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  Romance leve sobre relacionamento amoroso intergeracional  ajuda a refletir sobre desafios reais para a mulher madura #Dicadestreaming #Co...

Uma ideia de você (The Idea of You, 2024)

 


Romance leve sobre relacionamento amoroso intergeracional 

ajuda a refletir sobre desafios reais para a mulher madura


#Dicadestreaming #Comédiaromantica #Romance



Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação

 



É ingenuidade pensar que precisamos de uma obra prima cinematográfica para refletir sobre questões complexas e práticas dos relacionamentos afetivos. Na verdade, não é tão necessário. Na maioria das vezes, uma simples história sobre um namoro inesperado nos desperta a compreender as reais dinâmicas amorosas que, de tão recorrentes, se tornam clichês contemporâneos. Nesse campo, as comédias românticas e os romances funcionam muito bem.





Uma ideia de você (The Idea of you, 2024) está mais para romance do que para comédia romântica exatamente por colocar a protagonista Solène (Anne Hathaway), uma mulher de 40 anos, dona de uma galeria de arte, divorciada e com uma filha adolescente no centro da narrativa. Por um empurrão do destino, ao ir ao Festival Coachella, ela conhece o astro da boy band August Moon, Hayes Campbell (Nicholas Galitzine), vocalista de 24 anos no auge do sucesso. A troca de olhares e a atração física são imediatas e, a partir dali, nasce um relacionamento amoroso.











Baseado na adaptação homônima de Robinne Lee, nos bastidores midiáticos especula-se que a história foi criada a partir de uma fanfic de Harry Styles, ex-vocalista do One Direction. Entretanto, independente de quem seja a inspiração, o filme naturaliza a relação como algo mais leve, com um romance bem charmoso com os ares da educação e cotidiano Britânico. Até mesmo em turnê mundial, a banda não passa por grandes acontecimentos e nem dramas extremos, mas isso não quer dizer que a complexidade da relação intergeracional não está ali nas entrelinhas.





Como a maioria dos romances com protagonistas bonitos, elegantes, atrativos e inspirados em best sellers,  jamais um diretor pesa a discussão. Por essa razão, a personagem de Anne Hathaway é bem mais interessante. Extremamente competente e experiente, ela sabe dosar as emoções reais e dá um ótimo tom entre a leveza e o incomodo, entre o amor e a insegurança, entre o viver e o esperar. Ao conhecer Hayes, é como vencer a si mesma: "sou digna de namorar um gato riquíssimo e desejado por milhões de pessoas?" "Sou linda o suficiente ou vão me achar uma ridícula?" São indagações comuns por mais segura e bem sucedida seja uma mulher acima de 40 anos, pois permeiam o amadurecimento acerca do etarismo e seus desafios presentes no dia a dia.











A partir desse primeiro auto desafio, Solène se entrega ao relacionamento e recua em diferentes momentos. Tais comportamentos são algo natural no cotidiano, tendo em vista que mulheres sofrem incontáveis danos emocionais e são criticadas tanto por homens como por mulheres. Solène já se decepcionou com homens com idades similares a ela, como por exemplo, Daniel (Reid Scott) seu ex-marido infiel. Agora se vê com um homem mais jovem que a trata com carinho e respeito. Além do mais, vem o elemento de ser a mãe da jovem Izzy (Ella Rubin), trazendo à discussão de que, se Hayes namorasse a filha dela, com certeza as pessoas seriam menos cruéis e preconceituosas e estariam mais abertas a aceitar a nova namorada do astro. Agora  vê que o apoio e bem estar da sua filha são inegociáveis.






Em todas as vias, é possível perceber que o amor entre Solène e Hayes ultrapassa a mera atração física e paixão e se transforma em um processo de aceitação, troca e companheirismo. Entre altos e baixos, eles são um casal muito promissor que claramente sofre das consequências da fama e da visibilidade, assim, quando o relacionamento ganha os holofotes das redes sociais, a narrativa mostra a crueldade das pessoas em julgar uma mulher mais velha com um namorado jovem.





Não é preciso ir muito longe para constatar que a sociedade não está preparada para essa aceitação e precisa evoluir muito em empatia,  tendo em vista que homens sexagenários namoram as chamadas "novinhas" com bastante naturalização e ainda criticam  mulheres quem não tem o mesmo viço na pele; por outro lado, mulheres acima de 35 anos já são julgadas por seus corpos e consideradas inadequadas ao flertar ou namorar com homens mais novos. As próprias músicas atuais, em grande parte esvaziadas de conteúdo e valor, fazem menção ao "velho da lancha" e às "novinhas", continuamente baixando o nível. Enquanto isso, quais as músicas que valorizam as mulheres mais velhas? Raras.











Diante de tanta hipocrisia na sociedade, por que a mulher mais velha é julgada por se relacionar com um homem jovem? Por que ela é considerada incapaz de ser amada ou não digna de estar com o homem lindo, jovem e bem sucedido? Enquanto que o homem é aplaudido por suas conquistas, exibindo mulheres mais jovens ou dentro de um padrão estético como se fossem troféus, mulheres que têm maturidade e responsabilidade afetiva e querem realmente amar são julgadas levianamente?





Com todos esses desafios diários da mulher madura, o desfecho do filme traz esperança e desperta a lealdade das relações, um verdadeiro presente na vida de uma mulher que só deseja amar e ser amada. A última cena traz calma e acolhimento, com todo o carinho que a mulher precisa. No mais, a vida deveria ser mais simples se o Amor fosse respeitado em toda a dinâmica social e não julgado por uma sociedade líquida que já deixou de valorizá-lo há muito tempo.










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