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Com um conjunto temático bem atual e atrativo unindo traição, sequestro e vingança, O Lobo atrás da Porta dirigido e roteir...

O Lobo atrás da Porta ( 2013)









Com um conjunto temático bem atual e atrativo unindo traição, sequestro e vingança, O Lobo atrás da Porta dirigido e roteirizado por Fernando Coimbra e com produção dos Gullane é um dos melhores filmes lançados nos últimos tempos. Ele embala o público em uma passional teia de suspense no cotidiano  do subúrbio carioca, misturando personagens comuns a um hipnotizante e imperdível thriller de consequências trágicas. Com elenco crível e de primeira grandeza no cinema atual, o longa traz Leandra Leal, Milhem Cortaz, Juliano Cazarré e Fabíula Nascimento e foi bem elogiado pela crítica, rendendo à Leandra Leal prêmios no Festival de Cinema do Rio e no Fênix Ibero-Americano de Cine do México, entre outros na França e Espanha. 


Bernardo (Cortaz) e Sylvia (Nascimento) tem um casamento em crise e uma filha pequena. Ele conhece Rosa (Leal) e começam a ter um tórrido caso extraconjugal. Com o desaparecimento da filha de Bernardo e Sylvia, o delegado interpretado por Juliano Cazarré iniciará as investigações ouvindo o ponto de vista de cada um dos envolvidos, o que levará o público a testemunhar desde o primeiro flerte entre os amantes, o cálido envolvimento sexual, as viradas dramáticas e o golpe final de um crime hediondo.


Esse filme tem muitos atrativos e o primeiro deles é a escolha temática do diretor, extremamente sedutora para o público, com uma forte mistura de paixão e traição no dia a dia. Normalmente as pessoas gostam de saber sobre as infidelidades alheias como se fosse uma grande fofoca. Com isso, envolvimentos passionais  que tiram um dos amantes de uma conduta normal tendem a atrair o público e estar muito alinhado ao que é noticiado na TV. Alinhado à temática, Fernando Coimbra foca em um gênero que não é tão amplamente utilizado no Cinema Nacional, controla bem os aspectos criativos do gênero, principalmente o excelente desenvolvimento do personagem de Leandra Leal e  explora o gênero em sua capacidade de se comunicar com a plateia agregando o espírito de mistério que cerca histórias que também são feitas de muitas mentiras e comportamentos irreparáveis. O público é convidado a acreditar ou duvidar dos fatos assim como compreender as motivações dos amantes em suas emocionais atitudes. 


A direção também acerta com o misto de suspense e certo humor. Durante toda a projeção, é possível se simpatizar com todos os personagens sem julgamentos morais. O divertido ator Cortaz é o típico homem comum, que dirige um carro antigo, com capota e amarelo e cheio de amor para dar ao primeiro rabo de saia que lhe aparecer. Seu personagem chega a ter uma ingenuidade natural existente nos homens que pulam a cerca. Fabíula Nascimento também tem boa atuação ao demonstrar que a mulher casada costuma abandonar sua autoestima e não prevê tanto os riscos de ser traída a qualquer momento. As cenas entre ela e Leandra Leal se destacam entre as melhores do ponto de vista da complexidade do personagem da amante, demonstrando que o roteiro foi muito perspicaz em criar situações dramáticas que são passíveis de acontecer até nas melhores famílias. Leandra Leal é o grande destaque do filme e eleva a produção com a força dramática de uma ótima personagem feminina. Sua Rosa é uma mulher que tem a híbrida complexidade da discrição com a voluptuosidade e guarda em si certo mistério (mas ainda acessível). É como se ela sugerisse ao público que é capaz de fazer o impensado e surpreender a todos. Considerando a responsabilidade de Leandra Leal no papel da amante, misturando a apoteótica química sexual inicial com a posterior decepção e a insanidade, o longa nos entrega uma nova e inesquecível personagem trágica no Cinema Brasileiro.


Finalmente, o longa tem um desfecho surpreendente e muito bem acertado, principalmente porquê ressalta que não há explicações lógicas para ações de impulsividade passional. A direção faz um excelente trabalho com uma narrativa simples e funcional, que tem uma fluidez no tempo e com a excelente fotografia de Lula Carvalho. Além do mais, a escolha de locações é muito positiva. Elas inserem o público em uma paisagem cotidiana que reforça que essa é uma história ficcional baseada em fatos verídicos e que pode acontecer em qualquer lugar até mesmo na casa do seu vizinho. São pessoas comuns que estão ali. O motorista de ônibus , a amante com o frescor do corpo jovem, a esposa, dona de casa e entendiada com o casamento, o delegado acostumado a depoimentos contraditórios. Esses personagens se aproximam de um cotidiano que é projetado na tela com uma dimensão espacial bem selecionada pois a linha do trem cruza as imediações,  testemunha as histórias e é o  cenário de encontros e desencontros, de amores e dores, de alegrias e tragédias.




Ficha técnica do filme ImDB O Lobo Atrás da Porta











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