Muito bem acompanhada, estrelada por Debra Messing, Dermot Mulroney (um dos charmosos queridinhos em comédias românticas) e Amy Adams foi uma descoberta tardia. Conheci este longa-metragem dirigida pela quase anônima Clare Kilner em 2008 perdido em uma prateleira de uma pequena locadora de Salvador durante uma viagem à trabalho. Descobrí-lo e apreciá-lo foi uma experiência muito agradável e divertida com direito à uma inevitável análise de como as mulheres funcionam em suas mais trágicas inseguranças. Primeiro, por conta do enredo um tanto inusitado, porém passível de ocorrer com as mulheres mais corajosamente loucas, feridas e inseguras. Kat Ellis (Debra Messing) viaja para Londres porque sua irmã mais nova Amy Ellis (Amy Adams) se casará e o padrinho será o ex-noivo de Kat. Obviamente ela não quer aparecer sozinha em frente ao ex-noivo e muito menos diante da família, afinal ela é a irmã mais velha que ainda não casou e, como vocês devem saber, parente pode ser serpente, alguns familiares tendem a perguntar às solteiras de uma família : "Mas você ainda não casou? Está namorando? Está de "olho" em alguém?" Enfim, uma série de perguntas desagradáveis que mulheres solteiras odeiam responder. Para se prevenir contra este tipo de interrogatório, e também mostrar ao ex-noivo que está "muito bem acompanhada", Kat contrata um belo acompanhante Nick Mercer (Dermot Mulroney), sofisticado e muito bem requisitado.
A princípio, Nick Mercer se mostra muito profissional, habilidoso na arte de ser um exímio sexy acompanhante e positivamente causa uma boa impressão aos pais de Kat, enquanto que ela mantém o formalismo do contrato equilibrando suas reações nitidamente femininas com hilárias situações que mostram ao espectador que ela é alguém muito especial e uma mulher que merece ser feliz, no entanto com a convivência familiar, eles começam a se envolver e se apaixonam, sem admitir isso facilmente. No decorrer deste enredo, também há sérias revelações sobre a irmã e o ex-noivo de Kat que dão uma dinâmica inesperada à comédia. De maneira geral, Muito bem acompanhada é encantador enquanto romance porque surpreende o espectador transformando uma relação de negócios em amor e, adicionalmente, quebrando o preconceito com relação a acompanhantes, afinal "você se apaixonaria por um(a) acompanhante?". Na verdade, tudo pode acontecer com as surpresas do coração. Sabemos que há um preconceito básico, normalmente a sociedade considera o (a) acompanhante como um prostituto(a) de luxo, mesmo que alguns acompanhantes dizem dividir bem as fronteiras entre a descompromissada companhia assexual e a obrigação sexual, fato que mais parece uma utopia sobre escorts que servem-se de companhia, mas não servem o sexo.
Outro ponto alto da comédia é perceber que mulheres como Kat, sozinhas e abandonadas por noivos ou namorados sem qualquer explicação querem realmente mostrar que superaram a dor, logo a atitude de Kat é movida por uma desesperadora insegurança, porém efetiva. Embora poucas assumam, muitas mulheres já pensaram em contratar um acompanhante ou chamar um lindo amigo para apresentá-lo à sociedade como uma companhia capaz de causar a inveja alheia, definitivamente para mostrar que estão muito bem acompanhadas, obrigada. Nenhuma mulher quer ficar por baixo diante do pavor de encarar um ex-noivo e, de quebra, a cobrança "social" no qual pessoas comentarão "Nossa, sua irmã mais nova casou, mas você ainda não". Acreditem, festas familiares podem ser altamente deprimentes para as mulheres solteiras. Não é difícil compreender a desesperadora atitude de Kat em pagar por um acompanhante e a relação custo x benefício que ela calculou para tornar sua chegada à Londres mais rentável, com menos prejuízos emocionais ainda que cercada de mentiras, afinal ninguém chegaria aos pais e falaria: "Mamãe e papai, este é meu acompanhante de luxo, seu novo genro que, a propósito, não é nada barato e só aceita pagamento adiantado".
Muito bem acompanhada apresenta uma deliciosa química entre Debra Messing e Dermot Mulroney que fica ainda mais fascinante à medida que eles se conhecem e aprendem a ver no outro suas qualidades, independente do "acordo" de negócios, além disso apresenta valores preciosos como o amor , o perdão e a tolerância familiares. Tenho que destacar que Dermot Mulroney está muito degustável neste filme e vale o investimento. Esta comédia é , em absoluto, adoravelmente charmosa, embora não esteja entre os grandes sucessos do gênero, é uma opção de entretenimento cheia de flerte que flerta com o romântico espectador e que também aflora a angústia de sensíveis mulheres solteiras que desejam encontrar um amor e que fazem de tudo para esconder esta vulnerável tristeza de estar sem companhia. Por outro lado, celebra que o amor pode estar onde menos se espera, rompendo o preconceito e a sensação de fracasso afetivo, surpreendendo-nos com uma infinita sensação de alegria amorosa.
Título original: The Wedding Date
Origem: EUA
Gênero: Drama, Comédia dramática
Duração: 90 min
Diretor(a): Clare Kilner
Roteirista(s): Elizabeth Young, Dana Fox
Elenco: Debra Messing, Dermot Mulroney, Amy Adams, Jack Davenport, Sarah Parish, Jeremy Sheffield, Peter Egan, Holland Taylor, Jolyon James, C. Gerod Harris, Martin Barrett, Jay Simon, Danielle Lewis, Ivana Horvat, Linda Dobell
É como você disse, uma comédia romântica padrão (sem excessos, é verdade), agradável e que no final é apenas um bom entretenimento.
ResponderExcluirEsse filme, que não passou nos cinemas brasileiros sendo lançado diretamente em DVD, é bem aprazível. Debra Messing investe em sua persona neurótica de Will and Grace e Dermot Mulroney capricha no charme canastra. Uma típica comédia romântica americana. E isso é o melhor dos elogios.
ResponderExcluirBjs madame.
Olá Luis, que bom! O importante é sair com um sorriso no rosto após uma agradável comédia. abs!
ResponderExcluirOi Reinaldo, tudo bem?
ResponderExcluirTambém acho nítido o estilo neurótico de Debra Messing em Muito bem acompanhada. Enquanto escrevia este post, pensei exatamente isso embora não tenha verbalizado.
E não é mesmo que Dermot Mulroney tem uma certa canastrice, principalmente neste personagem haha.
Obrigada pelo seu lúcido olhar! Beijão, meu querido!