Revigorante. Apaixonante. Cômica. Charmosa. Estes adjetivos ainda seriam insuficientes para elogiar o encantador trabalho de Howard Hawks em Bola de Fogo, uma comédia inesquecível com um lindo e tentador casal: Gary Cooper e Barbara Stanwyck. Com roteiro que realiza uma releitura do Clássico Branca de Neve e os sete anões e é assinado por Billy Wilder e Charles Brackett, o filme mantém uma originalidade muito atraente na história e subverte os papéis de príncipe e Branca de Neve na qual é Stanwyck que toma a iniciativa do flerte, libera seu energizante sex appeal para conquistar o tímido professor interpretado por Cooper e é o brilho estelar do longa do começo ao fim.
Sugarpuss O'Shea (Stanwyck) é cantora e namorada do gângster Joe Lilac (Dana Andrews). Professor Bertram Potts (Cooper) está realizando uma pesquisa de campo linguística para finalizar uma enciclopédia e a conhece em um clube. Sugarpuss se mete em uma confusão por causa do namorado mafioso e, para fugir da polícia, ela se esconde na casa que Potts vive com mais sete professores idosos. Ela é tipo uma Branca de Neve moderna, cheia de charme e espontaneidade e de de língua afiada no meio de tantos homens educados, experientes e conservadores, logo do convívio entre ela e os professores nasce uma afetuosa amizade e um envolvimento amoroso com Potts.
A narrativa é bem dirigida pelo toque de Midas da direção de atores de Hawks. Com um texto muito bom que só poderia ter a assinatura do talentoso Billy Wilder e com um elenco divertidíssimo, Bola de Fogo tem um efeito incendiário na tela a partir do momento que Barbara Stanwyck entra no clube e canta Drum Boogie. Mais adiante, ela irradia a tela com seu vestido brilhante com fendas que mostram suas belas e voluptuosas pernas e traz o componente do sexo discreto com seu estilo elegante, mas direto. Pode-se dizer que o filme é dela que atua como uma força magnética que hipnotiza os olhares.
O longa é um primor na mistura de afeto com humor. Com uma combinação de romance com comédia screwball, o roteiro dinâmico surpreende ao inserir a releitura do clássico com muita inteligência e no qual os professores convivem juntos para terminar a elaboração de uma enciclopédia. Com isso, surgem outras conversas paralelas para enriquecer os diálogos ágeis típicos da influência do screwball. O roteiro também acerta ao não dar todas as cartas do romantismo logo de cara. Pelo contrário, Potts é todo desengonçado e tímido e, como ocorre também no screwball, existe uma inicial e ligeira guerrinha entre os apaixonados antes de se renderem por amor. Gary Cooper e Barbara Stanwyck tem uma combinação tão deliciosa que, além da química física, são incrivelmente fofos. Só resta enfatizar que essa comédia é uma fofura, clássica e atemporal.
Tem um vídeo com flashes de bateria com Gene Krupa em que aparece Barbara cantando e Gary assistindo. Suponho que seja deste filme.
ResponderExcluirOscar, obrigada pela visita. Desconfio que seja nesse filme. Essas comédias têm uns números musicais que eu preciso sempre revisitar considerando que o cinema clássico exige um repertório de memória que nem sempre eu acesso no cotidiano, principalmente porque tento equilibrar os filmes independentes / lançamentos com os clássicos. Vou verificar em uma revisão.
ExcluirAbraços