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  Lançamento da @ParisFilmes em cartaz nos Cinemas Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicaç...

Invasão Zumbi 2: Península (Train to Busan presents: Peninsula, 2020)

 



Lançamento da @ParisFilmes em cartaz nos Cinemas





Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação





Continuação do excepcional Invasão Zumbi (Train to Busan, 2016), a versão Península é um filme completamente diferente do antecessor chegando ao status de trash, fato que pode provocar a rejeição de fãs mais aficionados e exigentes da franquia. Ao enfocar um mundo distópico que se assemelha à uma paisagem de vídeo game, Invasão Zumbi 2: Península se ocupa apenas em "inovar" a ação com agilidade gráfica e momentos cômicos e melodramáticos. Se o primeiro teve como destaque um mundo cotidiano palpável e humanista, capaz de expor naturalmente as vulnerabilidades dos personagens arrastados por uma violenta invasão de zumbis, o segundo longa traz zumbis sendo atropelados por carros e caminhões como se fosse um jogo virtual.





Com a mesma direção de Sang-ho Yeon,  a história tem um elenco grande que participa  ativamente em várias cenas, ainda assim, conta com o protagonismo do ex-soldado Jun-Seok (Dong-Won Gang). Ele consegue escapar da Península após a invasão dos zumbis e retornar a Hong Kong. Entretanto, sendo um dos raros sobreviventes que não foram atingidos pelo vírus, ele é ignorado pela população local, fica deslocado e consumido pela culpa. Recebe a proposta para retornar à Península a fim de encontrar um caminhão com muito dinheiro. Além dos riscos de retornar à uma terra destruída e habitada por mortos-vivos, Jun-Seok conhecerá um grupo de sobreviventes na Península.





A tentativa de criar um novo mundo com uma representação visual distópica, futurista e ficcional não deixa de ser interessante. Na seara dos blockbusters de ação isso continuará acontecendo com frequência pois, claramente, há uma cobrança, seja do diretor, seja dos produtores e investidores, de que é possível trazer algo novo, divertido e ágil ao público como um grande espetáculo visual. Aqui, eles assumiram o risco de mudar consideravelmente o pano de fundo da franquia. Os zumbis permanecem, agora como um estranho formigueiro que mal dá pra ver seus rostos devido aos efeitos da tecnologia audiovisual. Entram outros personagens nos conflitos que agem entre a violência e a esperança, entre o trágico, o cômico e o afetivo.










Os personagens são lançados à exposição aos zumbis com o desafio de contar uns com os outros para saírem da ilha. A relação entre eles se dá em um contínuo clima de desconfiança, dessa forma, é difícil se apegar a algum personagem de forma carismática e envolvente. Isso se dá porque o diretor apela para o sentimentalismo no lugar de emoções mais espontâneas, como por exemplo, colocar uma criança chorando ao extremo em câmera lenta, utilizando o sofrimento como caricato e tragicômico gratuito.






Logo, o resultado fica bem aquém de sustentar a qualidade do primeiro. Evidentemente, isso é frustrante porque esse é o tipo de franquia que tinha alto potencial de entretenimento e culto cinéfilo. O interesse em "inovar" desconsiderou a força e aprendizados do sucesso de seu antecessor. Além do mais, nem mesmo a permanência de um círculo familiar no roteiro foi bem aproveitado nos conflitos. Colocaram uma criança (Ye-Won Lee), uma adolescente (Lee Re), uma mãe (Jun-Hyun Lee) e um avô (Hae-Hyo Kwon) que são bem unidos, porém, essa união não se converte em cenas dramaturgicamente verdadeiras. O resultado demonstra que nem parece que se trata do mesmo diretor dos atores.










É óbvio que não há problemas em inovar em uma continuação contanto que se preserve o que a franquia tem de melhor. O problema de Península não se dá apenas na direção mas pelo roteiro frágil em virtude da falta de melhor desenvolvimento dos conflitos e personagens. Ademais, outra de suas maiores fragilidades é usar um sentimentalismo que não seria necessário se as emoções ligadas à morte, à luta pela sobrevivência e a perdas não fossem encaradas de maneira forçada para preencher fragilidades do roteiro e direção.










Essa é uma sequência para não ter altas expectativas em relação ao primeiro filme. São dois produtos culturais bem diferentes do Cinema Blockbuster da Coréia do Sul. Assim, vale a pena usufruí-la apenas pela diversão desencanada, sem exigir que eles se equiparem e sem buscar muitas razões do porquê  uma continuação desceu tanto na qualidade em uma franquia promissora. Há coisas que acontecem nas sequências de filmes que são fora de nossa humilde compreensão já que nenhum lucro justifica desconsiderar melhor nível de qualidade cinematográfica.






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