#Documentário #CinemaBrasileiro #MiltonNascimento #música
Na travessia da vida, celebre Bituca com esse belo documentário
20 de março nos Cinemas
Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Há homenagens únicas que não são despedidas, são uma celebração da grande travessia que significa a vida em conexão com o humano e o mítico. São homenagens transcendentais que, por meio do Cinema, permanecem como o acolhedor abraço de um artista que se despede dos palcos, mas não de nossas vidas.
Milton Nascimento: Humano e mítico
Essa é a representação do documentário Milton Bituca Nascimento, que percorre os bastidores da turnê de despedida de Milton e que reúne imagens e depoimentos especiais sobre a grandiosidade do músico que é referência para inúmeros artistas como: Quincy Jones, Criolo, Maria Gadu, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Ivan Lins, Mano Brown, Beto Guedes, Lô Borges, Esperanza Spalding, entre outras personalidades que encontram em Milton Nascimento uma figura mítica.
Com produção da Gullane, Canal Azul, Nascimento Música e Claro em associação com Why?Stories Matter, Vital Studios e MoonSailor, o Doc é dirigido por Flavia Moraes que, em parceria com Marcélo Ferla, assina o roteiro. Em um formato mais fluído de direção e montagem, o filme funciona como um eco do talento de Bituca, a partir de um maior foco em como a jornada musical dele é percebida e sentida por amigos(as) e parceiros(as) de carreira. Entrecortado com a belíssima narração de Fernanda Montenegro que insere a poesia e as metáforas em torno do maravilhoso artista, o documentário celebra o mito Bituca, algo que é difícil de explicar mas facilmente sentido durante a experiência.
A música de Milton Nascimento tem uma sonoridade peculiar que funciona como um eco em toda a narrativa. Ao mesmo tempo que há uma miscelânea de depoimentos, ora mais especializados feitos por músicos, ora mais emocionais feitos por amigos e admiradores, a narração de Fernanda Montenegro se mescla com o som, o que sugere uma intencionalidade de eco que se perpetua por meio de um homem que enfrentou variados preconceitos sociais e, gloriosamente, como um nobre ancião negro, conseguiu a admiração e o respeito pela sua Arte. Um ancião da música como poesia, combate e transformação, assim, no cenário atual e muito mais a partir das mudanças e desafios, Bituca como referência atemporal é um eco de permanência e libertação.
Diante desse imperdível documentário, sua beleza é a simplicidade sobre um artista complexo. Muito do acerto da diretora e sua equipe está em expandir essa naturalidade por meio de músicos que aprenderam, trabalharam e se inspiraram em Milton. Quando um artista é muito admirado por outros artistas na forma como faz música atemporal, ele alcança o auge da referência. De uma maneira respeitosa e espontânea, essa valorização de Bituca adiciona uma camada humanizada na qual artistas que também são admirados se tornam admiradores, assim os convidados realizam seus relatos com muita autenticidade e afetos.
Como um músico que nasceu no Rio de Janeiro e cresceu em Minas Gerais, ganhando o Brasil e o mundo com seu talento, Milton Bituca Nascimento é o Brasil que amamos e que mostra o verdadeiro valor da nossa cultura e música. Do popular ao jazz, sua amplitude como artista fortalece nosso país. Com isso, Bituca se torna o Brasileiro cidadão do mundo, autoridade musical em universidades pelo mundo. Essa menção ao seu alcance mundial expressa muito mais sua força como um artista completo, que tem a potência de inspirar jovens músicos como um ser fabuloso que conecta o imaginário e o mundo material.
Com esse impacto transcendental de Milton, a jornada do músico é honrada em variados níveis: cinematográfico, biográfico, musical, humano e mítico e, diante dessa sensibilidade, só temos que agradecer a toda produção, direção e equipe do filme. Das montanhas de Minas Gerais a uma apresentação em Londres, a capilaridade de Bituca alcança corações, adentra emoções, revitaliza a alma. É exatamente em uma sala de Cinema que vamos sentir como nossas memórias também têm muito de Milton Bituca Nascimento em toda sua gentileza e força. E música boa é sobre se conectar com esse eco que o tempo não corrói. Um eco que permanece ao ouvir Travessia em uma viagem de ônibus pelo Brasil e chegar à beira de um Cais para refletir sobre o Amor.
Com esse belo documentário, os sonhos não envelhecem. Acredite!
Fotos autorizadas por Sinny Assessoria de imprensa, para divulgação do filme.
Foto making off filme @MarcosHermes
Foto Flavia Moraes e Milton Nascimento @MarcosHermes
Foto Flavia Moraes @FranParente
0 comentários:
Caro (a) leitor(a)
Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.
Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.
No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.
Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.
Saudações cinéfilas,
Cristiane Costa, MaDame Lumière