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Ruídos (Noise, 2024)

 




Estreia nos Cinemas - 09 de Outubro.


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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Ruídos: Quando a mente cede espaço ao didatismo

 


O Cinema Sul-coreano consolida-se como uma usina de terror psicológico e suspense de alta voltagem, e Ruídos (Noise, 2024) se insere nesse cenário como um atrativo imediato. Com a promessa de aliar horror atmosférico, influenciado pelo J-horror a uma premissa contemporânea, o filme da A2 Filmes teve desempenho comercial expressivo. Seu sucesso de bilheteria revela um público ávido por narrativas que não se apoiem apenas em sustos fáceis, mas que proponham uma experiência sensorial imersiva. É a combinação entre tensão psicológica e a perspectiva singular da protagonista que, à primeira vista, torna o filme magnético.






O roteiro acende a chama com uma premissa profundamente humana: o desaparecimento inexplicável da irmã de Ju-young (Lee Sun-bin), uma jovem com deficiência auditiva. A busca, inicialmente prática, logo se revela uma jornada interna. O filme é eficaz ao sugerir uma culpa não resolvida e uma separação emocional entre as irmãs. O luto de Ju-young, sua solidão e a dificuldade em lidar com o silêncio e o abismo comunicacional prometem um terreno fértil para um terror que nasce da paranoia e do trauma. O mistério da irmã desaparecida se torna espelho do conflito da própria protagonista, elevando a expectativa de um mergulho na psique atormentada.



Ao focar nos vizinhos e nos ruídos que ecoam pelo apartamento, o filme introduz uma camada temática contemporânea instigante. Vivemos em uma sociedade ruidosa e crescentemente intolerante, onde o respeito pelo silêncio e pelo espaço do outro é constantemente violado. A ideia de que o horror possa emergir do conflito social e da falta de civilidade em ambientes confinados é promissora. No entanto, Ruídos não aprofunda esse embate. Em vez de transformar a intolerância sonora em um terror existencial sobre a vida em comunidade, o roteiro utiliza os conflitos entre vizinhos como recurso narrativo funcional, enfraquecendo o potencial da crítica social em favor de uma convenção de gênero.







Apesar dessas fragilidades temáticas, a direção de Kim Soo-jin é notável na construção da tensão, e o elenco, com destaque para Lee Sun-bin, sustenta a ambiguidade inicial com competência. O design de som é, sem dúvida, o ponto alto: ao nos fazer vivenciar a desorientação e a paranoia de Ju-young, ele se torna um personagem por si só. O problema surge quando o roteiro e a execução se recusam a sustentar a incerteza. A tentativa de resolver o mistério no último ato é apressada e compromete a ambiguidade, minando o excelente trabalho atmosférico e sensorial desenvolvido até então.







O maior deslize de Ruídos reside em seu desfecho. O filme perde força ao tentar entregar uma resposta literal, desperdiçando a chance de usar o horror como expressão de dilemas e traumas internos. A narrativa, ao concluir de forma didática e acelerada, retira do espectador a possibilidade de elaborar o luto, a paranoia e a reflexão. A parte mais vulnerável e rica da trama, a mente de Ju-young, se dilui na pressa de justificar uma ameaça externa.



Ainda assim, Ruídos merece ser assistido. Seu design de som é uma aula de construção de terror sensorial, e a premissa envolvendo luto e deficiência auditiva levanta questões relevantes sobre vulnerabilidade e comunicação. Mesmo sem atingir seu potencial máximo, o filme provoca discussões sobre os caminhos possíveis do gênero. E é justamente na escolha por uma resposta fácil que reside a crítica mais visceral:

Nem tudo precisa de respostas quando a mente humana passa por uma travessia turbulenta.







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