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  Horror psicológico Dinamarquês apresenta um final seco e cruel e escancara a psicopatia dos anfitriões de uma família #horror #terrorpsico...

Não fale o mal (Gæsterne, 2022)

 




Horror psicológico Dinamarquês apresenta um final seco e cruel e escancara a psicopatia dos anfitriões de uma família


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Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 



O terror psicológico em toda sua força narrativa tem um carater revelador de transformar ameaças, medos e paranoias em experiências dilacerantes pelas quais nem mesmo o ser humano mais pessimista esperaria. Mais dilacerante do que lidar com esses elementos assustadores ocorre quando o perigo vem daqueles que dissimulam uma pseudo simpatia, demonstrando que os piores pesadelos convertidos em realidade podem ser conhecidos, amigos e/ou familiares. É o que acontece no longa-metragem Dinamarquês Não fale o mal (Speak no Evil/ Gæsterne, 2022) dirigido por Christian Tafdrup.












O roteiro mostra duas famílias que se encontram em uma viagem à Toscana: uma Holandesa com o pai Patrick (Fedja van Huêt), a mãe  Karin (Karina Smulders) e o filho Abel (Marius Damslev), e a Dinamarquesa formada pelo pai Bjorn (Morten Burian), a mãe Louise (Sidsel  Siem Koch) e a filha Agnes (Lisa Forsberg). Na ensolarada e inspiradora cidade, as famílias se conhecem e o convidativo espírito de férias e diversão coopera para deixar o momento agradável e promissor. Como a maioria das viagens, as pessoas estão abertas a ser hospitaleiros uns com os outros e fazer amizades. Daí nasce uma potencial amizade.












Após um período, o surpreendente acontece: surge um convite para que a família Dinamarquesa viaje para a casa de campo dos holandeses. Um convite com possibilidade de quebrar a rotina, conectar-se com outro país e cultura, estreitar os laços de confiança e relaxar. Afinal, que mal poderia acontecer? Nenhum, pois foram tão gentis. Bjorn e Louise se empolgam com a ideia e viajam com sua filha. São bem recebidos inicialmente, porém hábitos e comportamentos estranhos da família Holandesa começam a provocar incômodos. Por mais flexível e educada que a família Dinamarquesa fosse, a viagem se torna um pesadelo.







Assim como o remake Americano protagonizado por James McAvoy e Mackenzie Davis em 2024, Não fale o mal é um excelente filme que ultrapassa os limites do horror e mostra a cruel natureza comportamental do ser humano. Na sua profundidade, é uma narrativa que diz muito sobre o perigo que pode vir daquela pessoa ou local inesperados, logo, ninguém é integralmente confiável. O suspense vai revelando comportamentos inconvenientes de Patrick e Karin que, se forem vistos na vida real, também causariam constrangimentos e espantos e, no mínimo, um cuidado e atenção maior na aproximação. De fato,  tais incômodos acontecem em menor ou maior grau, inclusive com o aumento crescente da violência, banalização da vida e relações frágeis e fraturadas. Um exemplo disso é a constatação de que muitos assassinos tinham proximidade ou a confiança das vítimas.












À medida que a família Dinamarquesa convive com os holandeses, as interações vão ficando bizarras e insustentáveis. O que eles não esperavam era o grau de violência que estavam lidando ao passar uma temporada com pessoas severamente perigosas, ou seja, criminosos com alto nível de psicopatia. Excêntricos e frios, o casal Patrick e Karin conseguem ser mais cruéis do que o casal protagonizado por James Macvoy e Aisling Franciosi, exatamente por serem mais quietos e misteriosos.












Nessa característica está uma das diferenças  da narrativa: a versão Dinamarquesa não perde a abordagem fria e crua, em contínuo suspense e mistério nas interações das personalidades em questão. Enquanto o remake Americano tem uma narrativa que insere uma melhor conexão afetiva com os personagens visando atender uma perspectiva mais "blockbusteriana" de entretenimento, o filme de Christian Tafdrup vai direto ao ponto com relações mais distantes, cínicas e econômicas, com um terror psicológico mais entremeado nos silêncios e poucos diálogos e ações das famílias e utilizando menos o protagonismo das crianças em comparação ao filme de 2024.





Essa diferença na experiência com o filme não é apenas uma questão cultural, mas está relacionada a uma escolha de roteiro e direção ao usar o personagem de James MacVoy, que é bastante conhecido pela intensidade e entrega a papéis perturbadores. Hollywood optou por unir o útil ao agradável e ambas as versões se aproximam mas projetam ações diferentes. No caso de Fedja van Huêt, a sua violência está evidente, mas ainda contida e calculista, sendo ele capaz de surpreender a audiência com um nível altíssimo de psicopatia. Com isso, a versão original tem menos ação física, o que o torna mais inquietante, mas não menos cruel considerando que a ação mais impactante é o final.





Tendo em vista seu desfecho, esse longa é um soco no estômago. Aquelas cenas finais que ficam na mente por dias. Traz consternação diante da trágica ocorrência e também compaixão pela família Dinamarquesa. É como aquele corte abrupto, gelado e impiedoso dado no final de uma história que o espectador tem vontade de dizer: "Parem com isso! Não o façam!" Mas que infelizmente, demonstra que a crueldade humana isola e silencia as vítimas.






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