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Adrian Lyne , diretor de Atração Fatal, Proposta Indecente e 9 1/2 Semanas de Amor deve ter sido traído em algum momento da vida ou traído ...

Infidelidade (Unfaithful) - 2002




Adrian Lyne, diretor de Atração Fatal, Proposta Indecente e 9 1/2 Semanas de Amor deve ter sido traído em algum momento da vida ou traído muito, tamanha sua obsessão por enfocar um belo par de chifres em alguns de seus filmes, basta lembrar que, em 1987, Anne Archer fez o papel da esposa traída de Michael Douglas em Atração Fatal e, Robert Redford encarnou o milionário John Gage que ofereceu um milhão de dólares para transar com a esposa de David Murphy (Woody Harrelson), a bela Diana (Demi Moore). No entanto, humor à parte, o bem da verdade é que Adrian Lyne é um exímio diretor em conduzir sua câmera com um erotismo envolvente, focando naquele desejo fervoroso que ultrapassa os limites da cam, além disso ele compreende muito bem os dramas dos relacionamentos amorosos que esbarram no fogoso tesão o qual não pode ser evitado, por isso o diretor entregou grandes filmes que, ainda que não sejam obras prima da sétima arte, sabem provocar como se tivessem o potencial de revelar os desejos sexuais mais ocultos. Infidelidade é um deles.






Baseado no original "A mulher infiel"(1969) de Claude Chabrol, o remake de Adrian Lyne traz o casal Edward (Richard Gere) e Connie (Diane Lane) , casados há mais de 10 anos e com um filho pequeno. Ela é uma esposa e mãe dedicada e convive naquele dia a dia familiar que pode se tornar bem enfadonho para qualquer mulher, no entanto percebe-se que ela não é uma mulher volúvel e disposta a aventuras extraconjugais, e nisso reside o ponto interessante do filme: Connie é uma mulher comum que deu de cara com a possibilidade de ser infiel, fato capaz de ocorrer na vida de qualquer pessoa. Certo dia, ela encontra um misterioso e atraente francês, Paul Martel (Olivier Martinez) e sente-se muito atraída por ele, aprisionada nesse novo acontecimento entre o tesão e a hesitação. De forma muito evidente, Paul Martel é o típico "pedaço de mau caminho, a personificação do amante francês". Ele sabe impulsionar o desejo, ou seja, sabe como olhar, o que dizer, como conduzir a atração e lança a isca da sedução já no início do filme através de algumas táticas: ao pedir para ela ler o trecho de um livro que diz: "viva a felicidade desse momento, esse momento é a vida" e também guiar a mão dela na leitura de algumas linhas em braile. Connie não se envolve com ele no primeiro encontro, mas a tentação já se apoderou dela e, pouco a pouco, Connie cede até o momento que o seu desejo é o desejo de Paul Martel. Fantasias clássicas à la Lyne são realizadas entre os lençois sujos de um pequeno apartamento e no banheiro de um bar. Por outro lado, Richard Gere performa o homem que trabalha o dia inteiro e não sabe o que está acontecendo com sua mulher, até o dia que, tomado por uma desconfiança, ele coloca um investigador para tirar umas fotos da esposa adúltera e, agora? O que acontecerá? Crime passional? Brigas físicas e verbais? Perdão com final feliz? Tudo é possível nas melhores e mais (im)perfeitas famílias.








Quem nunca sentiu vontade de trair, mesmo em fantasias sexuais e joguinhos eróticos? Até as pessoas mais moralistas e/ou que nunca se imaginaram em tal situação são vulneráveis à traição, por isso o assunto é complexo e depende muito de cada situação. Nem sempre a racionalidade domina o desejo pelo prazer porque, o sexo em si, que é , uma das molas propulsoras principais para a traição de uma mulher ou homem casado, é como o ato de comer. Você está com fome de algo, você come isso. E se você não está com vontade de comer algo, mas colocam uma deliciosa comida na sua frente, você pode recusá-la, prová-la um pouco ou comê-la até se empaturrar, assim como querê-la mais e mais como se fosse um vício inevitável. Assim é a infidelidade, quem a encontra, não necessariamente, é um traidor nato, tal enfoque ficou claro no filme de Lyne. Mais uma vez, ele apresentou um recorte sobre o tema que possibilita a audiência pensar sobre a ação do casal Richard e Connie, é dizer que: o casamento não estava em uma crise aparente, Connie não era uma candidata potencial ao adultério e Richard era um apaixonado marido, nada violento, nada homicida. Ambiguamente, a vida desse casal sofre uma transformação sem se transformar fortemente porque tanto Richard quanto Connie cobrem os erros um do outro, o que é provável acontecer em alguns casamentos, mesmo que, de maneira geral, em um mundo machista, dificilmente um homem perdoa a traição feminina, de novo, muito difícil a não ser que ele tenha aptidão e/ou fetiche de ser corno.






Embora existam alguns erros graves no roteiro, Infidelidade é um ótimo filme para demonstrar que traições acontecem e que o desejo aparece quando menos se espera. Adrian Lyne sabe materializar o desejo e, ele dirige bem a câmera a partir das minúcias como a troca dos olhares, os toques no corpo, os enfoques na pele sensual e todo o erotismo da traição naquelas delícias que atiçam a mais comportada das mulheres, mas acima de tudo, há um belo trabalho de atuação de Diane Lane como a mulher infiel. Nitidamente, ela é uma mulher dupla, que se diverte e sofre com a situação. Desde a hesitação até o tesão colocado em prática, o filme respira Diane Lane se entregando à traição sem se dar conta das consequências fatais e, ela acaba por criar uma certa simpatia da audiência porque, com ares de "boa esposa infiel" , ela desmascara gentilmente a hipocrisia da sociedade com relação à traição. Ela representa que qualquer um pode sentir tesão e "pular a cerca", até os mais púdicos. Nesse ponto, ela ilustra exatamente que ser infiel não é um ato involuntário, mas há muito "involuntarismo" no desejo, ele simplesmente acontece, talvez não há como dominá-lo, talvez não se quer dominá-lo. Também convém afirmar que esse roteiro não condena os infiéis, mas também não os defende e, por isso, infidelidade se torna um drama cotidiano mais factível sem apontar os dedos em reús e acolher vítimas, o que proporciona à audiência uma reflexão maior sem respostas finais, afinal, por que as pessoas traem? Traiçoeira questão.



Avaliação MaDame Lumière



Título original: Unfaithful
Origem: EUA
Gênero: Romance, Drama
Duração: 214 min
Diretor(a):
Adrian Lyne
Roteirista(s): Claude Chabrol, Alvin Sargent, William Broyles Jr.
Elenco: Diane Lane, Erik Per Sullivan, Richard Gere, Olivier Martinez, Myra Lucretia Taylor, Michelle Monaghan, Chad Lowe, Joseph Badalucco Jr., Erich Anderson, Damon Gupton, Kate Burton, Margaret Colin, Marc Forget, Larry Gleason, Dominic Chianese

10 comentários:

  1. Sempre assisto INFIDELIDADE na TV, vira e mexe a Globo exibe, rs
    É um bom filme, com um bom roteiro e boas atuações.

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  2. A razão de ser e existir desse filme é a performance de Diane Lane. Pra mim um dos únicos acertos de Infidelidade, prq o filme em si (minha visão) é extremamente moralista e arrastado.

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  3. Gosto muito de "Infidelidade". O Adrian Lyne sabe muito bem como dirigir histórias desse tipo e temos um desenrolar do roteiro, aqui, que me agrada muito. A história segue seu próprio tempo. Só acho a atuação da Diane Lane muito superestimada!

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  4. Oi Wanderley,
    Concordo que Diane Lane faz o filme, mas não achei o filme moralista. Há uma moral natural que permeia a questão da própria infidelidade. Arrastado, sim, um pouco, principalmente mais ao final. abs!

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  5. Oi Ká,
    Eu gosto desse filme também. Acho que infidelidade é um assunto sempre clicherizado pela sociedade e não muito fácil de abordar de uma forma como o é. A maneira como o roteiro foi desenvolvido foi eficaz, achei bem produtivo para reflexão sobre a questão se for avaliado como se dá essas "puladas de cerca inesperadas".

    O filme não esconde o desejo repentino e não nega a confusão emotiva de quem está envolvido, enfim, dá uma visão geral sobre o tema.


    Bjs,

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  6. Madame, só pra dizer, a primeira imagem do seu post não carrega!

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  7. Não acho nem arrastado, nem Diane superestimada: o filme é bem delicioso, nada moralista, mas sim devidamente REALISTA!

    E seu texto foca bem essa questão: até que ponto o ser humano é, de fato, tentado a trair? como aguentar as tentações? rs

    Vou revê-lo e posto no meu também!

    Beijos, Madame!

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  8. Amoreco Cris,

    Exato! Concordo com você, talvez o final tenha causado uma decepção na platéia e uma falsa idéia de moralidade "familiar", mas enfim, acho o filme bem realista. Acho que combinou com o jeitão de Adrian Lyne fazer cinema, um tema oportuno e próximo ao dia a dia das relações.

    Reveja-o sim. Adoraria ver um post sobre ele no Apimentário.


    Beijo e obrigada por avisar sobre a primeira imagem.

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  9. Pois é madame. Adrian Lyne é um fetichista de marca maior. rsrs. Gosto dos filmes dele. Da sensualidade latente, do clamor pelo corpo e do erotismo sofisticado que reside em seus filmes. Gostei da sua definição aqui do involuntarismo do desejo. Em todos os filmes de Lyne, essa condição é posta a prova. De uma forma ou de outra. Contudo, em Infidelidade ele perdeu um pouco a mão. Achei o final do filme covarde. Concordo com vc que ele não foi moralista, mas também não foi ousado. O desenho do filme até então propiciava outras soluções. O desfecho de infidelidade, na minha avaliação, é insatisfatório porque os personagens em um determinado momento deixam de ser críveis.

    Outros coemntários:
    Como curiosidade fica ver Gere, eterno gigolô, como homem traído.
    Diane Lane não merecia uma indicação ao Oscar na minha opinião. Ela está bem. Muito bem, mas não digna dessa distinção. Prova cabal de que as coisas não andam bem para as atrizes. Esse ano tivemos outro forte indício disso.

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