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Uma jornada de autoconhecimento e transformação, um caminho para o recomeço e a  redenção, essa é a história de Cheryl Strayed ( ...

Mostra 2014 : Livre (Wild) - 2014






Uma jornada de autoconhecimento e transformação, um caminho para o recomeço e a  redenção, essa é a história de Cheryl Strayed (Reese Witherspoon), uma jovem que perdeu o chão após a morte abrupta da mãe Bobbi (Laura Dern) e o fim do seu casamento com  Paul (Thomas Sadoski). Após ver seu mundo desmoronar e cada vez mais vulnerável em uma vida autodestrutiva,  ela decide realizar um trekking desafiador: atravessar a Costa Oeste dos Estados Unidos na trilha PCT (Pacific Crest Trail), sozinha e determinada a fazer uma transformação pessoal e enfrentar os velhos fantasmas e feridas durante o seu caminhar.


História adaptada do livro Wild de Cheryl Strayed, best seller nos USA e que conquistou leitoras ilustres como Oprah Winfrey, Livre é o novo filme do diretor Jean-Marc Valée, conhecido pelo excepcional Clube de Compras em Dallas. Nos últimos anos, acostumado a retratar dramas de protagonistas fortes em busca de redenção, a obra caiu como uma luva para o cineasta que executa o mesmo estilo de direção e montagem com seus protagonistas imersos em memórias de um passado sombrio e a possibilidade de alcançar a redenção e um recomeço. A edição lembra bastante a marca do cineasta em como ele compõe os planos como fragmentos de memórias e pensamentos. O longa ganha muito mais nos recortes do passado do que nas ações do presente. Tanto que a caminhada dela não é emocionante e sob a perspectiva de narrativa tende a ser entendiante e parada. No geral, as memórias de Cheryl despejam lembranças dolorosas e são a base para que ela reflita sobre sua vida durante toda a caminhada. Sem esse material narrativo do passado, o filme seria muito raso. Sem a presença coadjuvante marcante de Laura Dern (sempre ótima), o filme nem valeria a pena ser visto pois perderia o sentido. A figura da mãe está intimamente ligada ao que a filha está sentindo. Dern traz brilho e dor à Grande Tela. Cada sorriso seu é comovente. Sua presença simples e gentil é poderosamente alegre e ao mesmo tempo dramática.


Bem diferente do melhor roteiro e força dramática do filme anterior do cineasta, Livre tem essa temática atrativa do indivíduo que decide viajar e desafiar a si mesmo fisicamente e psicologicamente, escolha que é similar a de Na Natureza Selvagem, embora ambos sejam filmes bem diferentes e com protagonistas com distintas motivações. Cheryl incorpora o que as mulheres audaciosas e que tomam um rumo sozinhas entenderão bem. Por ela ser mulher e ter entrado em um círculo vicioso de fuga de si mesma e da realidade, haverá um público feminino que se identificará com a história. Lidar com a dor é a questão aqui. Libertar-se para encontrar um novo caminho. Ela precisa desse tempo e espaço! Ela precisa encontrar a si mesma! Ela precisa lidar com essas feridas agonizantes na sua alma! Ela precisa ficar sozinha!   Dentro desse contexto, realizar uma trilha desafiadora é libertador e, como material cinematográfico vale bem mais para mostrar ao público que permitir-se a essa viagem é um tempo necessário em nossas vidas. Cheryl perde as suas referências afetivas (mãe e esposo) e lida mal com isso. São em situações como essas que atitudes impulsivas como viajar para bem longe podem ser frutíferas. Ela cruza o deserto sozinha e correndo riscos ao encontrar desconhecidos, animais e condições ambientais adversas.  Por outro lado, ela tem a chance de conhecer outros viajantes, ter novas experiências e ver pessoas solidárias em seu caminho.  Tudo isso traz autoconfiança e fortalece o seu espírito aventureiro.


Como é um filme que depende muito da atuação de um único protagonista, Reese Witherspoon trabalha bem mesmo que limitada pelo roteiro.  A atriz não tem uma atuação espetacular e fica claro que ela não poderia fazer mais do que fez. Ainda assim, concentrada na sua personagem,  ela equilibra a aparência física de um caminhante, a determinação de Cheryl e sua simplicidade em lidar com uma viagem solitária. Segundo o livro, a viagem foi bem mais emocionante mas a adaptação não enfatiza isso . Não há grandes acontecimentos e nem aventuras. Certamente o público é convidado a somente observar e se sensibilizar durante todo o trajeto porque as emoções valem bem mais nesse plot. Livre é uma bonita e inspiradora história, em  especial nos momentos nos quais contracenam mãe e filha. Se há uma última palavra a dizer que seja: Toda a mulher  que valoriza o autoconhecimento, a superação e a caminhada solitária para um recomeço tem que assistir a esse filme!





Ficha técnica do filme ImDB Livre



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