Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Depois de ganhar prêmio do Júri no Fest...

Mémorable (2019)



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Depois de ganhar prêmio do Júri no Festival Internacional de Animação Annecy, Mémorable (2019), curta-metragem de Bruno Collet também agradou por aqui, ganhando como melhor curta de ficção - júri popular do Anima Mundi em São Paulo, em premiação realizada no último domingo, 28 de Julho, no auditório Oscar Niemeyer no Ibirapuera. Na edição do Rio de Janeiro,  o diretor e animador conquistou o mesmo prêmio, além de melhor direção de Arte. Todos merecidos para um filme que aborda o Mal de Alzheimer com tanta criatividade e delicadeza.




Formado pela Escola de Belas Artes de Rennes (França), Bruno Collet tem ampla experiência em animação em  stop motion e é uma referência nesse campo cinematográfico e em festivais, com trabalhos como "Le Petit Dragon", uma homenagem a Bruce Lee, e  "Jour de Gloire", sobre guerra. Em seu mais recente trabalho, com apurado senso estético, uma singular sensibilidade e uma composição animada tecnicamente impecável  e poética, o diretor e sua equipe merece todo o prestígio e reconhecimento.

Os personagens são um casal de idosos, Louis (André Wilms) e Michelle (Dominique Reymond). Ele é um pintor que começa a perceber as mudanças no seu mundo exterior. Os objetos estão se desintegrando, a vida está mudando ao seu redor. No diálogo com a esposa, para Louis, ela parece outra pessoa, todavia, talvez ainda haja alguma lembrança, conexão afetiva.

Esta proposta é de uma beleza singular em virtude de que, no Alzheimer, o mundo se desintegra em um processo muito doloroso para quem está com a doença, a família e amigos. A  memória que conecta a pessoa ao mundo, aos relacionamentos, ao ser e pertencer vai desaparecendo;em alguns momentos, ela volta, depois não mais. Toda essa dolorosa degeneração que afeta a mente é narrada de uma forma absolutamente delicada, poética e bem humorada nesse curta.

Um dos primeiros méritos é o  roteiro. É muito bem elaborado na proposta para abordar sobre o Alzheimer, relacionando a memória e  a desintegração dos objetos, imagens, pessoas e todo o cotidiano deste senhor pintor. Tudo se conecta, inclusive a própria aparência física e  expressões de Louis lembram as pinceladas frenéticas de Van Gogh, é como uma pintura em si.


O designer dos bonecos tem uma turbulência que não necessariamente é uma expressão do envelhecimento apenas, mas também se relaciona com uma linguagem artística do animador alinhada com o Alzheimer,  o esquecimento, a desintegração de um eu frágil, melancólico, caótico, e combinada com as referências da Arte contemporânea e mudanças de tempo, espaço e percepção do protagonista.

Afinal, o que permanece na imaginação da pessoa acometida pelo Mal de Alzheimer? Qual é o seu olhar? Quais suas percepções?




Inspirado pelo pintor Americano Willian Utermohlen (1933 -2007), que teve o diagnóstico da doença em 1995 e continuou pintando suas obras, Bruno Collet traz uma outra dimensão narrativa: o que Louis percebe ao redor. Não se trata de uma perspectiva apenas do personagem, todavia, coloca também o público a observar a doença com mais empatia em meio a tanto sofrimento, percebendo como um pessoa com Alzheimer percebe o mundo e as pessoas em mutação, como ele sofre as alterações das percepções temporais, espaciais, visuais, assim como as relações são afetadas como lembrar da própria esposa.

É exemplar o trabalho de relação entre as linguagens da Arte e do Cinema nessa animação, assim como com a biografia de um pintor cuja memória foi se transformando em uma tela em branco, principalmente na relação entre memória, sujeito e expressão da alteridade. À medida que as imagens ao redor se desintegram de forma visualmente poética, há ternura e leveza, mas também melancolia, tristeza em observar o que está acontecendo com Louis.

Na direção de arte e em geral, há uma notória competência de Bruno Collet para conciliar o stop motion com o 3 D. É uma combinação que, para o mercado de animação, é construtiva e extraordinária  como uma boa  prática e inspiração. Mémorable encanta pela sua capacidade de reunir o artesanal com a tecnologia. Os bonecos animados por Collet e sua equipe têm um minucioso trabalho artesão, um detalhismo vivaz e único, assim como uma identidade própria na sua concepção artística. Para as transformações que ocorrem no ambiente, o diretor utiliza o 3D e orquestra um realismo delicado, como se as lembranças desaparecem vagarosamente como um sopro imaginário que resiste ao tempo.

A excelente direção resulta em uma animação sensível, sensorial, reflexiva. Tem amor e humor, tem a luta pela vida e pela permanência da memória. Tudo em apenas 12 valiosos e inesquecíveis minutos!




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Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière

Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Em cartaz no circuito nacional, o novo...

O Professor Substituto (L'heure de la sortie, 2018)



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Em cartaz no circuito nacional, o novo longa-metragem de Sébastien Marnier (Irreprensível, 2016),  O Professor Substituto (L'heure de la sortie"), traz tensão e angústia na sua narrativa que aborda problemas contemporâneos como o meio ambiente, a violência e a juventude. No papel de Pierre, o substituto, o ator Laurent Lafitte (Elle, 2016) assume a classe de jovens superdotados após o professor titular cometer suicídio. 

Baseado no primeiro romance de Christophe Dufossé, a história acompanha Pierre e esses adolescentes de intelecto avançado e com comportamentos estranhos. Ele inicia uma investigação pessoal para descobrir seus segredos e entra em uma espiral de obsessão e inquietação.



Trata-se de um filme que concilia preocupações geracionais como a juventude moderna com uma desoladora sensação de pessimismo, frieza e paranoia. Ao retratar alunos que têm um nível intelectual extraordinário, mas extremamente arrogantes e distantes, o roteiro desumaniza uma geração que representa o futuro. Eles têm hábitos bizarros e são tomados por uma intrigante necessidade de registrar a destruição mundana e agirem de maneira hostil.

Este registro é realizado pelos jovens com câmera na mão que, na montagem,  engloba a ficção e os fragmentos documentais da devastação ambiental, da violência exacerbada, entre outras evidências do próprio extermínio da vida. Com bastante habilidade nos primeiros 60 minutos de longa,  o diretor tem uma escolha narrativa híbrida de reunir registros não ficcionais com a ficção, edição que não costuma ser um trabalho fácil. 

Ainda que sua escolha quebre o ritmo do suspense em determinadas cenas e se repita com imagens aleatórias, as atuações de Laurent Lafitte e dos adolescentes, especialmente, de Luàna Bjarami (Apolline) mantêm o thriller  com bom nível de estranhamento e tensão. 




É pertinente notar que, levando em conta os filmes ambientados em escolas, O Professor Substituto é bem peculiar, moderno e provocativo. Ele tira a tranquilidade facilmente de quem o assiste, dando tempo para o espectador pensar sobre qual será o futuro do mundo e das gerações futuras, assim,  o filme apresenta uma energia pesada, niilista. Até o mais otimista e acolhedor dos professores, odiaria esta turma.

O longa tem o mérito de criar uma perturbadora narrativa para um professor que, além de lidar com os problemas disciplinares tão comuns na escola, é subestimado pelos alunos superdotados. Em vários momentos, os alunos o tratam como um zero à esquerda, comportamento que enfatiza que, desde o início, Pierre é um mero substituto. Ele é tratado como alguém menor que não faria a diferença se estivesse ali ou não. Além de substituir um professor suicida, ele tem o desafio de lidar com uma turma debochada, aborrecedora, nada confiável.





A boa escolha do argumento, espaço/ local e personagens ajuda a estruturar uma história bem frustrante para qualquer educador e família. Por mais que estes jovens também sofram das aflições contemporâneas, especificamente, este grupo de jovens está dando um grito de socorro, porém nunca vão abrir mão desse orgulho.  Querem demonstrar racionalidade a qualquer custo, porém sofrem no íntimo.

Desde o começo, por mais sensibilizados que estejam com a destruição do mundo, a história retira deles qualquer emoção dócil na interação com as pessoas. Essa ambiguidade aumenta ainda mais o estranhamento do filme. Eles chegam a parecer fantasmas humanos a andar pelas ruas, agir com violência, responder como adultos esnobes.  O único momento que são mais livres é quando cantam sob a regência da professora interpretada por Emmanuelle Bercot.

O professor substituto chega como o estranho a investigar os próprios alunos. Ele nota que há algo esquisito. De alguma forma, ele se preocupa com esses jovens mesmo vendo seu cotidiano ser afetado por uma sensação aterrorizante. Decerto, essa dinâmica de horror - suspense - drama funciona bem em cena, Sébastian Marnier orquestra o ritmo, a música e as atuações com suspense até o clímax, no qual as dimensões psicológicas extra e intra dos personagens são postas em cena, seja através dos olhares, dos gestos, dos silêncios, seja através dos confrontos, dos elementos em cena como insetos, alucinações, sonhos.





Nestes aspectos, a interpretação de Laurent Lafitte é centrada e competente. Ele consegue desenvolver seu personagem na paranoia em cena, evidenciando uma diferença entre como Pierre começa e termina o filme, um arco dramático eficiente nos dois primeiros atos, que desconcerta o dia a dia do personagem, aumenta o nível de obsessão e curiosidade. Mais ao desfecho, surge o problema que quebra parte da qualidade do filme: o último ato.

Não se refere a um problema tão sério que retira as virtudes da história, porém, o último ato não é tão expressivo pela atitude  que os jovens têm, tola na forma como foi dirigida. Para evitar spoilers, basicamente, este ato tem uma conclusão apressada,  com uma sequência realizada entre um acampamento e uma estrada que, pelo menos, poderia ter sido filmada de outra forma.  Acaba por não combinar com tudo de bom que foi construído anteriormente na história, assim, incorrendo em irregularidades. 

Apesar da séria questão em cena entre os jovens, torna-se um desdobramento raso em comparação ao suspense intrigante e toda a psicologia complexa criada na maior parte da projeção. É  mais um problema de direção, considerando que o roteiro é uma adaptação de livro e algumas cenas nem sempre podem descaracterizar a obra original, contudo, podem ser filmadas de forma diferente sob o olhar do diretor.

Exceto por este detalhe final, O Professor Substituto é uma obra surpreendente no atual Cinema Francês, funciona bem como thriller e é  necessária para reflexão sobre os jovens no mundo contemporâneo e suas angústias; jovens que cada vez mais convivem com o medo, a violência e a (auto)destruição.



(3,5)




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Cristiane Costa, MaDame Lumière

Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Um recorte dramático do cotidiano de Sa...

Bismillah (2018)



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Um recorte dramático do cotidiano de Samira (Linda Mresy), garota Tunisiana de 10 anos e imigrante ilegal  na Itália, é o argumento para o curta-metragem Bismillah (2018), de Alessandro Grande. Com duração de 14 minutos, o roteiro centraliza a ação em uma noite que Jamil (Belhassen Bouhali), seu irmão de 17 anos, está com fortes dores no corpo e Samira está sozinha com ele. Ao canto de "Bismillah", expressão muçulmana em árabe para "Em nome de Allah", a garota evoca os versos muito comuns no Islão.


A narrativa com o uso de uma música simbólica na fé muçulmana leva a um olhar  de que, quando faltam recursos e o imigrante se encontra em uma situação desesperadora, a fé permanece, alguma esperança suaviza as aflições. É um recurso cinematográfico de recorrência neste contexto. A  garota repete os versos em alguns planos, reforça um clamor de socorro para que Deus misericordioso a fortaleça, que ela encontre alguma ajuda para o irmão e ele se recupere logo.


O diretor se apoia bastante na canção e no close da garota, evidenciando uma necessidade emocional de mostrar o semblante de Samira entristecido e esgotado, entretanto, o mérito do curta é como ele consegue inserir elementos que fazem parte da condição de um imigrante ilegal, bastante restrita e em segredo, e também como ele realiza o desfecho do curta utilizando o recurso narrativo que move  a história.





Nesta triste condição, os imigrantes têm medo de serem presos e extraditados, além de as próprias pessoas locais terem receio de ajudá-los. Samira é uma personagem que carrega um peso grande para uma criança. Levar Jamil a um hospital não é uma opção, assim, o peso se torna bem maior. Se ela buscar ajuda oficial, poderá colocar em risco a permanência da família na Itália. 


Para efeito dramático, a ideia de um adolescente sob o risco de ter uma dor mais severa e vir a óbito  é eficiente, assim como colocar uma criança como protagonista. Trabalhar com personagens que estão passando pela infância e pela adolescência traz à ficção o realismo de como as crianças e juventudes são tratadas quando imigrantes e refugiados. Eles estão sozinhos ou a mercê da ajuda alheia, da sorte e fé. Eles não têm direitos básicos nos países que ingressam pois a maioria  está ilegal. 



Sob a perspectiva do contexto Italiano, o documentarista Gianfranco Rosi já havia realizado um filme que fala sobre a crise imigratória na Europa, enfocando a própria Itália. Em "Fogo no Mar" (Fuocoammare, 2016),  ele mostra as condições que entram os imigrantes de países Africanos e do Oriente Médio no sul do país. Alessandro Grande, que tem experiência em curtas com personagens à margem da sociedade como pessoas no sistema prisional e imigrantes, desta vez, adentra o ambiente familiar com personagens que fazem pensar qual será o futuro dessas jovens gerações sem lar.


Com dores desconhecidas que apenas um especialista poderia definir,  a condição de Jamil deixaria qualquer um de mãos atadas.  Sendo sua irmã ainda criança, e sem contar com o pai, com quem vive, Samira está absurdamente solitária, batendo de porta em porta como uma pedinte, em uma condição humilhante.  Esta situação lamentável expressa uma realidade da imigração na Europa mas também em países como os Estados Unidos como é o caso dos Mexicanos  na fronteira neste governo Trump ; é uma realidade que não protege nem mesmo as crianças e adolescentes.





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No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

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Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação É impressionante quando um diretor e an...

Longe (Away, 2019)



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



É impressionante quando um diretor e animador muito jovem realiza um fascinante longa-metragem, sendo responsável por todas as etapas da produção, do design de som à edição. Se fosse um curta, ainda assim seria desafiador, no entanto, um longa metragem que lembra a qualidade visual e sutilezas narrativas das animações japonesas do Studio Ghibli é para aplaudir de pé e desejar que ele conquiste novos espaços profissionais.




Esse jovem que  conseguiu essa maestria em seu primeiro longa é o letão Gints Zilbalodis,  de 25 anos e realizador de Longe (Away, 2019), uma belíssima animação em 3D  sem nenhum diálogo e cujo protagonista é um jovem adolescente que, acompanhado de um pássaro amarelo que se perdeu da família, realiza uma jornada de moto na qual é perseguido por um monstro sombrio. 

Com uma estética impecável que apresenta a natureza com cores vivas,  um roteiro que combina etapas semelhantes a um video game com realismo, uma incrível beleza visual de delicadezas e ações que dizem muito mais que palavras, Longe é um deleite para os olhos e o coração  e uma bela narrativa de sobrevivência em um mundo desconhecido.




A história é estruturada em capítulos: oásis proibido, lago espelhado, poço dos sonhos e porto das nuvens. Cada uma destas fases são vivenciadas pelo protagonista sem nome que uma vez ou outra contracena com outros animais e tem que escapar continuamente do espírito sombrio. Além do prólogo no qual o garoto cai de paraquedas em uma terra de Edén, todos os capítulos são desenvolvidos com um contínuo crescimento dramático que se divide entre o efeito contemplativo e reflexivo da história e o suspense e medo da mortalidade.

Muito do mérito de Longe é sua personalidade estética e narrativa que, ainda que se assemelhe às emoções humanas catalisadas pelas animações japonesas, ainda é uma personalidade única, característica do foco do seu realizador. É bem provável que o diretor admira as animações de Hayao Miyazaki, que têm um primor estético e narrativo fora de série. 





Gints Zilbalodis tem um completo controle de todas as fases. É um filme espontâneo, original na sua simplicidade e universalidade. É como uma pintura que ele está imerso em se comunicar através das imagens e do silêncio. Mesmo sem uma palavra sequer, cada cena se comunica com o público. Sua força e potência para a conexão humana é extraordinária.

O olhar humilde e assustado do personagem é capaz de realizar esta conexão, de despertar a empatia.  Assim como ele sente medo do monstro, ele também tem a coragem necessária para avançar na sua jornada, de ajudar os animais como o pássaro amarelo, de superar suas próprias aflições. É um personagem sem nome e sem ego, mas que transmite vulnerabilidade e simplicidade como qualquer criança e jovem que precisa amadurecer, mas também ele dá conta de expressar o adulto fragilizado. 




Esta característica do filme é bastante universal e poderosa para as narrativas cinematográficas na animação. É uma forma cada vez mais precisa de falar sobre e com humanidade. O garoto passa por uma provação, um purgatório como os episódios de sofrimentos que qualquer ser humano experiencia. A própria divisão da história em capítulos é como uma busca pelo Éden.

É interessante perceber a referência do monstro na história. Ele surge como aqueles monstros de filmes antigos, como uma sombra gigante, disforme e com olhos abertos. Mesmo com sua postura rígida a encarar o garoto, ele passa a impressão de, como todo espírito mau, surgir em cada uma das passagens em qualquer local, como uma sombra à espreita que pode se diluir e atacar a qualquer momento. 

Seu rastro é mortal mesmo sem ele ser um vilão ativo; isso o torna uma figura peculiar. Essa fixação do olhar do monstro traz um silêncio absurdo ao filme, mas também possibilita pensar sobre a mortalidade e o sofrimento, além de uma necessidade emocional de fugir dele a qualquer custo.






A direção, o som e a trilha sonora (composta pelo próprio animador) são combinadas de uma maneira harmônica que fazem um convite ao público adentrar essa natureza, ir junto com o garoto pelas paisagens em diferentes níveis de diversidade e desafios a cada capítulo, se emocionar com o que ele sente e vivencia. Na verdade, o filme é vivenciado com essa imersão subjetiva.


Como parte da programação do Anima Mundi 2019, o longa faz parte da sessão competitiva de longas - metragens infantis, mas não é um filme tão infantil. Por não ter diálogos e ter uma força metafórica significativa, seria recomendado idealmente para crianças a partir dos 8 anos, inclusive para crianças que não sentirão falta de maior agito; além disso, todos os adultos deveriam assistí-lo. É magnífico em sua simplicidade!









Exibição amanhã, 28 de Julho, às 14 h no Petra Belas Artes/Sala 2. 









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Reprodução: The Procession (Le cortège), de Pascal Blanchet e Rodolphe Saint-Gelais Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira críti...

Anima Mundi 2019: 10 Curtas que vale a pena conhecer #EuAnimo



Reprodução: The Procession (Le cortège), de Pascal Blanchet e Rodolphe Saint-Gelais



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Fim de semana chegou bem animado e para inspirar o público a se juntar à hashtag #Euanimo, realizamos uma seleção de 10 curtas que vale a pena conhecer. São curtas de novos e consagrados animadores que utilizam temáticas e técnicas que inspiram, fazem rir e/ou tiveram uma ideia criativa, humanizada, contemporânea. 

A seleção também considerou  apenas curtas que ainda dá tempo de assistí-los entre hoje e amanhã. O encerramento do evento em São Paulo ocorre neste domingo, 28 de Julho, no Auditório Oscar Niemeyer no Ibirapuera.

Caso você não esteja em São Paulo, não se preocupe! Anote os nomes dos curtas na sua watchlist e, assim que tiver a oportunidade, assista a estes bons trabalhos. Alguns já estão disponíveis em streaming por aluguéis acessíveis de USD 1 a 3.

Para conferir outras sugestões realizadas pelo blog nesta edição do Festival, clique aqui.






The Stained Club (França, 2018), de Mélanie Lopez, Simon Boucly, Marie Ciesielski,  Alice Jaunet, Chan Stéhie Peang, Béatrice Viguer Chandoutis
Sessão Curtas 1

Finn tem manchas pelo seu corpo. Encontra outras crianças que também têm diferentes manchas. Esta turminha aprende que nem sempre as marcas são bonitas e que estão ligadas à dor emocional. Com temática humanista, personagens cativantes e boa trilha sonora, o curta  enfoca os sentimentos e descobertas das crianças.



Hors Piste (França, 2018) , de Léo Brunel, Loris Cavalier, Camile Jalabert, Oscar Mallet
Sessão Curtas 1


O curta acompanha a dupla Salami e Parmensan que realizam resgates nas montanhas, mas nem tudo sai como esperam. Realizados por alunos de Avignon (França), o longa é premiado no BAFTA Student Fillm Awards e indicado ao Annie Awards. Destaca-se pela dupla hilária e a habilidade (direção) dos jovens animadores.



Paper or Plastic (Estados Unidos, 2019), de Nata Metlukh
Sessão Curtas 2


Curta que apresenta bom equilíbrio entre a ficção animada e temas contemporâneos dramáticos como o desemprego, a violência e a xenofobia. O personagem, um imigrante, tem dificuldades para se estabelecer na cidade, sofre discriminação e isolamento por parte da sociedade. A direção consegue reunir tom de humor com seriedade que se chocam com os sonhos despedaçados.




A Double Life (Holanda, 2019), de Job, Joris e Marieke
Sessão Curtas 6

Do mesmo estúdio de animação e animadores do aclamado "A single life",  curta indicado ao Oscar, desta vez, os personagens são um casal com a mesma dinâmica da ideia de confronto de "e se eu fosse você". Com humor negro, retrata as diferenças e conflitos entre gêneros, além da abordagem de relações interpessoais, afetivas.





Wicked Girl (Kötü Kiz, França; Turquia, 2017), de Ayce Kartal
Sessão Curtas 9 

Um dos curtas mais contundentes, criativos, bem roteirizados e executados já vistos pelo blog, "Wicked Girl" acompanha a perspectiva de uma criança na Turquia que sofreu abuso sexual. Entre imagens oníricas, inocentes, de memória e outras sombrias com a presença de monstros (os pedófilos), o curta tem uma narrativa visual, ao mesmo tempo, bela e desconcertante. 


Invisible (Japão, 2018) de Akihiko Yamashita
Sessão Curtas 9

De Akihiko Yamashita, experiente animador japonês que realiza trabalhos pelo estúdio Ponoc Film e conhecido por trabalhos excepcionais como o clássico Viagem de Chihiro (2001), "Invisible" é o terceiro episódio que faz parte da antologia Chiisana Eiyu, que conta jornadas heróicas. Na história, um homem invisível trava uma batalha existencial por ser desse modo. Realizando um paralelo com a realidade, o curta expressa a invisibilidade que tantos de nós sentimos no cotidiano.




The Procession (Canadá, 2019), de Pascal Blanchet; Rodolphe Saint-Gelais
Sessão  Curtas 10 

Com maestria,  este impecável curta exibe bastante personalidade visual, com elegância e sensibilidade que fazem um interessante contraponto com a formalidade das relações e dos sentimentos silenciados. Após um acidente de carro, uma mulher falece. No seu velório/cortejo,  a história acompanha sua narração póstuma endereçada ao viúvo e imagens do esposo e da família. Temas como o amor, casamento, conflitos são expostos. Belíssimo do começo ao fim, animado como uma novela gráfica com elementos art deco  e preto e branco. 




Sans Gravité (França, 2018), de Charline Parisot, Jérémy Cissé, Fioretta Catarina Cosmidis, Flore Allier Estrada, Maud Lemaître- Blanchart, Ludovic Abraham.
Sessão Curtas 10

Um curta comédia dramática sobre um astronauta desempregado que sente falta da gravidade (sans gravité, como o título).  Em várias cenas, ele realiza vários trabalhos extras que nada têm a ver com sua essência e desejos. Os sentimentos de inadaptação à realidade com a nostalgia pelos momentos que lembram do espaço e da nave tornam este curta divertido e melancólico. Além do mais, tem um visual gracioso em 3 D.



Mémorable (França, 2019) de Bruno Collet
Sessão Curtas 11


Premiado curta no Annecy , um dos mais notórios festivais de animação do mundo, "Mémorable" traz a experiência de longa carreira de Bruno Collet que é atento a cada detalhe na composição artística do personagens. Aqui ele avança ainda mais na animação alinhada aos dramas humanos  e temas conmporâneos, acompanhando um casal , Louis e Michelle, que  começam a perceber que as coisas ao redor estão estranhas e cada vez mais distantes da realidade.




O Sonho de Sam (Le Revê de Sam, 2018), de  Nolwenn Roberts
Curtas infantis 1 


Como um sonho, uma animação elogiada por combinar a animação da natureza com a graciosidade dos personagens, é uma inspiração e convite à busca dos sonhos. Recomendado para crianças a partir de 4 anos. 




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Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

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Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Uma das estreias da semana nos cinemas B...

Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, 2019)



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


Uma das estreias da semana nos cinemas Brasileiros, Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, 2019) de Joe Berlinger, é um filme que tira tanto o diretor como o protagonista (Zac Efron) de uma zona de conforto, fazendo com que eles trabalhem juntos em um tipo de filme que não costuma ser o que realizam. 

Joe Berlinger é um premiado e experiente documentarista  cuja carreira na TV se desenvolveu também com séries criminais. Agora, retorna à ficção. Zac Efron ganhou fama como um ídolo teen com as produções Disney e, felizmente, é um ator com carisma e humor que tem se desenvolvido em  trabalhos diferentes.





Baseado na obra "The Phantom Prince: My life with Ted Bundy" de Elizabeth Kendall, o longa mostra a perspectiva da ex-namorada de Bundy, que conviveu com ele por anos, era muito apaixonada e desconhecia a sociopatia do amante. Bundy (Zac Efron) é um dos mais conhecidos serial killers dos Estados Unidos, que executou mais de 30 mulheres nos anos 70. Sua biografia demostra que ele era um homem sedutor, inteligente e sarcástico exatamente como muitos dos traços psicológicos de um sociopata. No papel de Liz, a atriz Lilly Collins dá vida à esta mulher, uma desolada mãe solteira.

Joe Berlinger tem experiência em não ficção criminal e tem uma série de TV sobre o assassino chamada "Conversando com um serial killer: Ted Bundy (2019)", dessa forma, seu background o ajudou a ter uma convicção bem clara neste lançamento: ele mostra a "irresistível face do mal" em um roteiro que  Ted Bundy tem lábia, charme e atitudes de um homem inocente, o que torna o filme muito mais incômodo para quem sabe que ele foi um dos maiores assassinos de mulheres do mundo.






Zac Efron, que naturalmente tem seu charme, encarna o homicida com bastante  convicção. Pode se dizer que o filme tem qualidades  e defeitos de forma equilibrada, mas seguramente, uma de suas virtudes é a dedicação do ator em expressar esta alteridade macabra, absurdamente hipócrita de Ted Bundy. Em determinadas cenas, a decisão sobre a narrativa pode levar o público a realmente pensar que Ted Bundy é inocente tamanha a face do mal mascarada. 

Esta dinâmica psíquica do personagem é interessante porque, trazendo para o plano da realidade,  revela que não sabemos quem está ao nosso lado. Normalmente as pessoas têm várias faces como parte de suas máscaras sociais, entretanto, há os que, como Ted Bundy, são mentalmente doentes e letais aos outros. Eles criam um mundo de mentiras que parecem verdades. 

Assim como Liz Kendall se apaixonou loucamente por um serial killer, o mesmo acontece em diversas situações na sociedade, tanto que, durante o processo de tribunal no caso Bundy, ele tinha várias "fãs" que iam ao julgamento, flertavam com ele e apareciam na TV em sua defesa. Na história, a presença da outra namorada dele, Carole Ann Boone (Kaya Scodelario) evidencia como as mulheres se deixam seduzir e se apaixonam por homens tóxicos chegando a um nível de cegueira, obsessão e dependência emocional.

A direção de Joe Berlinger é satisfatória. Ela tem o mérito de sua própria convicção sobre suas escolhas narrativas. Ele não é um diretor perdido na ficção. Ele sabe o que está fazendo e conhece a biografia do serial killer. Embora seja um documentarista, o diretor propicia ao público testemunhar um claro nível de subjetivação do protagonista, compreendendo a sociopatia de Ted Bundy. 




Apesar do filme ter algumas escolhas mais convencionais nos diálogos, alguns mais rasos, outros que não eram tão necessários e deixam o filme redundante na combinação cena (imagem) x fala (palavra/texto); em termos de linguagem cinematográfica, ele cria uma boa ambientação da época (década de 70) , além de executar bons enquadramentos para colocar em ação esta alteridade do personagem, principalmente os planos de close up ou médios . Em outros momentos, exagera  nos recursos de movimentação de câmera sem ter muito a dizer com determinado enquadramento ou repetindo os mesmos movimentos.

De maneira geral, o diretor mais acerta do que erra, o que é um avanço já que ele não é um diretor de ficção. Seus acertos são pautados em utilizar bem os bastidores midiáticos e jurídicos do que foi o processo de Ted Bundy, inclusive imagens de documentário, ademais, tem controle sob a montagem, assim como apoia bem a interpretação de  Zac Efron. Certamente, se houvesse um  grande desequilíbrio nestes elementos, o filme seria bem artificial.


Se por um lado, Zac Efron tem os holofotes sobre si, a personagem de Lilly Collins deixa muito a desejar por dois motivos: primeiramente, mesmo se tratando de uma adaptação do livro de Elizabeth Kendall, ela não tem um papel muito significativo (salvo o terceiro ato, em que dramaturgicamente ela está bem). Sua perspectiva no filme não lhe dá tanto protagonismo nem mesmo em densidade dramática nas cenas, detalhe que é um pouco frustrante.

A outra razão é que o roteiro e direção não favoreceram a  atuação de Lilly Collins.  Há cenas que ela tem mais possibilidade de dar nuances dramáticas à sua dor e vulnerabilidade, em outras, tanto fisicamente como psicologicamente, o seu personagem tem altos e baixos de "over drama" ou uma dramatização superficial. Ela não é convincente com a própria dor em cena (com exceção do último ato). Com certeza, outra atriz mais experiente para o gênero conseguiria um resultado mais crível. 




Kaya Scodelario já segue um caminho oposto: tem um papel menor e bem mais notório considerando o quão detestável é sua personagem. É a mulher que vende a alma e o coração ao diabo e, ainda que seja mais uma coitada a cair nas garras sedutoras de Ted Bundy, na essência, sua personagem tem um mau caráter. Em algumas passagens do longa,  ela age  sem  escrúpulos, algo que é inaceitável como mentir e fazer planos em causa própria sem pensar em inúmeras mulheres que foram assassinados pelo monstro Bundy. O bem da verdade é que suas atitudes não são amor, são egoísmo e loucura.





O filme ainda conta as boas participações especias de John Malkovich como o juiz  e Jim Parsons como o advogado de acusação. Aparições rápidas e bem vindas. 

Esta "irresistível face do mal" está aí para todos poderem ver, entretanto, cabe dizer que Ted Bundy foi um dos assassinos mais frios e dissimulados perante a grande mídia Americana e o mundo. Ele foi um caçador de jovens mulheres, fingia estar machucado, obtinha confiança delas e depois agia com violência. Seus crimes foram executados com barbárie, sem qualquer piedade com as mulheres que ele violentou e matou. Dessa forma, o filme também tem uma "máscara", por assim dizer, considerando que  Ted Bundy parece inocente e legal na figura sedutora de Zac Efron, entretanto, está longe disso.




O filme tem um movimento de não trazer tanta seriedade aos fatos já que Ted Bundy age como uma celebridade, constatação que acaba gerando bastante incômodo, podendo ser odiável a alguns espectadores.  É importante mencionar que a  decisão narrativa do diretor não deixa de ser mais "comercial" para o Cinema. É uma escolha que possibilita às plateias de todo o tipo conhecer o filme, ainda mais com o chamariz  Zac Efron, mas também é desconcertante.





















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