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Mostra SP 2021| Coisas Verdadeiras (True Things, 2021)

 





#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra





De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Dirigido pela roteirista e diretora Inglesa Harry Wootliff, Coisas Verdadeiras (True Things, 2021) é estrelado por Ruth Wilson e Tom Burke, respectivamente conhecidos pelas séries The Affair e The Musketeers. Nessa história, eles embarcam em uma jornada dramática que enfoca o sexo casual e os relacionamentos abusivos. Kate (Wilson) tem uma vida entediante e solitária e se sente inadequada em seu trabalho. Ao conhecer Blond (Burke), um homem misterioso com estilo bad boy, ela é atraída pelo seu jeito imprevisível e despreocupado e entra nessa aventura extremamente tóxica.





Adaptado do romance "True Things about me" de Deborah Key Davies e exibido no Festival de Veneza 2021, a narrativa coloca Kate em uma relação vulnerável com um desconhecido que não tem qualquer propósito de conhecê-la verdadeiramente. Ela se torna uma presa fácil em um mundo líquido cercado por irresponsabilidades afetivas e encontros casuais rasos. Apesar da intensa química sexual entre eles, o "Blond" leva essa impessoalidade no nome como um completo estranho e reflete muitos homens que brincam com os sentimentos da mulher, portanto, o longa enfatiza uma experiência pessoal pela qual muitas já passaram, pelo menos uma vez na vida.










Essa perspectiva feminina não é um sexismo que visa a culpabilização dos homens por relações superficiais, mas é muito mais uma constatação contemporânea. De fato, isso acontece muito quando se conhecem pessoas em redes sociais de encontros ou criam falsas expectativas em sexo casual. Embora muitas pessoas já se casaram através destes aplicativos e estão felizes, é mais comum encontrar situações nas quais a tecnologia foi utilizada como um grande açougue humano, onde os corpos são erotizados e usados apenas para satisfações egoicas, muitas vezes, sem alinhamento de expectativas, transparência e honestidade no diálogo.





Muito sabiamente, a diretora traz uma perspectiva intimista na qual Kate, ao percorrer essa aventura, tem a possibilidade de se conhecer melhor, superar ou não o "Blond". As emoções da personagem são conduzidas, enquanto linguagem cinematográfica, com uma busca pelo sensorial em uma montagem bem estruturada com o design de som. Kate vivencia as turbulências emocionais, entrando em contato com um inconsciente que se projeta cenicamente, como sonhos caóticos, pensamentos fragmentados e um constante mal estar em momentos de rejeição, solidão e depressão.








Com tamanha complexidade nos sentimentos de uma personagem constantemente atacada por abusos do "ficante", a escalação de Ruth Wilson foi bem acertada em função de sua experiência coerente e similar em "The Affair". Na série, ela se envolve com um homem casado e o roteiro se assemelha em aspectos dramáticos das relações tóxicas. Acostumada às produções independentes, sua atuação traz a vantagem do realismo e da visceralidade. 




O mesmo se aplica a Tom Burke em uma interpretação psicologicamente violenta e destrutiva. Seu personagem de vida duvidosa transmite os extremos da liberdade sexual e do completo desconhecimento de sua origem e vida. Quanto mais Kate se aproxima, mais ele reage de forma abusiva, ora se aproximando dela, ora desaparecendo sem dar explicações. Esse tipo de comportamento em homens tóxicos é comum e ele interpreta muito bem, mostrando as contradições de indivíduos irresponsáveis com os sentimentos alheios. A violência que ele impõe à Kate é cheia de sutilezas abusivas, alinhadas ao que acontece em diversos relacionamentos modernos.





Coisas Verdadeiras é um bom drama no estudo psicológico da personagem Kate diante das relações abusivas. É a jornada caótica de uma mulher que precisa se conhecer e descer ao fundo do poço para, desta forma, superar as próprias carências e mudar padrões comportamentais. Em algum momento da vida, todos se sentem carentes e em busca do amor apaixonado, mas antes de encontrar uma relação saudável, é preciso ter amor próprio e autoconhecimento para não buscar o amor onde ele não existe.








Fotos, uma cortesia, divulgação Mostra SP

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