Imperdíveis dicas streaming MaDame Lumière
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Filmes sobre conspirações terroristas e atentados em geral são comuns no Cinema reunindo aspectos do drama, suspense e ação como em um impactante combo cinematográfico; normalmente não têm muita projeção nas salas de Cinema e são lançados em home vídeo, logo se tornam boas opções de entretenimento para desfrutar um streaming em casa. Nesta seara, um ótimo achado é Atentado ao Hotel Taj Mahal (Hotel Mumbai, 2018), dirigido por Anthony Maras, um diretor sem muita filmografia na carreira que aprecia trabalhar em filmes baseados em histórias reais que recortam algum drama de guerra e/ou terrorismo.
Este longa traz o carismático Dev Patel, estrela de "Quem quer ser um milionário"? (Slumdog Millionaire, 2008 de Danny Boyle) como o garçom do hotel em referência que, em 2008, foi tomado por terroristas na Índia. Com elenco amplo, a história possibilita observar as diversas ações (e reações) dos terroristas e vítimas em uma dimensão mais impulsiva e emocional que necessariamente racional e estratégica para sobreviver na situação. Com competência, a montagem é um dos destaques. O diretor realiza uma boa orquestração entre os registros documentais do atentado e os planos ficcionais que transitam suavemente e mantêm a tensão na experiência com o drama.
Ainda que Dev Patel não tenha tido um espaço tão protagonista no roteiro, ele dá uma significativa qualidade à história ao apresentar uma dimensão de humanidade. Pai de uma criança e com uma esposa grávida, ele retrata o jovem inteligente, gentil e com potência para uma carreira promissora na hotelaria. Gosta do que faz, precisa do emprego e trata o hóspede com afeto e respeito. Diante de um quadro de horror, o jovem expressa os valores do hotel: o hóspede é um rei; com isso, tanto ele como o gerente, personagem do ator indiano Saraubh Shukla são responsáveis por trazer a calma e segurança que os hóspedes precisam em um contexto absurdamente violento e trágico. Esse contraponto assim como os momentos mais afetivos de outros personagens equilibram dramaturgicamente a história, caso contrário, seria apenas o aterrorizante poder de fogo dos terroristas.
Atentado ao Hotel Taj Mahal tem uma impressão digital muito própria e, no geral, é diferente de vários filmes sobre atentados terroristas por uma única razão: não há teorias conspiratórias, jogos políticos, muitas ideias e reviravoltas na dinâmica do elenco. O filme é direto ao ponto! Por conta disso, ele é bem dramático sob o ponto de vista da insanidade de um ataque terrorista e de como os terroristas são criados e incentivados por ideias egoicas de "líderes" sanguinários e covardes. Nesse roteiro, alguns jovens muçulmanos são conduzidos a assassinar pessoas em vários pontos públicos na Índia como a estação de trem, um café e o hotel. Eles simplesmente alvejam pessoas como se matassem baratas. Essa ação tão objetiva e sanguinária é o mais marcante em como o filme foi dirigido, e também de acordo com os registros jornalísticos.
O diretor realizou um excelente trabalho sob a perspectiva de que, embora os terroristas não sejam pobres coitados, há uma trágica dimensão em como os terroristas são construídos na sociedade. Nesta historia inspirada em fatos, os jovens eram fanáticos religiosos porém houve uma "moeda de troca" para incentivá-los a cometer tamanho genocídio. Eram pobres e ignorantes, acreditavam que suas famílias seriam beneficiadas financeiramente em uma história marcada pela miséria humana e o uso da religião como arma de intolerância e extermínio. Neste sentido, o mais cruel dos terroristas é o "líder desconhecido" que aparece apenas como uma voz de comando no celular. Ele é um mercenário em como usa esses jovens.
Trazendo esse drama social para uma reflexão contemporânea, há que notar que as principais tragédias da humanidade têm aqueles que são mandantes, ou seja, os "cabeças" que dão as ordens e há os que obedecem movidos por crenças, valores, dramas pessoas e coletivos e muito engano. Considerando essa observação, o longa é bastante trágico pela violência que também está na profundidade da questão. O diretor conduz muito bem as cenas com uma violência ligeira, visceral e impactante, porém a mais desastrosa e brutal violência é certamente a gênese que leva jovens a destruir suas vidas e outras vidas.
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Cristiane Costa, MaDame Lumière