"Alice! Recebe este conto de fadas
E guarda-o, com mão delicada,
Como a um sonho de primavera
Que à teia da memória se entretece,
Como a guinada de flores murchas que
A cabeça dos peregrinos guarnece"*
Alice é interpretada pela estreante Mia Wasikowska que, para fugir de um casamento arranjado, foge da cerimônia do pedido de matrimônio ao avistar o Coelho Branco no jardim. Ela cai no famoso buraco que a leva ao mundo encantado do país das maravilhas na qual ela encontra personagens como o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), a Rainha Branca (Anne Hathaway), a Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter, esplêndida), o Gato Risonho, entre outros. Alice tem uma missão bem maniqueísta: ela é a escolhida para desafiar o poderio da Rainha Vermelha má e ajudar o retorno da Rainha Branca boazinha ao trono.
Tim Burton tem um senso artístico muito recorrente em sua obra e que o torna único e, de imediato, cria um processo de atração ou reação à sua obra, ou seja, ou uma pessoa gosta ou não gosta de Tim Burton. Ele tem o poder de diretores cool como Quentin Tarantino e os Irmãos Coen que já criaram uma assinatura "cinematográfica" em suas obras que são de proporções muito autorais, como se suas impressões digitais fossem marcadas em toda película. Em Alice, a combinação da sua direção, com a direção de arte, o figurino e a fotografia impecáveis criam uma atmosfera lírica de que o Cinema TimBurtoniano é capaz de levar a audiência a uma jornada inesquecível e jamais vista nesse clássico da Literatura Mundial. Ele faz exatamente isso, Alice é um deslumbre estético do começo ao fim: A criação do figurino fashionista pop, alguns detalhes bem mais verossímeis com o livro como a queda de Alice no Buraco e a magia do jardim encantado, a criação de seres em 3D que imprimem mais ação e fantasia à obra. Tim Burton se preocupa com a beleza da técnica, mas se esqueceu do belo do roteiro entrelaçado aos outros elementos da película e, no final, quem salva Alice no País das Maravilhas, além da estética, é a esposa de Tim Burton, a atriz Helena Bonham Carter.
Helena realiza uma formidável performance como a rainha autoritária que só sabe dizer "Cortam-lhe a cabeça" mas que, no seu papel coadjuvante, conseguiu ser mais principal com imperdíveis momentos do que a medíocre atuação da pálida Mia Wasikowska, a qual não teve nem fascinante atuação para representar um icone literário e muito menos carisma para ser ALICE, confirmando que não passou de uma bonequinha bem vestida no país das maravilhas que não vestiu o papel da heróina (mesmo nos esforços de deixá-la um pouco mais sexy com aqueles ombros nus à mostra). Um dos grandes pecados de Alice é que o bom elenco (com exceção de Helena e Anne) poderia ter performado melhor. O fiel parceiro de trabalho de Tim Burton, Johnny Depp, não entrega o seu melhor, interpretando um Chapeleiro Maluco nada brilhante e bastante caricato, como se Depp tivesse unido as caras e bocas que ele já havia feito em papéis anteriores. O roteiro sem a alma fantástica desse grande clássico literário só serviu para reforçar que o elenco foi subaproveitado, perdendo a chance de entregar um filme não só valorizado na estética, mas com o primor de uma bela e mágica história capaz de aflorar a emoção da Literatura no Cinema. No final, conclui-se que Alice não permite uma forte conexão emocional e, dessa forma, deixa de potencializar o que o cinema tem de melhor: a emoção de contar uma história.
Apesar dos problemas dessa produção, a estética é primorosa e vale a pena aproveitar a sessão de Cinema por três razões: Para ter uma aula de moda a la heroína Alice com excelente figurino, para ver a performance hilária da cabeçuda Helena Bonham Carter e para ter uma aula da Arte cenográfica que somente um Cinema como o de Tim Burton pode fazer, ou seja, o espetáculo do filme é mais Tim Burton e menos Alice de Lewis Carroll, mais Helena Bonham Carter e menos Mia Wasikowska, mais Anne Hathaway e menos Johnny Depp. Fãs adultos do livro e da Literatura em geral podem se frustar porque o roteiro não adentra os temas existenciais da obra de Carroll, não trabalha a profundidade de cada personagem e sua representatividade entre uma miscelânea de tipos humanos, não prioriza o fato de como cada ser humano deseja, no seu inconsciente, fugir para um mundo paralelo de maravilhas e como as leituras realistas acerca do "psíquico e do imaginário" de um livro podem ser transmitidas pelo Cinema Fantasia através de um roteiro bem amarrado. Por outro lado, a Alice dessa produção encontra respostas bem simples que embora previsíveis e, lamentavelmente não tão inspiracionais no texto cinematográfico, são respostas que funcionam como um rito de passagem de Alice para a vida adulta. Agora Alice não precisa mais tomar uma poção para crescer no mundo da fantasia, ela está de volta ao mundo real e tem que aprender a crescer na decisão de suas escolhas. Ela precisa crescer para crescer.
Origem: EUA
Gênero: Aventura, Família
Duração: 108 min
Diretor(a): Tim Burton
Roteirista(s): Linda Woolverton, baseado no livro Alice País das Maravilhas de Lewis Carroll
Elenco: Johnny Depp, Mia Wasikowska, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Crispin Glover, Matt Lucas, Stephen Fry, Michael Sheen, Alan Rickman, Barbara Windsor, Paul Whitehouse, Timothy Spall, Marton Csokas, Tim Pigott-Smith, John Surman
*Alice, Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá, de Lewis Carroll tradução Maria Luiza X.A. Borges
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Um filme que, como você deixou nítido em sua sensata crítica, peca pelo roteiro fraco e extremamente bobo, além de falhas nas interpretações - mas, eu achei o Depp bom, quem ficou realmente caricata foi Anne Hathaway e Mia Wasikowska (além de fisicamente parecida com Gwyneth Paltrow, parecia ela atuando, rs) não mostrou densidade. Mas, nem foi culpa dela, mas sim problemas de direção do Burton (a menininha Alice também soava estranha, apática e artificial) e do roteiro esquisito. Desnecessárias passagens da Alice com sua família, aquele casamento tosco com o caricato pretendente dela e a dancinha dela (e do Depp também) me deixaram com vergonha alheia, rs.
ResponderExcluirE vou ser sincero, nem achei tãaaao bem feito os efeitos visuais - a cena que ela cai do buraco, achei bem mecânica e deu pra sentir bem a montagem e tal.
Gostei mais da trilha sonora do Danny, nem citou, né? deu todo o clima e atmosfera ao filme...logo nos créditos iniciais; gostei da caracterização de Helena Bonham Carter (concordo contigo, Madame!) e achei que a cenografia estava mesmo um primor.
Mas, tudo foi meio chatinho: por vezes, cansava o excessivo efeito visual, o roteiro frouxo e meio louco, enfim...
Beijo
Oi Cris,
ResponderExcluirEu penso que a intenção dessa produção foi ressaltar a estética, montando um cenário contemplativo que combina bem com os Estudios Disney. Teve o dedo da Disney aí, embora a roteirista que foi a do Rei Leão pecou feio. Achei a história desprovida de qualquer conteúdo que está a milhas de distância de qualquer reflexão de cunho também literário. O NON sense também não foi tão explorado de forma a causar um maravilhamento estranho e inteligente, enfim, o filme deixou bastante a desejar mas gostei bastante do profissionalismo de Burton com relação a cenários e também houve uma leve preocupação em trabalhar um pouco melhor o 3 D, embora esteja longe da magia Avatariana com essa tecnologia.
Sobre Depp, na verdade, acho que ele ficou mais caricato que a Hathaway porque ele é muito melhor ator do que ela para esses personagens excêntricos, logo o nível de exigência e expectativa com relação a Depp é bem maior, pelo menos, na minha análise do ator. Também acho que o Chapeleiro Maluco é um personagem mais denso, por conta da própria Loucura e de dar o ton mais non sense em termos de personagem, logo Depp ficou entorpecido por esse texto fraco. Isso é um fato!
Senti vergonha alheia por aquela batalha final. Achei tão ridícula a Alice vestida de armadura, enfim, algo Sr. dos Anéis, né!? haha.
Eu gostei da cena do Buraco porque eu adoro a cena do buraco no livro, foi emocionante ver que eles não micaram muito a cena, rs!
Sobre a trilha sonora do Danny, eu não falei dela porque ela aparecerá no MaDame Lumiêre em breve, então não entrei no detalhe agora. Viu, Sr. Cris? haha
Beijos amore!
Bem eu gostei de "Alice", o visual é lindo, e concordo com o Chris em seu comentário, algumas partes ficaram estranhas, na hora em que ela cai no buraco, dá para sentir que não foi bem feito.
ResponderExcluirO roteiro, não senti nada de diferente, tá a mesma coisa do original. Gostei de Depp, Helena Bonham Carter, nem preciso dizer que roubou a cena, rs
A mia, achei ela muito parada, parecia uma garota de 6 anos, não passou convicção nem nada do tipo. No fim Alice, só vale pelo seu colorido visual !
Bjs =)
Oi Alan,
ResponderExcluirApesar de tudo, gostei de ALICE porque sempre é bom ver o Tim Burton e também sou uma confessa amante da Literatura então adoro adaptações literárias para o Cinema, então, no final de tudo, Alice soube encantar-me.
Sobre a cena do buraco, eu sempre quis cair naquele buraco, por isso mesmo com os defeitos da cena, eu a adorei! Eles estendem a queda e aquela queda, para mim, é como sair correndo dos problemas reais da vida, é um escape, entende? Ir para um mundo fantasioso, então o buraco é o "path", o caminho que eu sempre preciso ao ler a obra.
Concordo que a cena do buraco poderia ser melhor filmado, mas aí, é o processo de identificação meu com o símbolo que o buraco significa.
Amei também o colorido daquele frame/quadro final do filme... aquelas cores com a cena mudando no jardim. Lindo!!!!!
Beijo,
Estou curioso, mas pouco ansioso. Estava bem mais antes das críticas.
ResponderExcluirOi vizinha e diva amiga!
ResponderExcluirSeguindo o coelho branco..acabei usanso aqueles óculos e conferindo a sessão da nova viagem nas maravilhas de Tim Burton. O livro parece que foi escrito pra ele adaptá-lo para o cinema um dia, mas.... deixou a desejar pela carencia na edição e roteiro (realmente) fraco.
A estética é linda, apesar que faltou neve ou alguma característica mais Burton no País Das Maravilhas. O grande achado do filme é o gato risonho, um deleite da tecnologia digital.
Depp, genial!
Anne Hathaway - boa demais pra ser verdade!
Bonhan Carter - Cabeçuda e caricata demais!
e Mia de sobrenome esquisito - muito sexy e depravadinha!
Faltou aquela inocência da fábula. Oras de quem foi a idéia de adaptar Alice na adolescência, voltando ao País Das Maravilhas...hum nao apreciei muito isso!
Linda resenha. Concordo com VC.
Bjs amiga!
Pois é, parece não ter agradado mesmo. Lembre-se que nem mesmo Burton quis assumir a autoria do filme. Acredite ou não, ainda não vi! rsrs
ResponderExcluirBjs
Ainda naum viiiii!!!
ResponderExcluirMas vou ver Madame... esse feriadão se der!!!
Tomara que venha um Oscar pra Bonham Carter. Merece o reconhecimento por ser uma ótima atriz!!!
Mas tinha que comentar contigooo!!! Não me lembro se chegeui a falar que assisti Nine e gosteii????
Acho que já tinha falado neh!!!
Aluguei dois Tim Burton`s esse mês. Sweeny Todd (naum gostei muitoo, apesar de ser musical e eu amar musical) e Peixe Grande (muitoo boom). Assisti tbm O Silencio dos Inocentes que nunca tinha assistidoo e... nem tem o que falar neh!! E tenho que assistir esse findi O Paciente Inglês!!!! Depois eu venho comentar contigooo!!!
Ah e assisti Se beber naum case... me mijei rindo!!!! kkk
Beijos Madammee
Acreditem ou não, eu ainda não vi esse filme. Mas fiquei sabendo que ele esta previsto passar na HBO. Vou dar uma olhada na programação da Cinemax , um dos canais da HBO, e ver se eles vão passar algum desses filmes. Beijos...
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