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  Romance leve sobre relacionamento amoroso intergeracional  ajuda a refletir sobre desafios reais para a mulher madura #Dicadestreaming #Co...

 


Romance leve sobre relacionamento amoroso intergeracional 

ajuda a refletir sobre desafios reais para a mulher madura


#Dicadestreaming #Comédiaromantica #Romance



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 



É ingenuidade pensar que precisamos de uma obra prima cinematográfica para refletir sobre questões complexas e práticas dos relacionamentos afetivos. Na verdade, não é tão necessário. Na maioria das vezes, uma simples história sobre um namoro inesperado nos desperta a compreender as reais dinâmicas amorosas que, de tão recorrentes, se tornam clichês contemporâneos. Nesse campo, as comédias românticas e os romances funcionam muito bem.





Uma ideia de você (The Idea of you, 2024) está mais para romance do que para comédia romântica exatamente por colocar a protagonista Solène (Anne Hathaway), uma mulher de 40 anos, dona de uma galeria de arte, divorciada e com uma filha adolescente no centro da narrativa. Por um empurrão do destino, ao ir ao Festival Coachella, ela conhece o astro da boy band August Moon, Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), vocalista de 24 anos no auge do sucesso. A troca de olhares e a atração física são imediatas e, a partir dali, nasce um relacionamento amoroso.











Baseado na adaptação homônima de Robinne Lee, nos bastidores midiáticos especula-se que a história foi criada a partir de uma fanfic de Harry Styles, ex-vocalista do One Direction. Entretanto, independente de quem seja a inspiração, o filme naturaliza a relação como algo mais leve, com um romance bem charmoso com os ares da educação e cotidiano Britânico. Até mesmo em turnê mundial, a banda não passa por grandes acontecimentos e nem dramas extremos, mas isso não quer dizer que a complexidade da relação intergeracional não está ali nas entrelinhas.





Como a maioria dos romances com protagonistas bonitos, elegantes, atrativos e inspirados em best sellers,  jamais um diretor pesa a discussão. Por essa razão, a personagem de Anne Hathaway é bem mais interessante. Extremamente competente e experiente, ela sabe dosar as emoções reais e dá um ótimo tom entre a leveza e o incomodo, entre o amor e a insegurança, entre o viver e o esperar. Ao conhecer Hayes, é como vencer a si mesma: "sou digna de namorar um gato riquíssimo e desejado por milhões de pessoas?" "Sou linda o suficiente ou vão me achar uma ridícula?" São indagações comuns por mais segura e bem sucedida seja uma mulher acima de 40 anos, pois permeiam o amadurecimento acerca do etarismo e seus desafios presentes no dia a dia.











A partir desse primeiro auto desafio, Solène se entrega ao relacionamento e recua em diferentes momentos. Tais comportamentos são algo natural no cotidiano, tendo em vista que mulheres sofrem incontáveis danos emocionais e são criticadas tanto por homens como por mulheres. Solène já se decepcionou com homens com idades similares a ela, como por exemplo, Daniel (Reid Scott) seu ex-marido infiel. Agora se vê com um homem mais jovem que a trata com carinho e respeito. Além do mais, vem o elemento de ser a mãe da jovem Izzy (Ella Rubin), trazendo à discussão de que, se Hayes namorasse a filha dela, com certeza as pessoas seriam menos cruéis e preconceituosas e estariam mais abertas a aceitar a nova namorada do astro. Agora  vê que o apoio e bem estar da sua filha são inegociáveis.






Em todas as vias, é possível perceber que o amor entre Solène e Hayes ultrapassa a mera atração física e paixão e se transforma em um processo de aceitação, troca e companheirismo. Entre altos e baixos, eles são um casal muito promissor que claramente sofre das consequências da fama e da visibilidade, assim, quando o relacionamento ganha os holofotes das redes sociais, a narrativa mostra a crueldade das pessoas em julgar uma mulher mais velha com um namorado jovem.





Não é preciso ir muito longe para constatar que a sociedade não está preparada para essa aceitação e precisa evoluir muito em empatia,  tendo em vista que homens sexagenários namoram as chamadas "novinhas" com bastante naturalização e ainda criticam  mulheres quem não tem o mesmo viço na pele; por outro lado, mulheres acima de 35 anos já são julgadas por seus corpos e consideradas inadequadas ao flertar ou namorar com homens mais novos. As próprias músicas atuais, em grande parte esvaziadas de conteúdo e valor, fazem menção ao "velho da lancha" e às "novinhas", continuamente baixando o nível. Enquanto isso, quais as músicas que valorizam as mulheres mais velhas? Raras.











Diante de tanta hipocrisia na sociedade, por que a mulher mais velha é julgada por se relacionar com um homem jovem? Por que ela é considerada incapaz de ser amada ou não digna de estar com o homem lindo, jovem e bem sucedido? Enquanto que o homem é aplaudido por suas conquistas, exibindo mulheres mais jovens ou dentro de um padrão estético como se fossem troféus, mulheres que têm maturidade e responsabilidade afetiva e querem realmente amar são julgadas levianamente?





Com todos esses desafios diários da mulher madura, o desfecho do filme traz esperança e desperta a lealdade das relações, um verdadeiro presente na vida de uma mulher que só deseja amar e ser amada. A última cena traz calma e acolhimento, com todo o carinho que a mulher precisa. No mais, a vida deveria ser mais simples se o Amor fosse respeitado em toda a dinâmica social e não julgado por uma sociedade líquida que já deixou de valorizá-lo há muito tempo.










Estreia nos cinemas Brasileiros: 12 de março de 2020 Distribuição @A2 filmes Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira críti...



Estreia nos cinemas Brasileiros: 12 de março de 2020
Distribuição @A2 filmes


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Não se pode negar que os Franceses adoram realizar comédias românticas com um toque de inusitado, o que não deixa de ser um "ato de coragem" de fazer o público rir com algumas situações bastante caricatas sem se preocupar muito com as críticas mais exigentes da mídia e público. Nesse sentido, é mais importante fazer as pessoas rir do que propriamente se apegar à realização de um filme politicamente  e tecnicamente correto. Este é o caso de "As primeiras férias, não se esquece jamais! (Our Happy Holiday/ Premières Vacances, 2019), primeiro longa-metragem de Patrick Cassir, experiente diretor de publicidade de grandes marcas como Fiat, Nike e Renault.







O lado inusitado já começa com a premissa narrativa de reunir um charmoso casal de Parisienses Marion (Camille Chamoux) e Ben (Jonathan Cohen) para passar férias juntos após se conhecerem no Tinder. No mínimo, isso é curioso e engraçado considerando que, atualmente nesse aplicativo no Brasil, as pessoas mal conseguem se comunicar positivamente no básico para iniciar uma relação, imagine conseguir um bom encontro e umas férias como se fosse um casal de namorados? Para a sorte de Marion e Ben, eles conseguem se encontrar e ter uma noite agradável, e depois surge a ideia de realizarem uma viagem para outro lugar inusitado: Bulgária. Quem levaria um date do Tinder para a Bulgária? Talvez algum Francês em filme Francês para a diversão da plateia.



Em favor do humor e da paixão que pode iniciar em encontros inesperados, Patrick Cassir realiza uma divertida comédia romântica que vale a sessão. O roteiro começa de uma forma mais livre e autêntica, expondo nitidamente as diferenças entre Marion e Ben, e a força da relação se desenvolve com essa oposição de estilos e preferências, decisão sedutora dos roteiristas. Realmente faz o público torcer pela felicidade deles.  






Em entrevista oficial  (nota abaixo), o diretor afirma algo que faz toda a diferença para o tom hilário de seu primeiro longa: contemplar o nascimento da intimidade do casal. Em histórias de amor, observar o quanto as pessoas se permitem se apaixonarem é um bel prazer pois tem a ver com o desenvolvimento da confiança no casal, com o sentir-se bem na presença do outro. Nesse percurso, nem tudo sai como esperado pois não existem relações perfeitas. Em outras vezes, é preciso agir com certa "loucura saudável" para conhecer e se apaixonar por alguém nos tempos líquidos contemporâneos.


"Eu sempre quis dirigir a comédia que gostaria de ver sobre um casal se formando. O que eu amo nos casais é o nascimento da intimidade. Me fascina, me perturba. A descoberta de pequenas formas, claras ou escuras, de lidar
com a vida. Compartilhar intimidade com alguém é o meu tópico
favorito! O desafio foi encontrar o tom: estar muito próximo da vida
cotidiana, mas com fortes situações cômicas e empurrado para o
clímax" (Entrevista oficial do diretor Patrick Cassir, A2 filmes, press book)



Cabe mais ao casal protagonista manter esse tom  de intimidade, mas também deixam evidente que têm estilos bem diferentes de ser e viver. Ainda que os dois primeiros atos do longa sejam mais dinâmicos e hilários e o terceiro e último um pouco mais dramático e melancólico, os atores conseguem esse equilíbrio com muito carisma, charme e diversão. Assim, muito do êxito da história se dá pela ótima química e bom humor de Camille Chamoux e Jonathan Cohen. Por mais doidas que sejam algumas situações constrangedoras na Bulgária (a ponto de poder incomodar alguns Búlgaros mais sérios), dá para perceber que os atores se divertem juntos e transmitem uma agradável vibe.





Um ponto alto e absurdamente honesto  nessa comédia é construir um roteiro que adiciona uma viagem de casal, por mais rápida e surpreendente que ela tenha sido iniciada. É uma escolha que se transforma em uma provação para qualquer relacionamento, tanto que a personagem de Camille Cotin, amiga de Marion, diz: "As férias são a pior provação do casal".  Ela tem toda razão!



Na maioria das vezes já é difícil viajar com família e amigos, imagine viajar com alguém que você acabou de conhecer no Tinder ? Nesse aspecto, a questão da intimidade se abre para contextos nos quais valores, rotina, comportamentos e humores são testados, principalmente considerando que Marion é uma mulher mais livre e descolada, e Ben é um homem metódico e hipocondríaco que busca mais conforto, bem estar e previsibilidades. Como toda provação que exige interagir e compartilhar intimidades, viajar  sempre será uma delas, não importa com quem seja.



Por fim, essa é uma comédia positiva e transformadora quando tentamos extrair o melhor dela para nossas relações afetivas. Ela fala sobre conexão, intimidade, tolerância às diferenças, aceitação,  amor. Com a presença de tecnologia constante nesse mundo cada vez mais cibernético de Tinder, AirBnB e Trip Advisor, amar parece algo mais fácil (e facilitado), mas está cada dia mais difícil encontrar real intimidade em meio virtual no qual as pessoas mentem, se sabotam  e ocultam quem verdadeiramente são. Ao final da sessão, o público vai torcer por mais Marions e Bens fazendo viagens loucas e engraçadas e dando chance ao amor.








Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação O que é o Amor? É difícil defini-lo ...




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




O que é o Amor? É difícil defini-lo em palavras. É muito mais acessível apenas sentí-lo, deixá-lo entrar na alma e no coração, desejá-lo com toda sua força. Até os (as) mais hábeis e sensíveis escritores(as) com o poderoso efeito semântico das palavras não poderiam definir o que é Amor em toda sua completude. No entanto, algo podemos afirmar: quando faltam palavras, há a potência da imagem audiovisual, a sensibilidade do Cinema a serviço de expressar os sentimentos mais complexos e nobres. É por causa desta potência, que o Cinema é uma das janelas mais belas para a expressão do amor romântico.






Na história do Cinema, há tantas comédias românticas que, por mais clichês que sejam, elas resgatam algo que muitas vezes nos foge: a possibilidade de amar e ser amado(a). Todos queremos amar e ser amados, mesmo que os sentidos do que é o Amor sejam diferentes para cada um. Através das possibilidades de encontrar a tão sonhada alma gêmea, o Cinema se apresenta constantemente como uma válvula de escape para os apaixonantes sonhos de encontrar aquela pessoa que nos reconheça como um verdadeiro amor, que venha para somar e ser companheira. 






Neste contexto, quando uma boa comédia romântica aparece em cartaz, ela é como um presente cheio de afeto que traz um frescor romântico, leve e esperançoso que preenche os corações solitários e inspira os que já encontraram o seu amor.  "Amor à Segunda Vista" (Mon Inconnue, 2019) é uma destas comédias românticas raras e modernas que oferecem um sopro agradável no próprio gênero. Dirigida por Hugo Gélin ("de Família de Dois")  e estrelado pelos belos François Civil e Joséphine Japy,  o longa distribuído pela Bon film é uma deliciosa comédia romântica sobre a segunda chance no Amor, realizada com muita competência  e qualidade pelo cineasta, elenco e equipe. 


O filme foi um dos destaques no Festival Varilux de Cinema Francês 2019 e na França foi visto por mais de 340 mil espectadores. Na história, Raphaël (François Civil) conhece sua amada Olivia (Joséphine Japy) ainda bem jovem e no colégio. Se apaixonam e se casam. Ele se torna um escritor de ficção científica muito bem sucedido. Ela é uma professora de piano que também apoia o sucesso do marido. Certo dia, após uma discussão, eles acordam em uma realidade paralela que altera totalmente suas vidas. Ele se torna um professor de Literatura. Ela, uma pianista famosa que não lembra quem ele foi. Inconformado e desesperado, Raphaël conta com a ajuda de seu amigo Félix (Benjamin Lavernhe, da Comédie Française) para reconquistar a amada.








Sabe aquelas expressões que dizem que "O amor é apaixonar-se cada dia pela mesma pessoa" e "Se você não der valor ao seu amado(a), você vai perdê-lo (a)".  Estas são as principais verdades que alimentam este roteiro. Na prática, todos os dias temos que nos apaixonar por aquele(a) que escolhemos para estar ao lado, mesmo porque, atrás da fantasia romântica, há a realidade dos relacionamentos e seus conflitos. De uma forma bem imaginativa, o roteiro investe também em um conflito entre o casal protagonista. Ele se tornou famoso demais e deixou de dar valor ao relacionamento, ao diálogo, ao ficar junto. De repente, perdeu tudo isto e este período serve para que ele reconheça falhas, atitudes e sentimentos. 







Em comparação ao penúltimo filme de Gélin, "Uma família de dois", "Amor à segunda vista" é uma evolução do diretor. No primeiro, a história entre pai e filha era comovente, mas era muito mais clichê e sentimentalista. Neste último, embora a estrutura  clássica da comédia romântica seja batida, o diretor é inventivo e consegue oxigenar o gênero com um filme bem projetado e executado que oferece uma experiência agradabilíssima. Dos diálogos até a escolha das locações, passando pelo elenco, edição e fotografia, absolutamente todos os detalhes claramente foram pensados com muito afeto, evidência que o público poderá notar e saborear. Este é um diferencial para a produção, não à toa que o longa caiu no gosto do público e é delicioso de assistir.



O diretor realiza uma comédia que lembra o clássico "Feitiço do tempo", mas segundo o mesmo, ele se inspirou em filmes como "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" (Michel Gondry) e "A Felicidade não se compra"  (Frank Capra). Gélin atingiu o objetivo porque sua sensibilidade com as referências cinematográficas não descaracterizam a autenticidade e refrescância de sua obra. Ele consegue utilizar estas inspirações e, ainda assim, seu filme tem uma luz muito própria, com muito foco no desdobramento das ações  e na montagem entre o que é imaginário e o que é realista. Como ele bem disse: "O filme é uma busca para encontrar a primeira faísca". Assim, é impossível não se apaixonar pela forma como ele trata com carinho o próprio amor.







Uma das bases de uma boa comédia romântica é a química entre o casal protagonista e como eles tornam as cenas verossímeis mesmo no plano da imaginação, da fantasia. Isto é necessário não apenas pela fisicalidade que sai faísca e desperta o amor e o desejo, mas também a forma como olham, como dialogam, como constroem personagens que são convincentes com os sentimentos expostos na tela grande. Além de serem hipnoticamente belos e elegantes, François Civil e Joséphine Japy se envolveram nos papéis. É uma química sexual e romântica ao mesmo tempo. É aquele tipo de casal que o público torce para ficar juntos pois eles são simplesmente, na doçura das palavras, fofos juntos.



Cada um deles têm espaço para a ação, apesar que cabe muito mais a François Civil reconquistar o que perdeu. A maioria dos momentos intimistas e ações ativas vêm dele, que interage em boas cenas cômicas com seu leal amigo Félix. A presença do personagem coadjuvante de Benjamin Lavernhe é  fundamental para a narrativa já que ele é o único que lembra do amigo, mesmo estando em realidade paralela. Ele é como uma ponte entre estes mundos distintos, além de ser um fiel amigo que ultrapassa as lógicas de tempo e espaço. É aquele amigo que, ainda que foi frustrado no relacionamento anterior, acredita que Raphaël pode ter a amada de volta. A atuação de Lavernhe é ótima, por trazer aquele amigo excêntrico e engraçado que, por trás das loucuras, tem um coração cheio de sabedoria. Parte dele um dos desabafos mais verdadeiros do filme.







Para a carreira de François Civil, o filme também é um avanço. É uma das oportunidades que ele teve como protagonista. Segundo ele " Eu sei que é um filme muito íntimo para ele (Gélin), que fala sobre sua profunda visão do amor, das pessoas que amamos. Fiquei muito feliz por poder dar vida a esse personagem que vive nele há vários anos". Ele foi bastante dedicado ao papel, por ser muito jovem ainda em longas do Cinema Francês, tendo tido várias experiências em TV e em curtas. O mesmo se aplica para Joséphine Japy, que tem graciosidade, beleza e estilo para o gênero. Os melhores closes são dela, praticamente a câmera flerta com esta elegante, bela e jovial francesa.






Hugo Gélin realizou um belíssimo filme e se destaca, especialmente, como ele articulou todas as peças e referências criando seu próprio filme, que tem uma motivação muito especial, o faz lembrar da relação que ele tem com a esposa que conheceu há anos atrás. Muito do êxito da narrativa é a combinação das cenas reais com as imaginárias que, nas mãos de um diretor que não fosse habilidoso e inspirado, poderia se tornar uma bagunça. 



Além do mais, mesmo com todas as cenas da realidade paralela, a narrativa propicia um olhar contemporâneo sobre as relações amorosas. Existe um tom híbrido de realismo x ficção que lembra o filme independente de Michel Gondry, mas por outro lado, também mantém um charme francês e um apelo de filme comercial com qualidade e potencial para agradar amplamente o público.


É um longa que celebra o Amor e injeta  otimismo, riso e afeto. É impossível não ficar um pouco mais aquecido(a) mesmo no frio cotidiano da solidão e da busca constante e resiliente pelo verdadeiro amor.










Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira de Cinema, e specialista em Comunicação   Longfellow Deeds, um adorável tocador de T...



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira de Cinema, especialista em Comunicação 



Longfellow Deeds, um adorável tocador de Tumba, interpretado pelo icônico Gary Cooper, herda uma fortuna , vira  motivo de notícias enganosas que descredibilizam sua sanidade e é alvo de oportunistas e ambiciosos.  Como essa dinâmica, Frank Capra, um dos maiores cineastas humanistas, realiza uma das mais divertidas e charmosas comédias do Cinema, O Galante Mr. Deeds.




Com várias produções no auge dos anos 30, o diretor é de uma época na qual as comédias eram afiadas para tratar temas sociais e criticar a sociedade de aparências  de um modo bem humorado e igualmente cortante. Contemporâneo de cineastas que investiram no gênero como  Howard Hawks e  Ernst Lubitsch, Capra é reconhecido pelo seu legado com clássicos como Aconteceu naquela noite (1934), Do mundo nada se leva (1938), A mulher faz o homem (1939) e A felicidade não se compra (1946) que enobrecem a comédia com um approach dramático bastante enraizado no idealismo do diretor. O velho ditado "Dinheiro não traz felicidade" cabe bem na filmografia de Capra. Em grande parte dos seus longas, a integridade do homem é reforçada como um valor universal e vital.






Merecidamente vencedor do Oscar de melhor diretor por esse filme, o cineasta demonstra um vigor excepcional na direção ao transformar um plot aparentemente medíocre em uma marcante comédia. No início, Mr. Deeds tem um jeito abobalhado e deslocado do mundo. Não se importa com dinheiro e tem uma reação atípica que muitos outros  não teriam ao ganhar um grande quantia de dinheiro. Muito querido pela população de uma cidade do interior, Mr. Deeds é apresentado como um homem íntegro e terno, bem nos moldes dos heróis Caprianos. Pouco a pouco, o roteiro do experiente  Robert Riskin, que tem uma forte parceria com Capra em outros filmes, evoluí para mostrar como as pessoas podem ser bem invejosas e nocivas com o outro. Mr Deeds vira motivo de chacota com posteriores danos pessoais. Aqueles que ama e que deveriam protegê-lo, como a jornalista Babe Bennett (Jean Artur), mostram as garras da ambição e da hipocrisia. Mas, nunca é tarde para se redimir! Afinal, Capra é um otimista.






A comédia é um espetáculo na junção do roteiro, elenco e direção. Transborda em elementos comuns nos filmes da época como o jornalismo impresso, a mise en scène de um tribunal e os personagens periféricos e patrióticos. Especificamente aqui, com destreza e articulação, Capra e Riskin trabalham muito bem com grande elenco. Há espaço para outros atores que se referem a personas que afetam a vida de Mr. Deeds e que são retratos dessa sociedade como Jean Artur, a jornalista esperta e ambiciosa que deseja subir na carreira, e  George Bancroft, o editor patético que adora notícias ridículas e topa tudo para a primeiro página. Personagens como fazendeiros, autoridades legais e médicas, vizinhas do interior e todos os  interesseiros em heranças também são essenciais para o grande momento: Mr. Deeds é louco ou não?. O que essa sociedade bisbilhoteira incapaz de olhar para o próprio umbigo tem a dizer? Ela está realmente atenta às virtudes do homem ou seus argumentos são tão superficiais como as aparências?






Com louvores, destaque especial para a paciência de Gary Cooper em um papel que a sanidade do personagem é testada. Além de combinar com os faroestes como o imperdível Will Kane, em Matar ou Morrer(High Noon), o ator cabe muito bem em personagens gentleman com suas feições angelicais que agregam humor, delicadeza e um toque de melancolia. Ele se destaca como um galã que não é apenas um rosto bonito mas um homem que transmite credibilidade, ética e atrai a simpatia do público. Assim é o Mr. Deeds: encantador! Ele encarna bem os peculiares atos que são foco de zombaria, o romantismo e a timidez diante da amada e o estilo nobre e lúcido de quem não perde suas humildes origens e não está à venda por qualquer preço. Até mesmo as mirabolantes ações de generosidade de Mr Deeds, obviamente nutridas pelos propósitos idealistas, sentimentais e políticos de Capra, são graciosos. Demonstram que talvez a generosidade seja um ato de loucura em um mundo ganancioso que, a todo momento, testa a nossa humanidade e mina o riso fácil, despojado. 





Ficha técnica do filme no Imdb O Galante Mr. Deeds

Por  Cristiane Costa ,  Editora e crítica de Cinema  MaDame Lumière  e Especialista em Comunicação   Viajar é muito bom. A maiori...




Por Cristiane Costa,  Editora e crítica de Cinema MaDame Lumière e Especialista em Comunicação 




Viajar é muito bom. A maioria concorda. Percorrer uma jornada, sem qualquer preocupação, seja sozinho(a) ou acompanhado(o) é um daqueles deleites que, uma vez ou outra, temos que dar a nós mesmos. É sobre liberdade, autoconhecimento e conhecer pessoas, lugares. É sobre seguir uma rota mais afetiva e menos cerebral. É sobre viver um sonho como se ele fosse projetado na tela ilusória do Cinema. Quanto menos planejada for a viagem, mais surpreendente ela pode ser. O novo filme de Eleanor Coppola, "Paris pode esperar" (Paris can wait/ Bon jour Anne), seu trabalho de estreia, segue essa deliciosa tônica de um road movie pelas estradinhas que ligam Cannes a Paris. A companhia não poderia ser melhor: Diane Lane e Arnaud Viard.



"Ellie mostrou um “excepcional senso de confiança – confiança em si mesmo antes de tudo, e então confiança nos outros para interpretar e expressar sua visão. Fiquei encantada de ser parte desse projeto cinematográfico" (Diane Lane)


Na história, escrita por Eleanor,  Anne (Diane Lane) é uma esposa dedicada, apoiadora constante de Michael (Alec Baldwin), seu marido e um ocupado produtor de cinema. Após anos de convivência, ela dá sinais de incômodo pela ausência dele, mas o casamento se preserva. À convite de Jacques (Arnaud Viard), sócio do Michael, Anne aceita viajar de carro, de Cannes a Paris. Aventura-se com esse charmoso francês, de gosto refinado e sorriso cativante.





O roteiro é baseado em um acontecimento real com a diretora. Em uma das suas viagens, ela se viu com uma gripe forte. Impossibilitada de viajar de avião, foi de carro à Paris com um amigo. Por ser uma historia de memórias, reais e inventadas,  ela é libertadora e sedutora, o que permite ao espectador relaxar e imaginar o que quiser. Como resistir ao charme de uma viagem a dois pela França? O que aconteceu entre Eleanor e seu amigo? O que é verdade ou uma mentirinha graciosa nesse roteiro de inspiração biográfica? Tudo é possível e não há maldade alguma em imaginar coisas nesse clima de amizade e hesitante sedução entre os amigos. 





É evidente que a diretora fez um filme para se divertir e não esconde seu entusiasmo. Ela passa uma  verve cômica, de curtir os prazeres da vida como a gastronomia Francesa, o pernoite em um hotel bucólico, um piquenique à beira de um lago e todos os deleites de viajar ao lado de um francês divertido, amante da boa vida.  A escolha dos atores foi bastante apropriada pois, além da química irresistível entre duas pessoas maduras, existe uma relação de respeito entre  Anne e Jacques. Ela tem um estilo simples e refinado, que não usa sua beleza como arma de sedução, então, age natural e envolvente. Ele, já mais previsível, tem todos os vícios de um bon vivant, o que o torna bem cômico e atrativo.





"Paris pode esperar" é bem solar por essas razões: a natural beleza, crível e espontânea atuação de Diane Lane, o vigor cômico e charme de Arnaud Viard e as pitorescas paisagens francesas. Essa combinação acaba superando a inexperiência de Coppola na direção, principalmente em planos e enquadramentos que ela não faz nenhuma cerimônia em deixá-los mais amadores, filmados de forma despojada. Grande parte de suas cenas encanta mais pela conexão entre os atores, um tanto tímidos, um tanto abertos à experiência e, também, pela coragem de Eleanor que não estava preocupada em seguir uma gramática fílmica  cirúrgica como a de seu marido e  filhos. Ela fez bem. Preservou sua autenticidade. O resultado é um convite à uma viagem à França sem precisar voar. 





Desde "Sob o sol de Toscana", Diane Lane é uma atriz encantadora para comédias que libertam essa radiante energia de viver. Sua maturidade a deixa cada vez mais bela e carismática. Embora sua personagem tenha demonstrado alguns desconfortos, tipicamente convencionais, quando uma mulher está viajando com o amigo do esposo e fica preocupada com a excentricidade de um sedutor francês; pouco a pouco, ela libera essa beleza que está além do aspecto físico, ela desabrocha a beleza do viver uma viagem como uma inesquecível aventura. 


Sob essa perspectiva, essa comédia torna-se um entretenimento agradabilíssimo, mas também, o melhor benefício dessa experiência cinematográfica é que, tanto ela quanto Viard desempenham os papeis de dois solitários, cada um à sua maneira, que servem de companhia um para o outro. Ao analisar o filme com essa dimensão mais afetuosa, de amizade e companheirismo, quando a viaja acaba, o maior desejo é dizer: "viajem mais um pouco, Anne e Jacques, pois Paris pode esperar".



Ficha técnica do filme Imdb Paris pode esperar

Fotos , uma cortesia California filmes


Especial  Festival Varilux de Cinema Francês  2016 por Cristiane Costa,  crítica de Cinema  MaDame Lumière  " A priori est...


por Cristiane Costa,  crítica de Cinema MaDame Lumière 





" A priori este tipo de comédia não faz muito o meu estilo, mas fiquei curioso de saber como poderia, tecnicamente, interpretar um homem de 1,40 m" (Jean Dujardin)





Laurent Tirard, conhecido por "O pequeno Nicolau" e "As férias do pequeno Nicolau" retorna à direção com a comédia romântica "Um amor à altura", estrelando charmoso galã francês Jean Dujardin e a bela atriz belga Virginie Efira. O argumento mescla um assunto ligado a complexos e preconceitos: relacionamentos amorosos com anões. Na história, Diane (Efira) é uma advogada recém separada que tem, como sócio, o ex-marido Bruno (Cédric Kahn). Após ela perder o celular, ela e Alexandre (Dujardin), um bem sucedido arquiteto, marcam um encontro e, para a surpresa dela, ele mede um pouco menos de 1,40 m. Ela terá que quebrar o próprio preconceito com relação a homens baixinhos para ser feliz no amor.





A história não é inédita, embora seja pouco comum no Cinema. Tirard aceitou realizar esta refilmagem de "Coração de Leão" (Corazón de León), produção argentina de 2013, dirigida por  Marcos Carnevale e que tem o ótimo Guillermo Francella, para disponibilizar o filme comercialmente na França e dar-lhe uma roupagem mais "europeia". Para o diretor, refilmar esta comédia possibilitou mostrar a humanidade do personagem de Dujardin, explorar a beleza de Marsellha e usar como referência clássica, Frank Capra, grande diretor de comédias que sabia muito bem mostrar a bondade das pessoas em sua filmografia.


A comédia toca em uma temática de delicada exposição, em determinadas cenas, chega ao leve grotesco, considerando que, por mais que ninguém queira rir de um homem muito baixo, o próprio roteiro brinca com os estereótipos ao colocar uma bela loira ao lado de um arquiteto empreendedor que tem qualidades comportamentais que compensam a sua baixa estatura. Não há como não perceber que Alexandre é um homem inteligente, charmoso, afetuoso e que gosta de surpreender a amada. Serão estas qualidades que dão título ao filme "Um homem à altura", em outras palavras, Alexandre tem apenas 1, 40 m mas é um grande homem em caráter. 






O maior estranhamento em cena não é um personagem baixíssimo que tem que lidar com os momentos de insegurança afetiva, as piadinhas e indiferenças. Dujardin tem talento, muito charme e é focado na atuação. Ele transforma Alexandre em um homem muito especial, daqueles que fazem qualquer mulher ou homem se apaixonar. Em parceria com Efira, uma boa atriz com timing cômico e encantadora beleza para comédias românticas, ambos demonstram um esforço mútuo para desenvolver um romance que pouco a pouco cede à aceitação e quebra paradigmas. O mais estranho na direção é a própria técnica utilizada para deixar o ator minúsculo. Por mais que utilizaram truques simples como uso de dublê para os enquadramentos de corpo inteiro, filmar Dujardin de joelhos e do ombro para cima, há uma falta de naturalidade nesta baixa estatura, como se tivessem criado uma colagem do personagem na edição.

Ainda que os efeitos visuais para reduzir o tamanho de Dujardin deixam as cenas mais artificiais, provocando um desconforto visual e inevitáveis risadas, a  charmosa Marsellha foi uma boa escolha de locação. Ela garante leveza e um efeito solar na fotografia. Ela é "so French" e ao mesmo tempo tem um ar Californiano como algumas comédias Hollywoodianas. Dá vontade de se entreter com o par romântico , igualmente agradável assim como a cidade. A doçura de Dujardin e Efira ajudam o público a criar uma conexão afetuosa com a história.   Mas nem tudo é romance e flores, a história também incomoda. 







Mesmo sendo uma comédia romântica com um toque de fantasia e idealismo e que histórias de amor como esta também existem na vida real,  ela proporciona um momento de reflexão com relação aos nossos próprios preconceitos em um mundo que sempre pregou um ideal de estética :  branco, magro, alto e de  beleza europeia. Desta forma, perguntas que não se calam durante a projeção e que fazem parte da experiência: você namoraria um homem/mulher de 1,40 m? namoraria uma pessoa com deficiência física ? só o(a) namoraria se tivesse outras qualidades compensatórias como ter dinheiro, ter um bom carro e uma boa casa, um excelente emprego? Ficaria preocupado ou irritado se as pessoas olhassem para vocês ou criticassem sua escolha? 





Por que esta comédia tem de tudo para trazer certo desconforto ?  Por diversas vezes, a reação de Diane é exatamente a reação da maioria das mulheres já que, desde muito jovens, as mulheres são  incentivadas a acreditar que os homens têm que ser fortes, belos e altos, têm que passar aquela sensação de segurança, não apenas afetiva e material mas também uma vigorosa proteção física.  "Um amor à altura" desconstrói um pouco isso, embora também reforce alguns estereótipos como a mulher alta, magra e loira e o homem endinheirado e bem sucedido. Se podemos tirar um lição deste filme, ela não é o Amor. A maior lição é trazer a reflexão de que, a sociedade não é legal com pessoas muito baixas. Elas acabam sendo transparentes ou rejeitadas pelos outros se não têm outras virtudes que chamam a atenção.




Ficha técnica do filme ImdB: Um amor à altura
Distribuição: Califórnia Filmes
Estreia no Brasil: 04 de Agosto de 2016
Créditos fotos: uma cortesia Gaumont/California filmes 












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