Reino da Beleza é o novo filme do diretor Canadense Denys Arcand, conhecido pelo seu premiado Invasões Bárbaras. Rodado com uma ótima fotografia e boas paisagens de Canadá, Reino da Beleza é um exemplo de que só beleza de atores e de locações não faz um bom filme. A frieza da narrativa sem qualquer grande momento emocional ou de reviravolta e um argumento mais do mesmo sem trazer nenhuma vantagem reflexiva ao público tornam o longa muito regular.
A história tem como protagonista, Luc (Éric Bruneau), um arquiteto jovem e boa pinta que é tão fútil como sua vida de classe média alta. É casado com uma bela mulher, Steph (Mélanie Thierry) e vive em um lugar paradisíaco, próximo ao Québec. Ambos são atléticos, praticam vários esportes considerados elitizados como tênis e golfe, curtem jantares com amigos e levam uma vida que muitos adorariam ter, porém nada parece suficiente. As coisas começam a desmoronar no casamento quando ela tem um problema psiquiátrico e ele se aventura em relacionamento extraconjugal ao conhecer Lindsay Walker (Melanie Merkosky).
O filme é dirigido de forma a ressaltar o estilo de vida do endinheirado e bonitão Luc. Como arquiteto, ele faz valer sua carreira. Gosta do que é belo. Ele é esteticamente bonito. Ele valoriza o que é plasticamente belo, tanto objetos como mulheres e, até esse ponto imagético, o filme cumpre uma função narrativa interessante que é mostrar ao público essa vida que é contornada de belas formas. No entanto, o roteiro é muito desprovido de complexidade e, mesmo que ele só fosse optar pelo mínimo de regularidade, não são ressaltados conflitos atraentes entre personagens, logo o expectador é desafiado somente a acompanhar uma história que mais parece um livro da série Sabrina e que é um desperdício para o talento de Denys Arcand.
É um filme que tem uma característica muito masculina que gira em torno de Luc, que tem que lidar com perdas ou acontecimentos inesperados como a própria doença da esposa e as puladas de cerca, mas o ator tem mais beleza do que talento e sua atuação se torna muito pouco convincente. Nesse aspecto, esse personagem poderia ser melhor desenvolvido em seus dilemas mas o diretor optou por um caminho mais fácil e mais óbvio. As mulheres do filme também tinham potencial para desenvolvimento de suas atuações, principalmente a da esposa e a da amante. Mèlanie Thierry parece ser uma atriz mais sólida e dramática e sua atuação é mais interessante à medida que confronta o expectador a pensar sobre o drama de uma doença psiquiátrica, que incapacita e também afeta diretamente a relação conjugal.
Certamente custará muito ao expectador mais exigente encontrar algum valor agregado à experiência com o longa. Como toda beleza, o filme é frágil e se Arcand tinha como objetivo mostrar a futilidade desse reino, então o longa dele faz todo o sentido.
Ficha técnica do Filme: ImDB O Reino da Beleza


0 comments:
Caro(a) leitor(a)
Obrigada por seu interesse em comentar no MaDame Lumière. Sua participação é essencial para trocarmos percepções sobre a fascinante Sétima Arte.
Este é um espaço democrático e aberto ao diálogo. Você é livre para elogiar, criticar e compartilhar opiniões sobre cinema e audiovisual.
Não serão aprovados comentários com insultos, difamações, ataques pessoais, linguagem ofensiva, conteúdo racista, obsceno, propagandista ou persecutório, seja à autora ou aos demais leitores.
Discordar faz parte do debate, desde que com respeito. Opiniões diferentes são bem-vindas e enriquecem a conversa.
Saudações cinéfilas
Cristiane Costa, MaDame Lumière