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Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, o filme de Roy Andersson tem um nome estranho assim como estranha é a vida do s...

Mostra 2014 : Um pombo pousou num galho refletindo sobre a existência (A Pigeon sat on a branch reflecting on existence ) - 2014







Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, o filme de Roy Andersson tem um nome estranho assim como estranha é a vida do ser humano e suas contradições. Com uma narrativa composta por fragmentos que narram cenas cômicas e excêntricas, o filme é realizado com um apelo de sonho e fantasia, tem personagens esquisitos com um abordagem de non sense nos diálogos.  O longa é como rir do nosso próprio drama, da arrogância à solidão os fragmentos formam uma estranha dramédia que mostra os dramas da condição humana.


Como personagens principais há dois vendedores de artigos engraçados como dentes de vampiro, saco de risada etc . Eles permanecem com  a mesma expressão como estatuas falantes e comediantes ligados no piloto automático. Eles aparecem várias vezes em cena com os mesmos objetivos: vender os artefato,  receber o dinheiro devido e fazer as pessoas rir.  Todo esse processo na construção dos personagens é muito interessante ao evocar a apatia e a repetição do ato de vender e pode ser facilmente relacionado à rotina diária,  a frustração com o trabalho, a falta de dinheiro e como tudo isso tem a grande capacidade de cansar o mais bem intencionado dos indivíduos .  Os personagens transmitem o lado cômico e trágico de quão cansados, desesperançados e apáticos também podemos ser. 


O filme tem um visual peculiar que lembra vagamente os filmes de Wes Anderson, porém com uma palheta de cores mais fria que dá uma sensação melancólica. A narrativa começa muito bem com situações que provocam mais o riso e despertam mais os ânimos, porém tende a falhar  ao perder esse ritmo cômico e o tempo da narrativa é comprometido com uma extensão de duração sem qualquer necessidade e com menos criatividade. Com relação ao humor, ele é catalisado de uma maneira indireta com sugestões engraçadas que chegam a ser absurdas.  Essa técnica do absurdo é  uma estratégia narrativa que permeia todo o filme e gera o riso e a pena. Com isso o diretor nos apresenta um mundo que funde presente, passado e futuro e nossas banalidades cotidianas. 

Em linhas gerais, o longa é polarizante e não agradará a todos mas, com certeza, é original em comparação às demais produções e, portanto, merece ser encarado como uma experiência cinematográfica excêntrica. 






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