Jason Reitman, diretor conhecido por excelentes e premiados trabalhos como Juno e Amor sem Escalas costuma trazer boas temáticas em seus filmes para a reflexão sobre situações delicadas como a gravidez indesejada na adolescência, as demissões e onda de desemprego na crise global etc. Além de articulado roteirista que tem muita facilidade para compor e concluir a história, seus longas giram em torno de uma questão importante: a escolha. Em Refém da Paixão (Labor Day), seu mais novo recente filme com a maravilhosa presença de Kate Winslet e Josh Broslin, o público se confronta com uma situação diferente na qual o conflito moral e qualquer preconceito abrem espaço para a oportunidade de uma segunda chance de ser feliz mesmo com opções limitadas.
Adele (Winslet) é uma mulher separada e depressiva que cria o filho Henry (Gattlin Griffith) sozinha. Ela tem sérios problemas para sair de casar e vive isolada com pouco convívio social. O adolescente Henry sofre as consequências de tal isolamento e, embora visite o pai e frequente o colégio, é um jovem isolado. A rotina de suas vidas é alterada quando surge Frank (Josh Broslin) , um presidiário fugitivo que se refugia na casa de Adele. Como reféns, Frank os mantém sob vigilância e, aos poucos, Frank e Adele se envolvem afetivamente, contrariando todas as expectativas normais de uma situação de sequestro.
Essa narrativa tem uma grande qualidade: Quebrar convenções, principalmente quando a confiança e o afeto estão acima das regras sociais. De uma maneira bem leve, Reitman revela pouco a pouco esse envolvimento amoroso entre Adele e Frank e como ele vem a suprir um vazio familiar na casa de Adele e Henry. Muito mais do que quebrar as convenções e qualquer preconceito e optar por uma escolha que contraria o caminho mais comum, a história permite que o público ouça o que Frank tem a dizer, ou seja, sua própria tragédia de ter sua vida alterada para sempre após um acidente. Desta forma, o filme é sensível e tem a sutileza de que todos merecem uma segunda chance.
Mesmo com sua carga dramática, o filme enfatiza a descoberta da paixão. É interessante notar que o romance tem momentos que Frank controla Adele. Não só pelo aspecto de ser um sequestrador mas por que ela vai cedendo à sua virilidade e cuidados com ela e o filho. Nesse cenário, o filme guarda em si um aspecto discretamente erotizado na relação entre Adele e Frank, principalmente em cenas na qual ele a toca levemente ao amarrá-la a uma cadeira ou amassar uma torta. A câmera conduz a audiência a essa refém da paixão tão solitária e depressiva que, de repente, começa a sorrir.
O longa está longe das virtudes técnicas de Juno e Amor sem escalas e não fez tanto sucesso como esses anteriores. Por outro lado mostra uma outra boa faceta do trabalho de Reitman em um romance dramático, com uma química madura e uma paixão adulta de figuras desprezadas pela sociedade. Sem dúvidas, o diferencial também é a experiente presença de Winslet, uma das melhores atrizes do mundo que eleva a qualidade de qualquer projeto. Finalmente, o longa é triste e bonito. Na sua tristeza, estão encontros e desencontros. Na sua beleza, o amor vem para salvar os amantes.
Ficha técnica do fime ImDB Refém da Paixão
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