Bette Davis nunca teve a beleza de aclamadas musas do Cinema, de intocável e sublime beleza e/ou arrebatadora sensualidade, mas ela era encantadora na sua original maneira de ser. Embora tenha sido estigmatizada para papéis de mulheres insanamente malévolas, ainda assim ela o fez bem, raro mérito entre rostinhos bonitos que dificilmente poderiam fazê-lo. Entre o caratér descontrolado de suas personagens e seu olhar apaixonado a um charmoso galã, companheiro de cena, ela é suprema em sua capacidade de ser diferente do convencional de atrizes com apelo de pin-up ou bonecas glamourizadas. Em a Perigosa, Bette Davis é assim, simplesmente Bette Davis em uma madura interpretação na pele ainda jovem.
A atriz faz o papel de Joyce Heath, uma descontrolada atriz de teatro alcóolatra e em decadência, considerada uma inesquecível atriz, porém um amuleto de azar. Todos os homens que passaram na vida dela faliram. Ninguém quer produzí-la no teatro certos de que o projeto está condenado ao fracasso. Joyce Heath se enterra no alcóol, aflorado com sua capacidade de autodestruição e aceitação de que ela é uma azarada nata. No entanto, ela tem um lance de sorte, encontra Don Bellows (Franchot Tone), um rico arquiteto que tem uma profunda admiração por Joyce,embalado pelas lembranças saudosas dos tempos aúreos da atriz. Ele a encontra em um bar, leva-a para casa e a ajuda a voltar aos palcos. Neste processo de reconstrução de Joyce, Bette Davis a interpreta de uma forma naturalmente Davis, entre os momentos de louca pertubação típica de mulheres de problemática personalidade forte e os momentos de redenção ao amor, afinal Don e Joyce se apaixonam, mesmo que ele esteja noivo de Gail Armitage (Margaret Lindsay), uma delicada jovem bem abastada, totalmente o oposto de Joyce Heath.
O Perigosa que dá título ao longa-metragem P&B não necessariamente é o lado mais perigoso da faceta interpretativa de Bette Davis posto na tela, mas o como uma mulher complicada como Joyce Heath pode ser letal para levar seus objetivos adiante. Embora o roteiro seja curto, não chegue a ser tão bem trabalhado no desenrolar de ações mais elaboradas e o filme dê a infeliz sensação de que foi finalizado de forma incompleta perdendo a oportunidade de apresentar relações mais profundas, a virtude desta produção é a interpretação de Bette Davis mostrando como há mulheres perigosas. O olhar único da atriz é um deleite. O perigo de Joyce Heath começa bem nas entrelinhas.Ela genuinamente se apaixona por Don, no entanto, ela sabe o que está fazendo e o que está escondendo sobre sua vida. Ela sabe ser autêntica mas também sabe fingir para obter o que quer. Ela sabe ser fria para dar cabo à um plano mortal. Com o desdobrar dos acontecimentos, a mulher perigosa parece ter alcançado uma mudança mais positiva para a sua vida, uma atitude mais equilibrada que materializa uma personalidade menos destrutiva. Será que mulheres perigosas encontram a redenção ou fingem que encontram a redenção? Independente da resposta, um fato é certo, elas também sofrem, elas têm coração.
Título original: Dangerous
Origem: EUA
Gênero: Suspense
Duração: 79 min
Diretor(a): Alfred E. Green
Roteirista(s): Laird Doyle
Elenco: Bette Davis, Franchot Tone, Margaret Lindsay, Alison Skipworth, John Eldredge, etc
Ótimo texto!
ResponderExcluirConcordo com vc Darling quando pontua algumas incongruências na fita. Realmente fica aquele feeling de incompletude nas cenas. A trama não se amarra tanto, os diálogos parecem se atrapalhar na rispidez, ate mesmo na famosa cena do carro. Sem dúvidas Bette leva o filme nas costas. Única estrela em cena capaz, talvez somente uma Greta garbo poderia fazer tamanha façanha.
Mas tbm, acho o filme perfeito nesta fase da Warner Brothers. O estúdio apostava em tramas diferentes e sombrias.
Davis, DIVA! Não há um único filme em que ela não fume glamourosamente! Um perigo ao volante, rs!
Bjs.