Estreia nos Cinemas - 16 de Outubro.
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Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Adoção, Coragem e Lealdade: O Voo Emocional de Bico Dourado
A animação é um terreno fértil para aproximar crianças e suas famílias dos valores universais que cooperam para uma educação mais dialógica, sem esconder, contudo, que a lealdade e o amor nem sempre vêm de quem se espera.
Entre Penas e Bicadas (GoldBeak, 2023), a nova animação dirigida por Nigel W. Tierney (Shrek Para Sempre, Kung Fu Panda 3) chega da China para conquistar os espectadores com o carisma de uma águia que amadurece mesmo em meio à memória de um luto sobre o qual ele não sabia a real verdade.
Criado entre galinhas, Bico Dourado acredita não saber voar.
Ao lado de sua irmã Catraca, ele embarca em uma jornada até Bird City, onde começa a desvendar o mistério de seu nascimento. Lá, encontra familiares, descobre verdades ocultas e se vê diante de uma batalha histórica entre águias e galinhas, uma metáfora clara sobre pertencimento, identidade e escolhas que moldam o futuro.
Com codireção de Dong Long e roteiro assinado por Robert N. Skir, Jeff Sloniker e Vivian Yoon, a animação aposta em uma narrativa acessível, com ritmo ágil e personagens que se comunicam bem com o público infantil. A dublagem brasileira com João Vitor Mafra, Sicília Vidal e Marco Antônio Abreu reforça o envolvimento emocional, enquanto as vozes originais, incluindo David Henrie e Valkyrae na versão norte-americana, ampliam o alcance internacional da produção. É um elenco plural que empresta vida e textura aos personagens, permitindo que a história ganhe camadas afetivas e reverberações globais.
O que emociona na trajetória de Bico Dourado é perceber que seu pertencimento não nasce de laços sanguíneos, mas de uma rede de afetos construída por galinhas que o acolheram como filho. Na lógica da história, essas aves são vistas como simples, terrenas, até subestimadas, enquanto as águias brilham em sua elegância, riqueza e imponência. Mas é justamente nesse contraste que a metáfora ganha força: não importa a origem, nem o prestígio que ela carrega. O que realmente importa é o vínculo genuíno que conseguimos cultivar. Bico Dourado foi amado por quem estava presente, por quem cuidou, por quem ofereceu afeto, a essência do que a vida deveria ser.
A beleza da história reside justamente nesse processo de transformação, ainda que o bom embalo e a agilidade da animação acabem acelerando o amadurecimento de Bico Dourado. De uma águia medrosa e insegura, ele se torna uma figura potente, movida pela busca da verdade e pela coragem de enfrentar o que foi ocultado. Sua trajetória é marcada por lealdade, e só isso já valeria o ingresso. Mas há mais: Bico Dourado é também um personagem encantador, com carisma e doçura suficientes para conquistar o público desde os primeiros minutos. Ele é, sem dúvida, muito fofinho e isso também importa.
Visualmente, a animação é vibrante e colorida, com cenários que misturam fantasia e natureza em proporções encantadoras. Embora o roteiro siga uma estrutura clássica de jornada do herói, ele acerta ao tratar temas como luto, adoção, pertencimento e coragem com delicadeza. A relação entre Bico Dourado e Catraca é o coração da história, uma irmandade que resiste às adversidades e que, mesmo em meio a revelações difíceis, se mantém como porto seguro.
No conjunto, a animação funciona como uma fábula moderna: leve, divertida e com espaço para reflexões. Ideal para sessões em família, o filme convida o público a pensar sobre o que nos define, e sobre como, às vezes, é preciso voar para longe das certezas impostas para encontrar a verdade que mora dentro de nós.
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