Mostra internacional de Cinema de São Paulo 16 a 30 de Outubro de 2025 #MostraSP #Drama #relacionamentos #MulheresnaDireção #Casamento #Am...

Mostra SP: Nosotros (2025)

 




Mostra internacional de Cinema de São Paulo

16 a 30 de Outubro de 2025



#MostraSP #Drama #relacionamentos #MulheresnaDireção #Casamento #Amor #Separação #CinemaEuropeu #CinemaEspanhol  #49ªmostra #49mostra #euvinamostra #FestivaisDeCinema


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Nosotros (2025), de Helena Taberna: A Ressignificação do Afeto em Silêncio



O cinema sempre foi nosso grande confessor e território para o desnudamento das relações humanas. Contudo, poucas narrativas se atrevem a investigar a complexidade de um amor que se encerra, não pelo drama repentino, mas pela corrosão lenta do cotidiano. É nesse terreno minado e íntimo que se posiciona o drama espanhol Nosotros (2025), de Helena Taberna, um dos destaques da Mostra SP, baseado no romance de Isaac Rosa. Histórias de amor têm começo e fim, e a dissolução nem sempre resulta em ódio. Pode restar o amor, sim, mas também o ranço, e tudo bem. A coragem reside em ressignificar, permitindo que, se algo bonito foi vivido, permaneça, pelo menos, o respeito.



A diretora Helena Taberna opta por uma narrativa fragmentada, cuja montagem desordenada retrata diferentes períodos da relação de Ángela e Antonio, vividos por María Vásquez e Pablo Molinero. Esse recurso se revela um acerto estético. Para o espectador, a experiência de acompanhar o casal se assemelha à própria sensação de reviver um relacionamento afetivo. Afinal, lidamos com emoções, contextos e ações que não seguem uma ordem cronológica regular. A vida a dois é feita de picos e vales, amores e desamores, e essa montagem traduz de forma verossímil a maneira como a memória, e não o relógio, dita a cadência dos sentimentos.








A qualidade da obra é inegavelmente sustentada pelo desempenho magistral dos atores. María Vásquez e Pablo Molinero elevam o roteiro, humanizando os silêncios, as incompreensões e os afetos com notável profundidade.



Embora o texto dramático, em termos narrativos, seja mais desencontrado ou, para ser mais preciso, sem um arco dramático tradicional, a atuação em conjunto com a proposta montada resulta em uma harmonia narrativa rara. O filme nos permite testemunhar situações cotidianas simples que replicam nossos próprios clichês ou ações incompreensíveis. E, de fato, é essa autenticidade que define a vivência de uma relação.







O filme carece deliberadamente de um elemento climático, da reviravolta explosiva que o cinema convencional de relacionamento costuma oferecer. Nem mesmo a traição, quando sugerida, é tratada como um evento passional. Infiro que essa seja uma escolha consciente de Taberna, que busca manter uma linha legítima de respeito com o casal e também com o público, evitando o melodrama e as cenas de confronto emocional explícito. A história em si encontra sua autenticidade na forma como casais se rompem, mesmo quando ainda há afeto ou quando o motivo exato se torna nebuloso. 



O longa demonstra que amar é belo, mas é na intimidade da experiência individual que a satisfação reside. Buscar completude no outro é sempre um terreno delicado, e o filme explora a diferença entre desejo e amor. É possível amar alguém profundamente e, ainda assim, ver o desejo esmaecer.



Com um ritmo mais lento e profundamente intimista, Nosotros exige do espectador uma predisposição para o recolhimento. Minha recomendação é clara: assista a ele nesse timing, com o humor de quem busca entender que a ressignificação do afeto é o melhor caminho. O filme oferece uma bússola emocional para atravessar o luto silencioso das separações sem ruptura.






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