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Estreia nos cinemas Brasileiros: 12 de março de 2020 Distribuição @A2 filmes Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira críti...

As primeiras férias, não se esquece jamais (Our Happy Holiday/ Premières Vacances, 2019)



Estreia nos cinemas Brasileiros: 12 de março de 2020
Distribuição @A2 filmes


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Não se pode negar que os Franceses adoram realizar comédias românticas com um toque de inusitado, o que não deixa de ser um "ato de coragem" de fazer o público rir com algumas situações bastante caricatas sem se preocupar muito com as críticas mais exigentes da mídia e público. Nesse sentido, é mais importante fazer as pessoas rir do que propriamente se apegar à realização de um filme politicamente  e tecnicamente correto. Este é o caso de "As primeiras férias, não se esquece jamais! (Our Happy Holiday/ Premières Vacances, 2019), primeiro longa-metragem de Patrick Cassir, experiente diretor de publicidade de grandes marcas como Fiat, Nike e Renault.







O lado inusitado já começa com a premissa narrativa de reunir um charmoso casal de Parisienses Marion (Camille Chamoux) e Ben (Jonathan Cohen) para passar férias juntos após se conhecerem no Tinder. No mínimo, isso é curioso e engraçado considerando que, atualmente nesse aplicativo no Brasil, as pessoas mal conseguem se comunicar positivamente no básico para iniciar uma relação, imagine conseguir um bom encontro e umas férias como se fosse um casal de namorados? Para a sorte de Marion e Ben, eles conseguem se encontrar e ter uma noite agradável, e depois surge a ideia de realizarem uma viagem para outro lugar inusitado: Bulgária. Quem levaria um date do Tinder para a Bulgária? Talvez algum Francês em filme Francês para a diversão da plateia.



Em favor do humor e da paixão que pode iniciar em encontros inesperados, Patrick Cassir realiza uma divertida comédia romântica que vale a sessão. O roteiro começa de uma forma mais livre e autêntica, expondo nitidamente as diferenças entre Marion e Ben, e a força da relação se desenvolve com essa oposição de estilos e preferências, decisão sedutora dos roteiristas. Realmente faz o público torcer pela felicidade deles.  






Em entrevista oficial  (nota abaixo), o diretor afirma algo que faz toda a diferença para o tom hilário de seu primeiro longa: contemplar o nascimento da intimidade do casal. Em histórias de amor, observar o quanto as pessoas se permitem se apaixonarem é um bel prazer pois tem a ver com o desenvolvimento da confiança no casal, com o sentir-se bem na presença do outro. Nesse percurso, nem tudo sai como esperado pois não existem relações perfeitas. Em outras vezes, é preciso agir com certa "loucura saudável" para conhecer e se apaixonar por alguém nos tempos líquidos contemporâneos.


"Eu sempre quis dirigir a comédia que gostaria de ver sobre um casal se formando. O que eu amo nos casais é o nascimento da intimidade. Me fascina, me perturba. A descoberta de pequenas formas, claras ou escuras, de lidar
com a vida. Compartilhar intimidade com alguém é o meu tópico
favorito! O desafio foi encontrar o tom: estar muito próximo da vida
cotidiana, mas com fortes situações cômicas e empurrado para o
clímax" (Entrevista oficial do diretor Patrick Cassir, A2 filmes, press book)



Cabe mais ao casal protagonista manter esse tom  de intimidade, mas também deixam evidente que têm estilos bem diferentes de ser e viver. Ainda que os dois primeiros atos do longa sejam mais dinâmicos e hilários e o terceiro e último um pouco mais dramático e melancólico, os atores conseguem esse equilíbrio com muito carisma, charme e diversão. Assim, muito do êxito da história se dá pela ótima química e bom humor de Camille Chamoux e Jonathan Cohen. Por mais doidas que sejam algumas situações constrangedoras na Bulgária (a ponto de poder incomodar alguns Búlgaros mais sérios), dá para perceber que os atores se divertem juntos e transmitem uma agradável vibe.





Um ponto alto e absurdamente honesto  nessa comédia é construir um roteiro que adiciona uma viagem de casal, por mais rápida e surpreendente que ela tenha sido iniciada. É uma escolha que se transforma em uma provação para qualquer relacionamento, tanto que a personagem de Camille Cotin, amiga de Marion, diz: "As férias são a pior provação do casal".  Ela tem toda razão!



Na maioria das vezes já é difícil viajar com família e amigos, imagine viajar com alguém que você acabou de conhecer no Tinder ? Nesse aspecto, a questão da intimidade se abre para contextos nos quais valores, rotina, comportamentos e humores são testados, principalmente considerando que Marion é uma mulher mais livre e descolada, e Ben é um homem metódico e hipocondríaco que busca mais conforto, bem estar e previsibilidades. Como toda provação que exige interagir e compartilhar intimidades, viajar  sempre será uma delas, não importa com quem seja.



Por fim, essa é uma comédia positiva e transformadora quando tentamos extrair o melhor dela para nossas relações afetivas. Ela fala sobre conexão, intimidade, tolerância às diferenças, aceitação,  amor. Com a presença de tecnologia constante nesse mundo cada vez mais cibernético de Tinder, AirBnB e Trip Advisor, amar parece algo mais fácil (e facilitado), mas está cada dia mais difícil encontrar real intimidade em meio virtual no qual as pessoas mentem, se sabotam  e ocultam quem verdadeiramente são. Ao final da sessão, o público vai torcer por mais Marions e Bens fazendo viagens loucas e engraçadas e dando chance ao amor.








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