografia e montagem, percebemos o valor do Cinema e da trajetória de um cineasta. Por si só é o Cinema em sua natureza mais intimista. Por mais que as imagens possam parecer aleatórias e/ou conectadas demais com o estilo do diretor, a beleza está em imaginar a  força do Cinema em todo o seu caos e lirismo que, ao refletir sobre um lugar de mundo à serviço da humanidade, é a expressão de muitas vidas e histórias. É onde encontramos o quão universais podemos ser por meio da lente de um cineasta.









Imagens cedidas pela assessoria de imprensa para divulgação da crítica.

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Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

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Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

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Cristiane Costa, MaDame Lumière

Franquia de ação Sul Coreana tem estreia global em 164 países Lançamento de 10 de Abril Classificação indicativa: 16 anos Por  Cristiane Cos...

Força Bruta: Punição (2024)




Franquia de ação Sul Coreana tem estreia global em 164 países

Lançamento de 10 de Abril

Classificação indicativa: 16 anos



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 


A combinação de ação e humor no cinema sul-coreano é um estimulante atrativo e proporciona credibilidade a essas produções. Conectando a experiência de lutas corporais e o manejo de armas brancas com temas como o crime organizado na internet, esses filmes unem a tradição com a modernidade em um mundo corrupto no todos estão vulneráveis perante a violência. Ademais, quando a franquia se estabelece com solidez e continuidade, o público fiel se mantém à espera do lançamento e, para aqueles que desejam explorar o potencial cinematográfico da Coréia do Sul, conseguirão se divertir e valorizar a diversidade do Cinema Asiático.






Bastidores do filme (divulgação)





Com distribuição da Sato Company,  chega aos Cinemas Brasileiros Força Bruta: Punição (2024), com direção de Heo Myeong-haeng e estrelado por Ma Dong-seok, também conhecido como Don Lee, renomado criador e ator nas produções sul-coreanas, sendo uma delas seu papel em Invasão Zumbi (Train to Busan, 2016). Trazendo Kim Mu-yeol como o vilão da história, a narrativa discorre sobre a descoberta de um esquema do crime organizado internacional relacionado às casas de apostas ilegais.





O antagonista Baek Chang-ki, praticamente sem alma e com muita ambição (divulgação)




Após o assassinato de um desenvolvedor de aplicativos nas Filipinas, o investigador Ma Seok-do (Don Lee) se une à uma equipe de combate ao crime cibernético para investigar a relação entre essa morte e ações criminais na Coréia. Ao descobrir a conexão da morte com apostas ilegais e desmonte de cassinos, Don Lee chega a Baek, ex-mercenário extremamente sanguinário que não poupa esforços para crescer dentro da organização então dirigida por Jang Dong cheol (Lee Dong-hwi).






Ma Dong-seok (Don Lee), um misto de truculência e bom humor, que conquista os fãs da franquia (divulgação)




A partir desse jogo de caça e, como traço dos filmes de ação sul-coreanos, o lado do bem busca honrar algum tipo de palavra dada. Aqui honrar uma promessa insere a humanização em meio à violência. Com a morte do jovem desenvolvedor, Ma Seok-do (Don  Lee) está determinado a fazer justiça a todo custo, elevando sua conduta policial para além da função. Trata-se de assegurar que a justiça seja feita à pedido da mãe do rapaz, mostrando que os brutos também amam e buscam cumprir suas palavras.




Além do elemento mais sensível inserido no roteiro, o ator Don Lee como figura central é um investigador simples e divertido. Por trás do perfil robusto, forte e objetivo, ele tem uma generosidade com a equipe e não é apegado a vaidade e arrogância. Seu nome é eficiência com uma habilidade de fazer as coisas acontecerem e um forte senso de justiça; isso ajuda o personagem a se conectar com os colegas e muito mais com a audiência. 





Bastidores (Divulgação)




Assim, sua figura no Cinema Asiático tem credibilidade como experiente produtor e personal trainer de lutas marciais, além do mais, foi por meio de seu trabalho como protagonista em Força Bruta que o filme se tornou uma das maiores bilheterias do cinema sul-coreano. Força Bruta(2022) arrecadou 12,96 milhões de ingressos, assumindo a posição de filme mais assistido na Coreia. Força Bruta: sem saída (2023) alcançou a marca de 10 milhões de ingressos em cinco semanas. Além de ter um ótimo ator nessa liderança, a que se deve tanto sucesso?





Filme com um blend de técnicas de lutas (divulgação)




Em um universo de filmes de ação que, muitas vezes, assumem um lugar comum e pouco interessante, Força Bruta: Punição entrega um blockbuster que mantém a marca identitária desse gênero na Coreia do Sul. É uma violência que por mais que seja cruel e realista, elabora os confrontos com uma miscelânea de técnicas de boxe, taekwondo e lutas específicas coreanas que usam manejo de facas formando coreografias bastante combativas. A tradição das lutas usadas por exércitos e gangues coreanas mistura esses dois mundos, o do bem e do mal, amplamente influenciados pelas artes marciais como expertise e arma. Dessa forma, o corpo é uma arma, elevando essas produções a uma forte dependência das habilidades de dublês e coordenação de lutas do que propriamente a excelência dramatúrgica.





Empresário inescrupuloso é ridicularizado no filme como um crítica ácida (divulgação)




No mais, é interessante notar que há uma inteligência no roteiro ao trazer um tema moderno e controverso: o crescimento das casas de apostas ilegais, um verdadeiro reduto de crimes cibernéticos e uma praga atual no sistema corrupto de diferentes países. Com uso da tecnologia e uma gestão fantasma de difícil captura, essas organizações criminosas de apostas ilegais têm crescido e afetado milhões de usuários, inclusive trazendo tragédias familiares como o aumento do vício em jogos e o endividamento. Embora o longa não explore a relação entre o usuário e o jogo, ele dá uma visão geral de como cassinos são desmontados e reconstruídos pela ambição de homens poderosos que criam monopólios de empresas de apostas. Em suma,  eles estão mais preocupados com os ganhos do que com os benefícios aos usuários.





Elenco muito agradável que contribui para a diversão (a divulgação)



Como uma qualidade do longa, o elenco é bastante competente e bem humorado e suaviza o longa com momentos engraçados que quebram a tensão do suspense e da ação frenética, com destaque para o ator Park Ji-hwan, experiente em diversos filmes e séries de ação sul-coreanas. Nesse contexto, vale mencionar que para esse duo comédia - ação e uma narrativa objetiva e prática sem primorosos desdobramentos, é essencial ter um bom elenco de apoio. Na franquia é perceptível que o elenco cria um ambiente de descontração mesmo lidando com temas pesados. 




Por fim, é uma força bruta que traz uma diversão leve, por incrível que pareça e, seguramente, é isso que importa nessa super produção que já conquistou milhares de fãs no mundo.




(3,5)





Imagens autorizadas por assessoria de imprensa para divulgação do filme.

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