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O Sobrevivente (The Running Man, 2025)

 




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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




The Running Man : A Distopia Digital e a Última Fronteira do Espetáculo

 




Em um tempo em que a violência se tornou espetáculo e a mídia transforma dor em entretenimento, Edgar Wright entrega em O Sobrevivente (2025) uma distopia que respira no compasso visceral da edição e da música. Baseado no romance The Running Man de Stephen King, escrito sob o pseudônimo Richard Bachman, o filme é mais do que um remake: é um espelho da sociedade digital, onde o consumo da tragédia revela a lógica doentia das massas. Esta crítica não busca dissecar cada detalhe, mas indicar caminhos: observar como imagem e trilha sonora se fundem, como o humor ácido se mistura à brutalidade, e como Wright transforma o caos em espetáculo crítico.  








Ter Edgar Wright e seu estilo frenético, ora coreógrafo da ação, ora arquiteto do caos, é o principal acerto para a distopia de The Running Man em 2025. O cineasta não teme; ele bota para correr e quebrar qualquer totalitarismo, rindo da opressão. A redefinição para a contemporaneidade digital é visceral e indicativa, porque Wright dá ritmo incendiário ao descontrole, utilizando os elementos de reality show, pobreza, brutalidade e decadência de valores que ressoam na sociedade atual.  



A escolha do elenco é acertada. Josh Brolin, como Damon Killian, assume a carapuça executiva que remete ao que há de mais letal no mundo corporativo. Ao contrário da versão de 1987, Killian assume o papel de produtor, dando contornos à mente tóxica por trás da máquina empresarial. Sua caricatura física, com o sorriso moldado em prótese, reforça como ele é malévolo e inescrupuloso, preocupado apenas com a manipulação das massas. Já Michael Cera encarna o nerd vingativo e justo; sua participação é divertida e dinâmica, criando uma camada de propósito e colaboração com Ben Richards. O estilo de montagem hiperdinâmica de Wright sustenta o suspense e a ação, mas sobretudo serve como arma para expor o cinismo estrutural da Rede.  



Glen Powell assume o papel de Ben Richards e entrega muito mais do que carisma. Ele transcende a imagem de homem belíssimo e se afirma como âncora humano do filme. Powell incorpora a vibração de "vou fazer acontecer e fazer isso pegar fogo", uma mistura perfeita de herói, pai de família e amigo. Sua entrada no reality show conecta sua força de caráter com sua força física, dando a ele a profundidade sensível que a versão de 1987 negligenciou. Powell é um ator de ação imbatível e criativo, mas sua performance, com senso de humor leve e acessível, encaixa-se na lógica de Edgar Wright de trabalhar com atores de identidade própria. 



A produção atualiza a estética distópica de forma brilhante: substitui a estética do lixo de 1987 pelo uso de câmeras como drones, conectadas à transformação digital e à hipervigilância. Essa criação recria uma atmosfera distópica noir e sombria que vibra com o público. O filme é cruel em muitas camadas, expondo fraturas, crueza e fake news da Rede. A montagem afiada de Wright revela os pontos de vista manipulados pela mídia, mostrando que o público vê a perda como fetiche. Se a estética visual revela a manipulação, é na música que Wright encontra sua arma secreta, o ritmo que transforma descontrole em espetáculo.  








Um dos maiores trunfos está na relação entre imagem e trilha sonora. Wright, como em Baby Driver, monta sequências em que música e edição se fundem, criando ritmo incendiário e empolgante. Essa fusão dá ao filme uma pulsação única, transformando a violência em espetáculo audiovisual que prende o espectador e reforça a crítica ao consumo da dor como entretenimento.  



O Sobrevivente é um híbrido visceral de thriller de ação, político e satírico. O filme escancara a realidade podre da sociedade: ela se alimenta da violência como espetáculo e curte o sofrimento. Isso é visto nas próprias redes sociais, onde o cancelamento e a dor geram engajamento e lucro para corporações. Na essência, a lógica das massas retroalimenta a violência e é doentia. Edgar Wright traduz essa realidade com seu toque criativo e bem-humorado, e o melhor, sabe fazer blockbusters com qualidade crítica. É essa rara habilidade de unir entretenimento de alto nível à crítica social que o consolida como cineasta diferenciado e como diagnóstico cultural da nossa era.  











Imagens. Divulgação Paramount.

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