Por Cristiane Costa, Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação
Acompanhando a cinematografia das produções Francesas, é muito evidente que eles se dedicam mais aos dramas e comédias, traço que faz com que o Cinema Francês seja apreciado pelas suas diferentes estéticas, histórias, humores, com maior aceitação pelo público. O Festival Varilux de 2019 apresentou algumas características que, até então, não eram tão comuns nos últimos festivais como a comédia de ação "Finalmente livres" e adaptações como "Cyrano Mon Amour" e "A Revolução em Paris" que têm significativa influência do teatro na cena cinematográfica.
Ainda que o foco desse texto não seja abordar sobre os filmes presentes no Festival Varilux, um dos motivadores para abordar sobre o longa de Daniel Roby, "O último suspiro" (Dans la Brume, 2018) é exatamente dar visibilidade às tentativas do Cinema Francês não ser mais do mesmo, em outras palavras, a tentativa de oxigenar a sua cinematografia. Assim como a programação do Festival trouxe algumas novidades em 2019, o filme de Roby, uma coprodução Canadá e França, tem uma virtude que nem sempre é vista no Cinema Francês: a coragem de fazer algo diferente, mesmo que tenha inúmeras falhas e apresente um resultado nada atraente.
Estrelado pelo experiente Romain Duris, no papel de Mathieu, um pai amoroso e dedicado, o filme combina o drama familiar com a ficção científica. Os Franceses não costumam realizar ficção científica, assim, no mínimo, é curioso ver Duris em um longa com essa proposta. Ao seu lado, como esposa, está Olga Kurylenko, que tem um papel menor e não devidamente aproveitado na narrativa. Fantine Harduin performa Sarah, filha do casal. Ela tem uma doença rara que a impede de respirar no mundo real, logo, é obrigada a ficar presa em uma redoma que representa o seu quarto.
O filme tem problemas de roteiro e execução que provocam um conflito entre a proposta audaciosa e diferenciada como ficção científica e o amadorismo do diretor no gênero. Daniel Roby, que não é experiente nem no gênero e nem no Cinema, trabalha em um ambiente que tem o estranhamento entre o mundo real e o ficcional bem caracterizado, afinal, imagine Paris tomada por uma névoa bizarra como se fosse um outro planeta; entretanto, ele não aproveita essas especificidades. Não aproveita espaço, tempo e nem atores, desperdiçando claramente o tempo do espectador.
O público se vê diante de um filme que tem uma direção de arte com o intento de criar esse universo particular, mas as cenas de ação são amadoras e demonstram uma insegurança do diretor sobre o que fazer com cenário e atores. Como exemplo, em uma das cenas, Duris e Kurylenko fogem de um cachorro furioso, sendo esse um dos poucos riscos de vida. Em outra cena, Duris briga com um policial que só pensa em si. Em todas elas, o resultado é muito amador, a conclusão da sequência beira o ridículo. No geral, o não convencimento da obra como ficção científica é alimentada pela ação e luta pela sobrevivência pouco desenvolvidas no roteiro.
As poucas cenas que fazem a diferença resgatam o que o Cinema Francês tem de melhor: sua humanidade. Ver os pais se esforçando e renunciando para conseguir o bem estar da filha não tem preço. Ver um casal de velhinhos que não se separam mesmo que o mundo acabe desperta uma reflexão sobre o valor da vida, o amor e companheirismo.
Esses momentos são mais sensíveis e unem as pessoas em volta do poder emocional do Cinema. Por outro lado, existem equívocos mesmo no seio familiar, por exemplo, a atuação de Harduin, especificamente o seu texto, é muito precário e aborrecedor. É uma filha que, em vários momentos, mais dá ordens nos pais ou fala de qualquer jeito do que demonstra afeto e gratidão. De fato, uma personagem mal desenvolvida e com pouca expressividade para o drama de sua biografia.
Por fim, quem faz de tudo para salvar o longa mas não consegue: Romain Duris. Ele é excepcional na sua filmografia, mas, esta ficção científica não aproveita suas virtudes e potencial, o que leva a pensar o porquê ele aceitou esse papel. Com o desfecho surpreendente que, por sinal, demonstra que a história tem um fundamento inteligente, fica mais notório como a execução foi ineficiente.
Como grandes lições sobre o filme: Franceses e seus países parceiros podem fazer ficção científica pois o Cinema é também feito de coragem para falhar, mas somente o façam se realmente a execução não seja tão amadora.
Ainda que o foco desse texto não seja abordar sobre os filmes presentes no Festival Varilux, um dos motivadores para abordar sobre o longa de Daniel Roby, "O último suspiro" (Dans la Brume, 2018) é exatamente dar visibilidade às tentativas do Cinema Francês não ser mais do mesmo, em outras palavras, a tentativa de oxigenar a sua cinematografia. Assim como a programação do Festival trouxe algumas novidades em 2019, o filme de Roby, uma coprodução Canadá e França, tem uma virtude que nem sempre é vista no Cinema Francês: a coragem de fazer algo diferente, mesmo que tenha inúmeras falhas e apresente um resultado nada atraente.
Estrelado pelo experiente Romain Duris, no papel de Mathieu, um pai amoroso e dedicado, o filme combina o drama familiar com a ficção científica. Os Franceses não costumam realizar ficção científica, assim, no mínimo, é curioso ver Duris em um longa com essa proposta. Ao seu lado, como esposa, está Olga Kurylenko, que tem um papel menor e não devidamente aproveitado na narrativa. Fantine Harduin performa Sarah, filha do casal. Ela tem uma doença rara que a impede de respirar no mundo real, logo, é obrigada a ficar presa em uma redoma que representa o seu quarto.
O filme tem problemas de roteiro e execução que provocam um conflito entre a proposta audaciosa e diferenciada como ficção científica e o amadorismo do diretor no gênero. Daniel Roby, que não é experiente nem no gênero e nem no Cinema, trabalha em um ambiente que tem o estranhamento entre o mundo real e o ficcional bem caracterizado, afinal, imagine Paris tomada por uma névoa bizarra como se fosse um outro planeta; entretanto, ele não aproveita essas especificidades. Não aproveita espaço, tempo e nem atores, desperdiçando claramente o tempo do espectador.
O público se vê diante de um filme que tem uma direção de arte com o intento de criar esse universo particular, mas as cenas de ação são amadoras e demonstram uma insegurança do diretor sobre o que fazer com cenário e atores. Como exemplo, em uma das cenas, Duris e Kurylenko fogem de um cachorro furioso, sendo esse um dos poucos riscos de vida. Em outra cena, Duris briga com um policial que só pensa em si. Em todas elas, o resultado é muito amador, a conclusão da sequência beira o ridículo. No geral, o não convencimento da obra como ficção científica é alimentada pela ação e luta pela sobrevivência pouco desenvolvidas no roteiro.
As poucas cenas que fazem a diferença resgatam o que o Cinema Francês tem de melhor: sua humanidade. Ver os pais se esforçando e renunciando para conseguir o bem estar da filha não tem preço. Ver um casal de velhinhos que não se separam mesmo que o mundo acabe desperta uma reflexão sobre o valor da vida, o amor e companheirismo.
Esses momentos são mais sensíveis e unem as pessoas em volta do poder emocional do Cinema. Por outro lado, existem equívocos mesmo no seio familiar, por exemplo, a atuação de Harduin, especificamente o seu texto, é muito precário e aborrecedor. É uma filha que, em vários momentos, mais dá ordens nos pais ou fala de qualquer jeito do que demonstra afeto e gratidão. De fato, uma personagem mal desenvolvida e com pouca expressividade para o drama de sua biografia.
Por fim, quem faz de tudo para salvar o longa mas não consegue: Romain Duris. Ele é excepcional na sua filmografia, mas, esta ficção científica não aproveita suas virtudes e potencial, o que leva a pensar o porquê ele aceitou esse papel. Com o desfecho surpreendente que, por sinal, demonstra que a história tem um fundamento inteligente, fica mais notório como a execução foi ineficiente.
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Cristiane Costa, MaDame Lumière