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#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra De 21 de Outubro a 03 de Novembro Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueir...

Mostra SP 2021| O Garoto Mais Bonito do Mundo (The Most Beautiful Boy in the World, 2021)




#MostraSP #45ªmostra #45mostra #FestivaisdeCinema #EuvinaMostra



De 21 de Outubro a 03 de Novembro




Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação






A beleza icônica de muitas celebridades representa um desejo atemporal através de imagens cinematográficas registradas nos filmes, livros de Cinema e Arte e biografias. Por outro lado, nem sempre esta beleza é convertida em uma vida financeiramente estável e mentalmente equilibrada, levando muitas à decadência e ao esquecimento. Para as que sobrevivem, algumas ainda trazem um profundo pesar com culpa, depressão e solidão quando chegam à velhice.











Entre estas celebridades que foram ícones de beleza está o ator Sueco Björn Andrésen, que interpretou o papel de Tadzio no clássico Morte em Veneza (Death in Venice, 1971), adaptação da obra homônima de Thomas Mann. O diretor Luchino Visconti ficou fascinado com o frescor, a delicadeza e a elegância de Andrésen e o revelou em uma sessão de fotos. Ele nunca escondeu que gostava de selecionar e dirigir homens jovens e belos em seus filmes como foi o caso de Alain Delon em Rocco e seus irmãos (1960).





Após 50 anos de Morte em Veneza, os documentaristas Kristina Lindström e Kristian Petri lançam O Garoto Mais Bonito do Mundo (The Most Beautiful Boy in the World, 2021), um percurso na vida pessoal e profissional de Björn Andrésen. Enfoca os fantasmas do passado e as tragédias ocorridas na vida do ator. Após a fama meteórica revelada no auge de sua beleza, a carreira de Andrésen não foi desenvolvida com consistência. A narrativa tem uma montagem eficiente, entre tomadas mais intimistas e material documental, e busca revelar os impactos do sucesso e os altos e baixos desta jornada. Cabe ao espectador refletir se Tadzio foi um encontro maldito ou não para Andrésen.











O despir do ator em todo desenvolvimento do documentário é uma verdadeira descida ao inferno, entretanto, uma jornada com honra e dignidade diante de tamanha transparência e vulnerabilidade do ator. Andrésen deixa claro o seu mal estar na época que foi descoberto por Visconti e de como foi cobiçado por homens mais velhos e endinheirados, além de expor tragédias em família como a distante relação com sua mãe doente e a perda do filho. Assim, o documentário expõe a fraqueza deste homem, em grande parte, por não ter conseguido enfrentar as oscilações da sua saúde mental.





Vê-lo em uma exposição tão vulnerável, desperta muita compaixão, mas também evidencia que nenhuma beleza e fama são autossustentáveis. Neste sentido, ainda que sua revelação no Cinema o colocou em um patamar de objeto sexual no qual ele não teve apoio familiar e amigos verdadeiros, o maior descontrole de sua vida se deu em virtude de que, em diferentes momentos, ele se deixou vencer pela fraqueza, pelas memórias e padrões comportamentais negativos. Com ausência da família e de uma rede de apoio, Andrésen foi até o fundo do poço.





No imaginário coletivo, normalmente, o público associa beleza à sucesso e fortuna, ainda que muitas celebridades sofram uma forte queda financeira, artística e estética no decorrer dos anos. Neste aspecto, o documentário entrega mais tristeza e melancolia do que um fio de esperança. Reforça como ser bonito(a) é frágil e as pessoas se aproveitam da beleza e do desejo sobre o outro quando lhes convém. Mas também, tem seu lado positivo pois funciona como uma tentativa de ressignificação da vida de Andrésen.




Björn Andrésen é um cavalheiro solitário em recuperação, cuja beleza nos anos 70 poderia tê-lo projetado a uma vida de prosperidade. Agora só resta ele sobreviver a estas memórias e vivenciar sua maturidade com paz e sabedoria. Que ele consiga!







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