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Casa de Dinamite (A House of Dynamite, 2025)

 




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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação



Casa de Dinamite: O Sistema em Estado de Alerta e Medo



Kathryn Bigelow, uma cineasta expert em dissecar dramas de guerra e disputas político-militares, retorna à Netflix com Casa de Dinamite (A House of Dynamite, 2025), completando uma trilogia sobre dilemas contemporâneos dos EUA (iniciada por Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura). A nova obra é um suspense tenso e atual que coloca o establishment americano diante de um ataque iminente, revisitando a tese de que a nação cresceu sob a ditadura do medo. A diferença é que Bigelow não busca o confronto no campo de batalha, mas no campo psicológico da tomada de decisão.








O filme utiliza e abusa dos close-ups, e essa escolha é um acerto crucial. A câmera, sob o comando do veterano colaborador Barry Ackroyd, mimetiza o documentário de guerra, mas com a estética de ficção, criando uma tensão ansiosa. O trabalho em parceria entre a diretora (Kathryn Bigelow) e Ackroyd é um dos pilares do filme. Essa linguagem visual é eficaz ao forçar o espectador a se sentir claustrofóbico e íntimo da ansiedade dos personagens que, nesse contexto, estão de mãos atadas. A técnica exige uma ótima direção de atores, bem-sucedida, para que cada rosto, em sua expressão de medo e incerteza, sustente a narrativa.




O filme utiliza uma estrutura de três divisões para explorar o mesmo período de 18 minutos de crise sob diferentes perspectivas: o míssil lançado contra os EUA e o impacto iminente em Chicago. Essa repetição, embora cansativa para alguns, é compreensível. O filme se serve da fonte do medo que cresceu sob a ditadura americana, mas a diretora não tinha muita escolha criativa, pois os padrões de tomada de decisão em situações de crise na Casa Branca se repetem. O longa acerta ao trazer ótimos atores, como Rebecca Ferguson e Idris Elba, que fazem participações rápidas, mas eficientes, dando autoridade e urgência aos seus respectivos núcleos.



O cerne da obra é a crítica de que os EUA investem bilhões em armamento, mas não têm controle de tudo e de todos. O filme questiona a arrogância política e tradicionalmente poderosa do país. A tensão se concentra no que não se tem controle. O verdadeiro inimigo, no fim das contas, é o sistema que constrói a própria ameaça. É uma crítica que se insinua: os EUA vivem se protegendo, mas a paranoia que desenvolveram criou uma bomba própria dentro do seu sistema de segurança.







O desfecho é um soco no estômago e, embora frustrante para quem busca a redenção hollywoodiana, é totalmente compreensível. A diretora foi audaciosa ao deixar o final em aberto, o que ajuda o público a criticar e repensar o sistema. Na minha experiência, o nível de exigência de Kathryn Bigelow com o elenco e a intimidade com que ela conduz essa narrativa de alta tensão salvam o projeto das falhas estruturais, garantindo a ótima atuação emocional dos atores com seus close-ups.



Casa de Dinamite é um thriller potente que transforma o medo global em uma reflexão íntima sobre o poder e a falibilidade humana. É um filme que não tem heróis, mas tem a coragem de forçar o espectador a confrontar a incerteza, deixando claro que o maior perigo reside na confiança cega em um sistema que pode ruir a qualquer momento.




(3,5)





Imagem cedidas: Assessoria de imprensa Netflix 

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