A beleza de Antígona está em dramatizar o drama da condição humana, que é a luta pela liberdade. Liberdade que é podada pela tirania do Estado. A figura de Creonte como soberano e sua atitude só reforça que não há liberdade, mesmo que o discurso dos poderosos seja democrático. Não há liberdade na intolerância. Antígona expressa este inferno que aprisiona evocando antes de sua morte: "Sem que alguém cante o himeneu por mim, sem que na alcova nupcial me acolha um hino, caso-me com o negro inferno". Este foi seu clamor antes de ser enterrada viva em uma caverna. Infeliz Antígona, ainda que defendera a família, é enterrada injustamente sem gozar a vida, sem filhos, sem esposo e até sem as honras de um funeral. Esse era o negro e eterno inferno ao qual ela se referia, mas o mesmo negro inferno seria vivido em vida, com a tirania de Creonte e,consequentemente, a falta de liberdade. É interessante observar como os heróis trágicos não têm saída e devem viver a tragédia de seus destinos. Mais interessante é saber que os propósitos trágicos são alcançados tanto nos heróis quanto na audiência. O efeito catártico, de temor e piedade queima em nós como se não fossemos senhores de nossos destinos muito menos culpados pelas nossas desgraças. Assim sentimos piedade pelas Antígonas, Édipos e Medéias da vida. Assim sentimos piedade por todos nós.
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Saudações Cinéfilas e Literárias
Essa madame tá muito chique. Evocando a filosofia para falar de nossas mazelas cotidianas. Mais uma bela seção de Literatura no cinema.
ResponderExcluirOlá Reinaldo, obrigada. É bom filosofar, sometimes(rs)! bjs!
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