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  #Streaming #Horror #Halloween #Suspense #Terror  Dica Streaming presente no Especial Halloween da Supo Mungam Plus Por  Cristiane Costa , ...

Obediência (Compliance, 2012)

 





#Streaming #Horror #Halloween #Suspense #Terror 

Dica Streaming presente no Especial Halloween da Supo Mungam Plus




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Craig Zobel é um cineasta versátil na seara de filmes de suspense e horror. Seus últimos trabalhos como a direção da série dramática @HBO Mare of Easttown (2021) estrelada por  Kate Winslet e o longa de terror A Caçada (The Hunt, 2020) são produções bem interessantes considerando como a violência é catalisada nas personagens e suas histórias. Polivalente, Craig Zobel também trabalha como produtor, roteirista e ator e tem completo controle de cena para criar uma tensa atmosfera de horror psicológico.











Presente na plataforma de Cinema Supo Mungam Films, Obediência (Compliance, 2021) foi um dos primeiros longas do diretor que obteve uma boa recepção da crítica e espectadores, mas ainda é uma produção desconhecida pelo grande público. Baseada em fatos, a história aborda os abusos a funcionárias ocorridos em estabelecimentos comerciais como lanchonetes e mercados em cidades pequenas dos USA no início da década de 90 e que duraram cerca de 12 anos. Um sociopata fingia ser um policial quando ligava a estas lojas. Depois, acusava as funcionárias e/ou clientes de roubos, obrigando os gerentes e outros empregados a realizar várias práticas abusivas contra elas.





Ambientado em uma lanchonete Chickwich, a história apresenta Sandra (Ann Down, da série Handmaid's Tale) como a gerente do local. Ela recebe a ligação de um suposto policial que imediatamente acusa Becky (Dreama Walker) de roubo de uma cliente. Começa uma tensa conversa que dura horas, expondo Becky a uma série de situações constrangedoras e violências psicológica, moral e física. O criminoso não tem escrúpulos e se esconde atrás de uma máscara social com a imposição de um poder institucional e os funcionários do estabelecimento pouco questionam os abusos contra Becky.










Se a ficha técnica do filme não mencionasse que é inspirado em histórias reais, certamente, muitos não acreditariam até que ponto perverso chega o ser humano. Neste ponto, Obediência é assustador tanto no horror psicológico em cena como na naturalização da ação do farsante e como todos seguem suas ordens com obediência. Becky se transforma em um objeto fácil nas mãos do sociopata, tendo que se submeter a diversas humilhações, porém o mais desconcertante é constatar que a vítima estava sozinha. Todos os demais eram como zumbis, o que reflete a cultura do medo, do autoritarismo e da violência nos USA.





Diante de uma narrativa demasiado perturbadora, Craig Zobel foi inteligente ao levar a execução da história ao limite, em um ambiente e situação claustrofóbicos e um clima angustiante. Ele traz à audiência o horror da obediência cega retroalimentada pelo poder autoritário e pela visão tradicional da culpabilização imediata. Observar os absurdos em cena, raramente questionados pelos envolvidos, deixa um rastro real e pessimista na experiência fílmica. Além disso, há um sentido de ignorância presente na população interiorana que, na tradição, acredita no comando do xerife.











Obediência é um ótimo thriller na filmografia de Craig Zobel e vale a pena ser explorado na dimensão do horror enraizado na cultura Americana. Não se refere apenas a fatos abusivos ocorridos em outras décadas, mas contribui para uma reflexão sobre o horror do cotidiano que muitas vezes passa desapercebido pelas pessoas comuns e faz parte de crenças limitantes e padrões comportamentais que estão no subconsciente coletivo. Basta observar quem é o homem que finge ser policial. As máscaras sociais caem e estar atentos (as) ao horror é um mal necessário para denunciar estes monstros.







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Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière

  #MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra De 21 de Outubro a 03 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogue...

Mostra SP 2021| Listen (2020)







 #MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra

De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Cinema é uma linguagem fértil e precisa para expor as injustiças sociais devido ao seu amplo alcance em realidades geográficas e culturais muito distintas. Com a reflexão proposta pela obra, abrange denúncias universais. Temas como imigração, infância e família têm sido comuns em produções cinematográficas Europeias tendo em vista o envelhecimento, as desigualdades socioeconômicas, a xenofobia e o fluxo migratório. Adaptados de histórias reais, estes filmes tendem a chocar ao mostrar a rigidez com que imigrantes são tratados na Europa. É a denúncia do esvaziamento da humanização.












Formada em Cinema na London Film School, a cineasta Portuguesa Ana Rocha de Sousa aproveitou sua experiência de 11 anos como imigrante no Reino Unido  para estrear na direção de longas-metragens com o tema imigração. Normalmente, o argumento de um(a) cineasta independente surge de um incomodo natural com realidade social que o cerca. Em Listen (2020), ela aborda o retrato de uma família de imigrantes Portugueses que lutam incansavelmente para não perder os filhos para o serviço social Britânico. A batalha atinge uma maior complexidade porque uma das filhas é deficiente auditiva.











Toda a narrativa está enfocada no cotidiano desta família e suas interfaces com o serviço social e na busca de soluções legais e alternativas para reaver os filhos. Assim, a história gira em torno de um conflito com a Justiça cuja aplicação de lei visa ao favorecimento de famílias adotantes de crianças imigrantes. Neste contexto, os pais Bela (Lúcia Moniz) e Jota (Ruben Garcia) sofrem abusos morais e têm seus filhos arrancados de seu lar após um problema no colégio da filha surda.












É esperado que o serviço social de qualquer país proteja a infância e a adolescência contra qualquer negligência e violências, através da aplicação de mecanismos legais, dando espaço para as famílias apresentarem suas narrativas e argumentos, porém, em Listen, a situação é bem diferente em função de que a família Portuguesa não é tratada como cidadã. Ela é considerada inferior e ilegal até a "segunda página", deste modo, muito interessa ao sistema Britânico aplicar a lei que convém para assegurar a adoção de crianças imigrantes por famílias locais em uma Europa envelhecida. 











Esta importante temática diz respeito a um escândalo de proporções globais em países que retiram filhos de imigrantes, com ou sem detenção dos pais. São práticas abusivas e forçadas que se assemelham a uma "legalização" do tráfico humano. No roteiro, a cineasta mostra a dificuldade que os pais têm para visitar seus filhos e realizar qualquer comunicação efetiva com eles. Além disso, Ju (Maisie Sly) é tratada com preconceito e descaso por causa de sua deficiência auditiva.  Diante disso, o serviço social está mais interessado em impor seu poder à força do que zelar pelo bem estar da criança e realizar um processo multidisciplinar de Saúde,  Inclusão social e Educação Especial.












Com sensibilidade e resiliência, a excelente Lúcia Moniz se apropria bravamente do papel de mãe desesperada que precisa se recompor para defender os filhos. Seu grande momento de clímax é preenchido por espontaneidade e humildade excepcionais que comove muito mais, principalmente em um cenário tão hostil e aprisionante como o imposto a estas famílias imigrantes. Além disso, como muitas vezes é preciso usar as mesmas armas do inimigo, o filme não é politicamente correto. Ele traz também a realidade da ilegalidade nas ações, principalmente de pessoas que se arriscam a ajudar os imigrantes, e assim, adiciona ao drama uma ótima camada de suspense.






Merecidamente vencedor do prêmio de melhor longa-metragem de estreia e do prêmio especial do júri da Seção Horizontes no Festival de Veneza, Listen é um drama sensível que encontra força na vulnerabilidade de uma família imigrante. Como espectador (a), é revoltante presenciar uma realidade tão injusta que tenta silenciar esta família, mas o Cinema é  um  espaço de denúncia e de superação. Enquanto houver filmes como Listen, poderemos ser ouvidos.






(3,5)




Fotos, uma cortesia Mostra SP para divulgação da crítica.

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  #MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra De 21 de Outubro a 03 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogue...

Mostra SP 2021| Lua Azul (Blue Moon | Crai Noi, 2021)

 





#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra

De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



 

As violências doméstica e de gênero são percebidas nos ambientes familiares através de outros tipos de violências que compõem este cenário disfuncional como as de ordem psicológica, patrimonial, moral, sexual, entre outras. Neste sentido, nas sociedades e culturas em geral, como teorizado pelo sociólogo Francês Pierre Bourdieu, há violência simbólica que não é manifestada apenas com coação física, mas com outras violências construídas na base da dominância e do poder que têm efeitos danosos nos indivíduos.





Levando em conta o difícil processo de amadurecimento e desumanização diante de um contexto familiar hostil para mulheres, a Romena Alina Grigore estreia na direção de longas-metragens com Lua Azul (Blue Moon| Crai Noi, 2021). Exibido no Festival de San Sebastian, a história acompanha a jovem Irina (Ioana  Chitu) que vive com seus familiares em uma região provinciana da Romênia onde se dedicam a gerenciar um hotel, realizar os afazeres domésticos e do negócio e receber os turistas. Irina tem como propósito escapar da violência familiar e cursar uma universidade em outra cidade, porém encontra resistências como a de seu agressivo primo Liviu (Mircea Postelnicu).












Irina é uma personagem em libertação que percorre um processo de autoconhecimento no qual os afetos familiares se misturam com violências e culpa. Na verdade, como uma jovem de pais separados e que foi acolhida pelos tios e primos desde criança, é doloroso sair de um ambiente familiar, sua única referência de trabalho,  experiências e valores, ainda que ele seja bastante tenso e violento. Diante destas sutilezas e contradições, a diretora assina um roteiro humanizado que também preserva as falhas e tentativas de acerto da protagonista. Assim, Irina busca um distanciamento familiar sem ser radical.






As relações familiares em cena são insustentáveis, carregadas de palavras agressivas e gestos brutos e imprevisíveis. Eles não conseguem nenhum tipo de diálogo saudável e tudo termina em confusão até na mesa do almoço. Sob a perspectiva de uma dramaturgia crível, a única personagem que tem desenvolvimento dramático é Irina, que sustenta o interesse pela obra. Todos os demais são demasiado arrogantes ou enfurecidos, fato que dificulta qualquer aproximação. A excelente atuação de Ioana Chitu dá o tom na narrativa, dividida entre as responsabilidades, os conflitos e a experiência sexual.










A violência doméstica e de gênero permeia toda a narrativa, mais fortemente por Liviu, um personagem difícil de aturar devido às suas limitações como homem. É o tipo que chantageia, grita, agride, controla, ou seja, pior que um selvagem. Suas cenas com Irina são baseadas na agressão gratuita e ele não tem qualquer inteligência emocional para lidar com qualquer conflito ou discordância, já que pensa que as primas são posses. Apesar da boa atuação de Mircea Postelnicu no que o roteiro propõe,  Liviu é um personagem desequilibrado que afeta a profundidade da narrativa ao agir constantemente de forma similar. Seu padrão comportamental é limitado.





Lua Azul percorre um processo de desumanização que não se afasta inteiramente do lar e da ancestralidade.  Neste aspecto, o longa mantém a tradição Romena através das belas cinematografia de Adrian  Paduretu e  trilha sonora de Subcarpati. Ainda que Irina não tenha referências femininas na narrativa e viva ao lado da irmã como duas prisioneiras, a história é sobre uma mulher e sua libertação, logo, a força feminina que vem da terra, das origens, da Romênia é mais complexa do que simplesmente abandonar o lar. 





Por fim, escapar de uma família disfuncional não é apenas afastá-la fisicamente. Ela continuará afetando-lhe negativamente mesmo à distância. Com isso, o filme acerta em não dar respostas prontas. Irina não acerta em tudo porque desconhece o mundo exterior àquela realidade familiar. Ela enfrenta suas próprias contradições e, com elas, os desdobramentos de suas escolhas. No fim dos créditos do filme, o único desejo é que Irina encontre o seu caminho e que possa levar algo de bom da Romênia.







(3,5)




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Mostra SP 2021| O Perfeito David (El Perfecto David, 2021)

 







#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra

De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Integrante da Seleção Oficial Premières do Festival de Cinema de Tribeca, O Perfeito David (El Perfecto David, 2021) é uma perturbadora imersão na história do adolescente David (Mauricio di Yorio), sua busca e obsessão por um corpo forte e musculoso. Filho de uma artista plástica interpretada por Umbra Colombo, David convive com a estranha obstinação de sua mãe que controla seus treinos e alimentação. Ela deseja que o filho tenha um corpo escultural como uma obra de arte. 





Primeiro longa-metragem do diretor Argentino Felipe Gómez Aparicio cuja experiência em publicidade e assistência de direção o projetou em premiações na área, O Perfeito David se destaca como um drama psicológico surpreendente. Apresenta um impecável trabalho de direção de atores, composição de planos, enquadramentos de câmera e criação de uma atmosfera de horror contemporâneo.










Como sua experiência com filmes Independentes, o diretor encontra um equilíbrio narrativo e uma marca autoral, demonstrando um minucioso trabalho de estranhamento em cena, com intensa tensão sexual do que está por vir. Ao mesmo tempo que David é acessível como um adolescente comum, com poucas interações sociais e focado em seus treinos diários, sua obsessão o coloca em uma representação extra humana. Assim, ele é como uma criação monstruosa moldada por uma mãe bizarra e radical e incentivada por técnicos igualmente rígidos.





Com câmeras fora do plano e bem posicionadas pelo cineasta, o ponto de vista do protagonista é atentamente observado pela audiência e possibilita mergulhar no cotidiano de David. Os planos bem estruturados, com baixa luz e sombreamento e jogo de espelhos, cria uma atmosfera intimista, sombria e em contínuo suspense. O que acontecerá com David? Quais os limites? Quão musculoso ele se tornará? são incógnitas que permeiam toda a narrativa e despertam o interesse rumo ao desfecho.  




O contraponto do adolescente em formação do corpo e da identidade se mistura com a deformação de um corpo à base de drogas, isolamento, obsessão e dor. Neste sentido, David é como partes da expectativa dos outros. Seus amigos esperam que ele seja o pegador e brincam com sua sexualidade, a mãe com ambições artísticas desenvolve um zelo incomum pelo filho, David, o treinador e o colega fisioculturista apreciam os corpos masculinos com olhares de admiração que se misturam a um potencial desejo sexual. 












Com direção, fotografia e montagem competentes,  Felipe Gómez Aparicio chama a atenção pelo seu foco no desenvolvimento da narrativa, cravando em 75 minutos um argumento incrível que permite acompanhar cada drama, exercício, olhar e músculo de David. As decisões de decupagem utilizam os recursos visuais com consciência e o cineasta mostrou ser habilidoso. Aparentemente um roteiro deste tipo poderia esgotar as possibilidades plano a plano, mas ocorre o contrário: de forma crível, ele articula as tomadas na residência, colégio e academia sem perder a natureza perturbadora e o ritmo envolvente da história. Além do mais as atuações de Colombo e Di Yorio são conexas. 






O Perfeito David aproxima-se mais do horror psicológico que do drama e isso o torna bem atrativo. É preciso reconhecer que nos tempos modernos sombrios, o horror está continuamente no dia a dia, surgindo em discursos, ações e rotinas, ora explícitas e explosivas, ora discretas e lentas. No caso de David, como ocorre com muitas pessoas, a busca do corpo perfeito é um propósito que nem sempre é apenas do indivíduo que se dedica a esse fim. Na maioria das vezes, este desejo visa a atender as expectativas dos outros. Com isso, o jovem atual precisa se conhecer e saber tomar suas próprias decisões.





(3,5)


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            Representante Macedônia do Norte na short list do Oscar 2022 #MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra De ...

Mostra SP 2021| Irmandade (Sisterhood, 2021)

 


          Representante Macedônia do Norte na short list do Oscar 2022



#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra



De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Explorar as experiências das juventudes contemporâneas passa pelo enfoque em conflitos humanos que sejam universais, independente do país. No ciclo de amadurecimento da adolescência, o sentido de pertencimento a um grupo social na escola, no bairro e na cidade é uma necessidade contínua, ainda que a turma de "amigos" provoque contraditórias emoções como a alegria, a culpa, a raiva e a solidão.




Na esteira de produções que percorrem a toxicidade destas relações juvenis, o filme Macedônico Irmandade (Sisterhood, 2021) de Dina Duma aborda a amizade entre duas adolescentes, Maya e Jana, que culmina em um drama violento sobre a cruel dependência emocional nestes relacionamentos. Interpretada por Antonija Belazelkoska, Maya é introspectiva e discreta. Vivencia a separação dos pais e não tem muito diálogo com a mãe. Jana (Mira Giraud) age como uma "líder" inconsequente. De personalidade egoica, ela  define o que deve ser feito ou não, influenciando Maya em diferentes situações.









Filmado com a presença do elemento água, seja através da piscina na qual as jovens praticam natação ou do mar que os amigos frequentam, a narrativa é construída com esta fisicalidade que flui onde tudo transborda em silêncio, escapismo e movimentos na água. Alternando com o cotidiano na família e no colégio, a direção constrói uma linguagem na qual a água é essencial na relação entre a história e os personagens, tanto nos momentos de contato com o eu como nos conflitos e tragédia.





Nem mesmo algumas situações recorrentes em dramas adolescentes como mentiras, bullying, outras violências psicológicas entre amigos  e um roteiro econômico e previsível, diminui o valor da obra em sua trajetória autoral. A cineasta se esforça na boa condução da dramaturgia de Maya. Neste sentido, a garota tem um medo terrível de perder a melhor amiga ainda que esta represente uma ameaça à sua sanidade mental, bem estar e segurança. A culpa se torna um fardo após brutais acontecimentos.










O pertencer a qualquer custo é uma realista tragédia juvenil. Na maioria das vezes, os jovens não têm apoio e aconselhamento, nem autoconhecimento, e muito menos, se esforçam para identificar os próprios padrões comportamentais e das más companhias. Certos jovens preferem ouvir os amigos do que dar atenção à própria família e professores, logo, a narrativa toca nos desafios da comunicação e da empatia. Neste aspecto, ao observar o comportamento das jovens e as decisões tomadas com relação à Elena, a garota popular do colégio, fica nítido que Jana só gosta de si mesma, não mede consequências de seus atos e tem uma influência muito tóxica sobre Maya.










Irmandade acerta em passar pela solidão e culpa e, muito mais em colocar na pauta a discussão sobre as amizades femininas juvenis. Mulheres em geral têm todas as qualidades e condições para ser unidas como uma real  irmandade, mas melindres, falsidades, narcisismo, inveja e diversas opressões cotidianas fazem com que muitas mulheres sejam nocivas umas às outras.  Neste contexto, como forma de amadurecimento, observar as amizades e seus padrões ajuda a constatar se há afeto na relação. Para isso, é preciso mergulhar em si mesma.








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Mostra SP 2021| Mar Infinito (Infinite Sea, 2021)

 


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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação





Quando ficções científicas buscam conciliar complexas emoções com a grandeza das possibilidades cósmicas, o risco do realizador tende a ser maior para abarcar a relação entre linguagem cinematográfica, narrativa e sentido na recepção da obra. Considerando este tipo de risco, determinadas direções de Cinema devem ser prestigiadas em função da coragem e esforços em realizar uma produção audiovisual diferente do convencional encontrado nas cinematografias do país de origem.










É o que acontece no primeiro longa-metragem do diretor Português Carlos Amaral. Conhecido por sua competência em efeitos visuais e curtas como Longe do Edén (2013) e Por Diabos (2016), em Mar Infinito (Infinite Sea, 2021) ele realiza uma distopia na qual Pedro (Nuno Nolasco) busca partir para a colonização de um novo mundo, transitando em uma viagem espacial entre sonhos e realidade. Neste processo, ele conhece e se envolve afetivamente com Eva (Maria Leite) que o ajuda a encontrar o seu propósito.





Com o excelente expertise audiovisual de Carlos Amaral, ele teve autonomia para transformar seu filme em um espetáculo visual na seara do Cinema Independente. A direção de Arte é autoral e minimalista na medida exata para encantar o público, desta forma, abrindo espaço sinestésico para outras sensações através céu, do mar, dos corpos solitários e apaixonados, da beleza expressiva de Pedro e Eva. Construído com paleta de cores em azul e cinza, o mundo distópico em cena une dois extremos que conectam a solidão e a busca por um mundo novo, diferente e incerto.










Pedro foi deixado para trás. Em um percurso de Êxodo, ser esquecido e enfrentar um esvaziamento existencial que convive com dúvidas, frustrações e possibilidades não é um trajeto fácil. Assim, a personagem de Eva surge como afeto e companheirismo em uma viagem intergaláctica que é bem anterior ao se mover a um outro planeta. Trata-se de  uma travessia existencial, humanista, auto reflexiva. E a partir desse aspecto, o filme foi uma realização de risco. Corajosa, mas que deixou uma sensação de incompletude.










Durante a projeção, visualmente, a narrativa é envolvente. Atores belos e com química sexual, fotografia deslumbrante, direção audaciosa. Porém, a todo instante, o roteiro não propõe um real engajamento com os conflitos do personagem. São palavras e textos aleatórios que se misturam com um Pedro perdido em um tipo de limbo.  Desta forma, por mais hipnotizante que seja o visual do longa, a sensação de incompletude é recorrente. É como se o diretor precisasse de um pouco mais de tempo ou lapidação do roteiro para entregar a potencial profundidade humanista do seu argumento.





Ainda assim, Mar Infinito é um trabalho que merece ser visto e prestigiado, legitimando que Carlos Amaral tem ousadia como realizador. Ele poderá vir a entregar trabalhos futuros que reúnam diferentes formas de conceber os espaços do sci fi  com a realidade social, histórica e existencial. Seu primeiro longa é sobre travessias entre o novo e o velho. Se observado tendo em vista o contexto atual do mundo e, especificamente de Portugal, as confusas emoções de Pedro têm muito a ver com as frustrações e incertezas de inúmeros cidadãos.





(2,5)


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No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

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Mostra SP 2021| Coisas Verdadeiras (True Things, 2021)

 





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De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Dirigido pela roteirista e diretora Inglesa Harry Wootliff, Coisas Verdadeiras (True Things, 2021) é estrelado por Ruth Wilson e Tom Burke, respectivamente conhecidos pelas séries The Affair e The Musketeers. Nessa história, eles embarcam em uma jornada dramática que enfoca o sexo casual e os relacionamentos abusivos. Kate (Wilson) tem uma vida entediante e solitária e se sente inadequada em seu trabalho. Ao conhecer Blond (Burke), um homem misterioso com estilo bad boy, ela é atraída pelo seu jeito imprevisível e despreocupado e entra nessa aventura extremamente tóxica.





Adaptado do romance "True Things about me" de Deborah Key Davies e exibido no Festival de Veneza 2021, a narrativa coloca Kate em uma relação vulnerável com um desconhecido que não tem qualquer propósito de conhecê-la verdadeiramente. Ela se torna uma presa fácil em um mundo líquido cercado por irresponsabilidades afetivas e encontros casuais rasos. Apesar da intensa química sexual entre eles, o "Blond" leva essa impessoalidade no nome como um completo estranho e reflete muitos homens que brincam com os sentimentos da mulher, portanto, o longa enfatiza uma experiência pessoal pela qual muitas já passaram, pelo menos uma vez na vida.










Essa perspectiva feminina não é um sexismo que visa a culpabilização dos homens por relações superficiais, mas é muito mais uma constatação contemporânea. De fato, isso acontece muito quando se conhecem pessoas em redes sociais de encontros ou criam falsas expectativas em sexo casual. Embora muitas pessoas já se casaram através destes aplicativos e estão felizes, é mais comum encontrar situações nas quais a tecnologia foi utilizada como um grande açougue humano, onde os corpos são erotizados e usados apenas para satisfações egoicas, muitas vezes, sem alinhamento de expectativas, transparência e honestidade no diálogo.





Muito sabiamente, a diretora traz uma perspectiva intimista na qual Kate, ao percorrer essa aventura, tem a possibilidade de se conhecer melhor, superar ou não o "Blond". As emoções da personagem são conduzidas, enquanto linguagem cinematográfica, com uma busca pelo sensorial em uma montagem bem estruturada com o design de som. Kate vivencia as turbulências emocionais, entrando em contato com um inconsciente que se projeta cenicamente, como sonhos caóticos, pensamentos fragmentados e um constante mal estar em momentos de rejeição, solidão e depressão.








Com tamanha complexidade nos sentimentos de uma personagem constantemente atacada por abusos do "ficante", a escalação de Ruth Wilson foi bem acertada em função de sua experiência coerente e similar em "The Affair". Na série, ela se envolve com um homem casado e o roteiro se assemelha em aspectos dramáticos das relações tóxicas. Acostumada às produções independentes, sua atuação traz a vantagem do realismo e da visceralidade. 




O mesmo se aplica a Tom Burke em uma interpretação psicologicamente violenta e destrutiva. Seu personagem de vida duvidosa transmite os extremos da liberdade sexual e do completo desconhecimento de sua origem e vida. Quanto mais Kate se aproxima, mais ele reage de forma abusiva, ora se aproximando dela, ora desaparecendo sem dar explicações. Esse tipo de comportamento em homens tóxicos é comum e ele interpreta muito bem, mostrando as contradições de indivíduos irresponsáveis com os sentimentos alheios. A violência que ele impõe à Kate é cheia de sutilezas abusivas, alinhadas ao que acontece em diversos relacionamentos modernos.





Coisas Verdadeiras é um bom drama no estudo psicológico da personagem Kate diante das relações abusivas. É a jornada caótica de uma mulher que precisa se conhecer e descer ao fundo do poço para, desta forma, superar as próprias carências e mudar padrões comportamentais. Em algum momento da vida, todos se sentem carentes e em busca do amor apaixonado, mas antes de encontrar uma relação saudável, é preciso ter amor próprio e autoconhecimento para não buscar o amor onde ele não existe.








Fotos, uma cortesia, divulgação Mostra SP

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Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière

  #MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra De 21 de Outubro a 03 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogue...

Mostra SP 2021| Pedregulhos (Pebbles, 2021)

 






#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra






De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Vencedor do Tigre de melhor filme no Festival de Roterdã, Pedregulhos (Pebbles, 2021) tem direção do jovem Indiano P.S. Vinothraj em seu primeiro longa-metragem. Filmado no Sul da Índia, em região conhecida pelo grupo étnico e idioma Tâmiles, o diretor aborda os conflitos familiares em torno de Ganapathy, pai que tem problemas severos com alcoolismo e violência doméstica.




Em razão dos desafios financeiros para viabilizar a produção do filme, P.S. Vinothraj articula uma narrativa econômica que aproveita o cenário da miserável região.  Os personagens andam a pé, permanecem em seus vilarejos ou no meio da isolada paisagem. Nas cenas de maior movimentação, o diretor utiliza um ônibus caindo aos pedaços ou uma motocicleta simples para três pessoas.  Desta forma, o mérito da direção está em utilizar meios modestos para rodar seu longa de estreia.










Com relação ao roteiro, não é tão atrativo como a cenografia e o jogo de cintura do diretor porque não há muita comunicação na família disfuncional com um protagonista bem raivoso e insuportável. Ganapathy anda de um lado para o outro determinado a reencontrar a esposa. Totalmente fora de controle, age como um selvagem de raras palavras. Os outros personagens coadjuvantes se assemelham ao protagonista pois não têm diálogo e afeto. As tentativas de qualquer aproximação entre familiares e parentes terminam em gritaria e agressão. O único integrante que traz uma camada dramatúrgica à narrativa é o pequeno filho, porém, o mesmo encontra dificuldades na relação.





Independente do comportamento abusivo do personagem, o filme provoca um mal estar constante, no qual a raiva é o mecanismo de comunicação do protagonista com o público. Mesmo com as paisagens silenciosas e solitárias do Sul da Índia e os elementos da cultura local como a sobrevivência a qualquer custo, como espectador, fica difícil estabelecer qualquer empatia com ele e com a família, salvo ver a miséria levada ao extremo. Como consequência, a pobreza é o que comove e incomoda, muito mais do que o vício do alcoolismo e a violência física.










Personagens como Ganapathy desgastam a experiência fílmica pois são como cães raivosos e descontrolados, cuja violência não se deve apenas ao alcoolismo. Na forma como o roteiro se estabelece, os conflitos familiares são colocados em ação através dos recursos cênicos e sua movimentação. A dramaturgia não é desenvolvida com equilíbrio, logo, a energia da raiva toma o controle da narrativa. É como se, a qualquer momento, o protagonista fosse ter um infarto ou um derrame. Nem mesmo as cenas com o filho pequeno conseguem atingir um clímax emocional. Sendo assim, ele é um personagem atormentado, incapaz de se comunicar minimamente como ser humano.





Por fim, Pedregulhos apresenta um retrato social bastante hostil, difícil de assistir, afinal, encarar a pobreza é dilacerante. É trágico do início ao fim, chegando ao ponto de levar à reflexão como é possível ter famílias tão pobres como essa: miserável no sustento, na comunicação, no afeto. Desolador!








Fotos, uma cortesia divulgação Mostra SP

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