Estreia nos Cinemas - 16 de Outubro.
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Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
O Enigma das seis lâminas e o desafio da imersão cultural
Inspirado por dois mestres do mistério, Arthur Conan Doyle e Edogawa Rampo, Detetive Conan: O Pentagrama de Um Milhão de Dólares reafirma o fôlego de uma das franquias mais longevas e queridas da animação japonesa. Misturando ação, investigação e aquele charme peculiar dos animes clássicos, o longa não apenas honra suas raízes como também conquista novos públicos com uma trama envolvente e visualmente vibrante.
Em 2024, o filme se tornou o maior sucesso de bilheteria no Japão, ultrapassando marcas expressivas e arrecadando cerca de R$500 milhões, superando inclusive grandes produções internacionais. Agora, com estreia prevista para 16 de outubro nos cinemas brasileiros, a expectativa é que esse fenômeno cultural reverta essa força para cá, conquistando fãs e curiosos com sua narrativa pulsante e estética refinada.
A trilha sonora, por sua vez, também desempenha um papel essencial na construção da identidade da franquia. O tema principal, “Soshisoai”, é interpretado por Aiko — cantora nascida em Suita, Osaka, cuja trajetória artística começou ainda na juventude, quando compunha ao piano e se apresentava em festivais estudantis. Com formação musical sólida e passagem pelo rádio antes de ser descoberta por uma gravadora, Aiko é hoje uma artista reconhecida nacionalmente. Sua participação marca a primeira colaboração com Detetive Conan, e sua voz imprime delicadeza e força emocional à narrativa, o que amplifica o vínculo afetivo com o público.
A distribuidora Sato Company, responsável por trazer o filme ao Brasil, tem se destacado por uma curadoria afiada nas animações asiáticas. Mais do que uma escolha pontual, esse movimento revela um posicionamento mercadológico claro: valorizar produções orientais e ampliar o repertório cinematográfico disponível nas salas brasileiras. Em tempos de cartazes saturados por fórmulas repetidas, apostar em narrativas investigativas vindas da Ásia é também um gesto de coragem, uma forma de oxigenar a experiência do público e democratizar o acesso a outras formas de fazer cinema.
Em meio aos ventos gelados de Hakodate, o filme desenha uma narrativa que gira em torno de um tesouro ancestral, cobiçado, protegido e envolto em segredos que atravessam gerações. O roubo de espadas raras, ligadas à família Onoe, acende o mistério que une Conan e Heiji em uma investigação que vai muito além da superfície.
Entre torneios de kendo, espadachins mascarados e confissões amorosas que tropeçam na própria timidez, o enigma das seis lâminas se revela como a chave para uma disputa que envolve honra, legado e ambição. O longa transforma o suspense em uma dança entre passado e presente, onde cada pista é uma peça de um quebra-cabeça histórico que pulsa com urgência e beleza.
Como produção audiovisual, O Pentagrama de Um Milhão de Dólares é tecnicamente impecável. A animação carrega o legado de 27 filmes anteriores e reafirma uma identidade visual e narrativa já consolidada. Há uma reverência clara ao Kendo, arte marcial japonesa que não apenas compõe o pano de fundo da trama, mas também reverbera valores como disciplina, coragem e honra — pilares que dialogam com o espírito investigativo do filme. A presença de clubes estudantis que praticam o Kendo reforça esse vínculo cultural, enquanto o roteiro se desdobra com um elenco amplo, reunindo figuras queridas como Heiji, Conan e o enigmático Kid Fantasma.
Para os fãs da franquia e do universo anime, o longa entrega agilidade, lógica e vínculos afetivos, costurando histórias pessoais e rivalidades em uma investigação que pulsa com intensidade. No entanto, para quem não está familiarizado com esse universo tão específico da cultura pop japonesa, o filme pode soar hermético e desafiador. A narrativa se apoia em múltiplas camadas investigativas que se entrelaçam com rapidez, exigindo atenção constante e uma predisposição para acompanhar deduções que, por vezes, surgem com urgência e certa confusão.
O envolvimento emocional, ainda assim, é facilitado pelo carisma dos personagens e pela estética própria da animação japonesa — que carrega, em si, um emaranhado de emoções que vão do amor juvenil à busca por justiça. Mas a multiplicidade de personagens e desdobramentos acelerados pode dificultar uma conexão mais profunda, especialmente para quem não acompanha a franquia com regularidade.
É bem provável que, para quem mergulha com profundidade na franquia ou está inserido na cultura japonesa, cada cena de Pentagrama de Um Milhão de Dólares reverbere como um presente. Fica a provocação: embora não seja necessário conhecer inteiramente uma cultura para se encantar com um filme estrangeiro, a narrativa precisa oferecer caminhos de acesso. Em alguns fragmentos, o longa dificulta essa imersão — não por falta de competência ou potência, mas por estar profundamente enraizado em um universo próprio.
O sucesso estrondoso no Japão e a marca de 38 milhões de visualizações globais na Netflix confirmam sua força. Mas também evidenciam que nem todo fenômeno local se traduz com igual intensidade fora de sua origem.
De certa forma, este é um fã service de grande diversão. Como animação internacional, talvez um roteiro com mais ganchos emocionais pudesse facilitar o espelhamento com públicos diversos. Ainda assim, cada experiência com o cinema é subjetiva e única. E esta, sem dúvida, é uma produção de primeira grandeza — que será acolhida em diferentes níveis de satisfação, inclusive no meio termo, por quem ainda está descobrindo os encantos e complexidades do universo dos animes.
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Cristiane Costa, MaDame Lumière