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Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e specialista em Comunicação Com direção de Neil Jordan ,  Obsessão...

Obsessão (Greta, 2019)



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Com direção de Neil JordanObsessão (Greta, 2019) é um daqueles filmes de horror que misturam o absurdo e o imaginário a situações cotidianas nas quais não devemos confiar totalmente nos estranhos. Este clima de atração e repulsa ao encontrar um(a) desconhecido(a) combina perfeitamente com o talento e charme de Isabelle Huppert, uma das atrizes mais experientes e incríveis que conseguem desenvolver um tipo de personagem tão insano e elegante como Greta Hideg.






Ela realiza o papel de uma mulher que atrai suas vítimas, jovens carentes e inocentes, deixando bolsas "perdidas" no metrô da cidade como iscas. Em uma destas investidas, a jovem Frances McCullen (Chlöe Grace Moretz) encontra a bolsa e decide devolvê-la à Greta. Elas desenvolvem uma amizade e, para o azar de Frances, Greta é uma psicopata nível hard. Uma verdadeira stalker de filmes de horror. 



A parceria entre Neil Jordan e Isabelle Huppert funcionou muito bem. A atriz interpreta a personagem com tanta facilidade e naturalidade que chega a ser  sedutor e divertido, mas também intensamente perturbador. Em um pouco mais de 90 minutos de longa, o cineasta tem habilidade para levar os absurdos ao máximo do incômodo. Greta é obstinada, sedutora e inteligente, uma mulher totalmente sem limites, perigosa e sem noção. Huppert consegue dar a ela variadas nuances de insanidade e determinação que são realmente assustadoras.






Do início ao meio do longa, a narrativa se aproxima a algo mais repetitivo que é um tanto aborrecedor em termos criativos, considerando que basta ao filme mostrar a insanidade de Greta e sua atuação de stalker além do crescente desespero de Frances. Nesta faixa de duração, é possível apreciar o filme melhor se o público focar principalmente no talento de Isabelle Huppert e como ela está tomada por um espírito sociopata que apenas a morte da personagem seria capaz de pará-la. 


Greta é própria encarnação do mal em um cotidiano que todos os dias surgem tantos estranhos nas ruas e nas redes sociais que podem ser stalkers a qualquer momento. Ela finge ser maternal, amiga e leal por trás de suas vestes elegantes e sorriso falso. Sua ideia de afeto é totalmente distorcida, doentia, assim, o público está diante de uma elegante e perigosa psicopata. 


De maneira crível, Isabelle Huppert tem total liberdade para atuar nesta parceria. Ela leva o filme como o título. Mais uma vez prova que é uma atriz completa, uma joia rara. O filme só não cai no ridículo ou mais do mesmo por conta da parceria entre ela e o diretor. 







No terceiro ato, Neil Jordan avança qualitativamente na direção. Além da atuação de duas atrizes em boa sintonia, o cineasta faz uma homenagem ao suspense de Brian de Palma e ao gênero horror. Muito consciente, ele expressa que sabe o que faz. Em várias cenas, inclusive na tomada de decisão com relação à edição e à execução do clímax, é inegável seu hábil controle para levar a narrativa entre o imaginário e o real. Em determinadas cenas, especialmente, indo mais ao tenso pico de conflito entre as personagens na casa de Greta, medo e sofrimento se misturam ao riso do absurdo.







Além da ilustre presença de Isabelle Huppert, um dos pontos fortes de "Obsessão" é a capacidade do diretor utilizar ao máximo os benefícios do gênero de forma a favorecer a sinergia entre história, elenco, clímax e desfecho, assim, entregando um filme bem executado, uma homenagem contemporânea ao horror B.








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