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Obediência (Compliance, 2012)

 





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Dica Streaming presente no Especial Halloween da Supo Mungam Plus




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação




Craig Zobel é um cineasta versátil na seara de filmes de suspense e horror. Seus últimos trabalhos como a direção da série dramática @HBO Mare of Easttown (2021) estrelada por  Kate Winslet e o longa de terror A Caçada (The Hunt, 2020) são produções bem interessantes considerando como a violência é catalisada nas personagens e suas histórias. Polivalente, Craig Zobel também trabalha como produtor, roteirista e ator e tem completo controle de cena para criar uma tensa atmosfera de horror psicológico.











Presente na plataforma de Cinema Supo Mungam Films, Obediência (Compliance, 2021) foi um dos primeiros longas do diretor que obteve uma boa recepção da crítica e espectadores, mas ainda é uma produção desconhecida pelo grande público. Baseada em fatos, a história aborda os abusos a funcionárias ocorridos em estabelecimentos comerciais como lanchonetes e mercados em cidades pequenas dos USA no início da década de 90 e que duraram cerca de 12 anos. Um sociopata fingia ser um policial quando ligava a estas lojas. Depois, acusava as funcionárias e/ou clientes de roubos, obrigando os gerentes e outros empregados a realizar várias práticas abusivas contra elas.





Ambientado em uma lanchonete Chickwich, a história apresenta Sandra (Ann Down, da série Handmaid's Tale) como a gerente do local. Ela recebe a ligação de um suposto policial que imediatamente acusa Becky (Dreama Walker) de roubo de uma cliente. Começa uma tensa conversa que dura horas, expondo Becky a uma série de situações constrangedoras e violências psicológica, moral e física. O criminoso não tem escrúpulos e se esconde atrás de uma máscara social com a imposição de um poder institucional e os funcionários do estabelecimento pouco questionam os abusos contra Becky.










Se a ficha técnica do filme não mencionasse que é inspirado em histórias reais, certamente, muitos não acreditariam até que ponto perverso chega o ser humano. Neste ponto, Obediência é assustador tanto no horror psicológico em cena como na naturalização da ação do farsante e como todos seguem suas ordens com obediência. Becky se transforma em um objeto fácil nas mãos do sociopata, tendo que se submeter a diversas humilhações, porém o mais desconcertante é constatar que a vítima estava sozinha. Todos os demais eram como zumbis, o que reflete a cultura do medo, do autoritarismo e da violência nos USA.





Diante de uma narrativa demasiado perturbadora, Craig Zobel foi inteligente ao levar a execução da história ao limite, em um ambiente e situação claustrofóbicos e um clima angustiante. Ele traz à audiência o horror da obediência cega retroalimentada pelo poder autoritário e pela visão tradicional da culpabilização imediata. Observar os absurdos em cena, raramente questionados pelos envolvidos, deixa um rastro real e pessimista na experiência fílmica. Além disso, há um sentido de ignorância presente na população interiorana que, na tradição, acredita no comando do xerife.











Obediência é um ótimo thriller na filmografia de Craig Zobel e vale a pena ser explorado na dimensão do horror enraizado na cultura Americana. Não se refere apenas a fatos abusivos ocorridos em outras décadas, mas contribui para uma reflexão sobre o horror do cotidiano que muitas vezes passa desapercebido pelas pessoas comuns e faz parte de crenças limitantes e padrões comportamentais que estão no subconsciente coletivo. Basta observar quem é o homem que finge ser policial. As máscaras sociais caem e estar atentos (as) ao horror é um mal necessário para denunciar estes monstros.







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