Sou MaDame Lumière. Cinema é o meu Luxo.

Breves Reflexões, Profundos Aprendizados através do Cinema In mir streiten sich Em mim lutam entre si Die Begeisterung über den blü...

Breves Reflexões, Profundos Aprendizados: A Queda: As últimas horas de Hilter (Der Untergang) - 2004

Breves Reflexões, Profundos Aprendizados
através do Cinema



In mir streiten sich
Em mim lutam entre si

Die Begeisterung über den blühenden Apfelbaum
o entusiasmo sobre as macieiras floridas
Und das Entsetzen über die Reden des Anstreichers
e o horror sobre o discurso do pintor de parede
*
Aber nur das zweite
mas somente o segundo
Drängt mich zum Schreibtisch
me pressiona contra a escrivaninha


(Fragmento do poema, Schlechte Zeit für Lyrik,
em português
Mau tempo para a poesia, de Bertold Brecht)

* o pintor de parede era Hitler, que chegou a ter este ofício
antes de subir ao poder ditatorial





Breves reflexões, Profundos Aprendizados através do Cinema, uma única dose para curar algo de nós, talvez o coração, reduto de dores além de sua própria ou, simplesmente, dar espaço a uma nova forma de olhar a vida aprendendo com o Cinema. Sempre um filme com uma rápida dica para reflexão, consequentemente, o recomendando. Sugestões de Filmes e Sessões de Cinema à parte, prometo voltar aqui para explorar bem melhor os longas integrantes desta série, como de costume.

Em Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino, Hitler é metralhado enquanto a gargalhada de uma judia faz parte da sonoplastia. Em A Queda - as últimas horas de Hitler estão as verdadeiras horas, infelizmente sem qualquer relação com a fábula Tarantesca. Quem era Hitler? Em A Queda ele não é tão mal. Hitler é enfocado como um ditador "bem mais humanístico", o chefe
que tratava bem a secretária mas ordenava a matança sem piedade. Um ser incoerente como todo homem. Faz coisas boas e coisas más. É um humano e um animal. No introdutório poema lírico, de forma muito inteligente e sensível, Bertold Brecht compara dois opostos: a beleza da natureza x horror da História (Hitler e a Ditadura) e como ambas influenciam o eu poético. Brecht era um exilado e, belamente, expressou no exílio que aquele momento histórico era um mau tempo para a poesia. No entanto, quem aprecia a poesia, sabe que o ser humano é capaz de matar, roubar e destruir, mas é capaz de se humanizar em meio à monstruosidade da vida. Não é a toa que os grandes poetas escreveram evocativo lirismo em meio à obscuridade e à dor de suas vidas.

De fato,
Hitler teve uma vida muito problemática. Tão insanamente problemática que ele decidiu exercitar seus dotes de pintor, ele era o pintor de paredes que pintava a História com o sangue humano. Com sua subida ao poder, ele tornou próspera uma Alemanha fragilizada e, em cenários como este no qual uma nação é destruída e vê o nascimento de um Führer que a reergua, Hitler era a solução para eles e aproveitou o momento. Outros governantes em qualquer parte do mundo aproveitariam deste cenário. Seriam cruéis? Talvez. Ele agiu de forma fria, inteligente e exerceu a liderança que faltava na Alemanha. O seu mal foi tornar-se um assassino ao invés de um líder que inspira e ama sem fazer acepção de pessoas, sem manchar as mãos com sangue inocente. O mau caratismo de Hitler falou mais alto. Até a pureza étnica que ele propunha, um exemplo do traço de sua monstruosidade, foi bem discursada para tornar-se uma mentirosa verdade, para tornar-se o argumento estratégico e repugnante que preenchia o vazio daqueles alemães derrotados, uma nação que caminhava à intolerância após ser derrotada, fatalmente sendo escrava cega do discurso de um ditador. Mas Hitler não é o único canalha oportunista da História. Pense em grandes líderes maléficos, eles têm um discurso que hipnotiza e podem usar as palavras com a intenção que julguem necessário, para exaltar a si próprios aproveitando a fragilidade de um povo. Hitler foi extremamente e maleficamente perspicaz e isso até assusta, por isso vivemos topando com a oratória de governantes mascarados, lobos escondidos em peles de ovelhas. Em A Queda, é possível ver o lobo, a ovelha e as últimas caras de Hitler. Bom Filme e saudações cinéfilas da MaDame Lumière.

4 comentários:

  1. "o pintor de paredes que pintava a História com o sangue humano"

    UAU.

    Acho esse filme mediano, mas o Bruno Ganz fez o Hitler definitivo

    ResponderExcluir
  2. UAU pelo seu elogioso UAU. Obrigada,Bruno!

    Também não acho ele tão estrelar, em uma avaliação, eu dou 3 estrelas para este filme. Acho que ele é bom para ver esta nuance do Hitler "humano" por isso sugeri aqui... Hitler, a ovelhinha falsa, sabe!

    bjs

    ResponderExcluir
  3. Pois é madame. Ia dar um UAU por essa frase, mas já fizeram isso antes. rsrs
    Tb não acho esse um filme excepcional não. Mas inegavelmente tem grandes momentos e Bruno Ganz está maravilhoso.
    Bjs madame

    ResponderExcluir
  4. Rsrsr... gostei, Reinaldo!

    Não comentei do Bruno Ganz por que o post não é bem uma resenha do filme, mas ele está realmente excepcional, que bom que tenho maravilhosos vizinhos cinéfilos que puderam citá-lo nos comentários deste post. obrigada e bj, Madame!

    ResponderExcluir

Caro (a) leitor(a)

Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.

Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.

No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.

Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.

Saudações cinéfilas,

Cristiane Costa, MaDame Lumière