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Entre Duas Mulheres (Deux femmes en or, 2025)





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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Entre Duas Mulheres: Humor, Desejo e a Autonomia Feminina





Entre Duas Mulheres (Deux femmes en or, 2025), dirigido por Chloé Robichaud, é um corajoso remake da obra de 1970 que ganhou urgência no cinema contemporâneo. Estrelado por um duo excepcional, Karine Gonthier-Hyndman   (como Florence, vizinha em depressão) e Laurence Leboeuf (como Violette, em licença-maternidade difícil), o filme já coleciona reconhecimento, vencendo o prestigiado World Cinema Dramatic Special Jury Award for Writing no Festival de Sundance. É uma exploração audaciosa e premiada da crise feminina, do desejo e da busca por autenticidade.




A obra aborda questões universais que continuam inviabilizadas pelo padrão esperado da mulher servil e acomodada em relação ao próprio prazer e amor-próprio. Chloé Robichaud utiliza a refilmagem para reafirmar que a solidão e a crise feminina são problemas estruturais e atemporais. Com protagonistas de grande talento e um humor irresistível, a cineasta coloca duas vizinhas para compartilhar vivências, descobertas e a própria sexualidade. Essa conexão feminina radical se impõe como via de autoconhecimento e cura, desvendando a verdade sobre seus casamentos e sobre a pressão social por uma definição de si mesma.









A direção se apoia no talento das protagonistas, que equilibram humor e realismo com rara naturalidade. O filme evita excessos dramáticos, construindo a tensão psicológica no subtexto do cotidiano. O roteiro cria situações cômicas que revelam as descobertas de Florence e Violette como esposas e donas de seu prazer. A vida íntima de Florence, por exemplo, é apresentada com humor, transformando experiências cotidianas em ritos de amadurecimento feminino: libertária, mas consciente das formas como a mulher é silenciada e inviabilizada no dia a dia. O humor funciona como estratégia para romper o formalismo social, expondo a sutileza da dor e a dificuldade de comunicação que antecedem o processo de cura.





A fragilidade das protagonistas é marcada pela ausência masculina, o que acentua a sensação de não serem desejadas ou ouvidas e as torna limitadas e inseguras. O grande arco narrativo revela que a força surge justamente da revolta de escutar os próprios desejos. Laurence Leboeuf e Karine Gonthier-Hyndman traduzem essa transição com excelência, sustentadas pela empatia mútua que as conecta. Embora o filme traga elementos como a depressão e a crise da licença-maternidade, evita o melodrama: usa o desejo e o humor como crítica e emancipação, mostrando que a rebelião é o único caminho para o autoconhecimento.








O ambiente é decisivo para traduzir a clausura das protagonistas. Apartamentos pequenos com péssima acústica, o clima invernal e a rotina mecânica da mãe e dona de casa compõem um cenário de rigidez social. Vizinhos distantes e reuniões de condomínio inúteis reforçam que a única saída está na conexão espontânea e bem-humorada que elas criam entre si. A direção explora essa estética do isolamento, em que o ambiente frio e a paisagem nevada contrastam simbolicamente com o som dos pássaros e dos corvos, funcionando como uma prisão. O contato com prestadores de serviço introduz uma camada inesperada de humor e abertura ao mundo externo, quebrando a rigidez do isolamento doméstico.





Entre Duas Mulheres se inclina à vitória da autoaceitação e da coragem de fazer escolhas, sejam elas quais forem. O filme é um manifesto pela liberdade de ser mulher. O legado que Chloé Robichaud deixa para o cinema é a valorização da identidade feminina, mostrando que as opções de relacionamento, monogâmicas ou poligâmicas, devem ser pautadas pela liberdade e pelo prazer próprio, e não pela pressão social. A obra, com seu humor libertário, consolida-se como um ponto de virada na representação da crise feminina no cinema canadense e global.











Imagens. Divulgação. Imovision.


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