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Mostra SP: Novembro (Noviembre, 2025)


 


Mostra internacional de Cinema de São Paulo

16 a 30 de Outubro de 2025


#MostraSP #Drama #Política#Memória #CríticaSocial #Guerra #CinemaLatinoAmericano #CinemaColombiano  #RepressãoMilitar #49ªmostra #49mostra #euvinamostra #FestivaisDeCinema #Lançamentos #VulcanaCinema


Lançamento oficial nos Cinemas: 30 de outubro de 2025, uma coprodução internacional entre Colômbia, Brasil, México e Noruega, com a produtora Gaúcha Vulcana



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Novembro: A Crise do Diálogo e o Colapso Civilizatório



Há feridas na história que o tempo insiste em não cicatrizar. A arte cinematográfica, por sua vez, emerge como o cirurgião necessário para expor o trauma e convocar a memória. Novembro, dirigido por Tomás Corredor, é um drama de guerra e claustrofobia que revisita um dos episódios mais trágicos e controversos da história recente da Colômbia: a tomada do Palácio da Justiça pelo grupo guerrilheiro M-19, em 1985. Quarenta anos após a tragédia, o filme se impõe como um imperativo de memória, reafirmando que esta é uma ferida aberta e de compreensão turva, marcada por um número indefinido de mortos e desaparecidos.



A decisão de Corredor de realizar este filme é, por si só, audaciosa. O resultado revela limitações de material histórico, e embora os planos documentais elevem a narrativa, são cortes ligeiros e rápidos. Como ocorre em muitas obras sobre repressão e violência política, Novembro evidencia que nem as famílias das vítimas nem a humanidade saberão plenamente o que aconteceu.







Essa limitação estrutural impacta diretamente o desenvolvimento dos personagens. Nem mesmo o foco claustrofóbico da cena no banheiro, aos 27 minutos, resolve o ponto nevrálgico da narrativa: a escassez de material investigativo e o polimento insuficiente do roteiro. Faltaram tempo e pesquisa para compor personagens com densidade emocional e tensão dramática. O elenco em cena merecia uma construção mais profunda para refletir a gravidade da tragédia.



Nesse sentido, os atores foram subaproveitados. Natália Reyes, no papel de Mona, entrega uma performance empática e contida, mas não alcança a catarse emocional que a tragédia exige. Seu potencial é latente, com visibilidade estratégica ideal para o circuito de festivais. Para transcender da esfera funcional ao território do magnífico, Reyes precisa de um diretor de atores mais experiente, alguém que a desafie a expor a alma e destrave seu alcance emocional.



A escolha de ambientar o filme em um único espaço não é, por si só, um problema. Há obras que brilham nesse formato. O desafio está em fazer com que o texto e os personagens ressoem com força suficiente para sustentar essa opção. É admirável tocar em uma dor coletiva, mas a impressão que fica é de que faltou articulação entre os personagens e uma narrativa menos linear e previsível.



O filme exige que o público busque a história fora dele, o que tem prós e contras. Contra: ao não contextualizar bem os eventos, espectadores que desconhecem esse momento histórico da Colômbia podem se sentir menos engajados. Pró: ao deixar lacunas, o filme pode estimular a curiosidade e a pesquisa sobre o fato.








A execução é contida tanto nas emoções quanto na duração, o que contrasta com a complexidade do tema, que exigiria uma abordagem mais robusta e investigativa. A recepção do público dependerá do quanto cada espectador sentirá falta de material de esquina em cena.



De qualquer forma, o filme deixa um aprendizado claro que podemos complementar como crítica social. O diálogo de um presidente é relevante e necessário. Ao se calar, o presidente abdica de sua responsabilidade com o povo, delegando a outros a força bruta e decisões autoritárias que culminam em destruição. Isso explica por que essa tragédia é tão dolorosa e merece ser melhor investigada, seja como documentário, seja como ficção. Quando um palácio da justiça é destruído junto com civis, magistrados e forças oponentes, quem perde é a sociedade cujo pacto civilizatório foi traído por seu representante.




(2,5)


(Nota da editora e crítica para o público: A nota reflete o reconhecimento da proposta e da coragem temática, mas também aponta falhas estruturais que comprometem o impacto emocional e narrativo da obra. É uma crítica que tensiona, não pune). Para o debate e reflexão histórica, o filme vale ser prestigiado na Mostra ou na estreia.



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