melhor direção de Arte, melhor figurino,
melhor música original "Take it all"
Resenha integrante da Maratona Oscar 2010
por MaDame Lumière.
Glamourize-se antes da premiação
com MaDame.
Marion Cotillard e Penélope Cruz
As morenas de Guido Contini
No enredo, cada mulher tem um tipo de relação com Contini. Carla (Penélope Cruz) é a amante que traí o marido e se encontra com o cineasta às escondidas em lugares modestos. Ela desempenha bem o papel de uma mulher muito bonita e sensual, afetivamente dependente de Contini e que tem uma posição periférica assim como todas as amantes. Embora a participação de Penélope Cruz seja curta (e, na minha opinião, não tão boa quanto a de Marion Cotillard para ser indicada ao Oscar 2010 de melhor atriz coadjuvante), a interpretação de Cruz é bem destacada na tórrida intensidade sensual da espanhola que Hollywood ama, em especial na performance "A Call from the Vatican" na qual ela traja uma sexy lingerie com cinta liga 7/8 rendada e se remexe apaixonadamente toda louca com o cabelo esvoaçante até dizer "Eu te amo, Guido". Mais uma vez Penélope Cruz entrega uma competente atuação que combina bem com sua beleza única e sua sensualidade ímpar. Por outro lado, a interpretação de Marion Cotillard como Luisa é magnífica porque sempre é um desafio interpretar a esposa traída e contida em seu próprio sofrimento e que sabe muito bem o marido mulherengo que tem. Cotillard o faz tremendamente bem e com bastante personalidade a ponto de catalisar a mudança de Guido mais adiante. Analisando a película racionalmente, ela tem o melhor papel de Nine juntamente com o do versátil Daniel Day-Lewis porque, dado o marido que ela tem, é difícil ser casada com Guido Contini, amá-lo e aceitar suas mentiras. A performance musical mais dramática da fita "My Husband makes Movies", além da sexy Take it all (indicada ao Oscar) consagra a atuação de Cotillard na triste posição de uma mulher que deixou até mesmo sua carreira de atriz para se dedicar ao marido e entender que ele "faz filmes", é volúvel e mal dorme em sua cama. Ela está sublime na mais emocionante das angústias, na mais infeliz das aceitações. Outras atrizes fazem belas aparições em musicais como Nicole Kidman (na confissão Unsual Way como a atriz Claudia Nardi que estrearia o novo filme de Contini), Stacy Ferguson "Fergie" (na burlesca Be Italian como a prostituta Saraghina, uma das minhas favoritas performances), Kate Hudson (na empolgante Cinema Italiano como Stephanie, jornalista da Vogue e entusiasta fã de Guido com o qual ela adora flertar), Sophia Loren com Guarda la Luna e Judi Dench com a belíssima apresentação de Folies Bergeres.
As loiras de Guido Contini
Na história de Guido Contini, as mulheres são o destaque principal e todos os números musicais em que aparecem mostram uma faceta da relação que elas têm e/ou tiveram com o cineasta assim como o sentimento que elas nutrem por Guido. Neste ponto, o roteiro é eficiente porque, embora nem todos os números musicais sejam fenomenais e exacerbadamente emocionantes, todas estas performances musicais femininas na imaginação de Guido o guiam para um processo de reconciliação com sua arte e provavelmente com seu amor. São partes de um processo crítico em um momento crítico de existência, preenchem o espaço mental vazio carente de inovação artística e, ironicamente, preenchem o espaço da película por falta de um roteiro mais sofisticado, melhor elaborado. Elas são como peças de um enredo que tem um desfecho condizente de que ele deve mudar para continuar a viver valorizando aqueles que o amam. Seu comportamento é de um exímio mulherengo que acostumou-se a filmar histórias que ataca a religião e exalta a revolução sexual, mas ainda chocando os mais tradicionais, ele é Guido Contini. Acostumado a isso, ele nem sempre percebeu o quanto as mulheres o amaram e o quanto seu jeito egoísta e negligente de se relacionar com elas a deixaram em segundo plano, principalmente Luisa, a mulher que deveria ser respeitada em seu papel de esposa. Na angústia de não conseguir elaborar um roteiro e de ser um homem complicado amorosamente, é fácil perceber que Guido Contini está perdido e, neste aspecto, Daniel Day-Lewis dá conta da performance ainda que o roteiro de Nine pudesse ter aprofundado a complexidade da crise de Guido Contini, afinal, ele é um cineasta de sucesso, aclamado pelos fãs e, considerando o quão amargo pode ser a falta de ação para escrever a primeira linha de um roteiro, era esperado que, muito além dos musicais, a escuridão existencial de Contini se tornasse a luz do filme.
Be "my" Italian, Guido!
Apesar do filme não empolgar como grandes musicais concorrentes, ainda assim é um filme das angústias de um reconhecido cineasta. Como toda celebridade do Cinema, como todo artista de renome, ele é cobrado por uma performance contínua que valide o seu talentoso nome perante o público. Contemplar Contini acabado na tela em seus momentos assombrosos não deixa de ser uma válida experiência do quão difícil é passar por um momento no qual recursos básicos lhe faltam como a criatividade e a inspiração. Na interpretação de Daniel Day-Lewis fica evidente o inferno do cineasta, totalmente mergulhado na confusão emocional e intelectual. Embora o filme tenha destacado as mulheres de sua vida que dão beleza e musicalidade à película, Guido Contini ainda é o Uomo Romano de Nine, o melhor da Itália para me tornar uma Italiana por quase duas horas.
Título original: Nine
Origem: EUA, Itália
Gênero: Drama, Musical
Duração: 118 min
Diretor(a): Rob Marshall
"Guido Contini: O último "Uomo Romano". Ui!
ResponderExcluirBe "my" Italian, Guido!" Hahahaha. Adorei Morri de rir. "Nine" está sendo criticado por todos os cantos, portanto sua crítica não me surpreendeu. Infelizmente, parece ter sido uma grande decepção - até porque eu amo "Chicago".
Oi Wally, é vero, Day-Lewis está um sexy pegável no filme, mas Guido Contini é tão complicado que eu acho que eu teria que anular esta parte dele rsrs... De fato, Nine deixou a desejar e muito. A impressão que tive é que Contini passou a vida toda transando e fazendo filmes e, uma vez, estando em uma crise criativa só sobrou sua relação com as mulheres para ser contada (e ainda muito mal, por sinal). Se preocuparam demais com as beldades e esqueceram de sofisticar o conteúdo deste roteiro. De qualquer maneira, beleza de atores e atrizes em filme é sempre bem vinda.
ResponderExcluirbjs!
Estava super a fim de conferir, mas com a crítica negativa do Madame Lumiére acho que não vou mais não!!
ResponderExcluirTinha tantas expectativas para esse filme (adoro musicais e, como o Wally, AMO CHICAGO) que agora tenho medo de me decepcionar tanto que não quero mais assistir!!
Será melhor morrer de vontade ou morrer de decepção????
Aiaiaiaiia
E ainda é capaz de ir pensando ser um péssimo filme e acabar gostando!! hahahhahah
Beijos Madame!
É fato que esse filme é a grande 'decepção' de todos, mas eu gostei bastante, acho que o musical envolve, as músicas são boas, e o elenco (mesmo pouco usado) dá conta. Rob fez um estréia perfeita em Chicago, e arriscou mais nesse.
ResponderExcluirParabéns madame.Mais uma análise equilibrada e serena. Conforme eu antecipara, Nine não é um espetaculo arrebatador. Mas é um bom filme e, mesmo superior, a alguns concorrentes da categoria principal no Oscar. Day Lewis e Cottilard estão em grande momento. Concordo que o filme cubra bem as angústias existenciais de Guido. Foi isso que ressaltei em minha critica. Fico feliz que não tenha embarcado na "incompreendida" verve massacrista ao filme.
ResponderExcluirBjs
PS: Não falei que o Day Lewis é tão bom que ia estar sexy nesse filme? Te ganhou aí! O último "Uomo Romano". Ui!
Be "my" Italian, Guido!
rsrs
Bjs
Oi Eri: Na verdade esta crítica não negativa o filme. Eu usufrui Nine em suas virtudes. Os 2 estrelas é porque o filme alcançou 50% de aceitação e vale ser conferido pela atuação de Daniel Day-Lewis e Marion Cotillard e a beleza musical e sensual das atrizes. O problema de Nine é que ele não é estupendamente um musical vibrante e tem um roteiro mais artificial, mas é uma opção de entretenimento pelas questões que eu comentei acima e pela veia existencial. Será melhor você seguir o seguinte lema: melhor tentar e se decepcionar com algo do que nunca haver tentado e morrer pensando porquê não o fez. Rsrs! Bom filme Nine e depois volte aqui ou poste algo no NSC para eu saber sua opinião.
ResponderExcluirbjs!
Oi Luis: Assino embaixo. Era esperado mais de Marshall, mas todos fizeram seu papel mediante a limitação do filme. Eu também aproveitei a beleza musical e física de Nine e me diverti no que pude. abs!
ResponderExcluirOi Reinaldo: Obrigada pelas gentis palavras e por reconhecer a minha avaliação como equilibrada. Eu realmente tentei aproveitar a exibição de Nine ao máximo e entrar no clima dos atores e atrizes ainda que sabendo que o filme poderia ser mais aprofundado neste roteiro. De fato, esperava mais considerando o talentoso elenco.
ResponderExcluirRsrs, eu nunca embarco totalmente na opinião massiva ainda que possa ter pontos em comum com ela. Sim, Daniel Day-Lewis incorporou o Italian man e só me restou aderir à nova possibilidade Be Italian an have an Italian for fun! rsrs
bjs!
nossa, também me decepcionei com este filme. a ideia dele é muito interessante e o elenco nem se fala, mas... não passou de algo mediano. ou até mesmo ruim.
ResponderExcluir:(
Oi Bruno, realmente muita gente esperava muito do filme, é o que dá colocar um elenco gabaritado. Expectativas aumentam, certamente.
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