Se há um bom realizador de comédias no Cinema Atual, a França se destaca claramente em seus roteiros com bons e divertidos tex...

Mostra 2014 : Amor à Primeira Briga ( Les combattants) - 2014








Se há um bom realizador de comédias no Cinema Atual, a França se destaca claramente em seus roteiros com bons e divertidos textos e ideias bem mais originais do que o humor pasteurizado encontrado no gênero. Prova disso é Les Combattants, o premiado filme de Thomas Cailley, um diretor que demonstra potencial para oxigenar mais a produção moderna Francesa e ganhador de prêmios da Quinzena de Realizadores de Cannes 2014. Nessa produção, ele e Claude Le Pape se destacam como desenvolveram um roteiro que amadurece o romance entre jovens considerados, à primeira vista, estranhos. Ela desconstrói, de uma forma bem leve e inusitada, a ideia de mocinha sonhadora e delicada e de príncipe bonito e encantado da maioria das comédias românticas.


Arnaud (Kévin Azaïs) e Madeleine ( Adèle Haenel) se conhecem da pior forma possível: em uma briga. Ela é o antiexemplo da mulher feminina. Deseja ingressar no exército e tem hábitos excêntricos  e atitudes mais brutas. Ele é a delicadeza em pessoa, um pouco tímido e nada sexy. Com perfis bem diferentes mas próximos em suas esquisitices, nasce uma amizade. O jovem, que trabalha nos negócios madeireiros do falecido pai, está disposto a conquistá-la. Esse flerte se dará de uma forma nada comum, trazendo à cena a ambientação de um treinamento no exército.  


No mínimo, esse é um filme  interessante para quem aprecia uma comédia francesa que atraí opostos e na qual o amor se rende pouco a pouco  e sem situações muito óbvias. A vantagem de degustá-lo é  perceber que a aceitação do outro, a delícia da descoberta afetiva e as gentilezas.  Ao construir um jovem amor a partir da aceitação de características que não são comuns nos relacionamentos atuais, o diretor acrescenta muito a um gênero que tem a dicotomia de ser facilmente aceito pelo público mas amplamente difícil de ser diferenciado a cada produção. Normalmente e na maioria dos casos, o homem é mais visual e aprecia a beleza e a feminilidade da mulher; ela tem uma necessidade de ser aceita nem que, para isso, tenha que mudar a sua imagem pessoal. Aqui, não há essa frescura das convenções de beleza porque Madeleine, mesmo sendo uma garota bonita capaz de despertar o desejo de Arnaud, tem uma outra beleza muito superior para ele: aquela que vale a pena ser conquistada, a interior. As melhores cenas são as que ele tem uma ação totalmente diferente que outros homens teriam, principalmente a de suportar sua teimosia.


Com relação ao elenco,  Kevin e Adèle formam uma ótima química, por incrível que pareça, a desentrosada. Esse tipo de combinação faz a diferença na proposta do argumento. Ela tem uma forte presença em cena com o frescor das atrizes francesas mas longe da elegância da maioria, tal característica a torna mais atrativa para um jovem talento e desperta a curiosidade sobre seu potencial para próximos filmes. Muita da qualidade do trabalho dela é como reagiu ao florescer do romance tendo uma personagem tão masculina e aficionada pela ideia de servir ao Exercito. Percebe-se que ela é muito mais frágil do que sua aparência e comportamento, o que representa uma ótima escolha da história. Por outro lado, cabe muito mais a ele, conquistá-la. No desenvolvimento do personagem, ele se destaca pois muita da aceitação do jeito dela vem de atitudes dele. Ele demonstra gentilezas que valorizam muito a dinâmica do filme e o coloca como um homem que vale a pena se envolver. Realmente, o amor é um campo de batalha, como dizia a velha canção de Pat Benatar. Ainda há bons combatentes.





Ficha técnica do filme: ImDB Les Combattants






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