Na moderna produção Alemã, sempre coerente em revelar que na Europa há os problemas sociais que encontramos por aqui, surge Jack, um ótimo drama sobre uma infância não vivida dirigido por Edward Berger e indicado ao Berlinade. Jack (Ivo Pietzcker) vive com a sua jovem e ausente mãe Sanna (Luise Heyer) e seu irmão Manuel (Georg Arms) em um pequeno apartamento. Ele cuida do irmão enquanto a mãe trabalha. Um dia, após um acidente doméstico, ele é enviado para um abrigo infantil e começará a dolorosa saga de Jack.
Nos primeiros planos é possível notar que o filme aborda uma infância impactada pela ausência de pais. Embora Jack tenha mãe, ela representa aquela que é irresponsável e age como uma menina. Sanna teve filhos muito jovem, ainda curte baladas, troca de parceiros e sumiços sem avisar. Mesmo sorrindo quando ela está por perto e defensor dela, ele tem um semblante triste e projeta a ideia de uma criança que teve que crescer antes do tempo.A narrativa discorre como Jack é uma criança que tem responsabilidades de adulto e teve que ser o "pai" da casa, dando afeto e cuidados ao irmão menor. Ele assume responsabilidades sem a supervisão da mãe e daí surge o problema inicial que dará dinâmica à história.
Esse é um bom filme com elenco infantil. Praticamente todo o filme gira em torno de Jack e sua jornada em busca de sua mãe. O ator Ivo Pietzcker apresenta uma atuação madura que não leva o expectador à comoção banal, pelo contrário, por mais que haja uma sensibilidade na questão, ele é um personagem forte e trágico e sua seriedade em levar o papel dá credibilidade ao filme. Ele faz um bom trabalho em planos que são praticamente de uma silenciosa e solitária caminhada pelas ruas. Para um ator-mirim, esse é um trabalho difícil por isso o destaque do filme foi a direção desses atores.
Jack é a história de uma dramática realidade da infância no mundo, a de mães jovens e irresponsáveis, pais ausentes e falta de estrutura familiar. A diferença aqui é que Jack não é tanto um garoto problema como tantos outros, o que pode soar um pouco fora do comum para a audiência Brasileira . O público não verá drogas e manifestações de violência porque há um senso de responsabilidade e maturidade em Jack, que é a forma como ele reage ao problema. Essas escolhas do diretor podem soar um pouco surreal para a realidade das ruas pois não são ressaltadas muitas situações que provavelmente crianças sozinhas enfrentariam, por outro, percebe-se que destacar essa violência mais visceral não era o objetivo do cineasta. Jack é um bom filme para analisar a violência psicológica contra a criança, ou seja, essa desestruturação de lares sem a presença dos pais. A solidão da criança é clara, o abandono mais ainda. Mais adiante, no desfecho do filme, fica claro que a criança deveria ter uma escolha. Nem sempre o que parece mais adequado para a sociedade é saudável para a criança.
Ficha técnica do filme ImDB Jack


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Cristiane Costa, MaDame Lumière