melhor ator coadjuvante "Woody Harrelson"
melhor roteiro original
Resenha integrante da Maratona Oscar 2010
por MaDame Lumière.
Glamourize-se antes da premiação
com MaDame.
Will é o militar que acabou de voltar da Guerra do Iraque e está se recuperando dos ferimentos de guerra que atacaram principalmente a sua visão. Inicialmente, Will é um homem muito isolado, estranho, endurecido pela guerra. Tendo escolhido a vida de militar, ele perdeu a namorada de adolescência Kelly (Jena Malone) que ficará noiva de outro homem. É um solitário e, estando de volta, recebeu um "prêmio", agora foi escalado pelo superior a desempenhar a função de mensageiro. Por outro lado, Tony é o militar que tem o expert de mensageiro e é responsável pelo treinamento de Will na nova função. Inicialmente, Tony é um homem durão, machão, com um senso de humor piadista (Harrelson, sempre ótimo) e nem parece ter feridas de guerra a não ser sua recuperação no Alcóolatras Anônimos dado que o alcoolismo é um dos dramas de ex veteranos de guerra.Will e Tony começam a trabalhar juntos nessa triste ocupação e o Mensageiro expõe o drama das famílias cujas cenas são um dos melhores atrativos desse filme. As reações são diversas que vão desde a negação, passando pela agressão e a aceitação até a falta de ação e também muitas lágrimas e gritos de dor. Esses enquadramentos de cena são muito bem realizados porque não soam melodramáticos e apelativos mesmo que sejam dramáticos. As escolhas de cena conseguem variar os tipos de comportamentos familiares em uma situação in(esperada) e projeta o espectador na veracidade de tal forma que é possível imaginar como reagiríamos se estivéssemos no lugar de Will e Tony ou no lugar das famílias. Além disso, através dessas situações de mensageria, pouco a pouco, Will faz uma imersão nesse novo universo profissional mas é também catalisado por ele no nível pessoal. Quebra o protocolo em alguns momentos ainda que realize sua tarefa com aptidão e, seu maior rompimento com o protocolo ocorre quando ele se interessa pela viúva de um morto, Olivia Pitterson (Samantha Morton, em excelente atuação e responsável por uma das mais verdadeiras cenas sobre o quanto a guerra afetou o seu casamento e o seu ex marido).
Embora o respeito ao militar morto é mantido, ou seja, Olivia e Will não se envolvem sexualmente (por sinal, muito inteligente porque o roteiro preferiu manter o respeito à instituição do Exército através da dor de uma viúva), eles sentem uma atração irresistível um pelo outro e se aproximam. Essa aproximação é tão contida que acaba se tornando sensual, tem um lado proibitivo que tensiona as cenas entre eles, que deixa a espectativa se o romance vingará ou não nas próximas cenas. O enredo não é baseado nessa nova relação, no entanto, foi a partir desse envolvimento emocional de Will com uma mulher é que ele começa a mudar seu comportamento. Algumas perdas passadas vêem à tona, ausências também e, então, as dores passadas começam a aflorar. Will lembra da ausência dos pais que não lhe deram o amor devido, do distanciamento com Kelly que não poderia esperá-lo para sempre após seu alistamento militar, da dedicação ao Exército que destruiu o seu corpo debilitando sua visão. No outro lado, Tony lembra do desejo de ter um filho, de sentir falta de uma mulher,de sentir-se solitário. De repente, os dois racionais mensageiros se tornam dois seres emotivos, então tal reviravolta valida que Will e Tony são dois homens que, em meio ao drama de ser mensageiro, tiram suas expressões duronas e mostram suas fragilidades. Olivia também representa um importante ponto de vista feminino, o da mulher de um militar. Aquela que vivia sob a demanda das mudanças locais do marido à serviço do exército, a que era deixada para trás quando o marido era chamado à um combate, a que já não reconhecia o próprio marido após a guerra, a que de repente se vê viúva mas já o era há muito tempo, a que agora terá que criar sozinha um filho orfão de pai militar morto em favor de uma Nação. Sem dúvidas, a participação coadjuvante de Samantha Morton em O mensageiro torna o filme muito mais atrativo.
O Mensageiro é mais um drama dos desdobramentos da guerra no homem, no entanto o que o torna um bom filme é exatamente as belas cenas das reações familiares quando elas são avisadas da morte de seus entes queridos e, em especial, como os mensageiros não escapam aos fantasmas da guerra,sejam os deles, sejam os novos fantasmas que os acompanham à medida que eles notificam o falecimento de militares. Não há como escapar da guerra ainda que seja como mensageiro e, por desempenharem um ofício tão ingrato, eles devem ser reconhecidos (o filme não esquece de tal gratidão através da cena com Steve Buscemi). A tarefa de mensageiro é tão complexa quanto estar na linha de frente de um campo minado e exige razão e emoção. Apesar de15% do filme antes do desfecho começar a perder um pouco do foco em função das extensas sequências em que Will e Tony decidem curtir a vida um pouco mais adoidados (até mesmo para lidar com os fantasmas), em sua estreia na direção, Oren Moverman faz um competente trabalho à serviço da reflexão sobre os dramas de guerra exatamente por servir-se desse equilíbrio razão e emoção para entregar essa produção. A câmera tem o realismo necessário a uma contemplação da dor humana, estando ela na mão ou distanciada, ela ainda é a câmera da notícia fúnebre e dos fantasmas da guerra. A película também vale a pena ser vista pelas atuações e pela oportunidade de se colocar no lugar de mensageiros e famílias. Nenhum familiar precisa estar em uma guerra bélica para recebermos uma má notícia de luto. A guerra cotidiana está aí para todos e só nos resta rogar com fé para que nada de mal aconteça a nós e a nossos queridos.
Título original: The Messenger
Gênero: Drama, Guerra
Duração: 105 min
Diretor(a): Oren Moverman
Esse filme é sublime! Um crime não ter sido indicado ao oscar de melhor filme. Para mim muito, mas muito superior a Guerra ao terror por exemplo. Tem muito mais camadas. Inclusive Ben Foster está melhor do que Jeremy Renner para forçar na comparação.
ResponderExcluirBela critica madame. A minha eu vou publicar lá durante a semana.
Bjs
Reinaldo,
ResponderExcluirEu gostei bastante desse filme também. De uma sensibilidade e bom senso acima de média dessas produções de guerra. Também achei um crime não ter sido indicado, tanto que, enquanto preparava esse post, tive que checar mais uma vez se ele não havia sido indicado ao Oscar de melhor filme (eu não estava acreditando que ele foi deixado de fora). Um lamento!
Ben Foster se encaixou perfeitamente nesse papel e Woody Harrelson sempre com ótimas tiradas. Gostei muito da cena de Ben Foster e Samantha Morton na cozinha. Se eu pudesse a viria várias vezes (esperarei o DVD para revê-la).
Obrigada, Reinaldo! Vou esperar sua crítica com empolgação. bjs!
Estou com boas expectativas desse filme, mesmo sendo com uma trama que eu não goste muito. E quero vê o desempenho de Woody em um papel diferente e até difícil, né?
ResponderExcluirEstou ansioso pra conferir este filme, Madame
ResponderExcluirUltimamente seus filmes tem sido só dos "lançamentos", daí não tenho tido tanto o que acrescentar, já que não ando com tempo de ver todos os recentes...e, sempre dou prioridade aos clássicos ou já lançados há um tempinho...
Beijos
Luis, Acho que você vai gostar. Harrelson sempre arrasa apesar que penso que Foster e Morthon tiveram momentos mais especiais, mais dramáticos. Aguardo sua crítica. abs!
ResponderExcluirCris,
ResponderExcluirAcho que você também irá gostar deste filme. Não se preocupe por não poder acrescentar algo mais, só volte aqui quando assistí-los, não é mesmo? O blog está aí como uma página em aberto.
Tenho aproveitado a temporada do Oscar para fazer minha maratona de lançamentos, mas a tendência é que eu volte a equilibrar minhas críticas entre novos e antigos.
Beijos!