Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

  Disponível no Belas Artes a la Carte #Drama #Família #Violência #Crime Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e sp...

Negócios de Família (Family Business, 1989)

 




Disponível no Belas Artes a la Carte


#Drama #Família #Violência #Crime


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



É um prazer assistir a um filme clássico de Sidney Lumet, em especial quando no elenco há atores incríveis como Sean Connery, Dustin Hoffman e Matthew  Broderick. Em Negócio de Família (Family Business, 1989), o diretor coloca essas três gerações : avô, pai e neto como criminosos em diferentes estágios de preservação desse "status" de família que, entre um golpe e outro, se metem em problemas na justiça.





Não é especificamente um longa sobre gângsteres, porém carrega em si uma estrutura dramática que reúne os familiares com fortes vínculos afetivos que ultrapassam suas escolhas pelo crime. É como manter a tradição da transgressão mais motivados pela conexão que os une do que propriamente pelo dinheiro e adrenalina. Nesse sentido, Sean Connery no papel de Jessie é o patriarca e o audacioso chefão que tem o afeto do neto Adam (Matthew Broderick) mas tem problemas mal resolvidos com o filho  Vito (Dustin Hoffman).











Certo dia, Adam recebe uma oferta para roubar um plasma em uma empresa de tecnologia e ganhar 1 milhão de dólares. A ideia desperta o interesse de Jessie, bem influenciado pelo neto disposto a aventurar-se. Eles convencem Vito a invadir o laboratório e as consequências são danosas a ponto de despertar as emoções dos familiares em distintos aspectos, afetando as relações interpessoais.





É perceptível que Sidney Lumet dirige o filme em uma combinação de experiente apuro cinematográfico e uma leveza narrativa, assim não se trata de um longa dramático e violento como muitos de sua época. Está mais próximo de um drama cômico. Na verdade, o trio se aproxima e distancia, se alia e briga, mas no fundo, o amor e sangue os une. Essa força familiar masculina de que o negócio da família deve ser preservado, mesmo que este business seja uma violação da lei. O sucesso do negócio implica proteger as gerações dentro do possível. 





No geral, é uma família de golpistas com diferentes níveis de experiência. O neto acaba sendo um iniciado e se dando mal, fazendo com que sacrifícios sejam feitos em prol de seu bem-estar. A relação entre Jessie e Vito tende a ter altos e baixos nessa jornada, assim, abrindo e mantendo mágoas que não são superadas.










Assistir a Sidney Lumet é uma experiência cinematográfica prazeirosa partindo da premissa de que ele é um ótimo orquestrador de planos e movimentos de câmeras. Planos amplos e médios que localizam o espectador com todos os detalhes da cena, com a ampliação dos espaços e profundidade de campo é um bel-prazer para os admiradores de decupagem. Nesse aspecto, o filme é um colírio de linguagem cinematográfica através de suas sutilezas na direção. Por outro lado, esse não é o melhor filme do diretor exatamente porque o roteiro deixa a desejar e se arrisca pouco a desenvolver os conflitos e transição entre cenas.  A todo momento, o filme transmite que é o trio que o sustenta e não a narrativa.




Ainda assim, vale testemunhar este encontro de 3 gerações do Cinema. É uma produção que não tem o status de obra prima, fato que é positivo pois propicia uma experiência mais espontânea e exploradora para o público. E o melhor: Sidney Lumet é um cineasta que sabe fazer cinema até nas pequenas joias. 






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Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

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Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

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  Disponível na Amazon Prime Video #FilmesApocalípticos #FicçãoCientífica #SciFi #Streaming   Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira cr...

A Guerra do Amanhã (Tomorrow War, 2021)

 



Disponível na Amazon Prime Video


#FilmesApocalípticos #FicçãoCientífica #SciFi #Streaming
 


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



O ator Chris Pratt tem três qualidades imbatíveis quando se trata de colocá-lo em filmes de ficção científica: confiável, bem humorado e humano. Na seara de produções que abordam ação apocalíptica e catástrofes de impacto global, inserir um personagem que transmite valores nobres como bondade, heroísmo e confiança cria um elo de conexão com o público, principalmente quando se trata de blockbusters que oferecem uma mistura de dinâmico entretenimento com o necessário escapismo.










Em A Guerra do Amanhã (Tomorrow War, 2021), grande produção disponível em streaming pela Amazon Prime, o ator desempenha o papel de Dan, pai, ex-militar e professor de Ciências que viaja no tempo para salvar a humanidade da extinção. Com a contínua ameaça dos alienígenas Os Garras-Brancas que estão dizimando a Terra, Dan recebe a missão de viajar para o futuro com uma equipe e acaba por liderar o combate.




O roteiro utiliza ideias comuns em filmes apocalípticos como Independence Day (1996) e  Guerra dos Mundos (2005) e de batalhas contra alienígenas como No Limite do Amanhã (2014) e realiza uma explosiva mistura de elementos audiovisuais para criar um ambiente desolador e destrutivo, logo, o que o espectador vê não é nada diferenciado, com exceção dos esforços de Chris Pratt e Yvonne Strahovski para carregar o filme nas costas.









Ao viajar para 2051, Dan tem a chance de mudar o curso da história. Muitas perguntas contundentes surgem em meio ao caos: como lidar com os encontros e desencontros da missão? Como ser o pai que ele prometeu ser para a filha Muri? Como tomar decisões que impactam em sua família? Assim, o longa também busca combinar guerra alienígena com planos que situam os dilemas familiares de Dan, como sua relação com o pai (J. K. Simmons) e o retorno à esposa (Betty Gilpin) e filha. A ideia central é estabelecer sintonia com este pai heróico, algo similar ao que Tom Cruise fez em Guerra dos Mundos.





Quando não há no filme uma inovação ou DNA em roteiro e direção, resta ao público divertir-se como se não houvesse amanhã. Ao invés de entrar em crise com o filme, é melhor entrar na aventura. Esse blockbuster é exatamente isso! Ele transmite uma diversão  no meio à sua irregularidade narrativa. Chris Pratt é o pai legal que não está satisfeito com os rumos de seu cotidiano profissional, assim, há uma ligeira frustração no seu dia a dia como dar aulas para alunos desinteressados ou não ter aquela oportunidade de projeto que tanto desejava. Entrar em uma missão repentina é dar um senso de propósito a este pai.





Dan como pai e combatente não se sai mal porque, desde Guerra das Galáxias (2014)  e Jurassic World (2015), o espírito aventureiro de Chris Pratt e seu carisma como herói descolado funciona como um ótimo background e matéria de trabalho para Hollywood. O diretor Chris McKay dá bastante autonomia para o ator em cena, mas infelizmente Chris Pratt poderia ter tido um roteiro melhor a seu serviço porque funcionou mais como militar do que como pai e filho. O mesmo acontece com o excelente J. K. Simmons que tem uma participação coadjuvante que poderia ter sido melhor explorada, em especial, nos conflitos com o filho.









Até mesmo Yvonne Strahovski  como a filha adulta de Dan precisou se esforçar muito mais para dar coerência e seriedade a cientista e militar, esforço que racionalizou demais sua personagem que teve pouco tempo para desenvolver seu arco dramático. É estranho perceber que, mesmo nas cenas emotivas entre ela e Chris Pratt, ainda há dureza em cena. De qualquer maneira, foi bom vê-la sair do corpo de Serena Joy (da série The Handmaid's Tale) e encarnar uma guerreira em ação que acrescenta inteligência, obstinação e sacrifício à narrativa, tudo em prol de salvar a humanidade.




Tudo que é muito exagerado no Cinema, tende a levar ao riso ou ridículo. Por trás da seriedade do caos, há muitos momentos hilários, por isso o melhor é curtir o escapismo. Por exemplo, os Garras-Brancas são antagonistas visualmente mal construídos e insuportáveis que só não se tornam mais desinteressantes porque há a matriarca deles. A geniosa fêmea acrescenta mais perigo às cenas de ação e recebe um tratamento melhor do roteiro. Outro exemplo engraçado: A equipe de Dan é composta por pessoas improváveis para tamanha responsabilidade, com exceção de um ou dois personagens que têm mais ação, todas as outras não tiverem nem o direito a ter um desenvolvimento dramático. Pelo menos, é impagável ver a atriz comediante Mary Lynn Rajskub no campo de batalha.





Combinar viagens do tempo, com ciências naturais e biológicas, batalhas alienígenas, catástrofes globais e família é uma mistura bombástica que tem seus riscos e aqui não seria diferente. Sem dúvidas, o filme será pura diversão se o espectador entrar na onda do "Assista o filme sem levar a experiência tão a sério". Se colocar A Guerra do Amanhã em uma régua comparativa com outros sci-fis com dinâmica narrativa similar, com certeza,  ele vai perder e o espectador vai se frustrar. Então, simplesmente curta a ação!





(2,5)




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Cristiane Costa, MaDame Lumière

  #Drama #Família #Paternidade   Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Empatia é uma ...

Algum lugar especial (Nowhere Special, 2020)

 






#Drama #Família #Paternidade 


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Empatia é uma palavra preciosa que guarda em si muitos significados. O mais primário deles está relacionado a se colocar no lugar do outro e reconhecer que cada um tem uma história de vida diferente, principalmente convicções, preconceitos, dores e desafios a enfrentar.  A partir do instante que a empatia é cultivada, a vida fica mais leve e as conexões são fortalecidas, mesmo naqueles dramas que não podem ser arrancados do peito.










Algum lugar especial (Nowhere Special, 2020) é um daqueles filmes delicados que tem uma expressividade fora do comum exatamente por despertar a empatia por uma história que não há muito o que fazer sobre o destino dos personagens; ainda assim, é preciso enxergar esperança ali mesmo em meio à doença e morte. É uma combinação de singeleza e força que ajuda a compreender a realidade de variadas famílias e suas diferentes configurações.




Baseado em fatos, o diretor e roteirista Italiano Uberto Pasolini conta a história de John (James Norton), um pai jovem e solteiro que, entre exercer o ofício de limpador de vidros e lutar pela sobrevivência de sua família, tem que procurar um novo lar para Michael, seu filho de 3 anos. A razão não poderia ser mais devastadora: John tem uma doença terminal e tem pouco tempo de vida. Certamente o mais dilacerante é perceber que tanto John como seu Michael percorrem caminhos impostos pela vida que não são os trajetos naturais que esperamos para pais e filhos.









A narrativa é construída sutilmente com fragmentos do cotidiano e da busca por uma família, sem transformar o filme em um sentimentalismo apelativo. Pelo contrário, sua força narrativa está em mostrar um pai que vive um dia por vez embora sinta as incertezas do tempo, a pressão da situação e o peso da doença. Aos poucos, John amadurece este doloroso processo, passando a incluir uma assistente social e o próprio filho na decisão. Uma das inspirações do diretor foi a obra de Yasujiro Ozu e de Jean-Pierre e Luc Dardenne.




As atuações de James Norton e de Daniel Lamont são críveis e afetuosas, muito bem costuradas com a abordagem do roteiro e olhar da direção. É comovente notar que a paternidade se constrói de maneira universal no próprio filme. A conexão entre eles é tão profunda que os olhares e silêncios são capazes de dizer muito mais do que palavras verbalizadas. 





Para a sorte do Cinema, brilha uma estrela mirim: Daniel Lamont. Com apenas 4 anos, ele apresenta uma naturalidade impressionante com as cenas, demonstrando o realismo de uma criança linda e encantadora mas que também tem uma melancólica sensibilidade de quem percebe o que está acontecendo ao redor. De fato, as crianças são sábias e observadoras!






"Felizmente, no jovem Daniel Lamont, então com quatro anos, temos um ator natural extraordinariamente consciente e sensível, e, em James Norton, um ator muito generoso, que ficou feliz em dedicar longos dias para criar uma conexão com o menino bem antes das filmagens, e apoiar e guiar Daniel durante o que para qualquer criança teria sido uma experiência intensa e, às vezes,desconcertante."

(Palavra do diretor)




Sobre o passado, o filme o utiliza como contextualização e acerta em não culpabilizar a mãe. Menciona que houve uma situação de abandono da criança no pós parto,assim importa muito mais o futuro da criança do que remoer mágoas que não contribuem para resolver o bem estar de Michael. O pai assume um papel que é dele como progenitor, mas que não é tão comum no dia a dia. Normalmente são as mães solteiras que levam a família adiante. Posto isso, o longa traz a perspectiva dos filmes sobre pais solteiros.



Assim, muito mais do que mostrar uma das configurações de família existentes e que, pela força do afeto, sobrevive em uma situação de vulnerabilidade, o belo do filme é construir uma narrativa de que a vida deve continuar para uma criança, independente da doença e da morte dos pais. A busca de John por uma família para seu filho é a continuidade de uma vida com segurança, bem-estar, saúde e amor. 








Nessa busca, John encontra algumas famílias de possíveis adotantes e o roteiro garante uma boa miscelânea de configurações familiares de uma maneira leve e realista. Esses eventos reais propiciam uma visão de que não há famílias perfeitas, o que há são possibilidades de ser feliz em alguma delas. A certeza é algo que John nunca terá sobre o futuro do seu filho, porém é o aqui e o agora que realmente importam. 



Comovente e delicado, o desfecho do longa faz todo o sentido e é especial. Talvez aquelas configurações familiares nada tradicionais podem ter mais amor e respeito do que esperamos. Talvez sejam elas as que buscam preencher o afeto que lhes faltou em suas trajetórias. Com isso, a empatia não é apenas pela história de John. A empatia também está em John.




(3,5)




Fotos e citação do diretor: uma cortesia A2filmes

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