Por Cristiane Costa
Exílios (Exils) é um filme sobre busca de raízes familiares. Uma busca do passado que dá um esperançoso norte para o futuro e uma satisfação no presente. Como uma boa forma de materializar uma jornada, o longa dirigido por Tony Gatlif é um road movie pelas paisagens da França, Espanha e Argélia. Conta a história de Zano (Romain Duris) e Naïma (Lubna Azabal), um casal de amantes Franceses intensos e sedutores que vivem em Paris e decidem viajar à Argélia, a terra de seus pais. A viagem ocorre de uma forma impulsiva e exploratória e tem um tom despretensioso que combina com o jeito de ser libertário dos personagens. Vencedor de melhor direção no Festival de Cannes em 2004, Tony Gatlif realiza um filme que homenageia suas origens Argelinas e Ciganas e que marca bem o seu estilo pessoal como cineasta.
Desejos de pertencimento e liberdade movem pessoas a novos caminhos, e também, ao retorno às raízes. O sentir-se estrangeiro ocorre em diversos momentos da vida e intensifica a vontade de busca de si mesmo. Esta jornada existencial está além do corpo, ela move o espírito. Assim, quando é observada a filmografia de Tony Gatlif, uma de suas principais forças narrativas é contar a própria história através da ficção trazendo à Tela a alma das culturas que formam sua identidade. Sendo um realizador de Cinema na França, ele é um tipo de exilado. Seu Cinema é a sua linguagem expressiva para se aproximar de suas raízes e representar inúmeros exilados que existem na França e que se sentem estrangeiros.
Neste sentido, Zano e Naïma representam o coletivo de uma fusão de etnias e culturas: filhos de pais exilados, filhos que se sentem exilados, filhos em um mundo cada vez mais estrangeiro e de conflitos de identidade. Diante disso, o filme é um belo exercício cinematográfico que coloca uma geração jovem e hedonista em contato com valores como a família, a arte e cultura, a espiritualidade. Valores que podem fazê-lo alcançar um nível maior da consciência do que são e para onde desejam ir. Embora o diretor pouco explora os conflitos entre culturas e gerações, alguns traços de estranhamento e choque culturais ocorrem em cena e, no geral, o filme não complica as relações entre pessoas e seu meio. A viagem é apenas uma busca pessoal. Os personagens reagem diferentemente a situações, em especial, Naïma, uma mulher de espírito livre e comportamento bem sexual que, uma vez estando na Argélia, é esperado que ela mantenha uma postura mais discreta.
Neste sentido, Zano e Naïma representam o coletivo de uma fusão de etnias e culturas: filhos de pais exilados, filhos que se sentem exilados, filhos em um mundo cada vez mais estrangeiro e de conflitos de identidade. Diante disso, o filme é um belo exercício cinematográfico que coloca uma geração jovem e hedonista em contato com valores como a família, a arte e cultura, a espiritualidade. Valores que podem fazê-lo alcançar um nível maior da consciência do que são e para onde desejam ir. Embora o diretor pouco explora os conflitos entre culturas e gerações, alguns traços de estranhamento e choque culturais ocorrem em cena e, no geral, o filme não complica as relações entre pessoas e seu meio. A viagem é apenas uma busca pessoal. Os personagens reagem diferentemente a situações, em especial, Naïma, uma mulher de espírito livre e comportamento bem sexual que, uma vez estando na Argélia, é esperado que ela mantenha uma postura mais discreta.
Em Exílios, a qualidade principal vem da direção. Tony Gatlif tem amplo domínio da mise en scène com uma excepcional condução da câmera que explora as fotografias e costumes locais como um viajante. Como a maioria de seus filmes, a narrativa é embalada intensamente por uma trilha sonora fundamentada na autenticidade e cultura dos povos de origens Cigana e Argelina através da música Flamenca e de influência árabe. EXILS, música tema, é um cante flamenco que funciona perfeitamente bem para falar dos exílio: "demasiado tiempo nos hemos quedado solos sin saber nada, y hemos olvidado el olor al jasmin de tus jardines, y poco a poco, hemos olvidado tu idioma, aquel de nuestra madre". Acompanhada pela profunda voz de um cantor experiente, palmas que exaltam a participação do povo, o som da percussão (o cajón) que vem da força do folclore e das terras da Espanha, a canção recupera essa raiz cigana que, historicamente, está relacionada a um povo nômade que se exilou em várias regiões.
Exílios tem uma linguagem bem pessoal que, ainda que expresse a recorrência da fusão étnica do diretor em seus filmes, sob o ponto de
vista dos valores, ele carrega significados universais que agregam valor à experiência. Evoca a liberdade, o amor, a família, a música, a dança, unindo as pontas da liberdade e do prazer com a da tradição. A bagagem cultural de Tony Gatlif não é uma mera ferramenta que favorece a sua direção e estilo, mas a essência de um sentimento de amor à família, ao lar e à identidade, bens preciosos que não podem ser esquecidos.
0 comentários:
Caro (a) leitor(a)
Obrigada pelo seu interesse em comentar no MaDame Lumiére. Sua participação é muito importante para trocarmos percepções e opiniões sobre a fascinante Sétima Arte.
Madame Lumière é um blog engajado e democrático, logo você é livre para elogiar ou criticar o filme assim como qualquer comentário dentro do assunto cinema e audiovisual.
No entanto, não serão aprovadas mensagens que insultem, difamem ou desrespeitem a autora do blog assim como qualquer ataque pessoal ofensivo a leitores do blog e suas opiniões. Também não serão aceitos comentários com propósitos propagandistas, obscenos, persecutórios, racistas, etc.
Caso não concorde com a opinião cinéfila de alguém, saiba como respondê-la educadamente, de forma a todos aprenderem juntos com esta magnífica arte. Opiniões distintas são bem vindas e enriquecem a discussão.
Saudações cinéfilas,
Cristiane Costa, MaDame Lumière