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  Imperdíveis dicas  Streaming   #Blockbuster por   MaDame Lumière Por  Cristiane Costa ,  Editora e blogueira crítica de Cinema, e speciali...

Ford v Ferrari (2019)

 


Imperdíveis dicas Streaming  #Blockbuster

por MaDame Lumière


Por Cristiane Costa,  Editora e blogueira crítica de Cinema, especialista em Comunicação


James Mangold é um diretor curinga. Já dirigiu filmes de vários tipos, de suspense a dramas, e sua filmografia traz fortes elementos do Cinema de ação, seara na qual ele é hábil em filmes como "Encontro Explosivo" (Knight and day, 2010) e "Logan" (2017). Esse último é o melhor filme de ação - drama do diretor, e indiscutivelmente, um deleite para os fãs de X-Men. Desde Logan, é perceptível que Mangold apresenta uma forma mais qualitativa de dirigir ação elevando o blockbuster a um alto nível com uma boa dose de conflitos pessoais.



Seu recente filme, "Ford v Ferrari" (2019), tem diversas qualidades para agradar ao público e mantem um bom percurso narrativo na direção. Esses atrativos estão baseados em três principais aspectos motivadores para assistí-lo 1) Conta com dois atores bastante competentes, sólidos e carismáticos (Matt Damon e Christian Bale), cujos personagens têm uma significativa amizade e respeito; 2) É uma combinação de cinema sobre esportes, ação, drama e biografia; 3) aborda a rivalidade entre dois gigantes da indústria automobilística que dão título ao filme, trazendo temáticas como paixão por carros, competição de corridas (a tradicional Le Mans 66"), superação e adaptados fatos históricos sobre os bastidores).






Diante desse chamariz, o filme é muito agradável e envolvente. Mesmo com a pressão nos bastidores do business, e com o drama do motorista Britânico Ken Miles (Christian Bale), que não é valorizado à altura de seu talento, no geral, a história tem paixão e leveza.



Toda a história é construída como uma preparação para a corrida Le Mans de 1966. Essa competição é reconhecida no mundo como um desafio de resistência aos pilotos, com duração de 24 horas e requer um hábil piloto. Considerando os desafios do percurso e a questão do tempo, a Le Mans é como lugar de visibilidade, de uma vitrine aos negócios e do ego comercial para as empresas automobilísticas pois, se o carro performa muito bem e com premiações, os atuais e potenciais clientes passam a confiar e desejar mais a marca. Com isso, vencer a Le Mans 66" era uma estratégia de vendas e reposicionamento da Ford, superando a Scuderia de Enzo Ferrari (Remo Girone).



Depois de não conseguir negociar com o Sr. Ferrari em uma parceria estratégica, a Ford decide mesmo competir por conta e riscos próprios. Desse modo, contrata o visionário design automotivo Carroll Shelby (Matt Damon) para projetar e construir o Ford GT 40. Na equipe de engenheiros, designers e motoristas de carros lideradas por ele, encontra-se Ken Miles, excepcional mecânico e piloto de confiança para Shelby. 






Ex-soldado na 2ª Guerra Mundial, Ken Miles está em uma situação difícil com dívidas, dificuldades para manter a oficina e trabalhar e responsabilidades com a família. Ao lado de Shelby, é a outra grande estrela da história, não apenas pelo valor de sua biografia para o automobilismo e por ser parte central para o exito do Ford GT40, mas porque ele é um herói comum e autêntico. Nesse sentido, a atuação de Christian Bale é disparadamente a melhor parte da história.


Muito mais do que as belas cenas de carros e velocidade, é com  Christian Bale  que se dá a real dimensão dramática do conflito. Apoiado pela esposa Mollie (Caitriona Balfe) e pelo filho Peter (Noah Jupe), Ken Miles traz a importância da autoconfiança no que se é e no que se faz, e infelizmente não foi tão  valorizado pela Ford como merecido. Assim, ele encontra-se em um contexto bastante desafiador: valorizado pela sua família e Shelby e desvalorizado pela Ford.





O filme tem belos momentos entre pai e filho (Christian Bale e Noah Jupe)




No mundo dos negócios também há muitos boatos sem fundamento, e outras histórias verídicas. Há quem diga que o executivo da Ford, Leo Beebe, interpretado por Josh Lucas, não é tão vilão como retratado na história. Desse modo, para o propósito do conflito, embora não seja um grande antagonista, Leo Beebe traz o elemento da não aceitação do outro e da superficialidade de muitos executivos, influenciando negativamente os bastidores diante das decisões do CEO Henry Ford III (Tracy Letts) e do vice-presidente Lee Iacocca (Jon Bernthal). Ele não gosta de Ken Miles e tem várias atitudes bem imaturas para prejudicar e desvalorizar o piloto.


Assim, Ken Miles é considerado problemático por ter a personalidade forte e não querer agradar a gregos e troianos. Se por um lado, ele é boicotado pela Ford em momentos-chave, por outro lado, encontrou afeto e respeito na família e em Shelby. É essa emoção genuína, a paixão e a confiança nesse núcleo, que faz a diferença e qualifica a experiência com a narrativa. Como consequência, os executivos tornam-se apenas injetores de dinheiro, ávidos por resultados e rasos em paixão. O mais importante é realmente quem faz as coisas por paixão, entrega e profissionalismo, como Shelby, Miles e o engenheiro Phil Remington (Ray McKinnon), outra personalidade que foi homem de confiança de Shelby.







Ademais, essa tensão entre executivos e Ken Miles não foi negativa para o roteiro e a execução da obra, considerando que Christian Bale costuma funcionar muito bem em papéis dessa natureza, normalmente, homens que encontram algum tipo de entrave, rejeição ou inadequação ao mundo. Sua dedicação ao papel é visível, inclusive na relação emotiva que ele mantem com Shelby e com a família. Mesmo em momentos bastante intimistas como uma discusão com a esposa, um diálogo com o filho ou uma negativa de Shelby, Ken Miles mantém sua própria dignidade e valor. Isso é bonito de ver em um grande ator como Christian BaleCom isso, brindar uma homenagem ao piloto é reconhecer que ele foi único na história



James Mangold presenteia o público com uma sessão imperdível, movida à adrenalina e com momentos comoventes entre Shelby e Miles, dois grandes homens do Automobilismo com uma real paixão por carros velozes e seus ofícios. 





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