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Irmãos (La Vita da Grandi, 2025)

 



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Festival de Cinema Italiano no Brasil disponível no digital e nas salas de cinema selecionadas, até 29 de Novembro de 2025. Imperdível!


Um dos filmes mais assistidos do Festival desta edição



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Irmãos: A Lição do Afeto e a Maturidade Desconstruída 

 



Baseado em fatos e marcando a estreia de Greta Scarano na direção de longas-metragens, Irmãos (La Vita da Grandi, 2025) narra a jornada de Irene (Matilda De Angelis), que precisa interromper sua vida organizada em Roma, onde tinha planos de um relacionamento promissor, para retornar a Rimini e cuidar do irmão adulto e autista, Omar (Yuri Tuci). O filme já nasceu aclamado: Tuci conquistou o Nastro d’Argento 2025 de Melhor Ator em Comédia, enquanto a diretora levou o prêmio de Melhor Estreante. Antes reconhecida como atriz premiada em obras como Suburra, Scarano estreia com delicadeza e já conquista reconhecimento imediato.  




A obra se impõe como uma bela jornada de amadurecimento dos irmãos. A cineasta estabelece o contraste entre a vida organizada de Irene e a urgência do cuidado familiar, mostrando como a responsabilidade com o outro é o catalisador que os força a rever prioridades e escolhas. Irmãos sugere, assim, que a maturidade é uma lição aprendida na urgência do afeto.  








A obra demonstra um grande respeito pela figura de Omar. Ele se estabelece como o verdadeiro agente de mudanças no núcleo familiar, possuindo personalidade própria e levando a vida com humor e autenticidade, apesar das dúvidas e dos desafios. Seus sonhos e atitudes lhe dão uma dimensão muito humana e inclusiva. O filme é bem-sucedido em dar voz à autonomia de Omar e em tratar a legitimidade desses sonhos com humor sensível, justificado pelo prêmio de Yuri Tuci. O afeto que ele demonstra pela irmã movimenta a vida ao redor, colocando a obra como uma belíssima história sobre o amor entre irmãos e a aceitação.  




A performance de Matilda De Angelis é fundamental para transmitir a dupla jornada do cuidado. Inicialmente, ela cumpre uma responsabilidade familiar, mas o retorno ao antigo lar traz um peso maior, evocando o paradoxo moral de amar e, ao mesmo tempo, sentir o peso da responsabilidade: há a culpa pela ausência e um ressentimento peculiar por ter amadurecido longe. Apesar da impaciência inicial, essa convivência desperta o amor fraterno, a partir do momento em que Omar consegue surpreendê-la. A protagonista percebe que o irmão é único e não se limita ao diagnóstico.  




A mise-en-scène traduz o contraste não em choque geográfico, mas em uma geografia da alma. Roma, com sua rigidez e rotina profissional, é retratada como uma “Roma institucional”, visualmente ausente de vida, refletindo o vazio existencial da protagonista. Já Rimini, aparentemente estática, funciona como catalisador emocional e polo de autenticidade. É ali, com a presença de Omar, os amigos e o clube de talentos, que a vida se torna divertida e singular. A diretora tem um olhar imensamente sensível e autêntico, preservando um cotidiano de descobertas sutis e valiosas, despertando um amor que sempre existiu entre irmãos, mas que o distanciamento havia separado. O filme sugere que ela descobre novos significados de felicidade e autoconhecimento.  




Premiado e bem recebido pela crítica italiana, Irmãos se insere em uma tendência contemporânea do cinema italiano que valoriza laços familiares e diversidade, dialogando com obras recentes que também celebram autenticidade e inclusão.  








Irmãos é uma celebração da autonomia e da vida, focada nos afetos fraternos e na segunda chance de repensar nossas escolhas e ser feliz no simples. O mundo contemporâneo nos cobra performance e sucesso em ambientes e com pessoas que nem acreditam em nós, onde somos forçados a performar com máscaras sociais. Ao abordar um protagonista com autismo, a diretora mostra que a neurodiversidade é muito mais autêntica e inclusiva, pois revela um ser humano original que não se dobra às lógicas incoerentes da sociedade.  




Omar é único, e é justamente essa singularidade que ilumina Irene. Assim, essa transformação revela que a conexão verdadeira se constrói no tempo compartilhado, na escuta real e na autenticidade, e que o amor fraterno é o caminho mais direto para o amadurecimento.  








Imagens. Divulgação Festival de Cinema Italiano no Brasil.

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