Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Por Cristiane Costa , Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação "Quem você pensa que sou" (...
Quem você pensa que sou (Celle que vous croyez, 2019)
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Por Cristiane Costa , Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Um curta metragem visceral, vi...
Passion Gap (2017)
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Caro (a) leitor(a)
Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.
Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.
No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.
Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.
Saudações cinéfilas,
Cristiane Costa, MaDame Lumière
Por Cristiane Costa , Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Catherine Deneuve , icônic...
Tudo o que nos separa (Tout nous sépare, 2017)
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Louise Keller (Catherine Deneuve) e a filha Julia (Diane Kruger) moram em Sète, cidade afastada dos grandes centros Franceses, com subúrbios e criminalidade nas redondezas. Com uma aparente vida pacata, Louise cuida da filha que, após um acidente, tem sequelas pelo corpo e apresenta um comportamento problemático.
Julia é bastante perturbada, viciada em drogas para tirar as dores físicas e emocionais e não faz absolutamente nada para viver melhor. Ao se envolver em um relacionamento tóxico com Rodolphe (Nicolas Duvauchelle), um malandro que tem dívidas com o tráfico de drogas local e extorque dinheiro dela, Julia comete um assassinato por motivo torpe. O comparsa de Rodolphe, Ben Torres (o rapper Francês Nekfeu), começa a chantagear Louise e é pressionado pelos traficantes locais a pagar uma alta dívida. Um onda de chantagens contra o tempo tira o sossego das Kellers.
Este é um filme sobre chantagem e extorsão. Sua fragilidade está em não tornar crível e humanizada a relação de proteção familiar, com isso, o que o roteiro apresenta são mais cenas objetivas e rasas de violência psicológica, com um criminoso mandão a gritar e dar ordens para uma senhora do que propriamente camadas psicológicas da relação mãe e filha, o que fatalmente enfraquece o longa e a participação de duas atrizes talentosas.
O personagem de Diane Kruger tem uma superficialidade que dificilmente é encontrada em personagens perturbadas e drogadas do Cinema Europeu. Normalmente, narrativas que apresentam uso de entorpecentes, sequelas físicas e psicológicas após traumas, violência e preconceitos de gênero, entre outros, são melhor aprofundadas com personagens que vivem o drama com uma visceral densidade. Não é o que ocorre neste longa. Kruger fica restrita a chorar e lamentar pelo crime cometido, entre um copo de bebida alcoólica e muitas pílulas. Ainda que a intenção da história seja mostrar a mulher problema, o drama pelo qual ela passa tinha potencial de ser explorado pelo diretor.
Outra falta do longa é a não exploração consistente da criminalidade das periferias Francesas e como extrair os problemas sociais e a humanidade entre as desigualdades. O roteiro pincela essa diferença que existe entre a classe média e o pobre e periférico e aproxima os universos de Ben e Louise, mas os personagens não são colocados em situações que os façam desenvolver os dramas sociais presentes na Europa contemporânea.
Cabe às interações entre Louise e Ben manter a atenção do espectador. Nekfeu é um rapper que faz o bad boy e não tem experiência em atuação, assim , sua participação se restringe a gritar com a personagem Louise e mostrar a intenção do roteiro no desfecho. Felizmente, Catherine Deneuve tem muita facilidade em adicionar nuances maduras e confiáveis na interpretação, mesmo com este roteiro limitado para seu brilhantismo e sólida carreira. Frustrando todas as expectativas da justiça, ela trata o bandido como um ser humano e há um motivo sentimentalista e apelativo para isso que o espectador poderá observar, gostar ou não.
Em certo ponto, embora Ben é o tipo que não mereça piedade, a humanidade da história está nesta relação vítima x agressor que o filme propõe e que, por incrível que pareça, é desenvolvida em meio a chantagens e extorsões.
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Cristiane Costa, MaDame Lumière
Por Cristiane Costa , Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Adaptado do romance homônimo de Mel...
A Síndrome de Berlim (Berlin Syndrome, 2017)
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
É correto afirmar e enfatizar que viajar sozinho (a) é muito bom. Não devemos ter medo de se descobrir como viajantes solo. Além de descobrir o mundo e a si mesmo, é um passo para vivenciar a liberdade e refletir sobre desejos, vontades e decisões. É uma oportunidade de conhecer pessoas novas, envolver-se em aventuras apaixonantes e libertárias, e simplesmente deixar as coisas acontecerem. Por outro lado, viajar tem um forte elemento de solidão, ainda que oculto ou disfarçado. É quando queremos ficar um pouco sozinhos e tomar um fôlego novo, mas também precisamos do outro, da socialização, das descobertas a partir dos amores, amizades, paixões.
A Síndrome de Berlim não aborda as delícias mas os horrores de uma viagem mal sucedida ao conhecer um estranho sedutor e inteligente. Aquela chama da paixão, do desejo de ficar e ter prazer com ele é incontrolável como descobrir um fantástico ponto turístico, mas, ao fim, a pessoa não era exatamente aquilo que projetava.
No roteiro, uma jovem fotojornalista Clare Havel está cansada de sua vida enfadonha na Austrália e viaja para a Alemanha para um recomeço. Amante da Arquitetura, Berlim se torna um excelente destino. Ao chegar à cidade, encontra o bonito professor de inglês, Andi Werner, que desperta nela um intenso desejo de ficar com ele. Muito rapidamente eles flertam. Após uma noite de sexo, ela é presa no apartamento dele, que a mantém como refém. Clare está encarcerada, sem contato telefônico. Ela entrou em uma terrível roubada.
A historia tem dois atores bem talentosos que encarnam seus papéis com uma consistência precisa, colaborando para o êxito do longa: Andi é Max Riemelt, conhecido ator alemão que já realizou trabalhos em ótimos filmes e séries como "A queda livre", "A onda", "Sense 8", e Clare é interpretada por Teresa Palmer, atriz australiana que, pela primeira vez, tem a chance de realizar como protagonista um drama denso, desafiador e violento. A escolha da dupla é um dos diferenciais do filme, sem dúvidas.
O título faz referência à Síndrome de Estocolmo, transtorno no qual a vítima, após um tempo de intimidação e agressão, acaba desenvolvendo um tipo de afeto e/ou tolerância pelo agressor. Clare percorre vários tipos de emoções e atitudes com seu agressor: a paixão, a raiva, a rejeição, a negociação, a dissimulação etc. Colocada em um apartamento sem chance de sair, ela praticamente não tem a quem recorrer para ajudá-la. Em certo ponto, encarna o papel de dona de casa e esposa fazendo as vontades de Andi, mesmo que seu desejo seja matá-lo e se libertar.
Considerando que o filme é sobre sequestro e cárcere privado, restrito a um apartamento no subúrbio, em uma época de inverno no qual não há quase nenhum vizinho e movimentos do lado de fora, a realidade vivenciada por Clare é de um sofrimento infindável. É puro sadismo cinematográfico! Mas, há que assumir que é um sadismo bem executado em cena.
Parte significativa da competência da direção de Cate Shortland se dá por dois quesitos: levar o filme a quase duas horas de projeção com a maioria das cenas realizadas entre Clare e Andi com diversas nuances perturbadoras de horror psicológico, e a direção de atores que reafirma sua excelente parceria com dois protagonistas que têm um espaço muito amplo para desenvolver seus personagens.
Na atuação de Max Riemelt é possível perceber as várias nuances de um serial killer, psicopata. Bastante sádico, ele tira fotografias friamente da violência pela qual é responsável. É um do seus maiores prazeres e Clare não é a primeira vítima. Ele acredita que ela é sua posse e que toda essa "vida familiar" é um relacionamento. O roteiro não deixa escapar o fato de que ele é um típico "cidadão de bem", um professor dedicado, um cidadão comum que ninguém imaginaria que fosse um homem perigoso e violento. Como citado em variados livros de psicologia a respeito do padrão dos psicopatas, a maioria deles é bonito, sedutor, inteligente e jamais aparentam ser o que efetivamente são.
Com a responsabilidade de ser crível na atuação como mulher vítima de violência em vários sentidos, Teresa Palmer realiza uma atuação impecável, ao mesmo tempo, frágil e forte, buscando uma solução para escapar do cativeiro. Nas cenas que busca estabelecer um diálogo e conexão com Andi, ela tem uma dedicação exemplar em mostrar as nuances entre o medo e o controle emocional mais racional. Esta performance é bastante violenta em si, afinal, como olhar para o algoz e ter que fingir para garantir a própria sobrevivência e alguma esperança de liberdade?
Assim como em "The room" de Tommy Wiseau, filmado em espaço reduzido, A Síndrome de Berlim é um thriller-drama-horror imperdível que encontra sua qualidade na atuação destes jovens atores e na sua capacidade de levar até o limite uma situação de cativeiro com uma abordagem extremante sádica e desesperadora.
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Por Cristiane Costa , Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Na combinação suspense e horror, há m...
Delírios do passado (Delirium, 2018)
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
O jovem Tom (Topher Grace) cometeu um crime na infância e foi internado em uma instituição psiquiátrica. Após 20 anos, ele é liberado, está sob condicional e observado pela policial Brody (Patricia Clarkson). Ele decidi retornar à mansão dos pais. Chegando lá, começa a ter visões e atitudes de paranoia, delírio.
Não há nada de muito diferenciado neste longa em comparação a outros com este argumento, porém, ainda é um longa bem melhor do que muitos lançados nesta seara. Ter transtornos mentais, sentimentos de culpa e baixo autoestima, situações de perseguição e desequilíbrio psicológico em geral são recorrentes em obras com esse tipo de argumento.
Tom está há muito tempo longe da sociedade, nitidamente confuso e solitário, assim, essa condição é positiva e alimenta o drama à medida que este passado começa a ser revelado, contudo, sem dar 100% de certeza ao público.
Os acertos da direção estão em não dar muitas pistas ao espectador do que é real e do que é delírio na mente de Tom. O diretor Dennis Iliadis, que tem uma experiência razoável em thrillers e horror, apresenta segurança na filmagem, mesmo em meio à uma história que faz um jogo entre a sanidade e insanidade. Com isso, os delírios de Tom tornam-se nossos delírios.
Em diversas cenas, somos desafiados a compreender quais são os traumas do passado de Tom, quem é Alex (Callan Mulvey), seu irmão violento e sinistro, (será mesmo seu irmão legítimo?), quem foram seus pais, Tom está "curado" ou não, é inocente ou culpado. Depois, mais ao final da narrativa, o roteiro empobrece na sua força como suspense, ficando menos tenso, perdendo parte da sua capacidade de surpreender o espectador.
Ainda assim, Topher Grace traz muita consistência a esse papel, despertando o interesse por sua atuação até o fim. Sem ele o filme não teria o mesmo efeito. É um ator interessante para a comédia e também para o horror pois é bem expressivo, homem com aparência comum que o aproxima de um amigo ou conhecido carismático do público. Ele transita com naturalidade entre o humor (que também provoca o riso nervoso em situações de medo) e tem um lado de atuação over dramática que funciona bem para esses gêneros.
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Por Cristiane Costa , Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Lançado nos cinemas este mês, Beatriz ...
Beatriz (2015)
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
A história enfoca o relacionamento passional entre Beatriz (Marjorie Estiano) e Marcelo (Sérgio Guizé). Ela abandonou a carreira no Brasil e mora com ele em Portugal. Ele se dedica a escrever contos eróticos para uma revista Lisboeta. Bastante apaixonados e intensos no sexo, a relação tem a química para manter o público curioso, e a possibilidade de que eles realmente sejam felizes em outro país. Entretanto, tanto fogo catalisará uma boa energia afetiva ou problemas à vista?
Beatriz é a musa inspiradora do marido. Os escritos de Marcelo são alimentados pelo tempero sexual que eles colocam na relação como transas em lugares públicos, jogos e fantasias eróticas. Quando Marcelo recebe uma proposta para escrever um livro que, paralelamente, será exibido no teatro, a relação começa a tomar um rumo tóxico, com um desequilíbrio nas vontades e desejos do casal. Neste processo, Beatriz faz sacrifícios em nome do amor e do ofício literário do marido.
O argumento da história tem potencial, considerando que o amor e a paixão são combustíveis de muitas histórias cinematográficas, principalmente as de teor passional com ciúmes, obsessão, vingança. O problema é a execução em si que, ao mesmo tempo que transita entre cenas do cotidiano do casal , do processo criativo literário e do processo teatral que representariam um material rico a ser desenvolvido, não convence em nenhum momento. O filme acaba se tornando enfadonho e arrastado na maioria das cenas.
Sob uma perspectiva bem feminina, o amor realmente vale muitos sacrifícios. Como diz o filme Moulin Rouge, "A coisa mais importante que você pode aprender é amar e ser amado de volta". Na sua natureza primitiva, a mulher tem as virtudes de ser flexível, acolhedora e apaixonada nas relações. Mesmo a mais racional das mulheres, aposta no homem que ela escolheu para estar ao lado, entretanto, a maioria das mulheres não se anula nos dias de hoje como Beatriz faz no filme. Neste aspecto, o longa deveria ter sido mais verossímil e à frente do seu tempo.
Beatriz é uma mulher forte, característica que entra em contradição com o desenvolvimento do personagem nos mais de 1 h 30 minutos de projeção. O roteiro, para o bem ou para o mal feito por muitas mãos ( 4 roteiristas), escorrega neste desenvolvimento pois apresenta uma mulher com personalidade e a enfraquece na projeção sem enfatizar muito e de maneira significativa a sua força.
Com isso, apenas a expressão usada pelo diretor como "loucura a dois", um transtorno psicológico e psiquiátrico na relação de Marcelo e Beatriz pode explicar esse filme. Ainda assim, o transtorno não é dramaturgicamente bem tratado nos diálogos e situações, na verdade, muitas são clichês sobre sexo. A intensidade emocional do relacionamento dos protagonistas não é bem transferida para a misè-en-scene, o que enfraquece o drama.
Assim, Beatriz saí da sua natureza que, no início da narrativa, parecia ter mais personalidade e maturidade, para fazer demasiadamente as vontades do marido. Ele precisa escrever um livro, mas coloca totalmente a responsabilidade nas costas da esposa. Sua inspiração para a obra vem de Beatriz e da relação. Ela se envolve em caminhos mais tortuosos na sua sexualidade. Mesmo sentindo tesão em situações apimentadas, ela também desce ao fundo do poço, como aborto, drogas e sexo pelo sexo com estranhos.
Inevitavelmente, dois dos melhores atores de suas gerações, Marjorie Estiano e Sérgio Guizé, não têm muito espaço para fazer a diferença na forma como o roteiro se apresenta. Marjorie é a que mais tem êxito, não apenas pelo seu papel de maior responsabilidade que dá título ao filme, como também por ser uma atriz com frescor, concentração e experiência no Cinema.
Já Sérgio não consegue expressar a complexidade do personagem. Um homem como Marcelo é daqueles que pensa que a mulher deve fazer tudo que ele projeta na relação. Isso explica a tagline de Beatriz : "Como te amar sem me odiar"? Para tornar a relação mais tóxica, Marcelo não consegue buscar inspiração em outras searas e nem exercer seu talento sem uma muleta de apoio, desta forma, jogar a responsabilidade nas costas da mulher e da relação o torna um homem bem desinteressante, desprezível.
Se analisado sob uma perspectiva contemporânea sobre gênero, Beatriz é um filme útil como ideia central para uma reflexão pós sessão. Ele ajudará as mulheres como refletir sobre essas ações apaixonadas e limites que temos e que nos fazem perder tempo com homens extremamente egoístas e que nada acrescentam. O mesmo pode servir para homens que estão em relacionamentos tóxicos.
Como toda ficção romântica e sua relação com a vida real, é natural o desejo humano de viver a paixão e o amor, em menor ou maior grau de intensidade, mas não a ponto de anular nossos egos em troca de algumas migalhas de afeto e uma boa transa. Apoiar o(a) parceiro(a) pessoal e profissionalmente é uma coisa, anular-se em nome de uma loucura requer autoconhecimento, ajuda médica e especializada.
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O último suspiro (Dans la Brume, 2018)
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Ainda que o foco desse texto não seja abordar sobre os filmes presentes no Festival Varilux, um dos motivadores para abordar sobre o longa de Daniel Roby, "O último suspiro" (Dans la Brume, 2018) é exatamente dar visibilidade às tentativas do Cinema Francês não ser mais do mesmo, em outras palavras, a tentativa de oxigenar a sua cinematografia. Assim como a programação do Festival trouxe algumas novidades em 2019, o filme de Roby, uma coprodução Canadá e França, tem uma virtude que nem sempre é vista no Cinema Francês: a coragem de fazer algo diferente, mesmo que tenha inúmeras falhas e apresente um resultado nada atraente.
Estrelado pelo experiente Romain Duris, no papel de Mathieu, um pai amoroso e dedicado, o filme combina o drama familiar com a ficção científica. Os Franceses não costumam realizar ficção científica, assim, no mínimo, é curioso ver Duris em um longa com essa proposta. Ao seu lado, como esposa, está Olga Kurylenko, que tem um papel menor e não devidamente aproveitado na narrativa. Fantine Harduin performa Sarah, filha do casal. Ela tem uma doença rara que a impede de respirar no mundo real, logo, é obrigada a ficar presa em uma redoma que representa o seu quarto.
O filme tem problemas de roteiro e execução que provocam um conflito entre a proposta audaciosa e diferenciada como ficção científica e o amadorismo do diretor no gênero. Daniel Roby, que não é experiente nem no gênero e nem no Cinema, trabalha em um ambiente que tem o estranhamento entre o mundo real e o ficcional bem caracterizado, afinal, imagine Paris tomada por uma névoa bizarra como se fosse um outro planeta; entretanto, ele não aproveita essas especificidades. Não aproveita espaço, tempo e nem atores, desperdiçando claramente o tempo do espectador.
O público se vê diante de um filme que tem uma direção de arte com o intento de criar esse universo particular, mas as cenas de ação são amadoras e demonstram uma insegurança do diretor sobre o que fazer com cenário e atores. Como exemplo, em uma das cenas, Duris e Kurylenko fogem de um cachorro furioso, sendo esse um dos poucos riscos de vida. Em outra cena, Duris briga com um policial que só pensa em si. Em todas elas, o resultado é muito amador, a conclusão da sequência beira o ridículo. No geral, o não convencimento da obra como ficção científica é alimentada pela ação e luta pela sobrevivência pouco desenvolvidas no roteiro.
As poucas cenas que fazem a diferença resgatam o que o Cinema Francês tem de melhor: sua humanidade. Ver os pais se esforçando e renunciando para conseguir o bem estar da filha não tem preço. Ver um casal de velhinhos que não se separam mesmo que o mundo acabe desperta uma reflexão sobre o valor da vida, o amor e companheirismo.
Esses momentos são mais sensíveis e unem as pessoas em volta do poder emocional do Cinema. Por outro lado, existem equívocos mesmo no seio familiar, por exemplo, a atuação de Harduin, especificamente o seu texto, é muito precário e aborrecedor. É uma filha que, em vários momentos, mais dá ordens nos pais ou fala de qualquer jeito do que demonstra afeto e gratidão. De fato, uma personagem mal desenvolvida e com pouca expressividade para o drama de sua biografia.
Por fim, quem faz de tudo para salvar o longa mas não consegue: Romain Duris. Ele é excepcional na sua filmografia, mas, esta ficção científica não aproveita suas virtudes e potencial, o que leva a pensar o porquê ele aceitou esse papel. Com o desfecho surpreendente que, por sinal, demonstra que a história tem um fundamento inteligente, fica mais notório como a execução foi ineficiente.
Como grandes lições sobre o filme: Franceses e seus países parceiros podem fazer ficção científica pois o Cinema é também feito de coragem para falhar, mas somente o façam se realmente a execução não seja tão amadora.
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