Em época de vacinação contra a Influenza, o longa-metragemVírus, roteirizado e dirigido pela dupla espanhola de irmãos, os Pastor, venho a calhar para refletir sobre os fenômenos de uma pandemia, inclusive o medo, a intolerância, a luta pela sobrevivência e as regras criadas em um plano individual quando o coletivo é assombrado por um risco mortal de contrair um vírus e morrer. Com um roteiro que mescla o road movie com um cenário pós-apocalíptico de infectados e mortos e uma razoável dose de suspense, sua trama se limita a uma película em movimento na qual um grupo de amigos escapa da pandemia viral e tem o intuito de chegar a um destino no final da jornada que, nesse filme, é uma praia na qual os irmãos Brian (Chris Pine, de Star Trek) e Danny (Lou Taylor Pucci) se divertiam e encontravam agradável refúgio quando mais jovens. Nessa jornada junto aos irmãos estão Bobby (Piper Perabo), namorada de Brian, e Kate (Emily VanCamp), aparentemente uma paquera de Danny. Para fins de analogia, o final da viagem é encontrar um certo conforto assim como o parque de diversões de Zumbilândia e o filme segue alguns clichês típicos desse tipo de filme como um cara mais durão e que lidera a viagem (Brian) e um cara mais bondoso (Danny).
Vírus está mais para um drama mediano do que um filme de terror infestado de zumbis porque, para sobreviver, é necessário fazer escolhas e esquecer a conexão que os protagonistas têm com as pessoas e entre eles, logo o mais perigoso não é o vírus em si mas como o ser humano reage em um contexto como este. Mesmo sendo um filme sem grandes ações e efeitos aterrorizantes, além da fotografia da viagem, uma das suas melhores virtudes está em aproveitar esse cenário terminal em que a humanidade parece ter sucumbido e desconfia de todo mundo e, com isso, refletir como nós agimos perante riscos de pandemia como a ocorrida há pouco tempo atrás em nosso país, e como nós agimos com pessoas que estão doentes e infectadas por um vírus ou qualquer doença contagiosa. Nos tornamos pessoas mais intolerantes e mais egoístas seguindo à risca a decisão do "salve-se quem puder, de um doente eu não quero saber"? Afinal, quais são as regras que criamos para lidar com situações que amedontram e/ou criam um comportamento preconceituoso? De fato, existe intolerância e preconceito, independente do enfoque dado para tal tema em Vírus, além disso, seguindo o tom catástrofe de filmes como esse, a humanidade tem muito medo de contrair qualquer doença, e cada um pensa no próprio umbigo quando o veneno está no ar ou mora ao lado. Tem que haver muito amor para não abandonar quem amamos, um amor como o de genuínos pais que nunca abandonariam seus filhos.
Brian estipula algumas regras simples de sobrevivência que segue à risca e, a todo o momento, impõe tais regras ao grupo com sua forte personalidade. Ainda que seja mais racional em comparação aos outros colegas e pense na integridade no grupo, ele não deve ser julgado, afinal, será que não teríamos o mesmo comportamento dele e de tantos outros no filme? Será que não mudaríamos o nosso comportamento à medida que nossas vidas corressem risco? Será que não daríamos às costas a quem amamos? Durante a viagem, escolhas devem ser feitas, inclusive as que esbarram em um impasse afetivo e terminam em desapego e, refletindo sobre tal questão no plano real, há muita dor e solidão nessas escolhas e a certeza de que no final todo mundo fica sozinho; quem abandona e quem é abandonado, quem ama e quem aprende a desamar, quem morre e quem continua vivendo. Muitas vezes não é o vírus que mata, o que mata é como o ser humano é tratado quando está infectado e até mesmo quando não tem nada; nessas circunstâncias, como dito sabiamente no filme, "escolher viver pode ser a mais dolorosa forma de morrer"; finalmente Vírus é uma película que indiretamente deixa a seguinte pergunta: "Qual é o pior vírus?O vírus em si ou o ser humano que pensa somente em si mesmo?"
Brian estipula algumas regras simples de sobrevivência que segue à risca e, a todo o momento, impõe tais regras ao grupo com sua forte personalidade. Ainda que seja mais racional em comparação aos outros colegas e pense na integridade no grupo, ele não deve ser julgado, afinal, será que não teríamos o mesmo comportamento dele e de tantos outros no filme? Será que não mudaríamos o nosso comportamento à medida que nossas vidas corressem risco? Será que não daríamos às costas a quem amamos? Durante a viagem, escolhas devem ser feitas, inclusive as que esbarram em um impasse afetivo e terminam em desapego e, refletindo sobre tal questão no plano real, há muita dor e solidão nessas escolhas e a certeza de que no final todo mundo fica sozinho; quem abandona e quem é abandonado, quem ama e quem aprende a desamar, quem morre e quem continua vivendo. Muitas vezes não é o vírus que mata, o que mata é como o ser humano é tratado quando está infectado e até mesmo quando não tem nada; nessas circunstâncias, como dito sabiamente no filme, "escolher viver pode ser a mais dolorosa forma de morrer"; finalmente Vírus é uma película que indiretamente deixa a seguinte pergunta: "Qual é o pior vírus?O vírus em si ou o ser humano que pensa somente em si mesmo?"
Avaliação MaDame Lumière
Título Original: Carriers
Gênero(s): Drama, Suspense
Duração: 84 min
Diretor(a): Àlex Pastor, David Pastor
Roteirista(s): Àlex Pastor, David Pastor
Elenco:Lou Taylor Pucci, Chris Pine, Piper Perabo, Emily VanCamp, Christopher Meloni, Kiernan Shipka, Ron McClary, Mark Moses, Josh Berry, Tim Janis, Dale Malley, Dylan Kenin, LeAnne Lynch, Jan Cunningham, Mary Peterson
0 comentários:
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