O longa metragem, dirigido por Saul Dibb, tem um roteiro não muito diferente dos grandes dramas das cortes aristocráticas que envolvem triângulos amorosos e casamentos arranjados e sem amor (como a Outra, por exemplo). Georgiana, além de Duquesa, é a autêntica parideira, uma mulher que se torna propriedade do marido e vive as agruras de ter que gerar um filho homem. É constantemente humilhada pelo silêncio do Duque de Devonshire que, em uma ótima atuação de Ralph Fiennes, torna-se ainda mais desprezível considerando que o ator, com seu perfil estranhamente sério e introspectivo, dá o tom certo ao personagem. que parece não ter sentimento algum além de satisfazer suas necessidades sexuais e de procriação. Keira Knightley empresta sua adorável beleza e elegância à duquesa de Devonshire que se torna mais atrativa com o belo figurino de época (de Michael O'Connor, que ganhou o Oscar e o Bafta de melhor figurino) e a fotogênia da atriz. Tecnicamente, A Duquesa tem uma fenomenal fotografia (de Gyula Pados), maravilhosamente luminosa nas imagens externas como jardins da casa, passeios ao ar livre, etc e mais penumbrosa nas imagens internas como os eventos aristocráticos e as de alcova, desta forma, a estética fotográfica do período é um dos deleites da produção.
O filme é agradável para aqueles que apreciam dramas históricos que se passam em ambientes aristocráticos europeus, no entanto não espere mais do que uma nobre mulher que não tem o direito de amar e ser livre, drama que considero contemplativamente crítico porque por debaixo dos nobres tecidos da realeza há muita sujeira e muita infelicidade em meio a homens autoritários, esposas frustradas e cortesãs usadas. A publicidade de A Duquesa indica que a Duquesa de Devonshire foi uma admirável mulher na corte inglesa, no entanto, o filme ainda valoriza os pontos de sua vida conjugal deteriorada por um casamento sem amor e reafirma o triste destino da Duquesa - ser amada por todos menos pelo marido. Ela é uma mulher submissa porque a sua condição matrimonial e social não lhe apresentava nenhuma outra opção, o preço de sua liberdade não pode ser pago porque ela tem filhos e é chantageada pelo duque. Sem dúvidas, ter um homem poderoso e hostil que a comanda e não aceita separação é a grande fatalidade de sua vida. Neste ponto, ainda que saiba que dificilmente uma mulher saí imune a estes casamentos nobres acordados, eu esperava que ela fosse uma mulher mais engajada, pelo menos, mais polêmica; penso que o filme deixou esta lacuna deficiente e quem acaba por brilhar na atuação é o Duque de Devonshire. Ela ainda se preserva como uma mulher tolerante e temente a ele, fato que ficou mais evidente quando ela foi traída por uma amiga protegida que se instalou em sua casa, a Lady Bess Foster (Hayley Atwell ) que se tornaria, por debaixo dos lençois e dos olhos da sociedade, a segunda mulher do Duque. Por conta desta história de vida com humilhações que se tornam convenientes, A Duquesa é mais uma vez o drama de um dama que vive na realeza mas sofre como uma plebéia.
Título original: The Duchess
Origem: Inglaterra, França, Itália
Gênero: Drama
Duração: 110 min
Diretor(a): Saul Dibb
Roteirista(s): Jeffrey Hatcher, Anders Thomas Jensen, Saul Dibb
Elenco: Keira Knightley, Ralph Fiennes, Charlotte Rampling, Dominic Cooper, Hayley Atwell, Simon McBurney, Aidan McArdle, John Shrapnel, Alistair Petrie, Patrick Godfrey, Michael Medwin, Justin Edwards, Richard McCabe, Calvin Dean, Hannah Stokely
Madame,
ResponderExcluir'A Duquesa' é um filme que ainda tenho que conferir. Interessante a premissa. E acho a keira fofa, rs!
Sobre as outras postagens; Este filme do Herzog com o Cage, há opiniões divididas. Espero em DVD. Aliás acho a carreira do Herzog com ótimos pacotes cinematográficos, como documentarios e o longa ' O Sobrevivente' que é muito bom. Espero que esse diretor seja mais conhecido de nome. e o Cage as vezes acerta e outras erra em filmes como ' O Sacrifício', rs!
Sobre o texto de livros com capas de filmes,pra mim é indiferente. Comprei o livro com o roteiro em português 'Last Draft' de Bastardos Inglórios, já li e reli..e não tem como não ser com a capa do filme, kkkk E claro, entendo que muita gente tem seus motivos de comprar uma edição recente de 'Ensaio Sobre a cegueira' ou 'Amor Sem Escalas' e ficar frustrado em ver ana capa o cartaz da obra audiovisual..mas pra mim não é problema. E espero que este AMOR SEM ESCALAS seja bom, por ter ganho de melhor roteiro no Globo De Ouro (achei que o Tarantino iria levar..poxa!)
Obrigado pelas dicas novamente..por me lembrar de A DUQUESA...
Bjs e Abs!
Oi Rodrigo,
ResponderExcluirQue bom te rever aqui! A Duquesa é agradável, mesmo que não traga nada diferente aos dramas conjugais das cortes. Vale ver a doçura de Keira ( e ela tem um rosto bem delicado que dá gosto de ver) e Ralph Fiennes, além da evocativa fotografia, principalmente a externa. Há tempo gostaria de ver a Duquesa e consegui. Adoro estes filmes de realeza.
Com relação a Herzog, eu tinha uma alta expectativa da faceta cult dele, por isso me frustei, mas como disse, não tiro o mérito da fita com relação ao drama pessoal de Terence.
Amor sem Escalas é muito bom, o assisti ontem e pretendo divulgar uma reflexão a respeito em breve. Sem dúvidas, um roteiro muito bem amarrado e uma história que tem um certo exclusivismo.
Beijos e abraços!
Olá madame, tudo bem?
ResponderExcluirGosto muito de A duquesa. a parte a excelÊncia técnica, bem sublinhada em seu texto, gosto muito da forma que ilumina o conflito premente entre a feminilidade e o rigor e as tradições de uma época. Mais do que um filme que se pretende feminista ou mostrar uma mulher a frente de seu tempo, A duquesa, na minha avaliação, procura jogar luz sobre a rotina de mulheres, que ainda hoje, padecem da maldição que acomete a protagonista. Um filme belissimo.
Sobre Amor sem escalas. Que vc e o Rodrigo teceram comentário aí em cima. Estou encantado. É um filmaço com todas as letras. Jason reitman está melhor a cada filme.
Bjs
Oi Reinaldo, tudo bem! Espero queo você esteja ótimo.
ResponderExcluirFiquei imensamente feliz que você também gosta de A Duquesa. Eu adorei o filme, sempre aprecio muito esta encantadora categoria de filmes de época, com duques, reis e toda a sorte de nobreza.
Gostei das suas palavras. Na verdade, A Duquesa ilumina bem este conflito e de uma forma muito delicada, muito elegante. Como você mesmo disse é uma tragédia que se prolonga até os nossos dias, existem várias duquesas contemporâneas por aí,padecendo em seus casamentos frívolos.
Beijo
Reinaldo, a propósito, também estou encantada com Amor sem escalas a tal ponto de querê-lo assistí-lo novamente. Um excelente trabalho, digno de ser chamado "cinema".
ResponderExcluirBeijo
Eu confesso que não vi este filme por que considero, acredite, a Keira meio canastrona, com exceção de alguns bons papéis que ela desenvolveu - vide Orgulho e Preconceito ou Desejo e reparaçao.
ResponderExcluirMas, sei que não compartilho desta opinião com ninguém mais.
Vou ver este filme, sua resenha foi gostosa de ler! Parabéns! aparece! beijo
Canastrona? hahaha, essa foi boa(viu como rimou!)
ResponderExcluirEu acho ela meio esquisita e não descobri ainda o porquê, mas uma coisa que admiro nela é a beleza um tanto peculiar de seu rosto. Não é uma beleza padrão, mas a fotogênia dela nos filmes que falou fica muito boa.
Bjs!!!!