Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

Indicado Oscar 2010 - melhor filme melhor roteiro adaptado, melhor edição melhor efeitos visuais Resenha integrante da Maratona Oscar 2010 ...

Distrito 9 (District 9) - 2009


Indicado Oscar 2010 - melhor filme
melhor roteiro adaptado, melhor edição
melhor efeitos visuais
Resenha integrante da Maratona Oscar 2010
por MaDame Lumière.
Glamourize-se antes da premiação
com MaDame.

No próximo 07 de Março, dia do tão esperado Oscar 2010 direto de Los Angeles, haverá um cardápio variado para todos os gostos no menu cinematográfico dos concorrentes a melhor filme do ano: do doce romance de Avatar passando pelo amargo drama de Preciosa até o dissabor dos grotescos alienígenas de Distrito 9. A desesperada Academia está tão disposta a aumentar a audiência da premiação e convidar mais espectadores para o banquete televisivo que até um filme de ficção científica de baixíssimo orçamento, o próprio Distrito 9 está na competição. Além de emplacar na categoria mais nobre do Oscar, o primeiro longa-metragem do novato diretor sulafricano Neill Blomkap e produzido por Peter Jackson e Carolynne Cunningham concorre nas premiações de melhor roteiro adaptado, edição e efeitos especiais. Só esqueceram de indicá-lo à maquiagem afinal haja estômago para fazer um filme visceralmente e asquerosamente alienígeno. Dentre as categorias, a fita de Blomkap tem mais força para ganhar somente efeitos visuais e edição, ainda que essa última apresente alguns erros nos recortes da ação e do documentário e respectiva coerência e fluidez entre eles.


District 9 Wallpapers Alien Motherships Guns Helicopters





Nada melhor em Hollywood do que ter um amigo e padrinho tão competente e influente como Peter Jackson, (da trilogia o Senhor dos Anéis), embora o mérito da direção e do roteiro seja de Blomkap (com o co-roteirista
Terri Tatchell), nem sempre é muito fácil estrear um longa-metragem raramente adaptado de um game (Halo da Microsoft), que aborda questões sociais, políticas e científicas e coloca em pé de guerra aliens e humanos, mais difícil ainda é conseguir uma boa recepção da crítica especializada e ser indicado à melhor filme do ano em um primeiro trabalho. Blomkap nasceu com a câmera para a lua (para não dizer outra coisa!). Em Distrito 9, uma nave mãe alienígena defeituosa fica estacionada sob a cidade de Joanesburgo na África do Sul por 20 anos. Diversos alienígenas são encontrados subnutridos na nave e sob ordens governamentais são reunidos no Distrito 9, uma área de terrível miséria com vários barracos como um imenso favelão sulafricano. Esses aliens vivem em péssimas condições sendo tratados piores que animais e precisam desocupar o distrito pressionados pelo governo. Além disso convivem com facções locais que roubam suas armas e lhes cobram preços exorbitantes para se alimentar com comida de gato(eca!). Para a tarefa de desocupação do Distrito 9, uma empresa é contratada a MNU (Multinational United) e um líder é designado para realizar as ações de despejo, Wikus Van Merwe (Sharlto Copley, ótima performance), para o azar dele, em uma das ações, Wikus é contaminado por um fluído feito por um alien "cientista" e, a partir de então, se torna uma presa de alto valor para a MNU.O objetivo de tal perseguição a Wikus não é original: ele tem um poder letal que interessa às pesquisas genéticas do governo, afoitas por uma devastadora arma política de genoma homo sapiens e alienígena.





Distrito 9 é um filme que poderá conquistar ou não o seu interesse nos minutos iniciais. Nesse momento, a direção enfoca as cenas com a câmera na mão em estilo documentário, divididas entre a ação real e os depoimentos que aguçam a curiosidade da platéia. O começo do roteiro marca bem o aspecto do suspense, ressaltando que a narrativa tem uma abordagem documentária que não é intermitente porque, logo adiante, a edição se configura com uma diminuição da abordagem documental. Para tolerá-lo nos primeiros dez minutos, primeiramente há que ter estômago e tolerância visual à pobreza da região e dos alienígenas e, principalmente à forma hostil que são tratados. É uma subjugação gratuita da qual eles não conseguem nem mesmo escapar. Vivem na periferia da periferia de
Joanesburgo, e nas primeiras ações de Wikus como o supervisor da desocupação, ele consegue ser ironicamente engraçado com relação aos aliens estabelecendo que o estado de pobreza daqueles seres não vale nada para o governo e nem mesmo para grandes empresas (qualquer semelhança com a realidade é proposital mesmo). Posteriormente, Wikus prova do próprio veneno e encontra uma forma de redenção mas antes disso vive a via crucis que é demandada pelos brutos interesses capitalistas e políticos e nessa jornada letal se aproxima de um bacana alienígena.





Além desta esfera mais individual de Distrito 9 em Wikus, a maior base desse enredo é exatamente o interesse governamental e de grupos locais em obter armas aliens mortíferas e muita da ação será concentrada nesse propósito, por isso Distrito 9 é um bom filme para quem aprecia ficção científica que se mescla às esferas de ambições privadas de grupos poderosos, seja uma gangue de mercenários, seja um grupo de uma grande corporação, seja os poderosos influentes governantes. Essas esferas não são algo tão original no Cinema Americano mas
Neill Blomkap consegue revisitar o gênero da ficção científica e imprimir uma qualidade documentária tal como elaborar um arquivo cinematográfico que desmascara e incrimina ações como esta à sociedade. Embora Distrito 9 não tenha me agradado intensamente, e em sua maioria, não alimente diálogos mais elaborados desses grupos e tenha um desfecho abaixo da média do início e clímax do enredo, as proezas bélicas da ação valem a exibição e ganham força baseadas nesses interesses que agora não atacam só a raça humana mas a alienígena também. Distrito 9, uma metáfora ficcional com cosmética não ficcional para mostrar a maquiagem dos homens do mal.


Avaliação MaDame Lumière



Título original: District 9
Origem: EUA, Nova Zelândia
Gênero:
Ficção Científica

Duração:
112
min
Diretor(a):
Neill Blomkap
Roteirista(s): Neill Blomkap, Terri Tatchell
Elenco: Sharlto Copley, Jason Cope, Nathalie Boltt, Sylvaine Strike, Elizabeth Mkandawie, John Sumner, William Allen Young, Greg Melvill-Smith, Nick Blake , Morena Busa Sesatsa, Themba Nkosi, Mzwandile Nqoba, Barry Strydom, Jed Brophy, Louis Minnaar

12 comentários:

  1. Olá Madame!
    Gostei muito de "Distrito 9". Foi umas das melhores surpresas do ano passado. Surpreendente também foi a ousadia da Academia em indicar o filme na categoria máxima - claro, só ocorreu por conta da expansão dos indicados, mas tá valendo. Subiram no meu conceito =)

    Também acho que o final não se mantem à altura de seu desenvolvimento, aí o filme deslancha mais para um filme de ação, não é? Achei mesmo que decaiu nesse sentido. Mas a direção de Blomkamp e a estrutura em documental faz o diferencial deste filme. Muito bem executado e inteligente. Analogia ferrenha não apenas ao apartheid, mas à intolerância humana e os anseios das organizaçoes poderosas regidas pelo Capitalismo, como tu mesma disse.
    Que Blomkamp não perca o fôlego! =)


    ABS!

    ResponderExcluir
  2. Olha madame, gostei bastante de Distrito 9. Um filme que me surpreendeu muito. Acho o filme uma bela alegoria sobre preconceito, tolerância e ganância. Além de ser ótima ficção científica, com potencial para uma franquia cinematográfica e expansão para outras mídias. Em um Oscar com 10 indicados, vejo com legitimidade sua inclusão na lista. É, na minha avaliação, um filme muito superior aos dois favoritos (guerra ao terror e Avatar). Tanto do ponto de vista da realização quanto do discurso. Percebi que vc não gostou muito do filme, a bem da verdade ele tem polarizado opiniões. É em última analise uma bem engendrada gama de clichês, mas isso não faz dele um filme ruim.
    Quanto a montagem do filme, acho-a soberana. Não detectei esse problema de fluidez a qual vc menciona. A opção por largar no meio a estrutura de documentário e se situar na ação é de Bloomkamp. É da direção. Não é falha de montagem. Pode ser uma atitude contestável do ponto de vista da unidade narrativa, mas não incorre em erro de montagem.

    No mais, continua a me fascinar o equílibrio que você ostenta na hora de redigir suas criticas. Na minha opinião, o mesmo falta a muitos blogueiros por aí.
    Bjs

    ResponderExcluir
  3. Adorei a última frase, adorei a frase do meio (nasceu com a câmera pra lua!!!) e adorei as atualizações no blog Madame!!

    O menu aqui do lado está espetacular!!!

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Oi Elton: É verdade,o filme se torna bem ação, mas ainda gosto da diferenciação ficcional. Tenho que ser sincera que não sou fã de ficções científicas mas tentei ao máximo ser justa com esta resenha e agradeço o seu reforçado comentário. Para um início de direção em longas, Neill Blomkap foi bem talentoso.
    Abs!

    ResponderExcluir
  5. Realmente, essa estratégia da Academia de indicar filmes que teve apelo popular para ganhar audiência foi boa, hein? rsrsrs.

    Ainda não vi, mas deve ser um bom filme. Não curo muito este tipo de premissa, mas posso me surpreender. rsrs.

    Beijos! ;)

    ResponderExcluir
  6. Oi Reinaldo: Entendo seu ponto de vista, pelo jeito, esta semana estamos desintonizados haha... sabe que eu gostei de Wolfman? haha. Aguarde minha review. Obviamente o filme não é um espetáculo mas não consegui colocar abaixo de razoavelmente bom.

    Com relação a Distrito 9, concordo com o que falou, respeito sua opinião técnica mais que a minha porque eu me preocupo mais com o conteúdo da narrativa do que como ela é colocada em ação. Na verdade, talvez eu tenha sido exagerada em dizer a palavra "ERRO", mas o todo do filme, mesmo fora da orquestração, não deixa de ter o pitaco do diretor e acho que a fluidez documentária para mim foi impactada. Pode não ser erro de montagem mas o filme perdeu neste quesito na minha experiência cinéfila.

    Eu gostei do filme, mas eu não gostei muito como você mesmo disse. Eu sou menina e meninas não costumam se entusiasmar com ficção científica como vocês, meninos do meu coração rsrs! Realmente como falei para o Elton acima, não sou adicta a estes filmes mas tentei ser o máximo justa nesta review.

    Beijo e obrigada pelo elogio. Aprecio o seu reconhecimento.

    ResponderExcluir
  7. Oi Eri fofo,

    Obrigada, de todo o coração. Vc é sempre muito gentil comigo. Ah, e eu sabia que você ia gostar da frase da câmera. Bom humor é com a gente mesmo!

    Beijo

    ResponderExcluir
  8. Oi Mayara,

    Que bom receber sua visita! Obrigada!

    Sim, eles serão bem sucedidos nesta empreitada marketeira. Não posso negar se eu fosse da liderança da Academia, teria apelado também, afinal ibope is money e eles são cobrados por isso, só espero que não sucateiem a importância desse prêmio.

    É um bom filme. Acho que os homens têm mais tendência a gostar desses filmes de aliens do que nós, Mayara. De qualquer maneira Blomkap entrega um trabalho de qualidade e espero que ele possa trazer bons produtos a todos nós.

    beijos!

    ResponderExcluir
  9. Olá Madame!

    Para mim, distrito 9 me surpreendeu demais. Nunca fui muito fã de ficção científica, mas esse conseguiu me cativar muito. Os alienígenas foram tratados de forma bem humana, e como eu procuro muito um filme com uma boa história, Distrito 9 conseguiu!

    Os homens gostam mais desse filme mesmo ;D
    Normal!

    E para Maquiagem deveria mesmo estar esse filme. Mais uma incoerência do Oscar!

    Bjo Madame.

    ResponderExcluir
  10. Olá Raphael,
    Saudades de suas visitas. Que bom ter notícias tuas!

    Estou impressionada como vocês, homens, amam uma ficção científica. O filme é bom mas acho que vocês digerem bem mais rápido o filme o que facilita estas evocações de adoração à Distrito 9 rsrs. Tão interessante perceber tal admiração!

    Beijo Rapha!!!!!!

    ResponderExcluir
  11. You are such a darling! Thanks for the kindness and the elegancy!
    KS

    ResponderExcluir

Caro (a) leitor(a)

Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière